James Sirius Potter

Eu estava nas nuvens.

Quase que literalmente, eu nunca tinha me sentindo assim com ninguém em toda a minha vida, era tão bom poder abraçar e beijar Scor sempre que eu pudesse. Tão bom estressar ele fazendo-o ir embora me chamando de praga grifinória... o abraço dele é a coisa mais gostosa do mundo e o beijo não tenho nem palavras para descrever quão bom é.

— Você passou o dia suspirando, está tudo bem? – papai perguntou e eu me virei para ele.

Estávamos no feriado de Natal então viemos todos para casa passar com papai. Com a ajuda dos meus irmãos pedi muito pra ele convidar os Malfoys para passarem a data com a gente, ele estranhou e relutou muito por causa da tão conhecida rivalidade de ambos desde os tempos de Hogwarts, mas por fim cedeu e os convidou. Felizmente eles aceitaram (com certeza Scorpius insistiu) e nós vamos cear todos juntos logo mais. Eu mal podia esperar pra contar que nós dois estamos namorando!

— E está no mundo da lua novamente, está apaixonado? – papai me cutucou rindo e eu sorri pra ele.

— Loucamente apaixonado. – respondo e ele arqueia a sobrancelha surpreso.

— Eu estava brincando, sério? E quem é ela?

Pensei em corrigir ele, mas apesar de lerdo temi que ele juntasse os pontos e eu queria fazer suspense.

— Logo você vai conhecer a pessoa, prometo. – dou uma piscadela e ele bagunça meus cabelos.

— Nem acredito que meu bebê está tão grande...

— Pai! – tento ajeitar e levanto quando escuto a magia na lareira e resmungos. – Nossas visitas chegaram, vamos.

Puxo ele para a sala junto comigo e sorrio ao ver Scorp, ele estava tão lindo. Estava usando belos trajes formais idênticos aos de Draco, ambos estavam tirando pó da roupa resmungando um pouco, mas assim que perceberam a gente chegar pararam.

— Potter... – Draco falou e arqueou a sobrancelha, deu um sorrisinho de canto para papai que revirou os olhos.

— Malfoy... – ele cruzou os braços e eu suspirei.

— Bem vindo, Scorp! Vem, meus irmãos estão lá em cima, vamos chamar eles. – estendi a mão pra ele que sorriu e pegou.

— Obrigado, Jay.

Sentia que nossos pais estavam nos observando mas estava com saudades demais para me importar, foram cinco dias longe dele. Assim que viramos o corredor do segundo andar puxo ele pela cintura para um beijo calmo mas cheio de saudades sendo retribuído da mesma maneira.

— Eca, casal. – escuto a voz de Albus e termino o beijo com um selinho e Scorpius começa a rir.

— Inveja, Potter? – Scor pergunta falando o sobrenome como o pai dele.

— Credo, Malfoy, não tenho tempo para essas bobagens. – rimos e os dois se abraçaram, logo Lily chega e se junta a eles.

— Você chegou, Scorpie!

Dei de ombros e abraço os três por um tempo mas logo descemos para o primeiro andar.

— Espero que não estejam se matando. – Albus comentou enquanto procurávamos eles.

— Claro que não, Albie. Meu pai tem classe. – Scorp falou nos fazendo rir.

— Que acaba quando ele vê nosso pai.

Os encontramos na cozinha, estavam bebendo vinho um em cada canto e Draco parecia vermelho.

— Ele se estressa e fica corado igual você, amor. – sussurro pro Scorp e ele me dá uma cotovelada me fazendo resmungar, meus irmãos traidores riram.

Nas últimas semanas ficamos mais próximos. Comigo namorando Scorpius e ele virando amigo dos dois também, começamos a nos ver com certa frequência entre as aulas e nos fins de semana.

— Oi, crianças. Que tal irmos comendo? – papai perguntou e eu já ia sentar animado quando Draco falou.

— Vocês não esperam dar meia-noite pra poder comer? – ele arqueou a sobrancelha.

— Não, a gente come quando dá fome. Meia-noite nós só reservamos para os presentes.

— Isso é um crime contra as tradições!

— Papai, estou com fome também. Acha que podemos esquecer a tradição um pouquinho? – Scorp pediu com um sorrisinho fofo.

Pra minha surpresa Draco só sorriu e assentiu.

— Claro, filhote. Pois bem, Potter... pode servir o jantar.

— Você sabe que não sou seu servo, sabe? – papai falou, já servindo as coisas com a varinha na mão.

Isso nos fez abafar a risada pela contradição entre a frase e suas ações.

— Tanto faz, somos convidados, Potter.

Papai suspirou e se virou para a gente para falar:

— O jantar está servido, crianças.

Nos servimos e começamos a comer, algumas vezes conversando alguma coisa para horror de Draco. Ele e meu pai estavam surpreendentemente quietos, vez ou outra trocando provocações bobas ao longo do jantar como “esse arroz parece um purê”, nem era verdade acho que era vontade de perturbar.

Já estávamos na sobremesa quando ficamos em silêncio, a torta de chocolate que Draco havia trazido estava ótima, com certeza havia sido ideia do Scorpius. Olhamos um pro outro e assentimos ao nos entender, decidimos que esse era o momento certo.

— Aproveitando que estamos todos aqui reunidos eu queria falar sobre uma coisa. – suspiro um pouco nervoso e Scorp fez carinho na minha mão por baixo da mesa. – Scorpius e eu estamos namorando.

Meu pai arregalou os olhos, Draco ficou mais branco que o normal e meus irmãos só sorriram já sabendo do assunto.

— Vocês... o quê? – Draco perguntou devagar.

— Estamos namorando. – Scorp respondeu e trocamos um sorriso bobo.

— Potter, faça algo. – Draco virou para meu pai.

— Eu? O que eu posso fazer? – ele perguntou confuso.

— Não sei mas isso não pode acontecer!

— Com todo respeito, senhor Malfoy. Mas nós dois nos amamos e estamos juntos já há algumas semanas, realmente gostamos muito um do outro e gostaríamos da aprovação de vocês. Eu prometo que não vou machucar ou magoar ele, e sempre vou trata-lo do jeito que merece. – falei mesmo que um pouco confuso com a reação dele.

— Não é isso, garoto. Claro que você vai tratar ele muito bem, ele é um Malfoy. – Draco arqueou a sobrancelha e se voltou para papai suspirando. – Harry, isso não vai ser estranho?

Harry?

— Acho que não, Draco. Eles já estão crescidos e até então nem eram muito próximos, acho que está tudo bem.

— O que tá acontecendo afinal? – Albie perguntou já estressado, provavelmente por estar perdido.

— Eu não ia contar assim, mas Draco e eu estamos namorando também.

— O quê? – perguntamos todos em uníssono.

— Nossos departamentos estavam resolvendo umas coisas em conjunto há uns três meses então tivemos que dar uma pausa na nossa briguinha. – papai explicou.

— Nossa rivalidade, Harry. – Draco corrigiu.

— Rivalidade de escola pra mim é briguinha. – ele respondeu e deu de ombros, Draco revirou os olhos.

— Fiquei receoso com vocês namorando, eu e Harry também... não sei, são nossos filhos. – Draco suspirou.

— Eles não são irmãos e nem nada, está tudo bem com isso. – papai deu um beijo na mão de Draco e Albus fingiu vomitar.

— Sim, papai, e nós estamos bem felizes juntos. – olhei pra ele sorrindo, queria beijá-lo ali mesmo mas tinha vergonha com nossos pais olhando.

— E assim todo Potter cai de amores por um Malfoy. – Draco sorriu provocativo para o papai.

— Ou será que é todo Malfoy que se apaixona por um Potter? – ele respondeu com uma pergunta, arqueando a sobrancelha.

— No caso do JaySix ele caiu, rolou e se arrebentou inteiro pelo Scorp. Ele late, dá a patinha, rola pede carinho e abana o rabo quando vê ele. – Lily enumerou e eu revirei os olhos fazendo todo mundo rir.

— Papai botou o nome dele de Sirius por algum motivo afinal. – Albie falou e eles riram mais.

Por fim suspiro e me viro para o Scorp.

— Deixo até me colocar na coleira pra passear.

— Aparentemente, ele já te tem na coleira. – papai ri divertido.

— Você não é muito diferente, mon amour. – Draco fala lentamente e papai sorri todo abobado, começamos a rir dele também.

— Certo, agora que todos comeram vamos pra sala passar o tempo até meia-noite! Temos bastante jogos ou podemos assistir algo trouxa. – papai levanta da mesa e nós o ajudamos a desarrumar tudo.

Ficamos todos na sala por um tempo, estava passando alguma coisa trouxa de natal na televisão enquanto nós jogávamos banco imobiliário ou então xadrez bruxo dependendo da preferência. Estava realmente um clima legal e eu estava feliz de ter Scorpius naquele momento pertinho.

— Quer ir pro quarto? – ele perguntou baixinho e eu assenti.

Fui na frente e esperei ele no corredor, um tempo depois ele apareceu e seguimos juntos até meu quarto milagrosamente arrumado já que eu imaginei que ele poderia vir conhecer. Nos deitamos lado a lado e eu virei de frente pra ele, que se virou de frente pra mim também e sorrimos.

— Seus olhos são tão... azuis. – suspiro baixinho encantado enquanto o observo.

— Que lindo, JaySix, estou apaixonado. – Scorp debochou me fazendo rir. – Seus olhos também são muito verdes, são lindos.

— Você sabe, você todo é lindo.

— Sim, eu sei. – ele respondeu e começamos a rir.

— Como me apaixonei por alguém tão egocêntrico? – brinco divertido.

— Porque você é igual.

— Não posso fazer nada se nasci lindo e gostoso, mas você é mais. – faço carinho na bochecha dele que fecha os olhos sorrindo levemente.

— Você é como a realização de um sonho que eu nem sabia que tinha. – Scorp falou e abriu os olhos novamente, olhei bem nos seus olhos brilhando em meio à noite. – Eu nunca fui igual os outros alunos, você sabe... não queria me distrair da escola, não queria sair com garotas ou garotos apesar de achar um ou outro bonitinho. E vim justo me apaixonar por você, Potter! – ele fingiu decepção, mas se inclinou para um breve selinho em meus lábios me fazendo sorrir mais. – E eu não poderia estar mais feliz de ter você comigo, em todas as loucuras, jogos de quadribol, período de provas, agora nossos pais juntos... Merlin nossos pais juntos! Enfim, você é o melhor namorado do mundo e eu amo você, James Sirius.

Eu estava todo bobo e anestesiado com todas as palavras de Scorpius, me inclino para roubar outro selinho.

— Eu sempre fui muito focado no quadribol, não vou dizer que fui algum santo, mas não pretendia namorar sério com alguém. Você, loirinho, bagunçou meu mundo inteirinho quando fez aquela proposta porque você me fez ficar todo rendido e apaixonado como um cachorrinho. – brinco e rimos baixinho. – Você vem sendo um dos grandes motivos da minha alegria e concentração, você me faz querer ser melhor pra ser digno de você.

— Você já é, Jay.

— Sim, mas quero ser uma pessoa mais pé no chão, até agora estive apenas perdido e ver como você é tão focado e esforçado me faz querer entrar no ritmo, e eu te amo demais por fazer parte da minha vida e me fazer tão bem, espero poder te fazer sentir assim também. – sorrio pequeno e ele deitou por cima de mim dando vários beijos pelo meu rosto.

— Você me faz extremamente feliz, Grifinório idiota.

— E você também me faz muito feliz, Estorvo Sonserino.

Sorrimos enquanto nos olhávamos como se fosse uma apreciação, de certa forma. Fomos nos aproximando devagar até juntar nossos lábios novamente com calma como se fosse a primeira vez, explorando a boca um do outro, seus lábios doces de chocolate sendo a coisa mais deliciosa do mundo. Sinto-o puxar meus cabelos para nos aproximar mais e eu o seguro firme pela cintura para mantê-lo mais perto de mim, de repente há batidas na porta e eu suspiro.

— Espero que estejam vestidos, James Sirius Potter. – papai falou e eu bufei.

— É claro que estamos, papai. – ele abriu a porta mais Scorpius não se mexeu muito, só subiu um pouco mais pra fazer carinho nos meus cabelos.

— Certo, portas abertas sempre que estiverem sozinhos e falta 15 minutos para dar meia-noite, vamos descendo?

— Claro, sr. Potter. – Scorpius respondeu e sorriu.

— Pode me chamar de Harry, e não deixem Draco ver uma cena assim, ele surta. – Ele gesticulou e nós rimos. – Vou indo, não demorem.

— Estamos indo também! – pisco e ele assente, quando vai embora viro de novo para Scorpius.

— Parece que nosso momento a sós acabou.

— Teremos muitos mais, não há com o que se preocupar. – ele pisca e rouba um beijinho, suspiro encantado.

— Vamos descer?

— Vamos ficar só mais um pouquinho assim... – ele pede manhoso e eu volto a abraçar ele.

Nunca pensei que estaria tão loucamente apaixonado por esse Estorvo Sonserino, o loirinho mais lindo que já pisou nessa Terra, a minha constelação favorita não era mais Sirius, agora é Scorpius. Só de olhar pra ela quando estamos separados eu me sinto um pouco mais perto dele, meu Scorpie.

E eu também sou o JaySix dele, ou Grifinório Idiota como gosta de chamar.

No fim, parece até que aquela operação cupido deu certo... ou quase.