Mônica já estava há um tempo longe de suas raízes, no bairro do Limoeiro. A garota havia feito um intercâmbio durante os dois últimos anos do Ensino Médio, mas estava de volta para estudar na Universidade Federal do Limoeiro (UFL).

A menina que antes já era muito segura de si, em seu regresso, mostrava-se ainda mais determinada e mesmo uns e outros lhe dizendo que era inteligente demais para cursar Ciências Sociais, ela batia o pé e dizia ser justamente pela sua inteligência que havia escolhido tal curso.

Logo na primeira semana de faculdade reencontrou-se com a amiga de longa data, Magali, e também pôde construir uma nova amizade com Maria Luiza, ou Luluzinha, como os mais íntimos a chamavam.

Ao longo do primeiro semestre letivo as meninas passaram a andar juntas, eram uma espécie de três espiãs demais, como gostavam de se auto denominar.

Na primeira festa do semestre, Magali concentrava-se em reclamar da inexistência de comida no ambiente, Luluzinha brigava com dois machos escrotos, enquanto Mônica andava a esmo, até esbarrar no então estudante de Direito, Cebolácio Júnior, vulgo Cebolinha. Após trocarem algumas palavras, animados pelo reencontro, veio a troca de farpas.

“ Você continua dentu…”

“Para com isso, Cebolinha, você parece que congelou nos sete anos”

“Cebolinha não, pla você é doutor Cebolinha”

“Doutor?! Desde quando você tem doutorado?”

“Eu sou estudante de dileito, me lespeite.”

“Sorte sua que eu não estou com o Sansão aqui…”

“Você ia me bater com aquele coelho idiota? Mônica, você já tem dezoito anos. É muito velha pra ficar blincando com um coelhinho.”

Mônica sentiu a raiva tomar conta de si por alguns instantes, mas controlou-se. Ela queria conquistar um gatinho naquela festa e fazer barraco não pegaria nada bem. Então, apenas revirou os olhos e  afastou-se do doutor sem doutorado.  

“Amiga, ainda bem que te achei. Vamos embora? Aqui não tem comida nenhuma!”

“Magali, isso aqui é uma festa de estudante, só tem álcool e drogas…”

“Aff, não dá pra beber de barriga vazia.”

“Esquece a comida, vamos curtir. Quem sabe a gente não consegue um boy?”

A festa estava rolando e Mônica não pegava ninguém, apesar disso, percebia que Cebolinha não tirava o olho dela. Então decidiu descobrir o que ele estava querendo.

“O que foi, doutor? Meu rosto está sujo?”

“Mônica… Eu odeio dizer isso... Você está uma gatinha.”

Ela achou estranho aquele comentário, esperava aquilo de qualquer um, menos dele.

“Sério?!”

O rapaz ficou em silêncio e foi se aproximando do rosto da amiga. Quando ela percebeu, seus lábios e os de Cebolinha encontravam-se em um beijo.

A moça achou estranho no começo, mas pouco a pouco entrou no clima. Aquele foi o primeiro de muitos beijos da noite. Entre beijos ardentes e mãos bobas, Mônica fez o convite:

“Vamos lá pra casa?”

“E os seus pais?”

“Eles tão viajando.”

A menina estava tão animada que nem se despediu das amigas. Quando ela e Cebolinha chegaram em seu quarto não demoraram a ficar despidos e a trocarem carícias mais intensas. Aquela foi uma noite de entrega e prazer para ambos.

Na manhã seguinte, no entanto, Mônica acordou com um barulho e ao tatear a cama percebeu que o amante não estava ao seu lado. Ao olhar a mesinha de cabeceira, deparou-se com um bilhete: A noite foi ótima, mas eu plecisava fazer isso.

Prontamente, vestiu um roupão e abriu a janela de seu quarto e pode ver ao longe Cebolinha correndo vitorioso com o Sansão na mão. Mônica, sem nem pensar, correu atrás do garoto, enquanto bradava:

“Volta aqui seu, maldito!”