Seus olhos me avaliavam com tamanha intensidade, que acabei me encolhendo no acento do carro. Eu estava com medo, mas havia mais algo, era como se o medo fosse apenas mais um elemento daquela cena, era como se nada daquilo fosse realmente real. 

O caminho ia passando cada vez mais depressa, mas eu não olhava para isso, eu olhava para o nada ao certo. Minha mente tentava trabalhar a mil, eu tentava entender quem era aquele homem, que sem minha permissão tinha me empurrado naquele carro, e que nada dizia, apenas dirigia, porém mal olhava para estrada. Ele olhava a cada curva que viravamos, como se eu fosse pular a qualquer momento pra fora do carro em movimento, eu podia sentir seu olhar queimar em minha pele e uma timidez que eu não sabia que tinha se apoderaram de mim. Sentia como se ele tivesse vendo todos os meus pensamentos, porém, sabia que isso era impossível, até porque ele não é nenhum Edward Cullen. Eu não virei meu rosto para ele, em nenhum momento de toda a viagem e nem ele fez questão de puxar qualquer assunto, por isso, acabei me perdendo em pensamentos. 

Perguntei-me o que aconteceria com o meu filho, ele viveria sem uma mãe? Será que minha mãe iria perceber meu sumiço? E a pergunta que mais me atormentava, o que aconteceria comigo? 

— E não vou machucar você — a mesma voz grossa e rouca que minutos antes tinha me jogado naquele carro, agora dizia gentilmente. 

— Para onde você está me levando? —minha voz saiu esganiçada. 

— Pra lugar nenhum — sua voz tinha uma leve emoção, como se ele tivesse sendo irônico. — Já chegamos. 

— Como assim? — meus olhos rapidamente tentam enxergar qualquer coisa lá fora, porém o vidro era muito escuro. 

— Já chegamos, princesa — falou com um sorriso meio de lado, porém algo me dizia que novamente ele estava sendo irônico. 

— Não sou sua princesa — respondo entre dentes. 

— Ah — sua voz saiu um pouco... Decepcionada. — Mas um dia será — Sinto que ouço ele falar algo, porém eu não tinha certeza. 

— Onde você me trouxe? — não perco tempo, e pergunto o que eu queria. 

— Para a minha casa — sua voz agora tinha uma emoção contida, era como se ele se orgulhasse de dizer, minha casa. 

Tento olhar novamente para o lado de fora e agora percebo que a janela estava aberta, e me sinto como se eu tivesse em um flash back, ou melhor, sinto como se tivesse vivendo algo que vivi através dos olhos de outra pessoa. Ali na minha frente tinha uma linda mansão, era algo magnífico e exuberante, era da cor branca e as janelas de vidros, o que dava para ver algumas partes do lado de dentro, e devo dizer que era tão lindo como por fora, porém foi apenas ao olhar em volta que percebi que a casa ficava no meio de uma floresta, e eu estava sozinha ali com ele, no meio do nada. 

—Por que você me trouxe aqui? — pergunto sentido que não conseguia falar direito. 

—Pra te mostrar que a fantasia nem sempre é apenas algo surreal, eu preciso que você entenda que tudo que estou fazendo é apenas para te proteger, e talvez isso te assuste, e até mesmo ache loucura, mas pode apostar a pior loucura é você saber que é real, e não acreditar nisso. — Sua voz mostrava que ele estava falando sério, e a única coisa que pensei foi, eu estava trancada em um carro com um louco. 

Dois segundos de devaneio meu, foi o tempo para eu perceber que ele não estava mais no carro, e que estava na verdade abrindo a porta para mim. 

— Por favor? — ele oferece sua mão, e devo dizer que por um momento pensei em aceitar a sua ajuda, porém eu não podia confiar nele, não antes de saber quem ele era. 

— Eu posso sair sozinha — digo emburrada, e provavelmente estava parecendo uma criança. 

— Só queria ser gentil princesa — fala com um sorriso cafajeste. 

— Eu não sou sua princesa — falo pausadamente, porém não acho que ele realmente estivesse ligando para o que eu disse. 

— Vamos entrar? — sua voz saiu gentil.  

E então pegou na minha mão com delicadeza e fez um carinho com os dedos, estranhei ele pegar na minha dessa forma, porém eu apenas balancei a cabeça. 

— Qual é seu nome? —pergunto quando estávamos passando pela porta da enorme mansão. 

— Damon Salvatore — seus lábios sussurram.