Extinção escrita por Alina Black


Capítulo 62
Renesmee - Reconciliação




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Durante o resto do dia eu não sai daquele quarto.

Deitada em minha cama, o quarto ao redor parecia mais uma cela do que um refúgio. As paredes frias e o silêncio me davam espaço demais para pensar, e meus pensamentos eram selvagens. O imprinting... essa força misteriosa que uniu Jacob a mim desde o início. Eu acreditava no amor que ele tem por mim, sentia em cada olhar, em cada toque. Mas naquele momento, uma sombra de dúvida se insinuava, sussurrando perguntas sobre amores passados. Poderia ele ter amado minha mãe da mesma forma?

“ É incrível como você consegue ser tão tapada ao ponto de ainda acreditar em Jéssica? Ela sempre traz problemas. ” Disse a voz dentro de minha cabeça, eu odiava quando ela fazia isso, me sentia uma esquizofrênica conversando sozinha.

“ Pare” murmurei fechando os olhos e tentando me concentrar.

“ Não seja ingênua. Você vê o bem onde não existe. ”

“Não é ingenuidade. É esperança. Eu quero acreditar que as pessoas podem mudar. ”

“E onde isso te deixou? Brigada com Jacob, o único que sempre esteve ao seu lado. ”

“Eu odeio estar brigada com ele. Ele significa tudo para mim. ”

“Então por que não conserta as coisas? Você sabe que ele te ama, apesar de tudo. ”

Fechei os olhos tentando manter o controle da situação, sempre que eu ouvia aquela voz dentro do meu subconsciente eu perdia o controle, e aquele não era o momento para isso – Você pode Nessie, você consegue – Repeti para mim mesma voltando a controlar meus pensamentos que foram interrompidos quando Liah entrou apressada no quarto.

Olhei para seu rosto e parecia carregado de preocupação.

— Aconteceu alguma coisa? Perguntei me sentando na cama.

Liah suspirou – Talvez tio Jay me mate por fazer isso.

Me senti um pouco confusa com as palavras de Liah – Porque o Jake te mataria?

 Liah se aproximou da cama e sentou à minha frente –  Jéssica saiu do abrigo, fugiu.

Apesar de tudo que Jéssica havia feito aquilo era preocupante, ela era humana e corria riscos sozinha lá fora, agora entendia a preocupação de Liah, ela tinha o coração bom e desejava o bem de Jéssica – E ninguém foi atrás dela?

— Era nesse ponto que estava tentando chegar – Respondeu Liah – Tio Jake foi atrás dela e já fazem algumas horas.

Suas palavras caíram como pedras em água parada. Meu coração disparou. Jacob estava lá fora, havia ido atrás de Jéssica mesmo sabendo dos riscos. Senti um medo jamais sentindo antes esmagando meu coração, e se ele não voltasse? E se algo acontecesse? Senti culpa e naquele momento eu não podia ficar ali, imóvel, enquanto ele estava lá fora, enfrentando perigos desconhecidos.

Saltei da cama e sai do quarto pelos corredores indo em direção a garagem, ao chegar encontrei Brad e Collin que pareciam apreensivos.

— Nessie – Murmurou Collin surpreso ao me ver.

— A quanto tempo ele saiu? Perguntei em um tom de angustia.

— Algumas horas – Respondeu Collin – Vamos esperar um pouco mais e sairemos caso ele não retorne.

— Eu vou atrás dele.

— Não é uma boa ideia Nessie – Disse Liah, eufórica, tentando buscar ar – Nossa você é rápida – Ela colocou ambas as mãos nos joelhos.

— Liah tem razão – Disse Brad – Jacob não irá gostar se retornar e não a encontrar aqui, é capaz de arrancar nossas cabeças se souber que deixamos você sair.

Fechei os olhos e baixei a cabeça tentando controlar minhas lagrimas, me sentia culpada, se eu não tivesse me desentendido com ele, ele estaria aqui e não lá fora correndo riscos.

 Brad, Collin e Liah tentaram me tranquilizar, mas suas palavras eram como vento contra a tempestade de minha preocupação. Cada minuto de espera que se estendia era como uma eternidade.

A noite caía suavemente sobre o abrigo, o céu pintado com os últimos tons de laranja e púrpura do entardecer. Eu estava parada na entrada, meus olhos vasculhando a paisagem que se estendia à frente, procurando por um sinal, qualquer sinal dele. Meu coração batia em um ritmo acelerado, alimentado pela mistura de emoções que me consumiam desde que ele partira.

O medo era uma sombra constante, um companheiro indesejado que sussurrava possibilidades sombrias em meu ouvido. E se ele não voltasse? E se algo terrível tivesse acontecido? A incerteza era um peso, uma âncora que me prendia àquele limiar entre esperança e desespero.

Mas então, como um farol cortando a escuridão, eu o vi. O grande lobo, uma silhueta distante contra o crepúsculo, movendo-se com aquele andar confiante que eu conhecia tão bem. Com passos silenciosos e calculados, ele se moveu com uma confiança que só vem com a plena consciência de suas próprias capacidades. Cada pata toca o chão com precisão, quase sem fazer barulho.

Meu coração, que antes temia, agora se enchia de uma alegria que transbordava, me inundando com um alívio tão intenso que quase me fez cambalear.

— É ele! Gritou Collin dando um sorriso largo e ao mesmo tempo de alivio, ele e Brad trocaram olhares como se soubessem o que deveriam fazer, em seguida o rasgar de roupas cortou o ar e os dois lobos partiram na direção da floresta escura.

— É o meu Jake – Sussurrei olhando para Liah que sorriu confirmando com a cabeça.

Mantive meus olhos na escuridão. Então, com a fluidez de um rio que muda seu curso, Jacob começou a transformação. Era um espetáculo fascinante, ver o lobo se contorcer e mudar, a pelagem recuando como a maré, revelando a pele abaixo. Os músculos se reorganizavam, os ossos se realinhavam, e o que era fera se tornava homem.

Ele se ergueu na penumbra, sua forma humana tão familiar quanto a outra. O último vestígio da besta desapareceu com um suspiro que se misturou ao vento noturno, e ele caminhou em direção ao abrigo, em direção a mim. Seus passos eram firmes, cada um diminuindo a distância entre nossos mundos, entre nossas formas, entre nossos corações.

Ele estava bem. Ele estava voltando para casa, para mim. A felicidade que me preenchia era tão palpável quanto a brisa da noite em minha pele.

Não me contive e cruzei a distância que nos separava, eu pude ver em seus olhos o reflexo de minhas próprias emoções. – Jake -  o abracei forte envolvendo meus braços em volta da sua nuca- Onde você estava? Fiquei tão preocupada. – Falei deixando que finalmente minhas lagrimas escapassem, no meio do abraço que se seguiu, no calor seguro de seus braços.

— Ei anjo, não precisa ficar assim, eu só estava cuidando e algumas coisas.

— Você não pode simplesmente desaparecer assim. Eu tive tanto medo.

— Eu sinto muito. Mas estou de volta agora, será que pode me perdoar?

— Prometa que não vai fazer isso de novo.

Ele sorriu-  Eu Prometo.

Os lábios dele buscaram pelos meus e nesse momento, todos os meus medos, ciúmes e dúvidas se desvaneceram. Ele estava ali, ele estava seguro. Seus braços eram um porto seguro em meio à tempestade, um lembrete silencioso de que, não importava o que acontecesse, sempre teríamos um ao outro.


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