Partilhar escrita por WinnieCooper


Capítulo 1
Festa estranha com gente infinitamente feliz


Notas iniciais do capítulo

Ahhhh muito feliz em estar postando hoje, porque ano passado postei minha primeira fic scorose para o projeto dia 3 e me apeguei ao dia, feliz que estou dividindo esse dia com a Accio Pudim.
Inicialmente planejei até dez capítulos (porque estava na regra) e não passar muito de 3k de palavras por capítulo pra não ficar cansativa a leitura e bom, posso dizer que não cumpri a segunda e não sei se a fic chegara aos dez capítulos. Estou escrevendo o 7 e torcendo pra dar conta de terminar a fic até o final do mês.
Não posso deixar de colocar nas notas que várias das ideias daqui vieram da minha beta e amiga Paty (cujo único defeito da vida é torcer pra Ana em a vida da gente). Conheço a Paty desde a época que escrevi sincronicidade, ela sempre amou scorose, amava Jess e Rory como eu e jogos vorazes. Ano passado descobri ela no twitter e desde então não consigo ficar um dia sem falar com ela, amo tu amiga e obrigada pela ajuda aqui. Um grande headcanon dela que amei e estou usando aqui é o fato de Scorpius ser pai de pet e jogador profissional dos Chuddley Canons. Tomara que gostem dessa fic que está sendo bem gostosa de escrever.



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Raiva, era isso o que Rose Weasley sentia ao olhar seu chefe em seu serviço. Raiva por ele nem sequer lhe dar a menor chance de lhe mostrar do que era capaz. Tinha passado semanas pesquisando sobre as represálias que os nascidos trouxas recebiam na época da Segunda Grande Guerra, e havia até conseguido convencer sua mãe a lhe dar um depoimento – coisa que Hermione nunca fazia, pois, se recusava a falar sobre o que havia sofrido naquele tempo. Mas, agora, parada em frente ao senhor Pfeiffer, só sentia vontade de chorar de ódio.

— ...Faz assim, eu vou deixar aqui na sua mesa... Quando tiver um tempo, ou nada para fazer, o senhor pode dar uma olhada. Quem sabe dê para encaixar em alguma seção...

— Senhorita Weasley – seu chefe estralou os dedos, olhava para diversos pergaminhos em sua mesa, não fez menção nenhuma de ao menos lhe encarar. – Não tenho tempo e muito menos nada para fazer. Olhe só para essa mesa – disse apontando para os pergaminhos. Eu pareço desocupado para você?   A única coisa que me interesso em ler vindo de você é a parte que lhe cabe escrever. Já fez isso?

Desta vez ele a encarou, Rose engoliu em seco pensando no que lhe responder.

— A matéria sobre as tendências no mundo das flores para casamentos dessa temporada já está pronta.

— Ótimo! É realmente só isso que quero ver você escrevendo.

Virou novamente sua atenção aos milhares de pergaminhos em sua mesa. Rose ia sair da sala, como sempre fazia, triste e cabisbaixa, mas estava cansada daquilo tudo: a fala simplesmente escapou de sua boca:

— O senhor devia conhecer mais seus funcionários e lhe dar oportunidades de crescer no jornal.

Senhor Pfeiffer ergueu seus olhos para ela, e disse a verdade que Rose odiava saber:

—  Ora, minha cara senhorita Weasley, nós sabemos muito bem que você só está aqui hoje no Profeta por causa da sua querida tia e madrinha Ginevra Potter. Se não está satisfeita, procure outro emprego.

Rose suspirou e fechou os olhos indignada, engolindo as palavras que se formavam em sua língua.

— Aliás, percebo que a senhorita tem se tornado especialista em escrever sobre o que não entende: fala sobre casamentos e moda casamenteira, mas nunca nem a vi com um namorado. Você simplesmente não se importa em ser verdadeira nos seus textos. Como espera que a leve a sério se nem você leva a sério o que escreve?

Rose queria gritar, dizer que realmente não se importava com nada daquilo e que queria escrever algo que realmente importasse – não só para ela, mas para outras pessoas também. Que queria escrever sobre o que estudava e falar sobres as minorias e os preconceitos que ainda existiam no mundo. Mas, ao invés disso, ela engoliu novamente as palavras.

— Começarei a te levar a sério, no dia que levar a sério o que escreve. 

— Está dizendo para eu me casar? – perguntou indignada. 

— Entenda como quiser. – ele deu de ombros e voltou sua atenção ao que estava fazendo antes.

Rose engoliu em seco, deu meia volta e voltou a sua mesa.

— E aí? – Era Katherine, sua melhor amiga da redação e companheira na seção de casamentos do jornal. 

— Não consegui nada, como sempre. – lamentou-se a amiga. – Se ao menos ele me desse uma chance, Kat. 

— O que você poderia fazer, para, sei lá, ele te levar mais a sério?

— Não sei, às vezes penso que sou um zero a esquerda e que escolhi a profissão errada. Eu só queria... – ela balançou a cabeça cansada. – Escrever o que penso, lutar pelo o que eu realmente quero de alguma maneira... Não queria ser um robô com escritas programadas que não contribui em nada! Me sinto um fracasso. Sei que só estou aqui por influência da minha madrinha e seu sobrenome Potter. 

Continuou se lamentando com a amiga e só parou quando uma coruja pousou na sua frente. Desamarrou o pergaminho de sua pata e deu água ao animal. Desdobrou o papel e reconheceu a letra de seu primo, Albus Potter.

“Rose, 

Como vai? Quanto tempo não nos falamos, só estou te mandando esse pergaminho para te lembrar que hoje é a festa de 10 anos que nos formamos em Hogwarts! Você vai, não é? Parece que nem parente somos mais, só nos vemos na Páscoa e no Natal e olha lá! Alice e Sunny estão morrendo de saudades (principalmente sua afilhada! Eu vejo nos olhinhos dela que ela sente falta da madrinha ausente e trabalhadora!). Enfim, nos encontramos na escola à noite! 

Abraços,

Al”.

— Nossa! Tinha me esquecido completamente! – exclamou para a amiga.

— Do que?

— Hoje é a festa de dez anos de formatura de Hogwarts. Não estou com a menor vontade de ir. 

— Pois eu acho que você devia ir, Rose! Você vive presa nesse escritório, precisa respirar e viver um pouco! Além do mais, essas festas são ótimas para recordar o passado e rir com nostalgia!

— São ótimas para me sentir mais fracassada do que já estou, você quer dizer. 

— Pare de ser dramática e diga logo que vai!

O que ela poderia fazer? Ficar a noite se lamentando na casa de seus pais? Sua mãe com certeza ia ficar sabendo da festa e a faria ir de qualquer jeito... 

— Deixa eu responder ao meu primo. 

xx

Scorpius Malfoy estava maravilhosamente bem profissionalmente. Pelo menos era isso o que ele sentia, afinal, ser destaque e o artilheiro da temporada num time profissional, e ainda ser considerado o melhor jogador de seu tempo era um mérito, certo? Mas, não para seus avós paternos. Lucius e Narcisa Malfoy o rebaixavam todas as vezes que os visitava, só porque jogava no Chuddley Canons. 

— Como anda sua vida? – odiava o tom de deboche que o avô usava. 

— Ganhamos o último jogo com larga vantagem e muito rapidamente. Não está acompanhando o campeonato, vô?

Scorpius tinha puxado o tom irônico de sua mãe, que não se calava diante dos sogros, e isso só irritava mais os avós. 

— Está cansado de saber que não acompanhamos jogos de quadribol. – respondeu o avô enquanto segurava um whisky de fogo em mãos. Era noite de sexta-feira e, conforme combinado, Scorpius havia ido mais uma vez jantar com os avós sempre que estava de folga nesse dia. Sua mãe, por mais que não concordasse com os sogros, fazia questão de que Scorpius visitasse os avós. Manter certo contato familiar era bom, segundo ela, para que eles parassem de ser tão rabugentos e dessem valor ao que tinham, mesmo depois de todos os erros da guerra. Mesmo tendo passado mais de 30 anos da derrota de Voldemort, os Malfoys ainda não eram bem-vistos. Scorpius havia sofrido com isso, mas ele teve a sorte de ter a mãe que teve, lhe dando estrutura mental para encarar tudo o que precisou e ser a pessoa que se tornou.

— Como anda sua vida amorosa? – sua avó tentou quebrar o clima pesado que se instaurava toda vez que o assunto era quadribol e sua profissão.

— Bem... – se limitou a responder. 

Não namorava, limitava-se a alguns casos esporádicos com algumas garotas, normalmente fãs, mas nunca se ligava a ninguém. Não achava que precisava contar isso a eles.

— Nunca te vi com namorada nenhuma... – disse o avô. Já era o terceiro copo de whisky, suas palavras já não ficavam guardadas, o álcool lhe dava mais liberdade de dizer o que pensava. – É gay?

— Lucius! – Narcisa o repreendeu. 

Scorpius balançou a cabeça negativamente.

— Não sou, mas não vejo nenhum problema em ser gay. O senhor vê? – encarou seu avô amargurado com a vida. 

— Não. – Narcisa respirou aliviada pela resposta do esposo. – Melhor namorar um homem, do que uma nascida trouxa, por exemplo.

— O que o senhor está dizendo? 

Scorpius ia ficar calado, mas era impossível diante das palavras preconceituosas do avô. Sempre viu ele desprezar os nascidos trouxas, elfos e traidores de sangue, como ele amava dizer. Mas aos 28 anos, com uma profissão sólida, dono de seu próprio nariz e sem precisar depender da fortuna Malfoy, Scorpius achava-se no direito de dizer tudo o que pensava e não ficaria calado diante do absurdo que ouvia.

— ...Que tipo de poder o senhor acha que tem para se meter na minha vida amorosa?

— Nenhum... Só estou dizendo que prefiro te ver com um homem do que com uma traidora de sangue ou sangue-ruim.

Scorpius bateu os pulsos na mesa ao seu lado, sentiu seu sangue ferver. Não ficaria calado. 

— Pois fique sabendo que se eu quiser namoro homem, sangue-ruim, ou traidora de sangue... Ou quem sabe até um ex-comensal da morte!

— Scorpius, acalme-se, ele não quis dizer nada. – a avó chegou perto do neto tentando acalmá-lo.

— Ah, ele quis dizer sim. Quis dizer exatamente isso. 

Pegou seu casaco e aparatou para fora da mansão dos avós.

xx

— Rose! Que bom te ver! 

— O que anda fazendo da vida, Rose?

— Ah, estou grávida do meu segundo filho! Diga oi para ela, Robert...

— Deus me livre de casamento! Estou viajando pelo mundo, curtindo a minha independência! 

— Sou empreendedora, tenho duas lojas de roupas no Beco Diagonal! E já estou quase abrindo outra filial em Hogsmeade!

— Com 28 anos meu capital já é maior que o dos meus pais.

Aquela festa estava lhe sufocando... Quem teve a brilhante ideia de reunir colegas de escola dez anos depois do término? Com certeza alguém muito bem resolvido e com nada para se frustrar na vida. E lógico, que ideia de seu primo a arrastar até aquele encontro com o passado assustador no nível de filme de terror! Ela jamais deveria ter concordado com aquilo...

— Onde está você, Al? – perguntou a si mesma sussurrando de frustração. 

Olhou ao redor e viu jovens adultos festejando o presente, com bebidas alcoólicas, crianças brincando e egos sendo inflados de diferentes maneiras.

— Senhorita Weasley. 

Ouviu uma voz ao seu lado e se surpreendeu ao ver sua antiga diretora da escola, Minerva McGonagall. 

— Diretora Minerva. – a abraçou. 

De todos os fantasmas do passado, aquele era o mais agradável de se encontrar.

— Como anda a aluna mais brilhante de seu tempo? 

Rose suspirou odiando aquele título. Se destacou quando estudava por ser inteligente, se esforçar e lutar por direitos iguais para todos. 

— Converso com sua mãe por carta às vezes, sei que trabalha no Profeta Diário.

Rose lhe entregou um sorriso amarelo, como contar a sua ex-diretora, que a aluna que lhe causava grandes dores de cabeça quando estudava, ao querer mudar regras retrógadas do castelo, ao conseguir instituir eleições para monitores, folgas e salários para elfos domésticos, e que dava voz as minorias, se tornou uma subalterna que não tinha voz nenhuma e não trabalhava em algo que lhe desse prazer?

— Trabalho. – se limitou a responder com mil questionamentos rondando sua cabeça.

— Não é aquilo que imaginou?

— Digamos que sempre sonhei em ir além... – confessou cansada de fingir, já havia fingido para todas aquelas pessoas da festa. Será que podia ser sincera consigo mesma e com um adulto que lhe entendesse? – E a partir do momento que virei adulta, meus sonhos foram esmagados sem nenhum aviso prévio.

Era bom se confessar com Minerva. Não tinha a pressão de parecer que não tinha problema algum de quando estava do lado da mãe, e não era mimada, como seu pai fazia, lhe dizendo que tudo tinha seu tempo e que o dela chegaria. 

Enquanto a festa passava, Rose se sentia cada vez mais deslocada, até que finalmente viu Albus num canto com Alice e sua filha de um ano de idade. 

— Bonito, hein, senhor Potter? Acho que vou ter que descontar 10 pontos da Grifinória! Me arrasta para a festa e nem ao menos chega no horário! – chegou perto dos amigos e os abraçou com saudade. 

— Tenha uma filha de um ano que faz cocô a cada meia hora e tente chegar no horário. – se defendeu. – Ah, e eu tenho certeza que você vai recuperar nossos pontos depois! – ele terminou com um sorriso. 

Albus Potter e Alice Longbottom namoravam desde sempre. Bom, pelo menos era isso o que ela sentia, mesmo que eles só tivessem assumido um relacionamento com 16 anos. Eram o casal perfeito ao seu ver, não que eles não brigassem, nem que fossem modelos como os vários que ela tinha se esbarrado na festa... Mas, sentia que o sentimento que nutriam um pelo outro era o mais verdadeiro e bonito possível. Eram companheiros, se respeitavam e acima de tudo, eram melhores amigos.

 — Como está a afilhada mais linda desse mundo? – Rose segurou Sunny no ar e reparou na bebê a sua frente, bochechas vermelhas, cabelos negros e olhos verdes como de Albus. Perfeita como todos os bebês de um ano eram. 

— Com saudades da madrinha! Você sempre some, Rose! – desta vez foi Alice que reclamou. 

 — Anda trabalhando muito? 

— Mais ou menos. – ela suspirou. Não queria dizer ao primo que seu emprego era um fracasso e que devia tudo a mãe dele e mesmo assim não se achava brilhante e realizada em nada do que fazia. 

— Dindo! – Sunny gritou e ergueu os braços no ar em direção a pessoa que havia chegado. Scorpius estava parado ao lado dos três e logo pegou sua afilhada no colo. 

— Como assim ela aprendeu o nome dele primeiro??? Ela falou dindo primeiro que dinda?! – Rose perguntou indignada para Albus. – Desde quando ela começou a falar? 

— Ah, Rose, sabe como é... Você sumiu e Scorpius sempre que pode, aparece lá em casa para nos visitar. Sunny se apegou demais a ele! 

— O que posso fazer? Sou irresistível até para bebês. 

Ele olhou Rose e lhe lançou uma piscadela. Ela sorriu e o abraçou o cumprimentando. 

— Nossa, faz quase um ano que a gente não se vê, a última vez foi...

— No nascimento da Sunny, faz mais de um ano. – Scorpius lembrou Rose. 

Será que ela estava assim mesmo, muito ausente? Sentaram os quatro numa mesa e ficaram comendo e bebendo enquanto colocavam o papo em dia. Entendia agora o que Kat queria dizer com o quanto era nostálgico e mágico essas festas de dez anos de formatura. Não se sentia um fracasso completo, pelo menos por alguns minutos. Mas tudo o que era bom acabava rápido demais...

— Precisamos ir. – Anunciou Alice, levantando da cadeira na qual estava sentada. 

— O que? Chegam atrasados e vão embora mais cedo? – Rose foi logo reclamando, não queria se sentir sozinha novamente em meio a multidão de pessoa realizadas e felizes. 

— Sunny está dormindo e não queremos atrapalhar o sono dela, não sabe o terror que é um bebê que não dorme o suficiente. 

Alice e Albus se despediram de ambos e pegaram a filha que dormia no colo de Scorpius. 

Era estranho estar sozinha com Scorpius, eram melhores amigos na infância e adolescência, mas depois de adultos, sentia que não o conhecia mais. 

— Acho que vou embora também. – ela anunciou se levantando. 

— Não, fica mais um pouco! Faz tanto tempo que não conversamos... – lhe pediu segurando em sua mão. 

 Rose hesitou, mas concordou com a cabeça e sentou-se novamente. 

— O que anda fazendo da vida? Da última vez que conversamos estava feliz que ia começar a trabalhar no Profeta diário. 

Aquele assunto a perseguia, abriu um sorriso amarelo ao amigo de infância e falou soando o mais verdadeiramente que conseguiu:

— Ah, é maravilhoso trabalhar lá! Me sinto tão realizada! 

Scorpius observou o rosto dela. Seu queixo estava duro e seus olhos opacos. Mesmo depois de todos aqueles anos, Rose não havia mudado nada. Ele começou a rir dela. 

— Do que está rindo? – perguntou nervosa. – Pare de rir! – deu alguns tapas no ombro dele que não controlava suas gargalhadas. 

— Você é uma péssima mentirosa, Rose. – confessou. – Não mudou nada esses anos todos, ainda conheço todas suas expressões. 

Ela suspirou cansada e se deitou na cadeira exausta de todas as mentiras que havia contado naquele dia. Será que era permitido se abrir com um amigo? Mesmo um amigo que não conversava há meses? 

— Está bem, está bem. Se você quer a verdade, a verdade é essa: eu odeio meu emprego, odeio meu chefe, odeio minha vida e odeio essa festa cheia de pessoas infinitamente felizes e vivendo suas vidas felizes e sem problema nenhum! 

Cruzou os braços carrancuda. Scorpius parou de rir e reparou no rosto cansado dela.

— Quer falar mais sobre isso? 

— Não sei... – confessou encarando as íris azuis acinzentadas do antigo amigo. – Mas, me conte sobre você! Melhor, me diga o quanto é realizado em sua vida para eu voltar a minha bolha de sofrimento e lamentação interna. 

— Continua dramática. – ele sorriu não deixando de reparar no nariz enrugado dela. – Sou jogador de quadribol, mas isso você já sabe.

— Lógico que sei! Meu pai é seu maior fã, o que é tão irônico que chega a ser ridículo. Você salvou o time dele do rebaixamento de décadas e ele te idolatra! Deve ser incrível ter realização profissional. 

Seu pai gosta de mim? Justo ele que disse para você nunca se casar ou namorar um sangue puro, principalmente um Malfoy?

Rose sorriu e balançou a cabeça lembrando da primeira conversa que teve com ele logo que se conheceram com 11 anos –  jogou na cara do garoto que não devia ficar perto dele porque se apaixonasse por um Malfoy puro sangue seu pai nunca a perdoaria. 

— Sim! Eu sei, é chocante, mas meu pai te idolatra! Aliás, escreve alguma coisa nesse guardanapo de papel que vou levar para ele! Aposto que ele vai mandar colocar num quadro pendurar na parede lá de casa! 

Scorpius sorriu, notou um detalhe na fala dela. 

— Ainda mora com seus pais?

— Ponto para o Chuddley Canons! Sim, sou o fracasso em forma de jovem adulta. 

— Qual o problema de morar com seus pais? 

— Nenhum, só que hoje eu percebi que todos os ex-alunos do nosso ano ou estão realizados profissionalmente ou, casados, felizes, com filhos e esbanjando sucesso. 

— E você acreditou neles? – Scorpius balançou a cabeça negativamente. – Aposto que mentiram. 

Ele olhou para a frente e começou a analisar os ex-companheiros de turma. 

— Fiquei sabendo que o Kurt se separou duas vezes e foi demitido ano passado da empresa em que trabalhava. Olivia estava desempregada e entregando currículo em todos os lugares possíveis. Tristan se assumiu gay e foi morar com o namorado em outro país, não foi promovido como ele ama falar. – Rose observava cada colega que ele narrava, não era a versão da história que tinham contado a ela. – Todos escondem suas rachaduras. É fácil mostrar só o que agrada o outro. 

— Você não tem rachaduras... – virou seu rosto para ele, tentando ler suas expressões. 

— Só porque sou um jogador famoso e estabilizado financeiramente, quer dizer que sou perfeito? – ele negou com a cabeça e suspirou cansado. – Nunca me prendo em relacionamento nenhum, sempre acho que todas as garotas que se aproximam de mim são interesseiras e sem nada para acrescentar em suas conversas, e, além disso...

— Além disso?

— Sou um fracasso para minha família. 

— Mas a sua mãe é tão moderna e...

— Não meus pais, meus avós. Não faz ideia do que ouvi hoje. – contou a Rose sobre o jantar que tivera a pouco com os avós, a expressão da jovem dizia o quão indignada tinha ficado só de ouvir ele confessar as barbaridades que ouvira dos chefes da família. – Tenho vergonha de carregar esse sobrenome, se quer saber. 

— Então não fui a única frustrada no dia de hoje. Meu chefe me dá nojo e raiva. – Foi a vez dela confessar todas suas frustrações na carreira. – Você me conhece, não mudei nada esses anos todos, ainda quero escrever para mudar a visão das pessoas. Mas sou obrigada a saber da moda dos casamentos. 

— Devia pedir demissão e denunciar ele por abuso de autoridade. 

Rose sorriu e fez não com a cabeça diante da solução absurda e fácil do amigo. Tinha começado a se abrir para ele, achou que podia confessar sua maior frustração em relação ao chefe, coisa que ela não havia contado nem a Kat. 

— A pior parte, é ele zombar de mim a ponto de dizer que não tenho experiência na minha vida pessoal com relacionamentos e casamento e não me esforçar para escrever o que escrevo, ou seja, para ele deveria estar em um relacionamento, até me casar, para enfim levar a sério o que eu escrevo. 

Scorpius não soube o que falar. Era tão ridículo e absurdo que as palavras fugiram.

Rose resolveu quebrar o clima estranho e dar sua solução a ele. 

— Devia namorar uma trouxa e levar ela para jantar na casa dos seus avós. 

— Seria uma ótima ideia, se eles não massacrassem a garota e fizessem ela sair chorando na primeira reunião em família. 

— Não aconteceria comigo! Iria acabar com eles, e cuspir todas as pesquisas que fiz a minha vida toda na cara deles. As orelhas deles iam arder de tanto me ouvir falar. 

Ela começou a rir. Scorpius refletiu sobre o que ela havia acabado de falar. 

— É uma ótima ideia. 

— O que? 

Rose perguntou sem entender nada do que ele falava. 

— Nós namorarmos. 


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Notas finais do capítulo

Pessoal me digam o que acharam do primeiro capítulo, aí ai um relacionamento falso clássico é tão bom né? Prometo postar o segundo capítulo em breve ;*