Steampunk escrita por Aiwa Schawa


Capítulo 11
Capítulo II




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Capítulo II

Tudo ou Nada

—Maldiçãaoooooooo!!!!!!!!

Haaji gritou do fundo de seus pulmões, pois após tudo ocorrer, quando acabamos a operação e checamos a realidade foi a mais cruel possível.

Um erro ocorreu, o coração foi danificado em algum ponto, talvez durante a luta, talvez durante a cirurgia, talvez até entre esses dois momentos e… Chris nunca acordou.

Por mais que Yuki tivesse meramente conseguido, ela também não acordaria por algum tempo.

—Haaji… antes de continuar nossa missão, temos que ir parar na França e… hum… acho que é o mínimo que podemos fazer por ele.

—Ele morreu te salvando… eu acho que alguém tão corajoso realmente merece algo melhor…

Cake voltou a pilotar o dirigível, agora nos levando em direção a França, eu pôs um lençol sobre o corpo de Chris, então voltei a sala de estar do dirigível, era lá onde Haaji estava…

“Inacreditável… aqueles monstros, eles provavelmente tem algum envolvimento com a nossa missão atual, o resgate de Edwin Thursby, mas… o que diabos eles estavam fazendo? O que foi aquele trovão também e… eu irei precisar olhar no meu laboratório aqueles corpos, será muito, muito importante. Não consigo nem imaginar ainda os segredos da ciência que foram envolvidos na alteração de um humano… naquilo”

—Haaji, o que você pensou sobre aqueles homens? Eles eram certamente bem diferentes de humanos e… como expliquei, eles tinham um exemplar do coração a vapor consigo, um exemplar ideal, era exatamente isso que estava planejando construir ao final do projeto.

—Talvez… é bem provável que Edwin tenha sido levado para que os alemães pegue a pesquisa do coração a vapor, né? Então, será que eles conseguiram completá-lo?

—Hum… imaginando que a tecnologia para alterar humanos… naquilo realmente seja dos inimigos, nesse caso, alemães… eu não duvidaria que com Edwin, eles seriam capazes de completar o projeto, lembro bem como esse país não era reservado sobre usar ciência para fins… nem tão positivos.

—Quanto tempo ia demorar para o coração ser terminado?

—Depende um pouco… eu mesmo provavelmente estava a meio-ano de completar um coração como o que está na Yuki agora… é infeliz que eu tenha desperdiçado os dois assim.

Guiado pela emoção, eu não pensei no que realmente satisfaria meus objetivos, eu deveria ter ficado com os corações e os usado em Naomi, seria muito melhor, diria que a missão foi uma falha até, eu não podia me importar com o que o governo diria ou poderia fazer contra mim, na verdade, por mim todos eles poderiam ir ao inferno até.

Contudo… o que foi feito, não podia mais ser desfeito, eu mesmo autorizei o procedimento que levou um coração a ser destruido, com minhas própria mãos ainda, eu implantei um coração no corpo de um morto, ainda sem qualquer autorização… ainda bem que a carreira médica nunca me soou tão atrativa. Não duvido que se algo assim fosse público… eu nunca conseguiria exercer minha profissão.

De qualquer maneira, eu não consegui sentir muito mais arrependimento, nós pousamos sobre solo Francês e logo… a Yuki havia acordado.

Eu expliquei a situação o quanto podia, eu nem queria imaginar o que ela havia pensado ao descobrir como Chris havia morrido, eu também não podia oferecer palavras que amenizassem tal dor, eu mesmo, sabia bem o que era aquilo. E talvez a unica coisa a fazer então… era a deixar junto dele, naquela sala onde sua morte foi concretizada, enquanto eu e Haaji…

Nós descemos do dirigivel e eu tomei o papel de lembrar a ele:

—Vamos perguntar onde fica a residência dos Alcova, você sabe falar francês, né?

—Claro, precisa-se saber disso para trabalhar no expresso. Inclusive, Aiwa, isso aqui…

Ele me jogou algo que parecia… um bola de gude escura.

—O que é isso? 

—Se você ficar com isso, eu posso saber onde você está fácil, fácil, é um invento meu. Pode ajudar se você demorar demais.

—Hum… certo, agora, com licença, eu vou…!

Eu vi algo, no canto do meu olho, indo por uma rua secundaria… quando vi aquilo, aquele homem me veio a mente.

“Chris?...”

Então a passos acelerados, eu caminhei naquela direção.

“Que sorte, deve ser algum parente próximo dele, talvez um irmão, ele deve poder cuidar do resto das formalidades, serão noticias que eu preferia não ter que contar, mas… foi minha ideia, então é o que nós temos que fazer”

Eu segui aquele homem sem parar, mas sempre parecia que não conseguia o alcançar direito, até que…

O lugar que eu acabei parando, não era nenhuma casa… repentinamente eu percebi pelas formas das construções, pelas luzes um pouco mais fortes que o normal e pelo cheiro de alcool e fumo que eram cada vez mais fortes… aquilo era um cassino.

Eu tentei entrar, imaginando que o homem devia ter entrado lá, contudo, no momento, algum segurança tentou me parar e perguntar algo, eu iria olhar para cima e responder mas antes…

—Com licença, ele está comigo.

Alguém veio por trás de mim, então falou aquilo…

Ele tinha o cabelo loiro, um colete vermelho coberto por uma jaqueta branca, o rosto me dizia que ele sequer era muito mais velho que eu, não devia ter nem 20 anos, apesar de eu não conhecê-lo, só dele pôr a mão nas minhas costas e me empurrar, o segurança abriu caminho.

—Cientista… você é um, né?

—Hum?! Como você descobriu!?

—Er… bem…

—Foi meu gracejo, eu sei que é fácil de ver, meu jaleco está sempre comigo, mas o que você precisa? Eu estou atrás de alguma pista de onde a família Alcova esta, é uma notícia importante.

—Hum, eu também sei de algumas coisas sobre você.

Ele falou isso com um sorriso falso no rosto, enquanto ainda me levava mais e mais a frente.

—...? Saber que eu sou um cientista não é exatamente algo impressionante, só para deixar claro.

—Sobre o seu projeto, sobre o cientista desaparecido…

—...!

—Então tenho uma oferta, já que estamos em um cassino, por que não…

Quando eu vi, haviamos tombado sobre uma mesa disposta de forma esquisita, ela estava bem no meio do cassino, estava bem no meio de uma passagem…

Aquele homem se sentou e afirmou algo que, normalmente, não faria sentido, porém, a esquadrilha tende a atrair tal tipo de pessoa, portanto, ele era capaz de manter um rosto sério enquanto dizia:

—Faremos esse jogo, se eu vencer, você vai completar o coração para mim. E se você vencer, esse cassino é seu.

—...?

Eu ainda assim me sentei, apesar de não fazer ideia do que aquele homem estava querendo ainda.

—Você? Você é o dono desse cassino? Conta outra…

Ele estalou os dedos, uma pessoa apareceu ao lado da mesa e começou a embaralhar cartas velozmente, sem parar.

—Eu garanto, eu trabalhei muito para conseguir isso, esse cassino é tudo o que eu tenho no momento, acho que é o mínimo que eu podia oferecer, esse seu trabalho… ele é importante também, não é?

Quando ouvi essas palavras, olhei ao redor e vi como as coisas haviam sido dispostas, eu entendi que aquilo não era uma mentira e… também que aquela não era bem uma aposta que eu podia recusar.

“Acho que só preciso vencer e depois ver como eu posso ganhar tempo até o Haaji aparecer, ele provavelmente vai perder a paciência daqui a pouco”

—Certo, eu aceito estes termos, agora, vamos apostar?

As cartas foram dadas, era poker, um jogo que eu entendia um pouco sobre, sabia as regras, porém nunca havia jogado tanto, contudo, minha maior arma não era saber jogar, era meu conhecimento de como as probabilidades funcionavam.

E como havia feito em outro mundo, mesmo sem saber, eu planejava ganhar o jogo daquela mesma forma.

Contudo… algo não seria exatamente como eu imaginava.

No primeiro jogo, eu vi as cartas na mesa, eu vi as minhas e logo conclui…

“Minha chance de vencer… é de mais de 98%, parece que a sorte resolveu me ajudar dessa vez…

E com esse pensamento, após uma aposta ousada, nós iriamos mostrar nossas cartas e…

—Huh..?

—Albino, eu ganhei essa, acho que a sorte resolveu me ajudar dessa vez.

Eu havia visto algo, em um instante, as cartas que ele mostrou da sua mão eram uma, no outro momento, havia outras cartas na mesa, não havia tempo para ele trocar, então…

“Claro… ele é a casa, ele não precisa temer ao trapacear por aqui… sendo assim, eu vou precisar fazer um trabalho ainda melhor”

Após aquela mão, nós continuamos a jogar, o jogo estava longe de seu fim, naquelas mãos, eu estava ganhando de migalha em migalha, não notava mais nada esquisito, porém eu estava atento, aquele homem também…

Ele já devia ter notado como seu truque tinha sido desvendado, ele parecia até irritado por ter demorado tão pouco.

Mas, ele não parecia considerar a chance de perder, porém, só a forma que ele jogou até agora já havia dado todas as dicas que eu precisava, pois, num segundo jogo importante, eu me armei com o que podia, li a expressão dele com toda minha atenção e sabia de uma coisa.

“Não tem como ele vencer sem que eu descubra exatamente o que está acontecendo, então…”

Assim, eu venci aquele jogo.

Mas mesmo que ele não entregasse o ouro imediatamente, eu sabia bem de mais uma coisa, seja lá o que fosse o truque, não era nenhuma trapaça convencional, isso com certeza, além disso, ele não devia poder fazer a vontade, se não sua vitória já teria vindo a um tempo.

Seguindo em frente, eu tinha uma ideia que minha situação só ficaria pior em frente, agora que ele entendia o quanto do seu truque já havia desvendado, em teoria… ele podia mudar suas táticas por isso, mudá-las de acordo com meu conhecimento e fazer com que eu não tivesse como vencer.

Contudo… quando sangue escorreu pelo meu rosto e meu cabelos se viraram ao céu, eu consegui um jeito de vencer, apenas com a mão que eu tinha…

—Hum?... O que é isso, albino?

—Parece que você não entendeu, eu vi que você não é ruim nesse jogo, mas você certamente não é uma mente brilhante. Talvez tenha passado tempo demais estudando a coisa errada, então eu mesmo acabo tendo que explicar para você…

Passando um lenço branco e limpando o pouco sangue que eu havia deixado cair, eu continuei a explicar, ou melhor, introduzir a situação.

—Seu truque também, é brilhante, eu mesmo não tenho ideia de como chegou a tal, contudo… ele não será o suficiente para me vencer. Pode continuar a jogar dessa maneira, continuar com essa trapaça mesquinha. Eu só preciso vê-la mais uma vez para desvenda-la. E por isso… eu vou apostar tudo.

—...!

Com tudo, ele só poderia fugir ou apostar tudo também, não havia meio-termo mais.

—É só esse o seu truque? Você não tem mais nada?

—Vamos ver o resultado! Diga isso denovo!

Ele apostou tudo de volta, o jogo iria direto para o duelo final.

Novamente, eu tive uma sensação que era vagamente familiar, eu não sabia, mas aquilo era o mundo mudando e quando vi, as cartas daquele homem haviam repentinamente mudado outra vez, porém…

—Desculpe te provocar sem necessidade. Afinal, eu tinha a maior mão possível dessa vez, não havia como você vencer, independente das cartas.

Eu completei minha vitória, com um sorriso e explicando o que havia ocorrido.

Apesar dele ter perdido, não demorou muito para ele sugerir como aquilo deveria continuar:

—Então… vamos resolver isso no meu… ex-escritório?

—Huh… só deixar claro, eu não quero essa porcaria, se quiser me pagar, é só você me responder umas perguntas lá, certo?

—O que você desejar, então, vamos nessa e eu vou te dizer tudo o que sei.

Nos levantamos e guardar nos escoltaram pelo cassino, então por um corredor de cores bem menos vibrantes e de luzes fracas, até entrarmos sozinhos em um escritório que só tinha uma janela que o iluminasse.

—Inclusive, eu não tenho nenhuma relação com o seu aliado, mas meu nome é Christian Alcova… por favor, se sente e eu vou… ajudar.

Enquanto ele caminhava para sua mesa, ele repentinamente pareceu sentir alguma dor, porém logo parou e se sentou, finalmente, eu estava pronto para ter algumas de minhas perguntas respondidas:

—Você… é algum parente distante então? Como podem ter o mesmo sobrenome sem terem relação?

—Err, eu explico isso quando você for sair, não era o tipo de coisa boa para começar uma conversa… não podia ir com algo mais fácil? 

—Ok, ok, eu não me importo tanto assim, então, Christian, você sabe onde está Edwin Thursby?

—Na verdade… eu sei, apesar de não ter certeza de algumas coisas, minha memoria está falhando bastante ultimamente. Eu sei que você encontrará Edwin em uma antiga fábrica de brinquedos, em Berlim.

—...

Eu precisei ficar em silêncio, pois aquilo… foi fácil, fácil até demais, porém, ele não estava mentindo, então só pode continuar calado até que:

—Uau! Isso foi muito mais fácil do que eu pensava, Christian, eu acho que na verdade irei logo, você poderia levar o corpo do Christopher por mim? Minha missão é tão ou mais urgente do que você imagina.

Eu me levantei, aquela informação era crucial demais e não tinha garantia que ela se manteria correta por tanto tempo, se necessário, eu poderia até deixar os problemas do funeral do Chris para depois, contudo, assim que dei as costas…

O mundo se distorceu, eu ouvi um barulho que parecia um trovão ao longe, enquanto, por um instante, toda a sala foi coberta por uma forte luz branca.

—Você não vai a lugar algum, cientista.

Uma voz claramente diferente falou aquilo.

E quando olhe para trás, a pessoa no escritório definitivamente não era o apostador com quem eu havia conversado a pouco.

ELe agora tinha os cabelos ruivos, usava algo que me lembrou imediatamente da roupa de um general alemão, que devo adicionar, só havia reconhecido como tal pelas vagas memorias que ainda tinha do outro mundo.

Mas dessa vez, ele era de um escalão ainda maior, com mais medalhas e uma boina com um simbolo diferente, uma que não reconheci naquele tempo, porém um dia pertenceria ao exercito mais temido do mundo.

—Você, cientista, só irá para um lugar, comigo, de volta à Alemanha.

—Quem é você?! Isso que eu senti… é algum truque também, não é?! Você está, de alguma forma, alterando a realidade, não é?

—Hum, impressionante o quanto já adivinhou.

—Eu posso ajudar, mas não tenho a menor intenção de ficar com você, se quiser vir, pode tentar…

Já estava próximo da porta, eu iria fugir de lá, assim que o visse tentar algo, porém… eu não tive tempo para ver…

Quando tentei abrir a porta, ele já estava em minha direção, sequer notei quando havia sacado sua longa lâmina, finíssima e com a ponta incrustada por prata, uma rapieira.

Ele se aproximou e quando vi, ela já estava em percurso…

—ARG!...

A ponta atravessou meu abdômen e a senti atravessar até minhas costas, um minúsculo corte, porém um que havia me feito perder ainda mais sangue, sangue que eu não podia mais perder…

Quando eu vi, minha mente havia se desconectado do corpo, novamente, eu seria incapaz de lutar contra nossos inimigos.

Enquanto isso, próximo ao dirigível…

Haaji estava notando algo estranho, ele estava muito focado no rastreador, mas… o movimento feito era estranho, estava próximo dele, porém Haaji não conseguia encontrar ninguém, ele pensou…

“Como um cara daqueles se mistura em uma multidão”

E ele não era tão perceptivo, mas naquele momento que tirou os olhos do rastreador, sua mente estava mais afiada, seus olhos viam o movimento do rastreador e o que estava em sua frente ao mesmo tempo, então, ele viu homens segurando uma bagagem preta, uma muito grande até.

Não queria acreditar, porém o homem com roupas militares que os liderava era estranho demais, quando ele subiu em seu dirigível, segurando aquela bagagem como se fosse sua vida, Haaji viu que o rastreador estava ainda mais estranho.

—Sem chances!

Ele correu para dentro do dirigível e gritou para seu robô:

—Siga o sinal do rastreador! Não pare de jeito nenhum!

Então ele preparou tudo, subiu as escadas ao mesmo tempo que ouvia a caldeira esquentar, as engrenagens atingirem o pico de seu movimento, tudo para fazer aquele veiculo que era tão grande quanto um navio subir aos ares.

Logo, logo, a esquadrilha entraria em outra batalha em meio aos ares, dessa vez, um resgate teria de ser feito. E se ele teria sucesso ou não… isso seria visto logo, logo… enquanto o final da jornada deles estava cada vez mais próximo.


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