Academia de Poderes Inúteis escrita por Creeper


Capítulo 37
Irmã de sangue ou não, é de coração


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura e um feliz Natal ♥!



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O show terminou após quatro músicas. Apesar de Victor ter dito que só tocaria uma, ele pareceu curtir bastante essa coisa de tocar e cantar ao lado do Eduardo. Juro que vi um sorriso.

Os alunos e adultos deixaram a sala aos poucos, elogiando o show e o café ao passarem pela porta dando alguns acenos positivos e piscadelas. Sob todo o meu cansaço, me senti feliz pelas pessoas terem gostado do nosso trabalho.

Como devíamos devolver a sala limpa, nos armamos de vassouras, rodos e baldes de água. Meus braços doíam de tanto carregar pedidos e minhas pernas fraquejaram por ter andado para lá e para cá o dia inteiro, então rezei para que nossa limpeza terminasse logo.

Tentei puxar um tecido de TNT que enfeitava a parede, todavia, estava preso até demais. Puxei, puxei e puxei.

— Licença. – Érica disse ao passar a vassoura ao meu lado.

A poeira subiu e eu tive um mau pressentimento. Meu primeiro instinto foi cobrir o nariz e a boca com as mãos, contudo, a queimação em meu interior se iniciou mais rápido do que eu esperava. 

Em três, dois, um. Minhas mãos abandonaram meu rosto e eu tentei abaixar a cabeça para espirrar, o que foi uma má ideia, porque isso acertou o rodapé do TNT.

O fogo escalou a extensão do tecido rapidamente e eu sequer precisei avisar, toda a União já estava em pânico de olhos arregalados e gritos que diziam tudo.  

— Norte! – alguns berraram em uníssono.

— Pega o balde! – outros bradaram em seguida.

Recuei um passo e fiquei completamente congelado, observando o fogo consumir outro TNT.

Fiquei em choque diante de meu poder pela primeira vez. As vozes de meus amigos se faziam distantes e abafadas e eu sequer conseguia desviar o olhar das chamas alaranjadas. 

Vendo o TNT se desmanchar, entendi pela primeira vez o quão forte era o meu poder. E o quanto eu queria me livrar dele.

— Acorda! – uma voz familiar gritou. 

Tive um sobressalto e meus olhos se abriram sem que eu soubesse que estavam fechados. Meu torso repousava sobre a superfície dura da mesa e toda a sala encontrava-se organizada e com cheiro de desinfetante.

— Acorda!

Olhei para cima, encontrando Milena com as sobrancelhas franzidas e a boca torcida. Atrás de seus ombros, as garotas e Breno conversavam calmamente entre si.

— Eu dormi? – dei uma conferida ao redor, percebendo que não havia mais nenhuma decoração.

— Depois da limpeza você simplesmente sentou aí e desmaiou. – ela revirou os olhos.

Espreguicei-me e limpei o fio de saliva que escorria pelo canto da boca, tentando ignorar meu sonho. Ou melhor, pesadelo.

— Olha, eu separei um pouco de pudim. – Milena contou. – Você quer vir comer comigo? – apontou para a porta com o polegar.

Sequer tive tempo de processar o convite, meu estômago logo roncou em resposta.

Assim que passamos pela porta, troquei um breve olhar com Yara e reparei que faltavam duas pessoas no grupo. Pegamos nossas porções de pudim na geladeira da sala de culinária e Milena nos guiou até o jardim.

Nos acomodamos debaixo de uma árvore e começamos a comer apreciando o céu estrelado. Um aluno ou outro passava por ali com sacos de lixo ou materiais de limpeza e os grilos cricrilavam alto nos arbustos.

— Que noite. – respirei fundo.

— Ah, sim. – Milena disse dispersa. 

— Ei. – puxei o que estava em meu bolso. – Para você.

A pequena surpreendeu-se ao agarrar a embalagem com o par de presilhas tic-tac vermelhas. Ela ruborizou, encolheu os ombros e agradeceu.

Ficamos em silêncio por um tempo, a ponto de eu terminar de comer meu pudim e me perguntar se havia sobrado bolo também.

— Sabe, eu sou sua irmã. – a garota comentou naturalmente.

Por um segundo, fixei meu olhar na colher de plástico e dei uma risada abafada, imaginando que aquilo fosse uma brincadeira.

— Por parte de pai. O Rodrigo. – ela continuou.

Meu coração saltou uma batida e eu virei a cabeça para encará-la, notando que ela olhava para as estrelas e girava a colher entre os dedos. Ainda pensando que aquilo era uma brincadeira, tentei questionar quanto ao nome de nossos pais, porém, Milena não me deu brechas para falar.

— Seu nome é esse por causa de uma promessa que sua mãe fez. – apontou. 

Minha garganta ficou seca e a única coisa que consegui pronunciar foi:

— Impossível.

— É, eu já te contei isso várias outras vezes. É chato fazer isso de novo. – resmungou cansada. – Você esqueceu por causa do meu poder.

Tive um estalo na cabeça, lembrando-me da conversa com Yara. Engoli em seco e afundei os dedos na grama, sentindo a umidade da terra.

— Seu poder… Que é ativado por um aperto de mão. – falei duramente, ainda perplexo.

— Exatamente. – Milena assentiu. – Eu chamo de corredor. Você sempre vai esquecer o que ouviu lá. Mas eu não quero mais que você se esqueça de quem eu sou ou qual meu poder. – me encarou de maneira séria. – E então?

— E então o quê? – sussurrei incrédulo.

— Quem eu sou e qual o meu poder? – ela torceu a boca e seu semblante tremeluziu de ansiedade.

Ali, visualizando seus olhos do mesmo tom que os meus e tendo uma enxurrada de flashbacks de meus momentos com ela, um sentimento novo se formou dentro de meu peito. Um sentimento de que por mais que Milena não fosse minha irmã de verdade, ela aparentava ser uma. Eu a tratava como se fosse.

Meus olhos arderam e eu soltei o ar que nem sabia que estava prendendo. Então deixei meus ombros caírem e arranquei alguns punhados de grama do chão.

— Você é minha irmã. – minha voz saiu trêmula e desacreditada. – E seu poder é o corredor. – cerrei os dentes.

Milena semicerrou os olhos marejados e deu um sorriso sincero, exclamando com a voz embargada:

— É isso. Isso mesmo.

Ela passou o antebraço pelos olhos e fungou.

— Você não sabe como foi difícil guardar isso até agora. Você pode nem acreditar e… Tudo bem. Eu só precisava te contar. – a pequena voltou a admirar o céu, ainda sorrindo.

Milena era uma garota estranha e disso eu sabia. Não havia como ter certeza de que ela era mesmo a minha irmã, mas seu sorriso era tão puro que eu resolvi fingir que podia ser verdade.

Fiquei quieto e Milena também não disse nada, ela provavelmente sabia que eu precisava de um tempo para digerir aquilo. Mordi o lábio inferior, abracei meus joelhos e questionei:

— E quem é a sua mãe?

— Denise. – respondeu acanhada. – Denise Lopes.

Eu teria feito mais perguntas se duas figuras familiares não tivessem aparecido do outro lado do jardim e parado entre duas árvores. Estava um pouco escuro, entretanto, reconheci que aqueles eram Eduardo e Victor. Os dois se encaravam de braços cruzados e em silêncio.

— Não me diga que vão brigar… – levantei-me subitamente e Milena me acompanhou.

Sussurrei para a garota para que me seguisse sem fazer barulho e dei curtos passos pela grama, apenas o suficiente para conseguir ouvi-los e saber se iriam sair no tapa ou não. Me escondi atrás de uma das árvores e sinalizei para que Milena ficasse próxima de mim.

— E então, o que você queria me dizer? – Eduardo inclinou a cabeça para o lado.

Victor desceu as mãos para os bolsos, respirou fundo e olhou seriamente para o vice-líder em sua frente.

— Vou ser direto. – o gêmeo estalou a língua.

— Ótimo. – o garoto provocou.

— Eu sou gay. E o lance é que estou gostando de você. – Victor franziu as sobrancelhas, determinado.

Senti as palavras sumirem dentro de mim e tive de cobrir a boca para evitar qualquer som de surpresa. Conferi de soslaio a reação de Milena, vendo sua expressão de quem sabia que não devia ter ouvido.

— Vamos voltar. – balbuciei.

Milena assentiu e ao recuar um passo de costas, pisou em um graveto, emitindo um ruído pelo jardim. A puxei de volta imediatamente, escondendo-a atrás de mim e observando os garotos virarem as cabeças para procurar a fonte do som.

Cerrei os dentes e torci com todas as forças para que eles não pensassem em olhar atrás da árvore.

— Uau, isso é… – Eduardo arregalou os olhos, atônito.

— Não preciso de uma resposta. Porque eu sei que você não tem uma. – o garoto continuava a fitar Eduardo de modo sério. 

— Você tem razão. – o vice deu um sorriso amarelo. 

Haveria um silêncio incômodo no jardim se não fosse o cricrilar dos grilos. Ambos os garotos evitavam o contato visual um do outro, corados debaixo da luz azulada da noite. Fitando seus pés e escondendo as mãos nos bolsos, Eduardo perguntou:

— E… Alguém mais sabe disso?

— Só o Breno. – Victor deu de ombros. – Não quero me assumir para todo mundo. Não ainda. Ah, odeio falar disso. – disse duramente. 

Parecia haver um elefante em minha consciência. Mordi o lábio inferior e prendi a respiração, desejando haver uma brecha para sair dali o mais rápido possível e esquecer o que ouvi.

— Eu sei como é. – Eduardo massageou sua nuca.

— Olha, eu tô exausto, então… A gente se vê por aí. – o gêmeo pigarreou e afastou-se indo em direção ao prédio.

— Ei, Victor. – Eduardo chamou com um sorriso sincero. O mais alto parou de andar, ainda que sem se virar para trás. – A gente se vê.

Victor soltou o que pareceu ser uma risada abafada e continuou seu percurso. O vice ficou ali por mais um tempo, expirando e passando as mãos por seus cabelos até caminhar de volta para o prédio.

— Vamos sair daqui. Agora. – falei rapidamente e agarrei o pulso de Milena, puxando-a por entre as árvores.

— A gente… Não devia ter ouvido, né? – ela sussurrou acanhada.

— Não mesmo. – cerrei os dentes, arrependido. – Por isso, não vamos contar a ninguém, entendeu?

Assim que passamos por uma árvore, captei algo com os cantos dos olhos. Paralisei no lugar e virei a cabeça, visualizando uma silhueta baixa e masculina de costas para o tronco, completamente mudo.

— Você estava ouvindo?! – arregalei os olhos.

— Vocês também estavam. – Felipe balbuciou sem me olhar.

— Foi sem querer! – Milena engoliu em seco, afobada. – Achamos que eles iam brigar.

— Não pode contar o que aconteceu aqui para ninguém. – pedi. – É um assunto… Só deles.

Não houve uma resposta e a falta de uma me incomodou profundamente.

— Felipe? – dei um passo à frente, hesitante.

Inesperadamente, o garoto desencostou-se do tronco e correu de cabeça baixa e punhos cerrados pelo jardim, deixando-nos a ver navios. Apertei o pulso de Milena e rangi os dentes, sentindo a agonia e a raiva crescer dentro de mim.

Nós não deveríamos saber. Ele não deveria saber. E ele não deveria contar.

Mas contou.

 

>>> 

 

No dia seguinte, logo cedo, os pontos por fichas foram postados no Babados da API através de alguns prints no feed.

 

xxxx-xxxx: Está na hora de revelar quanto cada ficha valia. [09:30]

xxxx-xxxx: Fichas azuis = 1 ponto. 

Fichas rosas = 0,50 ponto.

Fichas laranjas = 0,25 ponto. [09:31]

xxxx-xxxx: E tenho uma novidade, a partir de agora, a cada membro novo, o grupo passará a ganhar 3 pontos ao invés de 1. [09:33]

— Informante.”

 

Pisquei os olhos lentamente ao ver que as fichas dos alunos valiam mais do que as do R.C.E. ou doadores, dando-me conta de que Ienaga estava certa quanto ao Informante brincar com o que julgávamos óbvio. 

Desse modo, arrastei para o lado e vi que a próxima imagem da postagem era um placar enfeitado por figurinhas de gatos e corações. Apesar de ter sido a Bianca quem fez essa montagem, não podíamos dizer que ela roubou na hora de distribuir os pontos, já que os líderes haviam contado ficha por ficha na noite anterior. Se bem me lembro, a União Rebelde conseguiu 41 fichas azuis, 6 laranjas e 3 rosas.

 

Deslocados: +60,50. Total: 102,50 (pontos por membros, caça a bandeira e fichas).

União Rebelde: +44,50. Total: 66,50 (pontos por membros, aluna nova e fichas).

Super Gatinhas: +41. Total: 65 (pontos por membros e fichas).

Nova: +24,50. Total: 39,50 (pontos por membros e fichas).

Era: +23,50. Total: 35,50 (pontos por membros e fichas).

 

Fiquei orgulhoso por ficarmos em segundo lugar (mesmo que ainda faltassem bastante pontos para chegarmos aos 150), contudo, as dores em meu corpo me lembraram de como conseguimos tal proeza, então joguei meu celular na cabeceira e me acomodei para voltar a dormir, torcendo para que a luz da manhã não tirasse meu sono.

Na verdade, encarei o teto por longos minutos enquanto alguns pensamentos dançavam em minha mente.

A primeira música do show rodopiou em minha cabeça, trazendo à tona a lembrança do beijo com Yara. Tinha gosto de algum dos doces que estávamos servindo. Sorri bobamente e uma ideia passou por minha cabeça.

Peguei meu celular de volta e tentei formular algo que não fosse muito idiota. Algo como: “Vamos nos encontrar no terraço?”. Não, péssimo.

Então, eu paralisei. Não apenas por ter me lembrado das duas coisas que aconteceram no jardim, mas por causa da mensagem repentina que brotou na tela.

 

Milena: Olha o Babados da API!!! É caso de vida ou morte! [09:58]

 

Engoli em seco ao clicar no ícone do Instagram, torcendo para que a garota só quisesse que eu visse o placar do jogo novamente. Meu coração falhou uma batida ao ver a foto de um garoto de cabelos castanhos escuros e olhos mel no feed em uma postagem extremamente recente. Minha vista desfocou-se por um momento antes de ler a legenda.

 

Victor Dias é gay.

 

Não sei o que deu em mim. Quando vi, meus pés já estavam no chão e eu já havia corrido para fora de meu quarto. A sensação de culpa formou um nó em meu estômago. Apenas parei de correr ao encontrar quem eu sequer sabia que procurava.

Eduardo estava com os dentes cerrados, a camiseta amarrotada e descalço, igual a mim. Ele andava firmemente apertando o celular em uma das mãos enluvadas, ameaçando quebrá-lo a qualquer instante.

Assim que me viu, sua expressão passou de raivosa para assustada. Então, ele balançou a cabeça em um gesto negativo e seguiu para o final do corredor onde uma garota de cabelos pink enchia sua garrafinha no bebedouro.

Minha voz simplesmente sumiu da garganta, em contrapartida, a de Eduardo soou grave e furiosa:

— Bianca! 

A garota virou o rosto sem muito interesse e o vice respirou fundo.

— Por que você postou aquilo?

— Aquilo o quê? – Bianca fechou a torneira, confusa. – O placar?

— Não se faça de idiota. – Eduardo exclamou.

Passos foram ouvidos descendo as escadas afobadamente, revelando uma garotinha de pantufas e cabelos despenteados. Ela arfou e agarrou meu braço, imediatamente escondendo-se atrás de mim. 

Bianca franziu as sobrancelhas e sacou seu celular, movendo o polegar pela tela até arregalar os olhos e ficar boquiaberta. 

— E-Eu não postei isso. – sussurrou pasma.

— Então quem foi? – o vice franziu as sobrancelhas.

— O único que me pediu a senha foi o… 

— Felipe. – confessei.

Eduardo olhou-me por cima do ombro, incrédulo. Ele voltou-se para Bianca que apenas concordou com a cabeça.

— Como… – o garoto murmurou. – Ah, eu vou matar ele.

E deu meia volta para continuar seu percurso pisando fundo. Bianca afobou-se e moveu o polegar pela tela mais uma vez, anunciando:

— Eu apaguei o post. O Felipe não devia ter postado isso e…

— Mas postou. – Eduardo disse friamente. – Você apagou. Mas e quanto as pessoas que já viram isso? – olhou de soslaio para mim e Milena. Por mais que essa não fosse sua intenção, eu entendi o que ele quis dizer e isso apenas me deixou pior.

— Olha, eu posso gravar um stories dizendo que foi um mal-entendido. – ela mordeu o lábio inferior. 

Todavia, Eduardo já não escutava mais nada, havia se dirigido para as escadas. Temerosos, eu e Milena engolimos em seco e decidimos segui-lo, por mais que a onda de tensão em volta dele afastasse qualquer um.

E foi ali, no final de mais um lance de escadas, que o baixinho devidamente vestido e arrumado caminhava despreocupadamente.

— Felipe! – Eduardo saltou do último degrau.

Felipe parou de andar e virou a cabeça por cima do ombro, vislumbrando-nos com um ar de indiferença.

— Que droga de postagem foi aquela?

— Hum, aquilo? – o garoto girou nos calcanhares. – Achei que era para postarmos fofocas.

— Não quando elas machucam alguém.

— Alguém postou aquilo sobre eu ter prendido Norte e Yara. Isso me machucou. – Felipe cruzou os braços.

— É completamente diferente! – o vice ficou boquiaberto. – Você realmente fez aquilo e nossos membros fizeram o que fizeram contigo também! Os dois lados saíram como errados. Mas nesse caso, a única pessoa afetada foi o Victor.

— Não foi o seu grupo que se separou por causa da postagem. – o baixinho argumentou.

— É por causa do seu grupo que você fez isso? Se quer ferir a União Rebelde, foque em mim que sou o vice-líder! Não nos meus membros! – Eduardo espalmou o próprio peito.

Senti um baque em meu peito ao fitar as costas do rapaz e em como sua postura exalava imponência. Naquele momento ele parecia mais alto e mais forte do que eu costumava ver e pela primeira vez me perguntei quem era o Eduardo que eu conhecia.

— Não sei por que todo esse alarde, você também é igual a ele. Ou quase. E todos sabem disso. – Felipe desviou o olhar.

— ELE ainda não queria se assumir, seu babaca! Se eu deixei que os outros soubessem que sou bissexual, o problema é meu! – Eduardo berrou.

— Qual a diferença? – o baixinho resmungou.

— Se você mexer com alguém da União mais uma vez, saiba que eu vou ser expulso daqui de tanto que eu vou te arrebentar! E pode contar isso para o diretor ou para quem quiser, eu não tenho medo, tá ouvindo? – o vice rosnou.

Felipe torceu a boca e franziu as sobrancelhas, preparando-se para dar uma resposta, a qual nunca veio, já que um vulto passou por mim e por Milena, indo rapidamente na direção do menor.

Em um piscar de olhos, após um punho acertar seu rosto, Felipe estava no chão pressionando a mão em seu novo machucado e expondo uma expressão de indignação. Na sua frente, Victor ofegava de mãos fechadas.

— Eu mesmo vou te arrebentar. – o gêmeo falou de maneira ameaçadora.

Rangi os dentes e passei os braços pelos ombros de Milena em um ato instintivo. Victor virou-se em nossa direção, completamente tenso e perturbado.

— Victor, eu… – Eduardo soou incerto.

— A dos stories me contou que foi ele. – cuspiu as palavras e olhou de soslaio para o garoto caído no chão.

— Eu só disse que você é gay. É a verdade, não é? O Norte e a Milena também ouviram! – Felipe acusou.

Tive que desviar o olhar quando Eduardo me encarou.

— Se eu dissesse que você tem um dente a menos, você não ia gostar mesmo que fosse verdade, não é? – Victor fitou-o de cima.

 - Mas isso não é verdade…

Outro soco. Dessa vez exatamente na boca de Felipe, manchando o punho do gêmeo de um líquido vermelho e espesso. Milena deu um gritinho esganiçado e escondeu o rosto em minha camiseta.

— Victor!

Amanda pulou do último degrau e escorregou pelo piso lustroso. Estava vermelha de suor, com a blusa caindo pelos braços e o penteado desmanchando aos poucos. Seus olhos encheram-se de lágrimas ao visualizar o irmão.

Ela correu ao seu encontro e abraçou suas costas, afundando o rosto ali e chorando alto. Entre seus soluços, pudemos escutá-la dizer: “eu estou aqui e sempre vou estar”.


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Notas finais do capítulo

Milena finalmente contou e Felipe apanhou.
No próximo capítulo, o buraco fica mais embaixo e Norte e mais dois alunos correm perigo na mão de desconhecidos.

Nos vemos semana que vem.
Beijos.
—Creeper.



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