Academia de Poderes Inúteis escrita por Creeper


Capítulo 32
Perdemos um, ganhamos um


Notas iniciais do capítulo

Bom sábado!
Estou meio gripada, perdoem qualquer erro no capítulo, porque revisei só um pouco.
Eu estou terminando de escrever o último capítulo dessa história, então posso avisar que o fim dela chega em 13/14 caps. Mas é bastante tempo e palavras ainda ashuashu.
Boa leitura ♥



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Aparentemente, o bilhete ao professor de geografia funcionou. Nas aulas que fiz com Milena, a vi receber uma atividade diferente da nossa e uma inspetora tratava de ajudá-la quando necessário, abaixando-se próxima ao caderno e respondendo baixinho as dúvidas da garota. Involuntariamente, deixei um sorriso escapar, torcendo para que aquilo a fizesse sentir melhor.

Membros de grupos diferentes continuavam a se olhar torto, exceto quando se tratava dos líderes, esses tinham passe livre para conversar com alunos de um grupo que não fosse seu para tentar convencê-lo a se juntar a eles. Na verdade, os únicos que faziam isso eram Felipe e Bianca. Kaíque não ligava e Ienaga não fazia investidas diretas desde o meu tempo e o de Yara como novatos.

Na hora do almoço, houve atualizações sobre os pontos no jogo do Informante.

Deslocados: +2. Total: 54 (pontos por membros e caça a bandeira).

Nova Era: -2. Total: 28 (pontos por membros).

União Rebelde: -1. Total: 21 (pontos por membros e aluna nova).

Super Gatinhas: +1. Total: 19 (pontos por membros).

Deslocados continuaria na liderança por causa da quantidade de membros e o que mais incomodava a União Rebelde é que Amanda havia se mudado para aquele grupo. Ela estava tão presa em seus próprios pensamentos que quando Kaíque tentou lhe passar a maldição do líder, ela bateu nele com seu caderno de desenho e saiu andando e divagando.

— Pelo menos, ainda estamos na frente do Super Gatinhas. – Eduardo suspirou e concentrou-se em seu almoço.

O aparelho de nosso vice-líder emitiu um “plim” e ele o agarrou imediatamente, empalidecendo e deixando cair um punhado de comida da boca. Eu e os outros membros nos entreolhamos assustados e ficamos esperando o garoto dizer alguma coisa.

— A Bianca conseguiu mais dois membros. Ou seja, ela está com vinte e um pontos agora. – Eduardo cerrou os dentes.

— Isso significa... – Érica ergueu as sobrancelhas.

— Empate. – assenti duramente.

Yara emitiu um muxoxo e Milena praguejou baixinho. Uma rodada de notificações se espalhou por nossa mesa, todavia, ninguém ousou ser o primeiro a pegar o celular para saber do que se tratava.

Eduardo foi corajoso o suficiente ao desbloquear a tela de seu celular novamente e avisar a todos que era apenas uma mensagem de Ienaga no grupo da União. Aliviados, olhamos nossos aparelhos.

Ienaga: AAAAAAAAAAAA [12:43]

— Nós definitivamente precisamos colocar alguém no lugar da Amanda. – o vice-líder arregalou os olhos. – Um ponto para desempatar do Super Gatinhas.

A fala do garoto foi interrompida por alguém levantando-se bruscamente da mesa. Era Victor. Ele bufou, virou o rosto e saiu marchando em direção a saída do refeitório.

— Não devia ter falado sobre colocar alguém no lugar da irmã dele. – Yara comentou analisando seu garfo. 

Eduardo balbuciou alguma coisa, ergueu-se educadamente e levou o seu prato e o de Victor para o suporte de louças sujas, depois saiu pela porta principal sem sequer olhar para trás.

A tensão ainda ia nos matar.

Após as aulas, nos reunimos no esconderijo para nada em específico. Ienaga e Eduardo jogaram UNO entre si, Érica pintou as unhas de Milena e eu e Yara tratamos de terminar um desenho que não conseguimos entregar a tempo na aula de artes.

Nos sentamos extremamente próximos um ao outro para que o caderno de desenho pudesse ficar nas pernas de ambos e cada um fizesse sua parte. Nossos ombros estavam colados e eu sentia a respiração de Yara fazendo meu coração falhar uma batida ou outra a cada minuto.

— Sua parte está toda torta. – ela alfinetou.

De fato, meu lado da folha continha rabiscos totalmente irregulares.

— E a sua está com as cores todas erradas. – devolvi. 

— Do que adianta os nomes das cores estarem marcados se eu as fico mudando com meu poder? – Yara encarou um lápis dito como vermelho, porém, estava marrom.

— E se usar luvas? – sugeri começando a pintar minha parte.

— É ruim para segurar os lápis. E está quente. – ela torceu a boca.

— De qualquer jeito, a professora vai gostar. Da minha parte, pelo menos. – provoquei.

— Ah, sim, ela vai amar seus prédios que parecem estar sofrendo um terremoto. – Yara deu de ombros.

— É conceito. – franzi as sobrancelhas.

— Conceito de horror. – a garota assentiu.

— Nunca mais vou formar dupla com você. – bufei e fiz um biquinho manhoso.

Ela deu uma pequena risada, revirou os olhos e focou-se em terminar a pintura.

— Ei, algum de vocês pode pegar a acetona para mim? – Érica indicou com o queixo um pequeno frasco perto de nós.

— Claro. – eu e Yara falamos em uníssono.

Assim que pensei em agarrar o frasco, percebi que Yara já o havia pegado. Tarde demais, porque a ordem já tinha sido dada a minha mão e ela estava em cima da de Yara, sentindo a maciez e calor de sua pele.

A vermelhidão se espalhou por minhas bochechas e meu braço pareceu congelar no lugar, porque eu não conseguia tirar minha mão dali de jeito nenhum.

— É pra hoje. – Érica brincou.

— Desculpa. – nós dois resmungamos ao mesmo tempo e eu larguei o frasco, deixando Yara entregá-lo.

Não pude continuar a remoer minha vergonha, pois a porta foi aberta repentinamente e Victor adentrou a sala carregando uma expressão orgulhosa, o que era novidade para todos nós, já que achávamos que ele só sabia expressar raiva e sarcasmo.

— Eu consegui um membro novo. – ele colocou uma mão na cintura e usou a outra para apertar a alça de sua mochila.

Outra figura apareceu na porta. 

— Você o quê? – Ienaga arregalou os olhos e largou suas cartas, fascinada. Na verdade, todos pararam o que estavam fazendo para observar o gêmeo.

— Pode entrar, Breno. – Victor chamou.

Possuía cabelos médios e pretos e um sorriso quase tão galanteador quanto o de Eduardo. As inúmeras pulseiras de sua mão chacoalharam quando ele girou as rodas de sua cadeira, terminando de adentrar a sala.

— E aí. – o garoto acenou adoravelmente.

— Espera, você veio por livre e espontânea vontade? – a líder levantou-se cambaleante. – Ele não te ameaçou nem nada? – fitou o garoto novo.

— Ele é meu colega de quarto. – Victor revirou os olhos. – Perguntei a ele se queria se juntar ao grupo e ele aceitou. Simples.

— É, eu estava entediado do Deslocados. Tentei ir para o Super Gatinhas, mas a rotina de lá era muito pesada. Então sobrou esse. – Breno deu de ombros.

— E o Nova Era? – Milena abanou as mãos para secar o esmalte.

— E esse grupo lá é opção para alguém? – o garoto arregalou os olhos.

— Gostei dele, está dentro. – Ienaga afirmou satisfeita. 

Eduardo aproximou-se de Victor, deu-lhe uma cotovelada de leve e sussurrou um: “mandou bem”. O gêmeo desviou o olhar e torceu a boca, as bochechas ficando levemente rosadas. 

Por fim, nos apresentamos um a um, explicando nossos poderes. Exceto Milena, claro.

— E qual o seu? – Ienaga indagou.

— Charme. – Breno levou os dedos ao cabelo, jogando-o para trás e piscando um olho para a garota. – Você acredita em amor à primeira vista ou preciso passar aqui outra vez?

A líder paralisou por um instante, atônita e todos a observamos em busca de uma reação. Não havia dúvidas e por isso todos ficaram sem palavras. Laura Ienaga estava definitivamente sendo paquerada na frente de todas. 

Mas diferente do que pensávamos, ela não ficou vermelha, apenas torceu o nariz e semicerrou os olhos, dando-lhe um gelo.

— Esse é literalmente o poder dele. – Victor revirou os olhos outra vez. –  Flertar com os outros.

— E desde quando a personalidade do Eduardo virou poder? – Ienaga cruzou os braços e olhou perplexa para o vice-líder

— Eu nunca faria uma cantada dessas. Contigo. – Eduardo defendeu-se. – Qual o porém? – voltou-se para Breno.

— Não funciona em garotas. Só em garotos. – Breno arqueou uma sobrancelha. 

— Ora, ora, ora. Temos algo interessante aqui. – o vice deu uma risada maliciosa. – Vamos lá. Tente em mim. – aproximou-se do aluno novo com um jeito cafajeste.

— Esse é o problema. Eu sou hétero. – o garoto acrescentou.

Eduardo piscou os olhos lentamente e afastou-se um pouco. Seus lábios tremeram e mais uma risada escapou. 

— Tudo bem, então podemos dizer que é um poder inútil. – o vice levantou as mãos inocentemente. 

Afinal, todos eram. 

— De qualquer forma, precisamos te dar alguma missão para você provar sua lealdade. – Ienaga comentou. – Alguma ideia? – consultou Eduardo.

Um sorriso travesso dançou nos lábios do vice e seus olhos se iluminaram.

— A mais perfeita das ideias. – ele colocou as mãos na cintura e estufou o peito. – Breno, sua missão é usar seu poder no Felipe.

Preciso confessar que ficamos levemente animados com aquela missão, mas escondemos atrás de feições minimamente sérias. Breno fez um biquinho, relaxou os ombros e antes que pudesse dizer algo, alguém exclamou:

— Espera!

Era Érica terminando de fechar os vidros de esmalte e levantando-se um pouco desajeitada. Ela franziu as sobrancelhas e tremeu os lábios.

— Sei que fui a única a não receber uma missão porque na época em que entrei minha onda ainda era um problema. – ruborizou. – Mas eu quero fazer alguma coisa como todo mundo. Pode ser algo simbólico, não me importo. – balançou a cabeça determinada.

Eduardo e Ienaga assentiram entre si e pelas suas expressões, estavam pensando em alguma coisa.

— Ela pode ir comigo. – Breno deu de ombros. – Meu poder pode ser… Hã, amenizado, digamos assim. – deu um sorriso amarelo. – Basta jogar água na cara da pessoa. – estalou os dedos.

Érica puxou o ar e levou as mãos no peito, perguntando:

— Q-Quer que eu jogue água na cara do Felipe?

— É uma boa missão. – Ienaga concordou. – Se você quiser, é sua, Érica. – ergueu o polegar.

A garota encolheu os ombros e olhou para baixo, incerta.

— Acho que eu posso fingir que estava passando com um copo de água e tropecei. – desviou o olhar e sorriu cúmplice.

— Então, vamos? – Breno adquiriu um semblante desafiador.

Naturalmente, não perderíamos a chance de ver o poder de Breno em ação. Seguimos todos para fora do esconderijo e assim que pulamos através da passagem do hidrante, notamos uma rampa improvisada cuja base era feita por livros didáticos ainda embalados e três chapas grossas de papelão para a inclinação. Breno desceu por ela e virou-se na direção contrária à das escadas.

— O elevador fica no fundo. Vejo vocês lá em cima. – ele acenou com a cabeça e seguiu pelo corredor.

Havia ouvido falar poucas vezes sobre o elevador, já que ele era exclusivo para uso de alunos/funcionários que usassem muletas, cadeiras de roda ou estivessem machucados.

Subi para o próximo andar junto das meninas, já que Eduardo e Victor ficaram para trás para desmontar a rampa e guardá-la. Naquele horário, Felipe provavelmente estaria na biblioteca revendo a matéria do dia como um exemplo perfeito de bom aluno.

Paramos em frente a biblioteca para esperar Breno. Enquanto isso, Érica foi na frente cheia de nervosismo, pegou um copo descartável e o encheu no bebedouro de galão na entrada do lugar.

Pouco depois, Breno e os outros garotos chegaram. Optamos por nos separarmos em duplas e entrarmos sem chamar a atenção, cada um de uma vez. Eu e Yara fomos primeiro, avistando Felipe sentado em uma das mesas redondas com o rosto apoiado na mão e passando as páginas do caderno lentamente.

Nos escondemos na sessão de clássicos, aliviados por ele não ter reparado em nós. Pelas frestas das prateleiras, encaramos Milena e Ienaga entrarem logo em seguida e irem discretamente para o espaço dos computadores.

Por fim, Eduardo e Victor caminharam para a sessão de mistério e Breno adentrou, exalando confiança e tranquilidade. Ele aproximou-se da mesa de Felipe, roubando seu foco.

— Você é o Felipe, né? – Breno sorriu de canto.

— Sim, precisa de alguma coisa? – Felipe ergueu as sobrancelhas.

— Queria sua ajuda para encontrar um livro. – o garoto apontou para as prateleiras.

— Qual? – o líder fechou seu caderno e levantou-se.

— O livro da nossa história de amor. – Breno piscou um olho.

O normal seria que Felipe ficasse vermelho de raiva, bufasse indignado e berrasse que aquilo não tinha cabimento. Entretanto, o que aconteceu foi totalmente diferente. O líder ruborizou, seus olhos verdes brilharam e ele colocou uma mecha do cabelo preto atrás da orelha.

— A-Acho que ainda precisamos escrever esse livro. – Felipe respondeu sem jeito e desviou o olhar timidamente.

Meu queixo caiu e Yara teve de levantá-lo para mim. O baixinho que tratava os outros feito lixo havia sido pego pelo poder do Breno e estava vermelho de vergonha. De vergonha! E todo tímido, dá para acreditar?

Breno sorriu forçadamente e lançou um olhar de socorro para Érica. A garota engoliu em seco, encolheu os ombros e andou duramente em direção aos garotos. Faltando pouco menos de um metro para chegar, Felipe a percebeu e a encarou confuso. 

E então aconteceu. Érica fingiu o pior dos tropeços e estendeu seu braço, jogando a água toda do copo no rosto de Felipe. Todos os membros da União tiveram de se esforçar para prender a risada, já que a expressão de incredulidade do garoto foi impagável.

O garoto piscou os olhos, surpreso, e então os esfregou com um pouco de raiva.

— Droga, olha o que você fez. – resmungou.

— D-Desculpa! – Érica exclamou. – Foi sem querer, eu tropecei e…

— Shhh! – a bibliotecária falou atrás de seu computador. 

Felipe enxugou seu rosto com a gola da camiseta e voltou o olhar para Breno, levemente perturbado. Então balançou a cabeça sem dizer nada, pegou seu caderno e deixou a biblioteca rapidamente.

Também saímos do lugar e esperamos Érica enxugar a água que caiu no piso com alguns papéis toalha. Ela se juntou ao grupinho com um sorriso contido e as bochechas um pouco coradas.

— Eu nem acredito que fiz isso! – contou animada. – Finalmente fiz minha missão!

Eu, Yara e Milena a parabenizamos com alguns afagos na cabeça e palavras de motivação.

— Então bem-vinda novamente a União Rebelde! – Ienaga passou o braço por seus ombros e a puxou para um meio abraço, sorrindo.

— E você, bem-vindo a União Rebelde! – Eduardo estendeu o punho cerrado para Breno.

— Dar em cima de garotos não tem graça. – Breno suspirou e tocou o punho do líder. – Mas até que foi legal ver ele responder minha cantada. – sorriu de canto.

— E agora, o que fazemos? – Milena perguntou.

— Acho que é o fim da reunião de hoje. – Ienaga olhou para cima.

— É, acho que sim. – Eduardo conferiu seu celular.

— Ah, poxa. – a pequena murchou.

— O que foi? – Érica perguntou.

— Eu queria ficar mais um pouco com vocês. É chato voltar para o dormitório tão cedo. – ela fez um biquinho.

Movido pela forma como ela falou aquilo e o jeito que ela estava infeliz no dia da saída de Amanda, me escutei dizer:

— E se a gente brincar de algo?

— Brincar? – os outros membros questionaram.

Sei lá, o que crianças de 12 anos faziam?

— Ai, meu Deus, podemos brincar de esconde-esconde? – Milena abriu um grande sorriso e seus olhos viraram estrelas. – Como eu não tinha muitos amigos no bairro ou na escola, nunca brinquei direito. 

— Okay, a gente definitivamente precisa brincar de esconde-esconde. – Ienaga afirmou determinada.

— Eu adoraria, mas hoje vou ter que passar. – Eduardo guardou seu celular e bagunçou os cabelos de Milena. – Vejo vocês depois. – deu um beijo rápido na bochecha de Ienaga, acenou para o resto do grupo e correu em direção às escadas. 

— Poxa, seremos só nós sete então. – a líder fez um biquinho.

— Seis. – Victor corrigiu de mau humor. – Eu tô fora. – fez menção de ir embora.

— Nada disso! – Breno puxou a barra do uniforme do colega. – Você não vai se trancar no nosso quarto e ficar tocando “Eduardo e Mônica” na droga daquele violão outra vez. – cerrou os dentes.

Victor ficou ainda mais carrancudo, cruzou os braços e ergueu o queixo, indagando:

— Tá, tá. Quem vai procurar?

— Eu! – Milena respondeu decidida. 

Foi resolvido que podíamos nos esconder em toda a área do primeiro andar e o bate-ponto seria no mural de avisos do hall de entrada, onde Milena e iniciou uma contagem até 60 de olhos fechados. Eu e os membros restantes nos dissipamos, cada um indo para um lado e procurando o melhor esconderijo que poderia ser encontrado em um minuto.

Achei uma carteira coberta por um pano branco com algumas pinturas coloridas. A contagem já devia ter terminado, era aquilo ou nada. 

Ergui o pano brevemente e me escondi debaixo da carteira, percebendo que foi uma má ideia, já que aquele lugar estava apertado para caramba. Não apenas apertado como quente. 

Foi aí que resolvi olhar para o lado, avistando uma figura de olhos arregalados e boca fechada, encarando-me horrorizada.

— Vaza. – Yara ordenou.

— Agora não dá. – abracei os joelhos. – Achei que você fosse mais inteligente, não pensei que fosse se esconder em um lugar como esse. 

— E você? – ela moveu o ombro, empurrando-me.

— Não sou tão inteligente. – ajeitei-me. – Sou um homem simples, vejo algo coberto e me escondo debaixo.

Yara revirou os olhos e encolheu-se para liberar um pouquinho de espaço. Fiz o mesmo para aquele lugar ser minimamente aceitável durante o tempo necessário para termos a segurança de correr até o bate-ponto. 

Gotículas de suor surgiram em minha testa por causa do calor infernal. Yara também suava e evitava contato visual comigo. Meu coração falhou uma batida ao perceber a situação em que eu me meti. 

Preso em um lugar apertado com Yara, isso era terrível. Porque eu estava perdidamente apaixonado por aquela garota.

Sim, apaixonado. É, eu confesso. E daí?

— Acha que já podemos correr? – Yara sussurrou.

Virei o rosto para encará-la, assustando-me ao ver que ela também estava virada em minha direção, deixando nossas faces a centímetros de distância. Engoli em seco ao olhar no fundo de seus olhos escuros, brilhantes e confiantes. Nossas respirações misturaram-se e o suor triplicou em minha testa, agitando meu coração dentro do peito. 

Agindo no modo automático, aproximei meu rosto do dela, quebrando aos poucos a única distância que existia entre nós. 

“E se ela não gosta de mim como eu gosto dela?”, paralisei no lugar. Conferi a expressão de Yara, surpreendendo-me ao vê-la de olhos fechados.

— Ei… – chamei baixinho.

— Que foi? – ela torceu a boca. Estava ruborizada.

— Hã, bem… – fiquei sem jeito. 

Simplesmente esqueci como formar uma simples frase. Isso mesmo, a funcionalidade do meu corpo me abandonou completamente.  

Ela suspirou e começou a me observar, esperando eu dizer alguma coisa. Eu realmente preferia não abrir a boca a falar algo embaralhado e tosco.

Repentinamente, nosso corpo recebeu uma lufada de vento e a luz iluminou nossas pernas. Em nossa frente, Milena segurava o pano e sorria de maneira travessa.

Yara empurrou meu rosto com zero de delicadeza e disparou para fora de nosso esconderijo, iniciando uma corrida contra a procuradora.

— O que tá esperando, Norte? – Yara me olhou por cima do ombro. – Temos que nos salvar!


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Notas finais do capítulo

O que acharam do membro novo? Érica finalmente fez sua missão!

Até o próximo capítulo: "Contando os álibis".
Beijos.
—Creeper.



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