Os Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda de Seiya escrita por Masei


Capítulo 99
As Garras de Trovão


Notas iniciais do capítulo

Geist surge para salvar e lutar contra Mime e seu passado trágico, enquanto Shaina finalmente enfrenta o ardiloso Alberich em sua floresta.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/800469/chapter/99

A Capitã Geist apareceu nas ruínas com seu sobretudo e metade da Armadura de Prata de Ofiúco, emprestada por sua companheira Shaina. Ela desceu da coluna tombada e tomou o corpo de Shun nos braços, notando os cortes que ele tinha no pescoço, no rosto e nas pernas. Seus olhos ainda estavam moídos de dor, pois finalizada a música que apartava seus sentidos, os ferimentos do garoto lhe traziam grande aflição. Geist olhou do menino para o chão e notou as partes intactas da Armadura de Andrômeda espalhadas pelo chão de maneira curiosa.

— Andrômeda. — chamou Geist pelo garoto.

— Geist? — surpreendeu-se ele, abrindo os olhos. — O que faz aqui? E o Seiya? June?

— Estão todos bem, Andrômeda. — respondeu ela, seriamente. — Por que deixou-se ferir tanto assim, Shun?

Ele não respondeu.

— Tirou sua própria Armadura? O que significa isso?

— As minhas Correntes são inúteis contra este Guerreiro Deus. Elas não detectam ameaça alguma vindo dele e por isso não o atacam.

Geist ponderou sobre aquela informação e então olhou demoradamente para o violinista que, calmo e sereno, esperava que o resgate fosse concluído.

— Isso não explica porquê se desvencilhou também de sua defesa, Andrômeda. — falou ela novamente para o garoto.

— Não acho que esse Guerreiro Deus queira realmente me matar. — Geist outra vez olhou para o rosto sereno de Mime.

— Seu estado parece sugerir o contrário, Andrômeda. Vamos, sente-se aqui e repouse.

Deixou o corpo de Shun encostado em uma parede destruída e somente então virou-se para encarar aquele Guerreiro Deus que até então esperava pacientemente. Quando do seu banimento do Santuário, Geist dedicou-se à um costume que havia adquirido ainda quando era muito criança: os livros. Percebeu então que aquela figura diante dela lhe remontava a algumas famosas histórias do Norte. Não somente isso, ela fez questão de observar cada centímetro daquela figura serena diante de si.

— Preciso de sua Safira de Odin. — falou Geist apenas.

— É o mesmo discurso de Andrômeda. Fuja com ele daqui ou terá o mesmo destino que ele.

Mime lançou no ar uma ameaça e Geist pareceu absorver suas palavras, embora mantivesse os olhos escuros duramente pregados no Guerreiro Deus. Ela então lentamente armou sua guarda e sem que houvessem trocado mais nenhuma palavra, Mime percebeu que outra luta recomeçaria.

O Guerreiro Deus fechou os olhos e levou o arco de seu violino às cordas, novamente tocando seu maravilhoso réquiem que encheu o peito de Geist de uma profunda tristeza e admiração. A peça maravilhosa e cheia de alma tocada no andamento de valsa em tonalidade menor era de uma sensibilidade raríssima, ao ponto de Geist considerar um desperdício terrível que um talentoso violinista como aquele se deixasse rebaixar a atuar como um guerreiro, sem notar que ela mesma era de classe semelhante.

Mas se os seus ouvidos se deleitavam com a música, Geist observou claramente como espalharam-se pelas ruínas imagens de Mime tocando nas mais diversas distâncias e poses, todas as duplicatas tocando aquele violino belíssimo aos seus ouvidos.

— Não escute a música! — alertou Shun, às suas costas.

Era um apelo sem sentido aquele, pois Geist queria ouvir a música; a beleza da melodia que invadia seus ouvidos era tal que ela nunca havia escutado e, portanto, não lhe passava pela cabeça tentar silenciá-la. Uma à uma, no entanto, as duplicatas de Mime foram desaparecendo e Andrômeda desesperou-se nas costas de Geist, mas ela realmente tinha apenas ouvidos para aquela canção.

E quando Mime finalmente reduziu-se à sua única figura nas costas de Geist, os chamados de Shun foram inúteis e ele manifestou seus raios cortantes que tanto fizeram mal ao garoto; só que dessa vez eles não fatiaram ou atingiram absolutamente nada, pois a figura de Geist de costas também parecia uma imagem pintada no ar.

— Garras do Trovão!

O violinista provou do próprio truque e foi atingido pelas garras elétricas de Geist, que o fizeram voar e cair adiante assombrado porque havia sido atingido. 

— Escolheu a pior pessoa para pregar uma peça como essa, Guerreiro Deus.

Mime deixou escapar seu grave sorriso e estendeu a palma da mão que segurava o arco na direção de Geist.

— Confesso estar muito surpreso por ver que também sabe conjurar ilusões. Eu acho que subestimei você, Cavaleira de Atena.

— Sou Geist de Argo.

— Argo, eu já entendi. Neste caso, irei acabar com você sem fazer com que nós percamos nossos tempos com truques.

Os raios que partiram da palma da mão de Mime dividiram-se na velocidade da luz e rasgaram a distância entre os dois, atingindo Geist decisivamente e retalhando o que havia restado de seu bonito sobretudo de Atena. Ela caiu violentamente contra colunas espalhadas na ruína, sentindo imensas dores no corpo; agora compreendia melhor o drama de Shun, bem como a dimensão do poder daquele Guerreiro Deus.

— É impressionante, o seu golpe é muito mais veloz e poderoso quando aplicado dessa maneira. Não precisaria esconder-se nas suas imagens e em todo esse espetáculo se quisesse acabar com suas batalhas mais rapidamente.

— Eu disse que daria uma chance para Andrômeda voltar de onde veio.

— Eu não acho que seja isso. — tornou Geist. — Quando Andrômeda me contou que a Corrente não detectava qualquer ameaça vinda de você, eu não compreendi o que aquilo significava, mas agora eu tenho certeza. Você realmente não tem vontade alguma de nos matar. O fato de que esconde o seu poder nas imagens e em sua música é uma prova disso.

Mime recolheu o braço estendido e pareceu incomodado com aquilo, trancando os olhos.

— Você facilmente acreditou neste drama inútil de Andrômeda de que eu não tenho vontade alguma de matar.

— E estou errada?

— Redondamente. E o corpo retalhado do garoto deveria ser prova suficiente disso.

— Ele ainda vive. — retrucou Geist.

— Ora, então permita-me lhe contar exatamente quem eu sou e então me dirá sobre onde está minha vontade.

Geist silenciou para ouvir aquela grave voz em uma terrível confissão.

— Esses punhos que vocês insistem em acreditar que não carregam intenção alguma de matar, são também aqueles que tiraram a vida de meu próprio pai.

— Um pai? — perguntou Geist curiosa.

E os feixes que outrora assassinaram um dos mais brilhantes guerreiros de Asgard novamente atacaram Geist, fazendo com que ela tentasse se esquivar, mas novamente fosse atingida para longe. Outra vez a Cavaleira de Prata se colocou de pé e seus olhos duros novamente recaíram sobre Mime; a Cavaleira de Argo caminhou na neve na direção do Guerreiro Deus, que adivinhou em seus olhos inexpressivos que havia algo curioso em seu semblante.

— Eu já entendi tudo. — começou ela. — Diga-me, Guerreiro Deus… o que ofertou ao Grim?

Pela primeira vez, o semblante de Mime alterou-se de modo curioso e ele encarou Geist com os olhos surpresos e um sorriso pequeno no rosto. Era como se alguém à sua frente aos poucos enlouquecesse e talvez a força de seus golpes realmente fosse minando lentamente a capacidade de seu oponente de falar coisa com coisa.

— Vejo que conhece as histórias do Norte. — respondeu ele apenas.

— Eu conheço muitas histórias, Guerreiro Deus.

— Mime. — disse então ele. — Sou Mime de Benetnasch, a estrela Eta.

— Mime. — repetiu Geist. — Como eu disse, eu conheço muitas histórias. Entre elas está a sua história, Mime de Benetnasch.

— A minha história? — perguntou ele, ainda surpreso. — Acha que apenas por conhecer uma lenda antiga como a de Grim, isso te faz uma especialista em minha vida?

— Não falo da lenda de Grim. — aproximou-se Geist. — Mas tenho te observado muito atentamente, desde que cheguei aqui e começamos a lutar. Coisas que por vezes fogem de uma pessoa comum. 

— Sinto-me lisonjeado. — agradeceu Mime, com certo toque de deboche.

— Seu violino, por exemplo. — e à menção do instrumento, os olhos de Mime apertaram-se como quem procura compreender onde ela tentaria chegar. — Não é um instrumento em perfeita condição, muito pelo contrário. Ele tem claros sinais de desgaste e até mesmo reconstruções. Imagino que seja um instrumento muito precioso para você.

Mime não respondeu.

— Eu imagino que ele deve ter sido destruído em algum momento de sua vida. Mas, importante como era, não poderia nunca se apartar dele. Então o reconstruiu, pedaço por pedaço, até que fosse capaz de cantar essa linda melodia que repetidamente nos toca.

Geist o encarou longamente.

— Diga-me, Mime. Foi esse pai que você diz que matou o responsável por destruir seu violino?

Mime respirou fundo, mas manteve-se calado.

— Eu tenho certeza que sim, mas então nem mesmo para o mais dedicado violinista isso seria motivo para matar alguém. Quanto mais ao seu próprio pai.

— Quer mesmo saber, Argo?

— Quero saber o que foi que deixou ao Grim, Mime de Benetnasch? — tornou ela duríssima para ele.

— Quer saber por que matei meu pai? — desviou Mime.

Geist então calou-se e ouviu da voz grave de Mime contar sua trágica história.

— Meu pai era Folker, o guerreiro mais respeitado em toda Asgard. Venerado de Asgard-baixa aos salões de mármore de Valhalla. — começou ele e, sem adicionar qualquer nota de tristeza, continuou. — Mas eu nunca fui amado quando era criança. E vivia com medo de sua sombra. A solidão parecia ser minha única companheira. 

E então dedilhou as cordas graves do violino.

— Ela e o violino eram meus únicos companheiros. Mas meu pai tinha outros planos para mim. Queria que eu fosse um guerreiro como ele.

— E então ele destruiu seu violino para te afastar da música.

Mime calou-se, confirmando a suspeita de Geist, mas seguiu falando.

— Um instrumento em pedaços pode ser consertado e cantar novamente. Mas a alma de um homem…

— O que aconteceu, Mime?

— Essa técnica de luzes que te fere é o único presente de meu pai. Que me obrigava a treiná-la noite após noite, dia após dia. E quando finalmente consegui reproduzí-la à perfeição, depois de muito treinamento, foi quando descobri algo terrível. — falou Mime, gravemente. — Naquela noite entrei feliz em seu escritório para lhe contar que eu havia conseguido, eu era também um guerreiro como ele. Mas meu pai não estava lá, o quarto estava vazio. E em cima de uma estante, eu encontrei um amuleto. E neste amuleto, a foto de dois desconhecidos junto à uma criança cujos olhos eram iguais aos meus.

— Seus olhos? — perguntou Geist. — Então a criança era você.

— Foi o que disse meu pai imediatamente quando apareceu no escritório ao ver-me com o amuleto nas mãos. "Esta criança é você — rememorou Mime. — E estes ao seu lado são os seus verdadeiros pais."

Shun também ouvia o relato dolorido de Mime, como quem buscava compreender toda a tristeza de sua música, de seus olhos e de sua voz.

— "E fui eu quem tirou a vida deles dois". — continuou Mime, para assombro de Shun e Geist. — Aquele que não me amava, na verdade havia matado meus verdadeiros pais. E me contou assim como quem anuncia um jantar qualquer.

Os Cavaleiros de Atena engoliram em seco.

— Conta-se que Asgard entrou em um impasse com um vilarejo vizinho e meu pai foi destacado por Valhalla para resolver a situação em uma expedição impiedosa. Ele enfrentou um guerreiro que lutava ao lado de sua mulher e, sem misericórdia, os venceu em batalha, matando-os aos dois. — Mime fez uma pausa antes de concluir. — Meus verdadeiros pais.

— Mime… — balbuciou Shun.

— Pois dentro do casebre em que moravam, após matar marido e mulher, Folker viu-se surpreendido por uma criança que chorava.

— Você. — completou Geist.

— Trouxe-me de volta apenas para aliviar sua própria consciência e aproveitar a boa fama de guerreiro honrado entre aqueles que acreditavam em sua palavra. Nunca me amou. E eu teria sido muito mais feliz se houvesse morrido junto de meus verdadeiros pais.

Se a vida de Shun havia sido terrível, e sem dúvida alguma que tinha sido, bem como os mistérios por trás de Geist, aquele era mesmo um conto trágico para combinar com a tristeza da neve que não parava mais de cair, embora leve.

— Foi o dia em que matei Folker — falou ele, com muita calma. — Foi o dia em que me tornei um parricida. Desde então o meu ódio não desapareceu. Eu deposito meu ódio no meu punho e tenho vivido apenas em guerra desde aquele dia. 

O Guerreiro Deus finalmente encarou os dois que o olhavam contar sua história.

— Ainda acham que não tenho qualquer intenção de matar?

Geist, no entanto, respirou fundo e colocou-se diante de Mime.

— Eu lhe disse que conhecia a sua história, pois ela é a minha história, Mime.

— O quê?

Na mente de Geist estavam sempre as imagens do pequeno navio zarpando, o tapa que levou de seu pai na beira do cais, o rosto sério do aspirante que veio lhe trazer a notícia e os pedaços do pequeno navio de seu pai que surgiram ao mar. A história de Geist era também de muita dor e aquelas imagens que por vezes atormentavam sua mente, naquele instante apareceram com muita força.

— Eu também odiei meu pai por muitos anos. Sentia-me seca por dentro. Assim como você, Mime.

— Isso é bobagem.

— Diga-me, Mime, o que foi que ofertou ao Grim?

— Novamente com isso? — perguntou ele. — Se conhece tão bem a história, sabe que não passa de uma história.

— O Grim é um espírito da natureza capaz de erguer a arte de qualquer um que lhe atenda à fome. Se um artista lhe joga um pedaço de carne todos os dias, ele ao menos o ensinará a afinar seu instrumento de maneira impossível. Mas se o artista confiar ao Grim algo profundo de sua alma, ele poderá aprender segredos que somente são reservados aos deuses e sua música será tão bela quanto mágica. — falou Geist, lembrando-se dos muitos contos do Norte que a maravilharam ao ler quando refugiou-se nos livros quando viu-se órfã.

Os olhos de Mime estavam profundamente dentro dos de Geist.

— O que eu acho é que para tocar um violino tão antigo e remendado com essa sensibilidade e destreza, para produzir uma melodia tão bela, você deve ter ofertado ao trol algo profundo de sua alma.

— E o que seria isso, Cavaleira de Atena?

— Sua vontade de matar, não é mesmo?

Mime esperou alguns segundos antes de responder.

— Está delirando.

— Ofertou sua vontade de matar, pois no fundo arrependeu-se amargamente de tê-lo ferido e não gostaria nunca mais de fazer mal a qualquer pessoa.

— Foi o que aconteceu com você, Cavaleira de Argo?

— Exatamente. — confirmou ela, secamente. — O barco em que meu pai partiu para o mar na noite em que morreu tinha o mastro da vela quebrado, pois eu o naveguei em segredo dias antes. E com medo de que ele descobrisse que eu o havia desobedecido, não contei antes que ele mesmo partisse; apenas tentei evitar que saísse para o mar com todas as minhas forças naquela noite. E por isso meu pai me bateu, deixando-me esperando no cais para que voltasse. Odiei a meu pai naquela noite por ter me ferido e chorei sozinha. E no dia seguinte descobri que seu barco havia naufragado e seu corpo nunca encontrado. E então odiei a ele mais ainda por nunca ter me escutado, mas no fundo odiava a mim mesma por ter quebrado o mastro e não ter força para contar a ele na noite fatídica. A culpa era minha.

— Eu atravessei o coração de meu pai com meu próprio punho. — reiterou Mime.

— A culpa tem sempre o mesmo tamanho. Enorme, do tamanho do ódio. E do amor.

— Eu não amo ninguém.

— Então por que abriu mão da sua vontade de matar? — perguntou Geist. — Você refugiou-se na música de seu violino e eu nos versos dos livros. Nossa única diferença é que fui acolhida por um bando de piratas enquanto você se afastou de tudo que era vivo.

— Não temos absolutamente nada em comum, Cavaleira de Argo. Eu mataria Folker todos os dias. E o mataria se estivesse em minha frente nesse momento.

— Mentira. Pois nossa culpa só existe porque no fundo amamos nossos pais. Foi preciso o feitiço dos mares para que eu entrasse em contato com essa verdade dentro de mim. E ao ver como se manifesta o ódio em seu punho e suas palavras, eu tenho certeza de que é o mesmo com você.

— Está louca! Eu vou lhe matar aqui mesmo para que nunca mais duvide de mim.

— Vou lhe mostrar, Mime de Benetnasch.

Geist ardeu seu cosmo de prata ao redor de si e então ergueu seu braço direito a partir do qual uma tinta prateada pareceu inverter as cores da realidade. Sua voz soou brilhante ecoando por todas as pedras da ruína.

Argonautica!

A luz que rajou a neve cegou Mime e o jogou para dentro de seu próprio coração e memórias reprimidas antigas.

 

—/-

 

O Palácio Valhalla era enorme e tinha entradas e saídas por todas as direções, embora sempre muito bem guardadas; Alberich fez questão de tomar as escadas inferiores até a Floresta Proibida onde levantavam-se os troncos mais antigos de Asgard. Uma floresta escura e profunda que ele conhecia muito bem, pois era costume de seus antigos familiares a mais intensa conexão com a natureza; se por um lado herdava o forte nome Alberich dos artífices mais habilidosos de Asgard, antigos mineradores e engenheiros, por parte de sua mãe, Alberich tinha uma extensa linhagem de moradores das florestas.

E os galhos e folhas dessa antiga floresta eram como seus olhos e braços, de modo que ele tinha tamanha conexão com aquele lugar que saberia adivinhar a invasão de qualquer pessoa. Era inteligente, pois sabia que dificilmente a invasão se daria pelo principal passadiço, de modo que haveriam aqueles que, muito tolos, acreditariam que seria mais fácil chegar ao Palácio ou até mesmo à Caverna de Surtr atravessando o território da floresta.

E com efeito, Alberich adivinhou mesmo um vulto correndo pelos troncos do lugar e observou-o à distância, seguindo-o ao longe, esperando o momento certo para se revelar. Ele finalmente desceu ao nível da pessoa que fugia, dobrou à esquerda um tronco gordo para surpreender a figura, mas viu que a silhueta havia desaparecido. Uma porção de neve caiu na sua cabeça, precipitando-se dos galhos acima e, quando Alberich olhou para o alto, viu-se atacado por uma figura na escuridão.

Ele esquivou uma porção de golpes, mas recuou como podia e então viu que a figura desatou a correr novamente pela floresta.

— Não escapará! — anunciou ele indo à caça.

Ele finalmente deixou de acompanhá-la pela neve e saltou pelos galhos acima de suas cabeças, colocando-se finalmente à frente do invasor.

— Eu não deixarei que passe daqui. — anunciou Alberich. — Você deve ser um dos Cavaleiros de Atena que invadem esse lugar. Diga-me seu nome.

— Meu nome não tem qualquer importância.

Alberich deixou escapar um riso debochado e olhou a mulher à sua frente dos pés à cabeça.

— Metade da Armadura, um capuz escondendo os cabelos artificialmente pintados, garras afiadas e uma pintura nos olhos. Você é a Mestre de Armas do Santuário, Shaina, não é mesmo?

— Como sabe quem eu sou? — ralhou ela e Alberich manteve o sorriso no rosto.

— O seu azar foi ser encontrada pelo cérebro mais brilhante de Asgard. Eu sou Alberich, o Guerreiro Deus de Megrez, da Estrela Delta.

— Alberich? — repetiu Shaina. — Nesse caso, não tenho absolutamente nada com você. Entregue-me sua Safira e saia da minha frente.

— Minha… Safira? — perguntou ele, curioso.

— É o que escutou. — confirmou ela, tirando das vestes a outra Safira de Odin que havia tomado de Seiya. — Entregue-me a pedra preciosa que lhe protege e eu lhe deixarei viver, Guerreiro Deus.

— Que interessante. — calculou ele, caminhando ao redor de Shaina. — E se eu me recusar, o que fará?

— Eu o derrubarei aqui e tomarei a Safira do mesmo jeito.

— Quero ver isso acontecendo.

Alberich armou a guarda e viu como Shaina avançou em sua direção, rápida feito o bote de uma cobra; e em verdade não houve qualquer luta entre os dois, pois Shaina prosseguiu repetidamente esquivando-se de seu oponente e atingindo-o com seu punho eletrificado, sua voadora giratória, sua chave de braço e o arremesso que jogou Alberich contra as árvores que ele tão bem conhecia.

Apoiado contra o tronco, ele viu como um relâmpago pareceu cair sobre Shaina muitos passos adiante, fazendo com que ela desaparecesse apenas para reaparecer ao seu lado esquerdo com uma aura prateada tão enorme que Alberich sentiu medo por sua vida. Sua voz aguda ecoou com fúria e fogo nos olhos:

— Venha, Cobra! Garras do Trovão!

O Guerreiro Deus foi envolto por choques terríveis, tão poderosos que o levantaram do chão levemente enquanto ele era atingido pela técnica de Shaina. Caindo finalmente vencido aos pés da Cavaleira de Prata, a Mestre de Armas do Santuário parecia furiosa com o mundo. Azar de Alberich.

 

—/-

 

O coração batendo mais alto que as notas tristes do violino. 

Papai.

Sua própria voz repetida em sua cabeça desde que era um garoto. Sempre chamando por um pai. A mão grossa e quente de alguém que aparta sua febre com um pano úmido.

Você está bem, meu filho?

Uma criança sofrendo terrivelmente de uma febre alta demais para um resfriado normal. Os pinheiros nevados de uma noite gélida açoitada pelos ventos cortantes de Asgard. Os braços quentes de um pai que o levava através da noite mais fria do ano onde pudesse ser melhor cuidado. Ao maior cura de Asgard, o sacerdote que atendia à alta corte de Asgard no Salão de Eir, o Mestre Andreas, para cuidar da febre do menino.

— Eu entendi. — falou Mime, diante de Geist. — Essa é a natureza de seu golpe? Conjurar ilusões, assim como fez com sua técnica anteriormente. Mas assim como você não pôde ser enganada por minha magia, eu também não cairei no seu truque.

O sorriso aliviado da criança de colo com a mão de seu pai no berço.

— Isso não se trata de uma ilusão, Mime. — falou Geist. — Eu somente posso controlar a realidade e dobrá-la à minha vontade, porque meu Cosmo está enraizado profundamente na realidade, graças à Constelação de Argo. Dizem que Argo foi dada por Atena a Jasão e era capaz de encontrar o caminho onde quer que estivesse. Pois esse é o caminho de seu coração, Mime. Isso não é uma ilusão, mas uma lembrança real que se escondia dentro de você.

Mime pela primeira vez assombrou-se e quando deixou que seus olhos abrissem, surpresos, a lembrança veio toda de uma só vez graças àquela técnica devastadora da Cavaleira de Prata.

— Perdoe-me, Mime. — a voz de seu pai lhe falou. 

Seu punho jovem atravessando o peito de Folker. O sangue de seu pai nos punhos, os braços de seu pai em seus ombros. E no rosto de Folker as lágrimas de uma profunda tristeza.

— Folker mentiu! — acusou certa vez um pândego na taverna do centro de Asgard-baixa, sendo contido pelos comparsas por maldizer um antigo herói. — Folker te amava, Mime! Folker te amava!

E então o bêbado era retirado do bar pelos pares, enquanto Mime retomava sua ária divertida para a noite sofrida dos notívagos. As palavras que ecoavam em seu peito junto às risadas dos demais. Nessa noite Mime deixou-se levar pela tristeza e o bar engoliu sua mente com tantos amigos que lhe pagaram qualquer coisa para afastá-lo do frio, sem imaginarem que aquilo apagaria também de sua mente a conversa mais importante de sua vida.

— Você é o filho de Folker. — falou alguém, sem obter qualquer resposta do artista. — Eu sinto muito. — continuou ele, aparentemente sem conhecer a história.

E não saberia mesmo pois era um estrangeiro, coisa que Mime não havia notado naquela ocasião, mas então via com clareza dentro daquela técnica da Cavaleira de Prata.

— Lembro-me como se fosse ontem. — começou o velho, colocando a touca no balcão em que Mime deitava-se dividido entre a consciência e a tristeza. — Eu que os trouxe em minha carroça de volta para Asgard. Eu vi como tudo aconteceu. Eu sinto muito, filho. Seu pai era um grande homem.

— Ele os matou… — falou enrolado o garoto no balcão.

— Sim, mas apenas porque não pôde evitar. Seu pai recusou-se a cumprir sua terrível missão de matar aquele simples casal no interior, e isso eu vi com meus próprios olhos. Mas então aqueles orgulhosos e corajosos guerreiros atacaram seu pai em nome de sua terra e somente então o poderoso Folker viu-se na posição de se defender. O resultado foi terrível, mas não poderia ser diferente. Folker seguiu vivo. Aquele casal caiu morto como era o caso de todos os inimigos de seu pai. Mas então um choro agudo veio da casinha em que aqueles dois moravam e eu vi o desespero nos olhos de Folker, como nunca havia visto, como nunca um inimigo havia causado-lhe tanta angústia. 

— Não, é mentira. — protestou Mime, que observava a cena como um espectador habitual daquela taverna, testemunhando aquela conversa de muitos anos atrás entre um estrangeiro e uma versão mais jovem de si mesmo.

Não foi ouvido, pois aquela era uma lembrança e ele não estava lá. Era a lembrança que estava em sua mente se descortinando.

— Ele enterrou aqueles pais na neve e levou vivo o filho que tinham recém-nascido para criar, de modo que sempre se lembrasse daquela tragédia. Eu trouxe vocês dois à fronteira, onde eu morava, mas você ficou muito, muito doente pela noite. Uma tempestade se abateu sobre Asgard, mas seu pai sabia que você morreria se não fosse cuidado com urgência. 

O velho parou de falar, como se envergonhado, e o jovem Mime finalmente levantou os olhos semicerrados para ele.

— Eu não pude levá-lo, pois tive medo de que nós morrêssemos os dois na travessia. Mas ao te encontrar hoje aqui, eu tenho certeza que novamente Folker venceu a tempestade, como vencia a todos, e o levou para ser cuidado. Disse-me que o faria ainda que morresse tentando. Ainda que isso custasse a sua vida. — Mime chorou naquela noite, mas nunca mais se lembrou daquelas lágrimas. — Eu sinto muito, filho.

Então o velho pagou-lhe a conta junto ao taverneiro e deixou-o com sua tristeza.

— Não, isso é mentira! Isso é mentira! — desesperou-se Mime diante de Geist, caindo de joelhos sobre a neve da ruína. — Chega, chega! Eu não posso acreditar que… isso não pode ser verdade.

— Isso mesmo, Mime. Você apenas acreditava em uma mentira de que odiava seu pai, pois tinha medo de encarar a culpa que sente por tê-lo matado. — e então Geist falou com seriedade. — Mas a verdade é que, assim como eu, você ainda ama seu pai. No mais profundo do seu coração, e foi por isso que abandonou no templo de Grim a vontade de matar. Para que nunca mais volte a sentir essa dor que lhe devora, Mime.

— Não, isso é impossível, é impossível. Como eu poderia amar um pai que nunca me amou, nunca me abraçou!?

— Ele tinha medo, Mime.

— Medo? — perguntou Mime, e sua voz poderia ter sido aquela de quando ele era um bebê, de quando ele era jovem perdido na taverna, ou mesmo maduro e grave como naquele instante.

— Ele tinha medo que você o amasse, pois calava fundo naquele peito de guerreiro uma enorme culpa.

Faltou ar ao peito de Mime, seus olhos abertos como se a neve os houvesse congelado em seu assombro. As batidas de seu coração calaram a voz de Geist, o sopro do vento. E então finalmente pareceu explodir feito a vidraça de uma catedral.

Seu seidr branco feito a neve cobriu seu corpo dos pés à cabeça e ele olhou com olhos odiosos para Geist; ao fundo, a Corrente de Andrômeda finalmente levantou-se com a vida própria que tinha apontando na direção de Mime. Ele finalmente parecia arder feito a ameaça que era.

— Mime finalmente está demonstrando seus sentimentos. — observou Shun ao longe para Geist.

E os olhos sempre serenos de Mime realmente agora pareciam cheios de ódio.

— Odeia-me tanto assim por te fazer ver a verdade? — perguntou Geist. — Mas ainda que por algum milagre consiga me derrotar, isso não vai te libertar da culpa que sente. Deve saber muito bem disso, Mime. 

Mime tinha os olhos confusos entre o ódio e a surpresa.

— Eu vou lhe explicar, não é a mim ou ao seu pai, Folker, que você odeia. É a você mesmo.

— Cale-se, Argo!

— Mime, não é tarde demais. Seu pai escondeu seus sentimentos de você, não se culpe por isso.

— Pois então por que me mostrou? Por que não deixar que eu vivesse sem saber de toda a verdade? Por que, Argo? Diga-me!

— Porque você tem razão, Mime. Não existe Grim ou qualquer oferenda que tenha feito para tocar melhor seu violino. A Corrente de Andrômeda nunca reagiu a você, não porque lhe faltava vontade de matar. — Geist olhou e falou com alguma doçura para ele. — Mas porque lhe faltava vontade de viver.

Shun viu-se surpreso e diante dele observou como Geist parecia ir às últimas consequências para trazer de um limbo profundo a vontade de existir do Guerreiro Deus, que era para ser um inimigo deles. Aquele era um ótimo motivo para lutar, pensou Andrômeda.

— Talvez a culpa nunca mais abandone seu peito, pois certamente não abandonou o meu. Ainda penso o que eu poderia ter feito diferente naquela noite, mas naquela noite eu não posso fazer nada. Não posso mudá-la. Mas eu posso definir o que vai ser da próxima noite. E então a de amanhã. E assim por diante.

Mime cerrou os olhos tristes.

— Mude essa noite, Mime. Salve Asgard. Livre sua terra protegida por seu pai da maldição de Poseidon. Venha viver, Mime! Faça com que sua música não seja apenas um réquiem da morte, mas uma cavalgada alegre para inspirar aqueles que lutam ao seu lado. Faça como seus pais fizeram e lute por uma terra ainda que seja contra seus próprios governantes!

— Eu já falei para você calar essa boca!

As luzes de Mime tornaram-se ainda mais poderosas e Geist viu-se arremessada muitos metros de onde estava, atingida completamente pelos feixes do Guerreiro Deus. Seus olhos odiosos observaram a Cavaleira de Prata entre os destroços e ele perguntou, confuso.

— Por que não se defendeu? — perguntou ao notar que Geist havia se deixado atingir.

— Não importa que você se queime de ódio. O seu seidr não aumentará na mesma intensidade que você acredita. — falou Geist, que compreendia melhor a energia que dava força aos Guerreiros Deuses.

— Então experimente meu Réquiem de Cordas! — ameaçou Mime, levando o arco ao violino e fazendo soar a linda melodia que prenderia Geist em suas cordas brilhantes e assassinas.

Mas o que as cordas capturaram no ar quando se precipitaram do instrumento não foi o corpo de Geist, mas uma coluna da ruína, pois Geist havia conjurado uma ilusão com sua imagem confundindo a técnica do Guerreiro Deus; ela reapareceu atrás de Mime e acertou-o com suas Garras do Trovão, jogando-o longe contra uma parede da ruína que caiu sobre ele.

Destruindo seu violino, finalmente.

Geist caminhou calmamente até a direção do Guerreiro Deus, que aos poucos levantava-se.

— O que você tem que eu não tenho? — perguntou-se Mime.

— Sua técnica é impressionante, Mime, e você poderia me vencer, como venceria Andrômeda também. Mas agora você está cheio de ódio por mim, e eu tenho a esperança ao meu lado.

— Esperança?

— Isso mesmo. — respondeu Geist. — Este mundo está cheio de maldade e repleto de uma dor e sofrimento intermináveis. Mas eu tenho amigos valiosos neste Mundo com quem compartilho o tempo que vivemos. — falou ela, lembrando-se de Shaina, mas também das faces tontas que jogavam-se nas tavernas de Tortuga, longe dali.

Olhou ao lado para Shun e viu que suas palavras ressoavam com ele, pois o garoto também estava cheio de laços de amizade e compaixão, que inclusive lutavam naquele momento em Asgard. Geist então lembrou-se do Capitão Kaire ao olhar para o céu e adivinhar uma nuvem que a fazia lembrar-se de uma enorme baleia, e como descobriu companheirismo naqueles jovens tripulantes do Esperança de Atena.

— Eu consigo acreditar que, se lutarmos com esperança, muitos sonhos poderão se tornar realidade. Esse tem sido o caminho que tomei pelos sete mares e ele me trouxe até aqui. Até você, que é como um espelho para mim, Mime. E eu gostaria muito que você entendesse isso.

Mime sofria no chão.

— Eu entendo perfeitamente o que você sentia.

O Guerreiro Deus virou o corpo no chão e finalmente viu diante de si seu precioso violino novamente em pedaços; sua expressão tornou-se uma de assombro, pois aquilo o fez lembrar de quando seu pai o quebrou, pisando no instrumento enquanto protestava com o filho de que ele deveria ser um guerreiro. E finalmente lhe ocorreu outra memória escondida em sua mente: a de quando abriu a porta de seu quarto certa noite e reencontrou o mesmo violino completamente restaurado em cima de sua mesa. Sobre como havia chorado e agradecido ao Grim por ter atendido aos seus mais profundos pedidos em seu templo; mas então não havia sido o Grim que havia trazido seu instrumento de volta, mas seu pai que o  havia restaurado para o filho.

— Folker, não, meu pai, será mesmo verdade que você lutou também com força pela esperança? — perguntou-se Mime dentro de si sem que ninguém o pudesse ouvir.

E finalmente, com muita dificuldade, Mime levantou-se para colocar-se de pé. Geist observava o esforço que ele fazia, enquanto Shun aproximou-se um tanto preocupado pelo violinista. Ele tremia com os ferimentos das Garras do Trovão, mas olhou para Geist duramente.

— Argo, eu quero saber se o que você diz é mesmo verdade. — falou com sua voz sofrida e grave e chamou por Shun. — Andrômeda!

O garoto olhou para Geist e então para o Guerreiro Deus e notou, com assombro, que ele retirou a Safira de Odin de sua Robe Divina e ofereceu ao Cavaleiro de Atena sem tirar os olhos de Geist.

— Pegue.

Shun aproximou-se e tirou a pedra das mãos do Guerreiro Deus.

— Mime, você não precisa…

— Afaste-se, Andrômeda. — pediu Geist às suas costas, já adivinhando o que o Guerreiro Deus planejava.

O Guerreiro Deus lentamente tirou parte por parte de sua Robe Divina, ficando apenas com suas vestes simples que usava por baixo, livrando-se de suas proteções para desespero de Shun, que viu-se na obrigação de respeitar sua vontade e afastou-se dele com uma pedra gelada no peito de tristeza. Do outro lado, Shun viu com clareza como Geist também retirou lentamente o sobretudo retalhado e as poucas peças da Armadura de Prata que a protegia.

Shun refletiu que diante dele estavam duas histórias trágicas; e como eram com as tragédias, a devastação da tristeza acabava por ficar com quem perdurava. Quem vivia. E ele sabia que o Guerreiro Deus e a Cavaleira de Prata se enfrentariam uma última vez e, ao final daquele embate, apenas uma enorme tristeza seguiria viva naquele planeta.

As auras de ambos ascenderam brilhantes naquela ruína e Shun notou como Mime agora estava tomado por um espírito de luta incrível, afastado de seu ódio, longe daquela sensação de que não podia matar ou viver. Geist saltou e Mime foi ao encontro de seu punho; ambos acertaram-se no ar com grande violência. Mas quando voltaram ao solo, Geist caiu de joelhos enquanto Mime permaneceu de pé.

— Muito bem, Argo, Andrômeda. — falou Mime, sua voz sempre grave e agora serena novamente. — Talvez vocês possam conseguir tornar seus sonhos uma realidade.

— Mime? — perguntou Shun ao vê-lo de longe.

— Algum dia, se eu puder nascer num mundo pacífico, eu gostaria de tornar a vê-los, mas não como um inimigo e sim como amigos. Mas talvez esse também seja um daqueles desejos ao Grim que será impossível de se realizar.

E caiu vencido no chão.

Geist levantou-se e caminhou até o corpo com seu rosto sempre sério e contido; tomou Mime em seus braços, arrumou-lhe os cabelos louros para longe de seus olhos fechados e o abraçou forte. E naquela ruína tomada agora pela neve, Geist cantarolou a melodia do réquiem de cordas que Mime tão bem presenteou aquele mundo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

SOBRE O CAPÍTULO: Capítulo bem difícil de escrever, eu não queria que Ikki fizesse parte da batalha para não reduzir Shun à um garoto que é sempre ajudado por ele (ou ela, nesse caso), mas também porquê Ikki já havia lutado contra Hagen. Era preciso equilibrar. Outro motivo foi que essa batalha foi um bom momento de dar profundidade à Geist com um passado trágico. A criação foi bem à semelhança de Mime, para criar esse debate sobre a culpa por um acidente terrível. Dar mais protagonismo à Geist que, até então, tem sido uma personagem bem acessória para a história. Era preciso criar algo para que nos importarmos com ela.

PRÓXIMO CAPÍTULO: OS TESOUROS DE AMETISTA

Alberich enfrenta os Cavaleiros de Atena, enquanto June descobre mais sobre o passado de Asgard.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Os Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda de Seiya" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.