Os Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda de Seiya escrita por Masei


Capítulo 50
As Vozes das Montanhas


Notas iniciais do capítulo

Marin e Meko chegam para investigar o Monte das Estrelas, onde são recebidos por descendentes dos gigantes, enquanto Cássius cuida de sua mestre em Rodório.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/800469/chapter/50

— Shiryu. Shiryu! 

A Cavaleira de Dragão acordou do que parecia ser um pesadelo de muitos anos para encontrar o rosto doce de Shun sobre o seu. Ele tentava trazer a amiga de volta à consciência e ficou feliz ao ver que ela estava novamente acordada.

— Está tudo bem, Shiryu?

Shiryu estava outra vez na Casa de Câncer, as memórias de Xiaoling e Máscara da Morte soterradas, como se houvesse sonhado. Colocou-se de pé e sentiu que o templo estava diferente.

Notou também que seus olhos haviam voltado ao estado de cegueira de antes; não podia novamente enxergar e compreendeu que somente no limiar dos Mundos é que podia ver com aqueles olhos feridos.

— Estou bem, Shun. — disse ela.

— Tem certeza? — perguntou o amigo. — Está chorando.

Ela sequer havia notado, mas colocou a mão no rosto e percebeu que seus olhos cegos choravam. Ela abraçou forte Shun.

— Encontrei com Xiaoling na fronteira entre os Mundos dos vivos e o Submundo.

— Na fronteira? — perguntou Shun, confuso.

— Sim. A Cavaleira de Câncer tem a habilidade de enviar seus inimigos para o limiar entre a vida e a morte.

— Isso quer dizer que Xiaoling está morta?

— Eu não sei. — comentou Shiryu. — De qualquer forma, ela ficou daquele lado. E pediu que nós protegêssemos Atena por ela.

— Xiaoling. — lamentou Shun baixinho.

Shiryu deu alguns passos na direção da saída e achou estranho.

— Diga-me, Shun. Consegue ver se há faces espalhadas pela Casa de Câncer?

— Faces, Shiryu? — perguntou ele, assombrado, enquanto olhava para todos os lados. — Não vejo nada. Você conseguiu vencer o Cavaleiro de Ouro?

— Não. Xiaoling conseguiu. — disse ela, com saudades da amiga.

Shun colocou a mão em seu ombro para lhe aplacar um pouco a tristeza que sentia, mas Shiryu falou outra vez ao amigo.

— Estou preocupado também com Hyoga, pois pude vê-lo também naquele limiar, assim como Saori.

— Hyoga? — preocupou-se Shun. — Eu realmente senti seu Cosmo partir-se de alguma forma nas Casas adiante.

— Talvez a gente esteja realmente unidos de alguma forma. De todo modo, devemos ir logo, pois ainda há uma chance de salvá-lo.

— Vamos então, Shiryu! Seiya deve estar nos esperando na Casa de Leão!

Correram juntos para fora da Casa de Câncer e Shun viu no relógio de fogo que a chama de Câncer havia se extinguido.

Adiante por aquelas escadarias, os dois subiam degraus largos, claros entrecortados por poucos pontos planos na montanha, para logo depois as escadarias voltarem a subir com colunas dos dois lados. 

As escadas subiam até um platô onde levantava-se um maravilhoso templo com detalhes e filigranas de ouro na pedra branca; uma fachada opulenta e praticamente imaculada, guardada a entrada por dois maravilhosos leões esculpidos em mármore na margem de uma escadaria que levava à entrada vazada da Casa de Leão.

Dentro dela, o Cavaleiro de Pégaso foi arremessado contra uma coluna de pedra âmbar; a coluna quebrou-se ao meio e colapsou ao lado do corpo ensanguentado de Seiya.

Sua Armadura de Pégaso tinha rachaduras em muitos pontos, seu rosto já tinha muito sangue descendo por sua testa, seu baço estava ligeiramente cortado assim como suas coxas.

Uma esfera dourada atravessou a Casa de Leão e destruiu outra coluna ao lado de Seiya, revelando ali a figura de dois enormes homens, que observavam a batalha escondidos.

— Dêem o fora daqui. — falou a voz pesada de Aioria. — Não são bem vindos e eu não preciso que me supervisionem. Voltem e digam ao Camerlengo que eu darei cabo dos invasores do Santuário.

Os homens muito maiores que Aioria hesitaram por um instante, mas o Cavaleiro de Ouro pisou na direção deles ameaçadoramente.

— Se não saírem daqui imediatamente eu mato vocês também, assim saberão se digo a verdade ou não. Eu sou Aioria, o protetor da Casa de Leão.

Seiya viu como as duas enormes figuras deixaram a Casa de Leão correndo amedrontadas, embora fossem o dobro do tamanho de Aioria.

Olhou para o Cavaleiro de Ouro e viu sua imponência caminhar com passos duros em sua direção.

 

—/-

 

O Santuário de Atena é uma região perdida na Grécia que também contempla um vilarejo à beira do Mar Egeu, entre montes. No maior desses grandes montes levantam-se os doze templos das Casas do Zodíaco, que Seiya e seus amigos agora tentavam subir com muita coragem para dar uma segunda chance à Saori Kido, a Deusa Atena.

Mas há também nessa região um monte oposto aos templos zodiacais. Um lugar sagrado e proibido para todos do Santuário. Inclusive aos Cavaleiros de Ouro é negado acesso. Não há trilha. Não há estrada. Não há qualquer forma de chegar até esse monte sagrado em que levanta-se um pináculo de pedra tornando esse lugar o ponto mais alto da região.

Os que moram no Santuário dão à essa elevação o nome de Monte das Estrelas.

É esse o pináculo de pedra que Marin parece olhar ao longe na boca de uma reentrância de uma montanha próxima, pois, nas últimas semanas, ela e Moisés, o Cavaleiro de Prata de Cetus, têm escalado vales e montes para chegar àquele lugar sagrado e proibido.

— O que acha que vai encontrar lá, Marin?

— A resposta para todo esse mistério, Meko.

— É proibido a todos, inclusive aos Cavaleiros, se aproximarem do Monte das Estrelas.

— Está com medo?

Ele bufou de descontentamento.

— Talvez esteja cansado da escalada. — tentou ela.

— Não me faça rir. — desdenhou ele, tomando um gole de seu cantil. — Mas acredito que 

a vida fácil que tivemos até agora não vai durar muito.

— Os Gigantes. — adivinhou Marin, sozinha.

— Sim, os descendentes dos Gigas guardam essa região e moram nessas montanhas.

— Diga-me, Meko. Você também é um descendente dos gigantes, não é verdade?

Ele deixou escapar um riso seco.

— Sim, mas de muito, muito longe daqui. Entre os maero foi que nasceu meu pai. — disse ele fechandos os olhos e saudando o horizonte com a mão estendida. 

— Meko. — falou Marin repetindo seu nome.

— Meko Kaire. — falou ele ao seu lado e Marin olhou-o curiosa, pois não sabia seu sobrenome. — Eu não ligo que o Santuário escolheu me chamar Moisés, parece fazer sentido para eles. 

— Eu prefiro Meko. — falou Marin e o Cavaleiro de Prata sorriu ao seu lado.

 

Marin outra vez olhou para o Monte das Estrelas.

— Diga-me, Meko Kaire, sabe o que dizem as vozes das montanhas? — perguntou Marin, misteriosa, e ele sorriu brevemente.

— Desde que você me sequestrou para essa missão, eu não tive tempo de falar às montanhas. — havia um tom de zombaria na sua voz. — Mas não preciso das montanhas me contarem o que nós dois sabemos. Há um grupo de traidores que invadiu o Santuário e as Doze Casas do Zodíaco. E seu discípulo está entre eles.

Ela olhou para ele, mas ele nada pôde ver por detrás daquela máscara de prata.

— Nesse caso, precisamos nos apressar.

Marin e Meko saltaram daquela reentrância e seguiram descendo a escarpa em que haviam acampado até o sopé do principal monte da região; a próxima escalada era a derradeira, pois o monte adiante era exatamente aquele em que se levantava o pináculo de pedra no topo. O destino de Marin.

O monte era extremamente acidentado, portanto, de certa forma, a escalada não era tão complexa no início e, habilidosos como eram, tanto Marin como Meko logo deixaram para trás uma altura extraordinária. Chegaram com rapidez a uma plataforma onde puderam parar para tomar outro gole do cantil; abaixo, já havia uma queda de centenas de metros onde o vento uivava com força.

E, assim como Meko havia adivinhado, foi ali que os dois foram imediatamente interceptados por três figuras enormes; maiores, inclusive, que Meko. Vestiam roupas enormes, mas toscas, com uma proteção simples nos ombros, nos peitos e nos enormes joelhos. Suas vozes eram terrivelmente roucas e graves. Um deles, que parecia ser o líder do trio, tinha um olho muito maior e deslocado do que o outro. Horrível.

— Sou Jaki. Aqui está Daiko e Rotun. Saiam daqui. O que fazem é proibido.

Os três davam tranquilamente o dobro do tamanho de Marin.

— Gigantes irmãos. — começou falando Meko, que viu-se ali como um interlocutor. — Há algo terrivelmente errado com o Santuário de Atena e acreditamos que o segredo está no Monte das Estrelas.

— Voltem. — falou Daiko ao lado de Jaki.

— Escutem-me, irmãos. — tentou ele novamente. — A guerra contra os gigantes fez muitas vítimas entre suas famílias. Acreditamos que tenha sido um terrível engano e o segredo que jaz no topo desse monte pode nos ajudar a punir o responsável por tantas mortes.

Marin percebeu como Rotun e Daiko olharam-se entre si, confusos, mas Jaki permanecia à frente deles de forma ameaçadora e impenetrável.

— Entende o que digo, Jaki? — perguntou Meko. — Há um mal instalado no Santuário de Atena que precisa ser removido. Esse mal pode ter colocado a culpa no Clã dos Gigas pela Triste Noite.

— Não somos culpados por aquilo. — falou Daiko, muito gravemente.

— O que quer que esteja escondido no topo desse monte poderá provar isso! — falou finalmente Marin, minúscula entre todos eles.

Rotun e Daiko novamente olharam-se e claramente pareciam ter baixado sua guarda diante daquelas informações, mas Jaki permanecia irredutível quando uma risada soou muito rouca.

— Não me interessa a verdade. Seremos jurados como Santos de Atena! Não passarão e, se insistirem, teremos de matá-los aqui mesmo!

— Jaki. — chamou um dos gigantes ao seu lado.

Mas o enorme Jaki, que tinha olhos horrorosos, simplesmente empurrou Daiko com violência, fazendo com que o gigante se desequilibrasse no limiar da rocha e seu corpo caísse no abismo enquanto seu urro gutural ecoou perdendo o volume até que não mais escutassem sua voz. Sua morte era certa daquela altura.

— Jaki! — gritou Rotun ao seu lado, imediatamente o tomando pelo pescoço em uma chave de braço.

Mas o líder entre eles, o tal Jaki, o era porque também tinha uma força descomunal, e com habilidade livrou-se daquela chave de braço e enterrou o corpo de Rotun na pedra da montanha, enforcando-o aos poucos.

Os Cosmos de Meko e de Marin ascenderam em Prata e o enorme Cavaleiro de Cetus usou de sua força para puxar o corpo de Jaki para evitar que matasse Rotun enforcado. A luta agora seria entre ele e os três.

Seu corpo era duro como a pedra, Meko notou ao engajar com ele.

— Jaki, sempre soubemos que não éramos culpados pela Triste Noite. O que está fazendo? Por que matou o irmão Daiko? — disse a voz de Rotun, irascível.

— Serei um Santo de Atena! — urrou Jaki, indo na direção de Rotun.

— Quem te prometeu essa mentira? — perguntou Marin, minúscula entre eles.

— O Monte das Estrelas! — falou ele.

Mais próximo e novamente tentando evitar que Rotun fosse lançado para o abismo como Daiko, Meko viu nos olhos de Jaki que o gigante estava distante de sua racionalidade. 

— Marin! — gritou ele. — Jaki está sob algum tipo de feitiço.

— Vai morrer! — gritou o gigante, acertando um poderoso punho no estômago de Meko e arremessando seu corpo contra a parede da montanha.

Jaki então virou-se para a pequena Marin, que estava afastando-se dele perto da beirada do abismo; aquela plataforma era pequena demais para uma luta daquele tamanho entre figuras tão enormes. Ele pisou forte na pedra e estendeu o braço para tomar o corpo pequeno de Marin nas mãos, mas percebeu tarde demais que não havia ninguém ali e suas mãos desajeitadas bateram contra a pedra. Ele desequilibrou-se e a pedra da beirada cedeu ao seu enorme peso e Jaki finalmente caiu pelo abismo.

Sua mão direita, no entanto, manteve-se firme na beirada, ainda segurando seu enorme peso.

— Corram. Subam para o Monte! — urrou Rotun, indo na direção de Jaki.

— Marin. Terá de subir sem mim.

— Mas Meko?! 

— Não há tempo, eu não tenho condições de te seguir desse jeito, vou apenas atrasá-la. 

— Certo. Mas eu voltarei.

— Eu sei que irá.

Marin então viu como Meko estava cuidando de seus ferimentos, enquanto Rotun, na verdade, puxava Jaki de volta à superfície. E era por isso que tinha pouco tempo; ela buscou as melhores reentrâncias e voltou a escalar aquela encosta que agora era muito mais íngreme.

Alcançou uma altura enorme quando ouviu, lá de baixo, o urro de ódio de Jaki ao ver que ela já estava fora de alcance. Pensou em Meko ali junto de dois gigantes, mas sua missão precisava continuar.

 

—/-

 

No vilarejo vizinho ao Santuário, em um lugar que Seiya passou tantos anos de sua vida, uma mulher sofria seus dias e noites em uma casa simples no distrito mais afastado, próximo de algumas plantações menores. Shaina acordou de sobressalto dos delírios que ainda importunavam sua mente, assustando um enorme garoto ao seu lado.

Cássius chamou por seu nome, preocupado com ela por ter acordado tão assustada.

— Cássius. Cássius, onde você está? — perguntou ela, ainda um pouco perdida.

— Senhorita Shaina, você acordou? Sente-se melhor? — perguntou o enorme garoto preocupado.

— Sim, estou melhor. — disse ela, um pouco rouca. — Graças a você, que cuidou de mim de dia e de noite. 

— Por favor, não me agradeça. — começou ele lentamente olhando para as compras que havia trazido da feira do vilarejo.

Tirou do fogo uma chaleira e fez à ela um chá que estava esperando para ser reduzido.

— Não tem porque me agradecer. Tome, senhoria Shaina. — ofereceu ele, e ela bebeu para se hidratar.

Sua voz voltou a dizer naquela casa.

— Não foi nada comparado ao que você fez por mim, senhorita Shaina. Você me criou e me treinou e eu sou apenas um bobalhão que jamais será um Cavaleiro. Sempre quis te agradecer por isso. Essa é a forma que tenho de dizer que sou grato a tudo que fez por mim.

Shaina tinha o rosto limpo, sem sua pintura nos olhos. Viu como o seu enorme discípulo tinha os olhos tristes dentro daquela casa que mal o comportava enquanto ela bebia seu chá. Shaina conhecia seu discípulo muito bem e aquele espírito triste não fazia parte dele.

— O que foi, Cássius? O que está acontecendo?

Ele ficou calado, tirando algumas maçãs de uma sacola que havia acabado de comprar na feira do vilarejo.

— Diga-me, Cássius!? — ordenou ela.

Cássius deixou escapar um suspiro assustado e uma das maçãs caiu.

— Há uma força rondando o Templo de Éris.

— O Templo de Éris? Eu selei o Templo de Éris. — refletiu Shaina, sozinha.

— Não é só isso. — adicionou ele, incapaz de mentir para ela. — Os traidores estão invadindo o Santuário.

Shaina sobressaltou-se perguntando se havia escutado direito o que ele havia dito, mas Cássius teve de se adiantar para pedir que ficasse deitada ou que ao menos não se levantasse, pois ainda estava muito debilitada por ter sido atingida pelo punho de Aioria e atormentada pelos fantasmas de Fênix.

— Diga-me, Cássius. — tentou ela. — O que dizem as vozes das montanhas?

Cássius hesitou, pois sabia que Shaina conhecia sua ascendência; e ele sabia dos delírios que sua mestre havia tido por todas essas noites. Chamando pelo nome de Seiya. Ele sabia que, se ela soubesse da verdade, tentaria ajudá-lo. A Seiya. Seu maior rival.

— Algo terrível está para acontecer. — disse ele apenas.

— Cássius! — gritou Shaina.

Mas então, talvez pela primeira vez, Shaina viu como seu grito acuou um garoto que era o dobro de sua altura e compleição. Sentiu-se mal, pois o garoto havia cuidado dela com muito zelo e, se estava sentindo-se melhor, era sem dúvidas graças a ele.

— Desculpe, Cássius. — disse ela para ele.

E o garoto olhou-a de tal maneira como se sequer a reconhecesse naquele tom de voz tranquilo e desculpando-se.

— Fui terrível com você por todos esses anos.

— Não! — interrompeu ele, imediatamente. — Não peça desculpas, Mestre Shaina. A grande alegria da minha vida foi ter sido treinado por você. Foi uma honra que alguém das montanhas como eu tenha sido aceito como seu discípulo.

Seu treinamento talvez fosse dos mais terríveis entre todos os aspirantes à Cavaleiro, pois Shaina o empurrava contra seus limites físicos, de forma que pudesse usar toda a força que descendia dos moradores das montanhas. Mas aos olhos de Cássius, embora terrível, Shaina ainda era uma linda mulher. Ela falou-lhe enquanto ele perdia-se nos pensamentos.

— O que está me escondendo, Cássius?

Ele fechou os olhos enquanto falava.

— Seiya e alguns outros Cavaleiros de Bronze são aqueles que agora estão tentando atravessar as Doze Casas.

— Seiya?!

— Sim. 

— Eles querem tentar atravessar as Doze Casas?! — assombrou-se ela.

Cássius confirmou triste.

— Mas que idiotice estão fazendo? — pergunsou-se Shaina.

— E não é só isso. A estrangeira Marin invadiu o Monte das Estrelas.

— Marin?! Seiya. Mas, o que está acontecendo?

Ela estava muito confusa e tentou se colocar de pé quando Cássius falou-lhe novamente com sua voz grave.

— As vozes das montanhas falam que Seiya está agora na Casa de Leão à frente dos demais Cavaleiros de Bronze

Pela primeira vez Cássius viu que Shaina caiu deitada, como se aliviada, olhando para o teto daquela sua casa.

— Ao menos ele está com Aioria. — disse ela, lembrando-se de que o Cavaleiro de Ouro jurou lealdade àquela Atena que viu surgir. — Aioria está ao lado deles.

Shaina havia visto absolutamente tudo entre seu estado catatônico e de meia consciência, embora não pudesse se levantar ou nada fazer. Lembrava-se perfeitamente dos eventos do aparecimento da Armadura de Sagitário.

— Por que está tão preocupada com Seiya? — perguntou Cássius, muito sinceramente.

— Não seja idiota, Cássius. — interrompeu ela. — Não quero que outra pessoa o mate. Eu mesmo quero despachá-lo para o outro mundo. É por isso que eu… — gaguejou ela.

— Nesse caso, eu sinto dizer que não será possível.

— O que quer dizer com isso?

— Porque a Casa de Leão será seu túmulo.

— A Casa de Leão? — levantou-se ela, novamente. — O que está dizendo, Cássius? Aioria jurou lealdade para estar ao lado deles. Com Aioria, dificilmente eles terão problemas para atravessar as Casas do Zodíaco.

Cássius permaneceu calado.

Shaina levantou-se da cama e o colocou contra a parede, derrubando mais algumas maçãs da mesa.

— O que quer dizer com isso, Cássius? — perguntou Shaina, fora de si. — O que dizem as vozes das montanhas!?

— O Seiya será morto pelo Aioria.

— Eu já disse que Aioria jurou estar ao lado deles!

— Aioria está muito, muito diferente do Aioria que a trouxe de volta.

Ela o chacoalhava de desespero.

— Mas como assim?! Diga de uma vez!

— Dizem que ele está sob um feitiço. — falou Cássius, misteriosamente. — Depois que a deixou aqui ele foi até o Templo de Atena falar com o Camerlengo.

— Até a Sala do Camerlengo? 

— Sim. Não se sabe se ele chegou até seu destino, mas dizem que uma terrível batalha aconteceu contra um Cavaleiro de Ouro. 

— Uma luta entre dois Cavaleiros de Ouro? — perguntou Shaina, e Cássius assentiu com a cabeça.

— É dito pelos Gigas que durante essa luta contra o Cavaleiro de Ouro, Aioria foi atingido por uma técnica terrível que mudou a sua mente. O tornou um demônio. Violento e fora de si.

— Por Atena, Seiya vai morrer. — desesperou-se Shaina.

Cássius ficou calado, mas Shaina o conhecia bem demais.

— Conte-me tudo, Cássius!

— Não, senhorita Shaina, por favor não me obrigue.

— Cássius! Não me esconda!

Ele olhou-a e os olhos de sua Mestre Shaina tinham lágrimas, coisa que jamais achou possível.

— O feitiço na mente de Aioria é terrível. Pois ele voltará ao normal assim que matar alguém à sua frente, apenas para que sofra a dor de ter matado quem deveria proteger.

— Como a traição de Aioros. — pensou Shaina em voz alta.

— Senhorita Shaina! — censurou Cássius ao escutar sua Mestre falando o nome que não poderia ser mencionado no Santuário.

Mas ela deixou o corpanzil de Cássius e cambaleou para a saída daquela casa, apoiando-se na cama.

— Onde pensa que vai nessas condições, senhorita Shaina? Realmente pensa em ir até lá? — perguntou ele, dolorido no peito. — Pensa mesmo em morrer para salvar a vida de Seiya?

Ela não respondeu.

Seu silêncio era a confirmação de tudo que Cássius tinha medo.

Shaina virou-se para sair, mas sentiu-se terrivelmente tonta e cambaleou fortemente para o lado. Cássius a tomou nos braços e a colocou de volta na cama.

— Eu sabia que faria isso, senhorita Shaina. 

— Cássius. — lamentou Shaina. — Porque estou me sentindo tão tonta?

Seus olhos foram incapazes de se manter acordados e, imediatamente, ela dormiu profundamente na cama. O chá que Cássius havia preparado não era um chá comum, pois ele sabia que se sua mestre soubesse da verdade, dali sairia correndo para tentar salvá-lo. A cada vez que ela falava seu nome entre sonhos delirantes, era como uma faca entrando em seu peito. 

— Mestre Shaina, você ama o Seiya tanto assim? — perguntou Cássius chorando.

Olhou pela janela onde a montanha das Doze Casas assomava-se. Lembrou-se dos anos de treinamento, a fatídica batalha em que Seiya o havia humilhado na frente de sua Mestre Shaina. Quando perdeu a orelha direita, uma ferida que ainda o machucava tanto. 

Seiya não só o havia vencido em batalha e levado a Armadura de Pégaso, como também havia roubado aquilo que ele mais estimava: o coração de Shaina. Havia tirado tudo dele.

Ele a cobriu com o lençol e deixou o casebre de sua Mestre.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

SOBRE O CAPÍTULO: Ao contrário da história original, eu não fiz Shiryu recuperar sua visão depois da luta em Câncer, pois eu acho que é importante ela se manter cega, pois eu acredito que isso é importante dentro da personagem. Toda a trama de Marin, eu tirei dos episódios do Anime que mostram ela invadindo Starhill, mas expandi adicionando essa ideia de existirem os Gigantes (que eu tirei do Episódio G), mas como habitantes ou descendentes em Rodório, que conheçam os segredos do Santuário e que vivam nas rochas da Grécia. Aqui explico porquê chamam o Cavaleiro de Cetus de Moisés, já que seu nome de verdade é Meko. A ideia do Santuário eliminar a identidade dos estrangeiros e dando à eles nomes escolhidos (como fizeram com Shaina). Também é por isso que Cássius, outro descendente dos gigantes, sabe o que acontece nas Doze Casas.

PRÓXIMO CAPÍTULO: UM GIGANTE GUERREIRO

Cássius decide interferir na batalha entre Seiya e Aioria.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Os Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda de Seiya" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.