Os Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda de Seiya escrita por Masei


Capítulo 27
Missão Distante


Notas iniciais do capítulo

Nos próximos três capítulos, veremos como Hyoga ficou sabendo do segredo de Saori antes mesmo de Seiya e seus amigos. Uma intriga que remonta o início do Torneio Galático e uma garota muito curiosa.



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 Um lago enorme congelado. Frio e neve até onde os olhos podiam enxergar.

O jovem Hyoga estava só nesse ambiente desolado com seu cosmo gélido contornando seu corpo. Ele esmurrou o gelo do chão à sua frente obliterando a camada e abrindo uma cratera, revelando a água gélida abaixo da crosta de gelo.

Ele saltou e mergulhou na água congelante do rio siberiano.

Hyoga nadava para a profundidade, onde próximo à uma fossa estava naufragado um navio quebra-gelo. O garoto nadava decidido, entrou pelo deque principal, atravessou alguns corredores e finalmente chegou no seu destino: uma cabine com o único membro da tripulação ainda à bordo.

"Mamãe"

Uma mulher deitada, o rosto em paz e sua beleza plenamente conservada pela temperatura baixíssima daquelas águas.

Hyoga toma sua mão e a flor, que trazia na boca, é colocada cuidadosamente atrás de sua orelha. Ele ajeitou seu cabelo que teimava em levantar-se e despediu-se finalmente.

Ressurgido na superfície, ofegante e buscando ar. Alguém lhe estendeu uma toalha enorme.

— Mestre Cristal.

— Hyoga, o seu Mestre não vai gostar nada disso. — disse ela.

— Foi a minha despedida. — justificou Hyoga. — O que é isso?

— Uma carta para você. — começou ela. — Do Santuário.

 

—/-

 

"Caro Hyoga, 

Os tempos são turbulentos na Grécia. Há uma missão em curso. Uma que você precisará cumprir.

Revoltosos descumpriram o lema de Cavaleiro e colocaram o segredo do Santuário em risco. Precisam ser punidos e dispensados.

Quando completar sua missão, venha ao Santuário.

Lembre-se, Hyoga, você é um Cavaleiro de Atena.

Cordialmente,

Seu Mestre Camus"

Hyoga dobrou a carta e guardou no bolso de sua calça. Já havia lido aquelas linhas dezenas de vezes durante sua viagem e sua estadia breve naquela grande cidade. Leu novamente assim que sentou na plateia para a grande batalha da noite anunciada no enorme telão: UNICÓRNIO X LOBO.

Assim que as luzes se abaixaram e o enorme holograma de Saori Kido apareceu, Hyoga levantou-se de seu lugar, atravessou a sua fileira e foi para a parte interna do Coliseu. Desceu lances de escada e passou aos níveis mais baixos onde, tecnicamente, não tinha acesso. Seu círculo de gelo deixou confusos alguns seguranças e ele finalmente se viu no andar mais baixo, exatamente onde queria estar.

A luta havia começado na Arena e chamou sua atenção; por entre uma abertura na parede, ele viu como o Cavaleiro de Unicórnio e o Cavaleiro de Lobo enfrentavam-se, para delírio da plateia. O estádio estava cheio e seus olhos correram pelos três andares lotados de fãs, mas então lembrou-se do motivo para estar ali e decidiu seguir adiante; tropeçou levemente nas pernas de uma garota que estava sentada no chão com o rosto entristecido. Tanto ele como ela pareciam não estar onde deveriam.

Ele a ignorou, mas ela o seguiu com os olhos; Hyoga foi adiante pelo corredor, procurando a melhor forma de chegar aos vestiários daquele Coliseu quando deteve-se diante de uma parede que parecia intransponível, um beco sem saída.

— Você não deveria estar aqui. — falou alguém às suas costas.

A garota entristecida estava atrás dele, mas seu rosto não era mais aquele perdido. Tinha agora uma sagacidade em seus olhos e um sorriso no rosto quando flagrou Hyoga mexendo onde não deveria.

— Você também não. — respondeu ele.

— Acho que deixou cair isso. 

Ela tinha a carta. Hyoga imediatamente ficou desesperado.

— Isso não é seu! — disse ele.

A garota ofereceu a carta para Hyoga, mas recuou no último momento.

— Eu devolvo se me disser o que está fazendo aqui. 

Ele ficou calado.

— Deixa eu adivinhar. Eu aposto que você também é fã do Cavaleiro de Andrômeda e essa cartinha é pra ele, não é? — tentou ela.

Ele olhou para ela e sorriu.

— Acertou. — disse ele pegando a carta, finalmente.

Deu as costas e tentou novamente encontrar uma forma de seguir adiante.

— Não adianta, essa porta não vai chegar nos vestiários. — disse ela, acompanhando ele.

Ele pareceu perder um pouco da paciência, mas buscou criar conversa.

— E você, está fazendo o que aqui mesmo?

— Eu não gosto tanto assim das lutas. — disse ela. — São de mentira.

— Então por que veio?

Ela ficou calada e Hyoga percebeu que fez a pergunta errada. Ou a certa, se quisesse realmente se livrar dela.

— Uma amiga me trouxe. Pra me animar. — respondeu ela depois de um tempo.

Ele olhou para ela e ambos se encararam por alguns instantes, quando foram interrompidos pelo grito da multidão. O primeiro round da batalha estava encerrado na arena.

— Bom, eu… — começou ela. — Melhor eu voltar, senão minha amiga vai ficar preocupada.

Ele não respondeu nada.

— Boa sorte com o Andrômeda. Muita gente gosta dele.

Hyoga continuou procurando a melhor rota para encontrar os vestiários, mas — que seu Mestre não o ouvisse —, sentiu vontade de desejar que a garota ficasse bem.

— Fique bem. — disse ele, mas ela já não estava mais lá.

 

—/-

 

A luta terminou, as pessoas saíram emocionadas, as luzes se apagaram e Hyoga ficou escondido nos corredores. Precisava descobrir o máximo que podia sobre aqueles Cavaleiros. E, como estava tudo vazio e escuro, imaginou que poderia invadir o estádio e chegar aos vestiários pela arena central. Mas assim que chegou à uma entrada para a Arena, percebeu uma estranha movimentação em alguns andares acima.

Escondeu-se.

Voltou pelo corredor e pensou em aproximar-se, pois se fossem realmente Cavaleiros a sua chance não poderia ser mais perfeita. Subiu lances de escada em silêncio e, seguindo as vozes altas, chegou próximo às cabines de transmissão, onde se escondeu para que pudesse ouvir.

— Tem certeza que sabe o que está fazendo?

— Ai, claro que eu sei. Vai ficar lindo. — disse uma voz infantil. — Olha, daqui eu posso controlar as luzes e os efeitos. Eles têm um equipamento lindo.

— Ande logo com isso.

— Pare de me apressar! — reclamou a garotinha.

— O que é aquilo? — perguntou a segunda voz.

Hyoga atentou-se e procurou o que havia chamado a atenção da dupla dentro do centro de transmissão; colocou o rosto para além do parapeito e viu que, no centro da Arena, alguém apareceu. Tinha uma toalha no pescoço e vestia uma roupa de treino.

— Ele vai nos ver. — disse a voz de garota.

— Ande logo com isso. — ordenou a voz do rapaz, mais urgente.

— Onde você vai? — perguntou ela.

Hyoga espremeu-se contra a parede, pois a porta ao seu lado se abriu e dela saiu um rapaz que pulou o parapeito à sua frente e foi parar no centro da Arena, chamando a atenção do garoto que treinava sozinho.

— Quem está aí? — ele ouviu a voz do garoto na Arena perguntar.

Ao lado de Hyoga, um canhão de luz se acendeu e iluminou o centro da Arena. O rapaz não usava qualquer Armadura e tinha o cabelo penteado em um moicano branco; estava em guarda, mas foi surpreendido por um Cavaleiro Negro que usou um cosmo congelante no garoto indefeso.

Logo ele caiu, vencido.

— Cisne Negro! Volte, eu já consegui! — gritou a garotinha dentro da sala.

O Cavaleiro Negro dentro da Arena sumiu nas sombras, já que a luz também voltou a se apagar. A porta abriu novamente e Hyoga viu que um toco de gente saiu dela, com duas chuquinhas no cabelo, para fugir dali. No centro da Arena, o garoto atacado pelo gelo foi socorrido por outro jovem.

Hyoga reconheceu um deles, pois foi justamente o garoto que havia lutado mais cedo: Unicórnio. Era sua chance e um deles já estava congelado.

Mas algo incomodava Hyoga.

— Cisne Negro? Cavaleiros Negros? — pensou ele, hesitando. — O que está acontecendo?

Hyoga passou a madrugada escondido nas sombras da cidade e viu como o corpo do garoto congelado foi levado a um hospital próximo do Coliseu em que estavam. Na entrada desse hospital ficou o outro garoto, Unicórnio, muito triste e fulo consigo mesmo. Para ele era um a menos, ao que tudo parecia.

Sozinho, Unicórnio saiu andando pela cidade e logo seriam dois a menos, na conta de Hyoga. Viu como o garoto, no entanto, sofria enquanto voltava só para casa, resmungando e chutando o que encontrasse pela frente.

Chegou em uma mansão enorme com muitas janelas e um jardim de entrada gigante. Portões grandes e escuros onde o garoto foi parado por alguns seguranças, revistado, e só então admitido no casarão.

Hyoga olhou adiante para as muitas janelas acesas e outras apagadas. E viu o garoto cabisbaixo entrando por uma das entradas dos fundos.

 

—/-

 

Era noite de festa e de semifinal no Torneio. Os fãs ardorosos estavam super empolgados e, como Hyoga havia sido um dos primeiros a chegar, ele bem viu como crianças, jovens e até adultos entravam no estádio contentes. Muitas lojas nas dependências internas vendendo todo tipo de lembrança, bonecos articulados dos lutadores e lutadoras, camisetas estampadas e muitas outras bugigangas.

Ele sentou, amaldiçoando seus benfeitores que haviam lhe comprado ingressos para a mesma cadeira todos os dias, de forma que ele precisava se levantar assim que as luzes apagavam para tentar invadir o complexo interno da organização.

E assim que as luzes abaixaram para que o espetáculo de abertura começasse, Hyoga novamente levantou-se, atravessou a fileira e foi ao banheiro. Olhou-se no espelho e viu um garoto cansado, os cabelos desgrenhados e muito maiores do que os dos visitantes limpinhos daquele evento.

Passou uma água no rosto e, olhando a água cair pela torneira, Hyoga lembrou-se dos eventos da noite anterior. Os Cavaleiros Negros. Hyoga sabia quem eram, pois sua região era muito assediada por estranhos visitantes que buscavam guerreiros renegados para fazer parte de seus bandos. E sabia que uma dessas facções renegadas era a dos Cavaleiros Negros.

Mas, diferente dos homens e mulheres que eram enviados do Santuário para a Grécia, aqueles dois Cavaleiros Negros eram jovens; a garota não passava de uma criança. Por que os Cavaleiros Negros estavam interessados naquele Torneio?

Saiu do banheiro e subiu alguns lances de escada, pois gostaria de estar próximo à cabine de transmissão, já que qualquer sabotagem provavelmente aconteceria naquele local, onde toda a imprensa se reunia.

— Sabia que ia estar aqui.

Hyoga virou-se e viu a garota amuada do dia anterior de braços cruzados. Usava uma camiseta com a foto estilizada do Cavaleiro de Pégaso, um pingente no pescoço e o cabelo com um rabo de cavalo. Ele se perguntou se ela não o estava seguindo.

— Como me achou? — perguntou ele.

— Você tá usando a mesma roupa de ontem. — comentou ela. — E ninguém aqui usa polainas.

Uma porta se abriu e dela saiu um homem de terno, passou por eles apressado e Hyoga tentou ver qualquer coisa dentro da sala de transmissão.

— O que estamos procurando? — perguntou ela.

— Nada. — disfarçou ele. — Melhor sair daqui.

Ele preocupou-se de verdade com a garota, afinal, se algo fosse acontecer, ele poderia se defender. Ela não.

— Você é chato, né? — comentou ela.

Ele ignorou e passou por ela subindo mais um lance de escada; ela veio atrás.

— Ei! — disse ela.

— Achei que não gostasse das lutas. — disse ele, olhando para ela.

— E eu achei que você gostasse do Shun. Ele nem vai lutar hoje.

— Ele não lutou também da outra vez. — respondeu Hyoga, chegando no andar acima.

— Nossa, você gosta dele mesmo. — comentou ela.

E Hyoga olhou para ela um pouco cansado do deboche. Olhou pelo parapeito, o show continuava lá embaixo, e dali ele estava exatamente acima das cabines de transmissão; um tanto de homens e mulheres berrando em seus microfones.

— O que você tá procurando, afinal de contas? Se me contar, seremos dois procurando. Talvez possamos achar.

— Eu acho que pode acontecer algo muito ruim durante o Torneio.

Ela o encarou, séria, sua mão no pingente.

As luzes se apagaram repentinamente, causando-lhe um grande susto, e Hyoga colocou-se na frente dela, mas na verdade era apenas o início do discurso de Saori Kido no holograma.

— Ei! — gritou um homem para eles. — O que fazem aqui? Saiam já daqui! 

Hyoga e a garota misteriosa desceram pelo menos três lances pelas escadas, sendo perseguidos por um homem que desistiu da correria quando eles chegaram no nível da plateia. Ela ria e ele estava preocupado.

— Até que esse Torneio não é tão chato. — comentou ela.

Hyoga encostou no parapeito do andar e lá embaixo viu como entravam duas figuras para lutar: uma garota e um garoto. A menina encostou ao seu lado.

— Vai começar. — disse ela.

— Vejo que alguém aqui também tem um preferido. — disse ele olhando para a camiseta da menina.

— Ele é legal. — disse ela.

Ele não comentou, mas percebeu que os dois que entravam da Arena para lutar estavam sem suas Armaduras. Achou estranho e absurdo.

Assistiram ao primeiro round juntos do parapeito e a plateia não parecia feliz. Alguns focos de vaias começaram.

— Estão fingindo. — comentou ele, baixinho.

— Só que dessa vez estão fingindo muito mal. — comentou a menina.

Fim de primeiro round.

— Não lembro do seu nome. — disse ela.

Ele olhou para ela e não encontrou uma forma de fugir da pergunta.

— Me chamo Alexei. — mentiu.

— Bom, se a gente vai mentir nossos nomes... eu me chamo Eiri.

— Ninguém se chama Eiri. — comentou Hyoga.

— Idiota, minha melhor amiga se chama Eiri.

Ele se calou.

— Será que ela não está sentindo sua falta?

— Como você é chato!

Ele não respondeu.

— Do que está fugindo? — perguntou Hyoga.

A garota escondeu o rosto nas mãos apoiadas no corrimão. Levantou-se e olhou para ele com os olhos tristes.

— A minha amiga quis me trazer para que eu tivesse alguma distração. — começou ela. — A minha irmã desapareceu há alguns dias e infelizmente ela ainda não voltou para casa. Tem sido muito triste para mim e para meu pai. 

Ela apertou o pingente no pescoço de forma sentida.

— E a cada dia que passa eu sinto uma angústia enorme. Então, estar aqui é uma forma de me distrair.

Seus olhos eram tristes, mas Hyoga nada disse, encarando-os. Ela olhou para a luta que recomeçava no meio da Arena e despediu-se sem olhar para ele.

— Acho que minha amiga está mesmo sentindo minha falta.

E entrou para a arquibancada, deixando Hyoga com sua inadequação. 

Ele encostou no parapeito e seguiu com os olhos a garota descer as escadas até a sua fileira. Burro, pensou. Ela sentou em seu lugar guardado pela amiga, que abraçou-a e começou a contar tudo que ela tinha perdido na maior animação. A garota arrumou o cabelo no seu rabo de cavalo e olhou direto para Hyoga mais em cima. Ele desviou o olhar.

Viu Pégaso e Dragão lutando.

E dessa vez eles não pareciam mais fingir.

"Seiya, eu vou lhe mostrar o golpe mais forte do Dragão, que meu Mestre me ensinou nos Cinco Picos Antigos de Rozan."

A voz de Dragão ecoava pelos alto-falantes e chamou a curiosidade de Hyoga para a batalha, afinal de contas. Viu do alto como o cosmo daquela garota inflamou e como seu punho fez com que Pégaso voasse muito próximo do enorme telão que os mostrava com muito mais detalhes.

— Mas que diabo, eles estão lutando pra valer! — comentou Hyoga, sozinho.

A batalha seguiu e Hyoga não desgrudou mais os olhos daquela luta; o suspense do Punho e do Escudo do Dragão, sua dramática destruição, a loucura dos dois lutando sem suas armaduras, a invasão de Andrômeda na Arena.

Aquele garoto e aquela garota lutavam por algo mais do que a glória daquela falsa Armadura de Ouro. Mas por quê?, perguntava-se Hyoga.

Perto dele, ele via como as pessoas não compreendiam a situação de Dragão quando ela caiu desacordada depois do embate final, pois para eles era somente mais uma cena daquele enorme espetáculo, quando ele tinha certeza que o punho de Pégaso havia ferido o coração da garota.

E quando Pégaso acertou o punho no coração de Dragão e a trouxe de volta, a plateia foi ao delírio ao seu lado, os alto-falantes ecoaram a voz dos narradores e muita festa se instalou dentro e fora do Coliseu. Ele sabia que os dois estavam gravemente feridos.

— Mas que diabos está acontecendo aqui?

A plateia começou a subir pelas escadas e o corredor em que ele estava encheu-se de gente; todos muito empolgados, lentamente voltando para suas casas. Entre as milhares de cabeças que se levantaram, Hyoga perdeu o rabo de cavalo que procurava.

Entrou novamente no banheiro e ali ficou até que todos saíssem do Coliseu.

 

—/-

 

Assim que saiu, o que ele esperava aconteceu muito mais cedo do que imaginava. Viu do seu andar como havia uma movimentação estranha do outro lado do andar em que estava, imediatamente à sua frente. Sombras na escuridão.

— Cavaleiros Negros… — falou ele, baixo, adivinhando que ele não tinha sido o único escondido no Coliseu para fazer das suas peripécias depois do horário.

O que será que queriam ali? Hyoga escondeu-se e tentou se aproximar de um grupo maior do que a dupla que havia encontrado no dia anterior. Próximo e alguns andares acima, Hyoga viu e compreendeu perfeitamente o que estava acontecendo. Alguns sujeitos iam roubar a Urna Dourada.

— Tem certeza que não seremos vistos? — perguntou uma voz.

— Sim, não precisa se preocupar. Já cuidei de todas as câmeras. — respondeu uma voz infantil; ele reconhecia aquela voz da outra noite. Eram mesmo os Cavaleiros Negros, mas não vestiam suas armaduras.

— E como abrimos a caixa?

— É Urna que se fala. — corrigiu a garotinha. — Todas elas têm um mecanismo para se abrir.

Hyoga viu claramente como a garotinha encontrou o dispositivo e a Urna se abriu lenta e majestosamente, deixando cobrir a Arena com um brilho dourado.

— Ceren!

— Fala baixo! — reclamou a garotinha. — Já disse que ninguém verá nada nas câmeras e não tem ninguém mais aqui.

— Que linda. — disse uma terceira voz.

E Hyoga, um andar acima também, pôde ver todo o esplendor de um totem dourado feito com várias partes de uma proteção de ouro. Sua figura era a de um centauro alado e um lindo arco em mãos.

Era verdade.

A Armadura era real.

E a estavam roubando.

Uma a uma, as partes daquela Armadura de Ouro foram retiradas de sua forma pelas três pessoas ali. Cuidadosamente, a garotinha fechou os lados abertos da caixa e deixou, dentro dela, um outro dispositivo. E finalmente fechou a Urna.

— Vamos. — disse alguém.

E foram.

A Armadura de Ouro roubada. Como poderia?, pensou Hyoga. O que faria uma Armadura de Ouro naquele lugar? Os Cavaleiros Negros, os Cavaleiros de Bronze lutando até morrer?

O que estava acontecendo?

 

—/-

 

Hyoga abandonou o Coliseu para seguir à distância aquele comboio de quatro jovens de mochilas andando pela rua ainda movimentada. A avenida do Coliseu era larga e de frente para o mar, de forma que os jovens atravessaram uma enorme faixa de pedestre e logo estavam caminhando pela orla.

Iam na direção das montanhas e Hyoga atrás deles para melhor compreender o que, afinal, estava acontecendo.

Assim que eles entraram para a praia e passaram por alguns grupos de jovens boêmios, Hyoga parou de segui-los.

Pois viu sentada na areia a garota de rabo de cavalo.

Chorando.


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Notas finais do capítulo

SOBRE O CAPÍTULO: Esse capítulo e arco foi das coisas mais divertidas de escrever. A ideia veio de Saintia Sho, que mostra um outro lado da história que já conhecíamos. Me inspirei nisso e transformei a história do Hyoga do mangá, que ele é enviado como assassino, para usá-lo como fio condutor de uma história que acontece enquanto Seiya e os outros lutavam na Guerra Galática. A perspectiva de Hyoga aqui é importante e foi muito divertido trazer a Shoko para dentro da história, além do encontro casual com o Seiya anteriormente.

PRÓXIMO CAPÍTULO: MELANCIAS E SEMENTES

O roubo da Armadura de Ouro, Cavaleiros de Bronze lutando ferozmente entre si e a presença dos Cavaleiros Negros tornarão a missão de Hyoga mais confusa. Não mais confusa do que aquela curiosa presença na praia.



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