Os Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda de Seiya escrita por Masei


Capítulo 25
Os Cavaleiros de Prata


Notas iniciais do capítulo

Os temidos Cavaleiros de Prata são enviados para punir os Cavaleiros de Bronze que precisam lutar por suas vidas. Marin diz algo misterioso para Seiya.



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As vagas do mar invadindo a faixa de areia; as ondas quebrando contra o paredão de pedra espumando. Repetindo por vezes sem conta essa dança do mar. Um túmulo improvisado na areia. Duas figuras postadas.

— Seiya de Pégaso. — começou a falar a voz de Misty, a mão no peito. — Por se envolver em brigas pessoais e violar as regras do Santuário, você está dispensado de sua obrigação como um Cavaleiro de Atena.

Marin ao seu lado, sua máscara prateada inexpressiva. A mão também no peito.

Fizeram uma leve mesura de respeito e finalmente viraram-se para o mar.

— Parabéns, Marin. — disse Misty. — Não imaginei que pudesse ser capaz de matar seu próprio discípulo.

— Vamos, Misty. Os outros estão nos esperando e há ainda mais quatro punições.

— Vá encontrá-los, Marin. — disse Misty. — Eu tenho uma missão a mais nas montanhas.

— Nas montanhas?

— Vá, Marin. Os outros precisam de você. — limitou-se a dizer Misty.

— Te esperaremos ao raiar do sol no lugar combinado. — concordou ela.

E Marin sumiu pelo caminho de areia.

Misty virou-se para o lado contrário, por onde aquele curto espaço de praia terminava em pedras e levantava-se por vales e bosques até espichar pelas montanhas adiante.

Antes que fosse finalmente embora, no entanto, Misty sentiu um cosmo próximo. Um cosmo forte.

— Quem está aí? — perguntou ele.

E o túmulo de Seiya explodiu areia para todos os lados, revelando-o são e salvo, sem qualquer ferimento no peito, mas puxando o ar com dificuldade.

— O que significa isso? Não me diga que… — Misty olhou adiante para as pegadas na areia. — Marin…

Um truque. Marin havia usado um golpe falso com seu cosmo, fazendo com que Seiya, no máximo, ficasse inconsciente para que o enterro parecesse real. E ali estava ele. Vivo. 

Levantou-se juntando forças e, ao ver Misty à sua frente, colocou-se novamente em guarda.

— Isso é ridículo. Você acaba de voltar de um túmulo e acha mesmo que terá alguma chance?

— Não me deixa outra alternativa.

Misty riu e mostrou a ele seu dedo indicador.

— Um dedo. — disse ele. — É tudo que eu preciso para te vencer, Seiya.

E aquele dedo empurrou o ar de forma que o garoto sequer pôde ver ou sentir, e ele voou pela noite mergulhando no mar violentamente.

Debaixo d'água, Seiya refletiu que a diferença de poderes era realmente imensa. Se Misty podia fazer o que fez com apenas um dedo, não havia qualquer chance para ele vencer. E ainda assim, cambaleando, saiu do mar encharcado. Tropeçou, foi ao chão, mas novamente colocou-se de pé.

— Isso é patético. — falou Misty. — Não tem nada mais ridículo do que ter um poder medíocre. Dizem no Santuário que o Cavaleiro de Pégaso venceu seus inimigos um após o outro, mas o que vejo aqui é uma figura apagada. Coberto de ferimentos, sangrando, o corpo sujo e patético. É isso que você é. Isso é o que são os Cavaleiros de Bronze.

Ajeitou sua capa dobrada no ombro.

— Deixa eu lhe explicar o que é o verdadeiro poder. Um vencedor de verdade conquista suas vitórias sem derramar uma gota de seu sangue. Sem ser atingido ou ter qualquer ferimento.

— Isso por acaso quer dizer que você nunca foi acertado, Misty?

Ele apenas sorriu.

— Se é assim, mesmo que eu perca, eu juro que vou acertar um soco na sua cara.

Seiya rasgou a areia com seus punhos na forma de meteoros em milhares de focos de luz violentos. E eles novamente pararam diante de Misty sem que ele precisasse fazer absolutamente nada. Seiya percebeu, no entanto, que a areia perto do inimigo recuava enquanto seu golpe era reprimido. Uma barreira de ar.

— Chegou a sua hora. — ameaçou Misty.

Tirou sua capa do ombro e a jogou no chão.

Seu cosmo era branco e ascendeu com força; Seiya sentiu uma enorme pressão vindo daquele Cavaleiro e buscou entender o que poderia fazer para sobreviver ao que viria.

— Não se preocupe que logo estará junto de sua Mestre Marin. — ameaçou Misty.

— O que quer dizer com isso?

— Ela tentou me enganar fingindo ter lhe matado. Será considerada uma traidora do Santuário. E a punição a traidores é a mesma que a sua. A morte.

Misty adiantou-se novamente com o dedo em riste. Era tudo que precisava.

— Furacão das Trevas!

Seiya notou primeiro uma pressão em seu estômago, mas nada que não pudesse suportar. Ledo engano, pois era apenas um disco, escuro como a noite, sugando todo o cosmo de Misty para um único ponto, que então pareceu engolir a própria força de Seiya, lançando-o de volta ao mar. Com tamanha violência que ele sequer afundou, mas quicou nas águas até arrebentar contra uma onda distante. Tudo em uma fração de um milésimo de segundo.

Seu sangue tingiu a areia e o mar de vermelho.

Uma dessas gotas caiu no pescoço perfeito de Misty.

— Que nojo.

Era inadmissível estar sujo. Misty era um guerreiro belo e conhecido por seu estilo sempre brilhante e elegante. Ele caminhou até as pedras do fundo da praia e ali tirou cada peça de sua fina roupa até que ficasse completamente nu.

Dobrou tudo com cuidado e deixou em cima de uma pedra na altura de seus olhos. Caminhou pela areia abrindo seus cabelos e pisou na água fria daquele litoral.

Foi até onde a água lhe batesse na cintura e, sob a luz do luar, limpou o sangue de Seiya em seu pescoço. Passou a água do mar no pescoço, nos braços e então ficou apenas olhando para a enorme lua iluminada no céu enquanto sua pele lisa secava.

As estrelas no céu.

— Não há nada abaixo deste céu e desta lua que seja tão belo quanto eu. — comentou ele, maravilhado.

Ouviu às suas costas, no entanto, como a água agitou-se de modo incomum.

Misty olhou e viu Seiya sangrando fora do mar, ofegante.

— Deveria ter ficado debaixo do mar.

— Eu pensei nisso. E então decidi vir te sujar mais um pouco.

— De que adianta sofrer tanto? Somente um milagre o faria me vencer.

— Pois então eu vou realizar um milagre!

Seiya disparou seus Meteoros, aproveitando que Misty estava nu dentro do mar, mas o cosmo de Misty ascendeu e a água, que antes batia em sua cintura, simplesmente abriu-se, revelando o corpo inteiro do Guerreiro de Prata. E novamente os meteoros não atingiram o corpo cândido de Misty.

E seu dedo levantou a água e Seiya, e jogou o Cavaleiro de Bronze de volta para a praia.

Mas quando a água voltou ao seu curso normal, Misty percebeu algo terrível. Algo que o fez cuspir seu próprio sangue na água salgada do mar. Um dos meteoros de Seiya havia atravessado sua barreira e atingido seu estômago.

— O que é isso? — perguntou Misty, assombrado.

— Isso é a dor. — respondeu Seiya.

Misty olhou para o garoto imundo na orla da praia.

— Agora é a minha vez de te ensinar algo. Para um guerreiro, não ter uma cicatriz não é motivo nenhum de orgulho. Nossas cicatrizes são nossas provas de coragem e bravura, são como nossas medalhas.

Seiya fez seu cosmo ascender forte e ameaçou.

— Você que não conhece a dor, jamais poderá me vencer!

O cosmo de Misty também aumentou, criando uma enorme redoma de energia que impedia a água de chegar até ele; um guerreiro fabuloso em sua mais esplendorosa beleza.

Seiya saltou para o ar e disparou novamente seus Meteoros com fúria.

— Um mísero golpe não é um milagre. — disse Misty.

Mas ele reparou que os Meteoros de Seiya estavam ainda mais lentos do que o normal e, por um instante, teve certeza de que as dores de seu oponente o haviam tornado ainda mais fraco. Pois foi justamente a sua enorme confiança que o impediu de ver muito antes o que se formava diante de seus olhos. Os Meteoros de Seiya não se espalharam como antes, mas concentraram-se em um único ponto brilhante que desceu como um cometa.

Tarde demais, Misty esticou seus braços pela primeira vez para segurar o que parecia ser um Cometa de Pégaso. Sua barreira não parou o poder de Seiya e Misty foi fatalmente atingido no peito. A água que antes se abria diante de seu cosmo o engoliu.

Seiya voltou ao chão, ofegante, sem saber se havia mesmo atingido seu oponente.

Sua respiração e as ondas quebrando era tudo que escutava e Seiya teve certeza de que havia vencido. Quando respirou aliviado, viu Misty novamente levantar-se nu das águas.

Colocou-se em guarda novamente.

Misty veio caminhando do mar; passou por Seiya andando calmamente e encontrou suas roupas dobradas na pedra. As vestiu elegantemente, uma após a outra. Completamente encharcado, mas novamente com a capa dobrada no ombro. Seiya pronto para o reinício da batalha.

Mas quando Misty virou-se para ele, havia sangue escorrendo de sua boca e de sua testa.

— Talvez seja mesmo como você disse. — falou Misty, com a voz trêmula. — Talvez eu apenas tivesse medo de me ferir em batalha. Já você… 

Sua voz vacilou.

— Você arrisca sua própria vida para não se entregar. Para vencer. — Misty cambaleou. — E venceu.

Sua voz falhou finalmente e seu corpo caiu no chão, morto.

Estafado, Seiya caiu de joelhos na areia procurando o ar, pois seu corpo relaxou da batalha e o seu cansaço o apagou desmaiado na areia ao lado do corpo morto de Misty.

 

—/-

 

O sol abria-se lentamente na praia quando Marin retornou àquele trecho deserto para encontrar o corpo morto de Misty e o corpo moribundo de Seiya, ainda desacordado.

Não estava sozinha, pois junto dela um homem corpulento, cheio de cicatrizes e uma tatuagem imensa no rosto acompanhava um rapaz magro de cabelo curto.

— O que aconteceu aqui? Misty! — adiantou-se o enorme homem para tomar o corpo de Misty nos braços. — Por Atena, Astério, Misty está morto! — anunciou ele, chocado.

— O que significa isso, Marin? Este não é o seu discípulo, Seiya? — falou o segundo rapaz ao atender o corpo de Seiya. — Ele está vivo.

Astério levantou o corpo de Seiya e percebeu que ele ainda respirava.

— Disse que havia matado Seiya. — falou Astério para Marin, mas ela nada respondeu.

— Como é possível Misty estar morto? — perguntava-se o homem corpulento. — Não deve achar que Seiya o venceu em batalha. Isso é impossível.

— Isso já não importa mais, Moisés, pois diante de nós está uma traidora. — anunciou Astério.

— O quê?! — exclamou Moisés.

— Não adianta se calar, Marin, pois eu posso ler todos os seus pensamentos. O que sua máscara esconde, o meu cosmo revela à luz.

Houve um silêncio tenso entre as três figuras, enquanto as ondas batiam no mar.

— Então é mesmo verdade o que dizem sobre você, Astério. — falou finalmente Marin. — Nesse caso, não há nada para ser explicado.

— Moisés, Marin enganou Misty com um golpe falso em Seiya. É uma traidora do Santuário e, como tal, também deve pagar com sua vida.

— Mas Astério, sem Marin não teremos como encontrar os outros traidores. — protestou Moisés.

Marin estava impassível e sua máscara escondia suas intenções. Não de Astério.

— Acha que ficará viva só porque é a única que consegue rastrear os traidores? Não se engane, Marin. — disse ele. — Pois eu tenho certeza que Seiya irá nos ajudar, se a Mestre dele estiver em perigo.

Moisés deixou escapar um profundo desapontamento em seu rosto.

— Droga, Marin. — reclamou ele. — Não acredito que nos traiu dessa forma. Misty agora está morto! — disse ele. 

Ela nada disse a Moisés, novamente.

— Inferno, é lamentável que seja uma traidora, mas a punição precisa ser o exemplo. — disse ele.

E o enorme homem partiu pra cima de Marin, que esquivou-se saltando para o alto.

— Moisés, ela não está no ar! Está atrás de você! — gritou Astério para o amigo.

Marin disparou os Meteoros que ensinou a Seiya à queima-roupa.

— É outra ilusão, Moisés, ela está embaixo de você.

E, com precisão, quando Moisés se virou ele imediatamente aparou o gancho de Marin, que lhe vinha de baixo. Aproveitou a manobra e trancou o punho da traidora com suas duas mãos; seu cosmo enorme e oceânico ascendeu e ele a lançou para o alto.

— Desculpe-me, Marin. Força Explosiva de Cetus! — gritou sua voz de trovão.

— Não a mate, Moisés! — lembrou Astério.

Marin foi arremessada para o ar, mas muito pior do que isso, ela percebeu que seu corpo estava paralisado por um cosmo que a rodeava, deixando-a completamente indefesa quando tornou a cair para a praia.

Seu corpo encontrou um gancho poderoso do enorme Moisés, que a deixou completamente inconsciente e inerte na praia.

 

—/-

 

O sol já estava amanhecido quando Moisés jogou água no rosto de Seiya e o acordou de seu enorme cansaço. Ao abrir os olhos, viu acima de si rostos desconhecidos e pouco amigáveis. Sobressaltou-se e tentou escapar daqueles estranhos.

— Quem são vocês?

— Seus carrascos. — respondeu Astério. Moisés o segurava e o obrigou a ver Marin no mar.

Ela estava presa de ponta cabeça a um tronco de árvore fincado no mar; a água batia próxima aos seus cabelos soltos. 

— Marin! — gritou Seiya, tentando se desvencilhar dos braços de Moisés, inutilmente.

— Opa. A maré está aumentando, se quiser que ela viva, conte-nos onde estão os outros Cavaleiros de Bronze. — falou Astério.

— Esqueça isso. Eu vou me soltar, vou vencer vocês dois e vou salvar a Marin! — disse Seiya, confiante e delirante.

Astério deu risada.

— Eu não sei a sorte que deu contra Misty, mas seu destino já está selado. Se não vai nos ajudar, acho que está na hora de entregar sua punição. Fique à vontade, Moisés. Ele é todo seu.

O homenzarrão sorriu, mas assim que levantou Seiya pelo pescoço, a areia da praia se levantou e varreu Astério e Moisés, deixando-os cegos por um instante. Seiya caiu, novamente ofegante.

Quando voltaram a se levantar, um garoto estava diante deles.

— Quem é você?

— Sou Shun, o Cavaleiro de Andrômeda.

E Shun, assim como Seiya e todos eles, estava sem a sua Armadura Sagrada.

— Ora, mas que sorte imensa. Nós aqui pensando em como fazer Seiya nos dizer onde estão vocês, e aqui está mais um destinado a morrer por ordens do Santuário. — falou Astério.

— Quem são vocês?

— Seus carrascos. — respondeu Moisés avançando até Shun, que esquivou-se da investida saltando graciosamente.

— Estamos sem nossas Sagradas Armaduras, não devemos lutar! — falou Shun, preocupado.

— Estamos sem nossas Armaduras exatamente porque elas não devem ser usadas em lugares como esse. O Segredo dos Cavaleiros de Atena deve ser protegido. — falou Astério.

— Pois então essa luta se encerra aqui. — falou Shun.

— Ela só se encerra com a punição cumprida. — respondeu Moisés, novamente jogando-se até Shun.

Shun usou então seu cosmo para levantar uma enorme nuvem de areia, deixando Moisés perdido dentro dela.

— Do seu lado esquerdo, Moisés! — gritou Astério.

E Moisés girou em seu eixo e acertou Shun em cheio, sem que pudesse ver nada. Shun foi arremessado contra uma pedra, perdendo o ar.

O garoto un se levantou com dificuldades, pois a força daquele homem enorme era imensa.

— Esse seu truque não vai funcionar. A sua derrota é certa, garoto. — falou Moisés.

O enorme homem avançou e seu soco quebrou a pedra atrás de Shun, já que ele esquivou-se para o céu, novamente, aterrisando próximo à água do oceano.

— Moisés, tome cuidado. — alertou Astério. — Por algum motivo, ele quer que você o jogue no mar.

Shun olhou para Astério, assombrado.

— No mar? — riu Moisés. — Se ele quer ir pro mar, eu vou fazer com que ele vá até o mar.

Moisés avançou e acertou Shun com seu ombro no estômago dele, arremessando o garoto para o mar.

— Seu idiota! — falou Astério. — Eu avisei que era isso que ele queria.

— Deixe isso comigo. — falou Moisés para Astério, pois no mar o Cavaleiro de Cetus era soberano.

Moisés caminhou no mar e, conforme caminhava, a água se abria para ele.

O corpo de Shun revelou-se na areia cheia de crustáceos que ficou quando a água se levantou para ele caminhar. 

— Era o mar que você queria? Pois é no mar que você vai ficar.

Levantou o corpo de Shun, ainda vivo, e o lançou no ar.

— Força Explosiva de Cetus!

O corpo de Shun foi ao ar paralisado pelo cosmo de Moisés e caiu em seu gancho poderoso. Assim como Marin.

Moisés deixou o mar com o corpo desacordado de Shun e largou-o na areia; olhou debochado para Astério e buscou outro tronco maior no bosque que se iniciava.

— O que pensa que vai fazer? — perguntou Astério.

— Achei que pudesse ler nossos pensamentos. — retrucou Moisés.

Astério se calou, pois entendeu o que Moisés queria; se não viessem por Seiya, talvez viriam por ele e Shun. E assim não precisariam de ninguém para encontrar os Cavaleiros de Bronze, pois eles iriam até aquela armadilha maldita.

Moisés fincou outro tronco no meio do mar, trouxe Shun e o acorrentou no tronco de ponta cabeça com correntes encontradas em uma calha próxima abandonada por um velho pescador.

— Que ironia enorme. — falou Moisés para o corpo desacordado de Shun enquanto o prendia. — Dizem que nas histórias antigas a princesa Andrômeda foi sacrificada para o monstro Cetus. Naquela ocasião, ela foi salva. Dessa vez, eu acho que o monstro vai vencer.

Assim que terminou a prisão de Shun, virou as costas e voltou à margem calmamente.

E, conforme caminhava, atrás de si as águas se fechavam.

— Moisés, cuidado!

As águas que se fecharam atrás de Moisés se revoltaram como se uma tormenta chacoalhasse o oceano e, embora seu cosmo fosse enorme e comandasse as águas calmas, o Cavaleiro de Prata se viu no centro de um tufão que seu cosmo não conseguia acalmar.

Esse tufão levantou vôo e Moisés foi engolido por ele, rodopiando com fúria até que fosse arremessado contra a pedra do fundo da praia. 

Shun reapareceu na margem com a corrente enferrujada na mão direita; ela não era grande o suficiente, portanto Shun correu na direção de Moisés e disparou sua Onda Trovão, que acertou o queixo do Guerreiro de Prata, colocando-o desacordado no chão. 

— Então era isso. — comentou Astério. — Queria as correntes?

Shun não respondeu.

— Não adianta ficar calado, pois posso ler seus pensamentos.

Shun atacou da mesma forma com sua Onda de Trovão, enviando sua corrente enferrujada contra Astério; mas ela simplesmente atravessou a figura risonha do guerreiro. O garoto não entendeu nada, mas percebeu que Astério estava parado ao seu lado. E do outro, e atrás, e por cima. E por todos os lados.

O garoto reagiu rápido e passou a corrente enferrujada para sua mão esquerda e, com ela, criou um escudo, de forma que ela rodopiasse ao redor de seu corpo. Sem precisar ler mente nenhuma, ele sabia que ia ser atacado por todos os lados.

— Ataque dos Milhões de Fantasmas!

De todos os lados, os feixes de luz do punho de Astério arrasaram com aquele arremedo de corrente que Shun tinha, e o jovem garoto foi finalmente atacado de forma determinante. Foi ao chão, vencido.

— É realmente impressionante o seu controle com correntes, Andrômeda. — comentou Astério. — Mas esse é o seu fim.

O Guerreiro de Prata caminhou na areia para dar a punição máxima a Shun, que já se recompunha com muita dificuldade.

Astério, no entanto, estacou onde estava, pois sentiu com violência um enorme cosmo invadir a praia ao ponto de paralisá-lo diante do corpo sofrido de Shun. Quando virou-se para ver o dono daquela energia imensa, viu a máscara prateada de Marin. As correntes na mão esquerda, rompidas, ela deixou na areia enquanto marchava até Astério.

— Marin, como foi que… 

Ela nada disse.

— Não interessa. Veja o resultado. Todos os traidores estão sendo punidos um a um e você será a próxima.

Nada disse.

— Não adianta se calar, pois eu posso ler os seus… Os seus pensamentos. O que está acontecendo? — desesperou-se Astério pela primeira vez. — Eu… eu não consigo ler seus pensamentos, é como se sua mente estivesse vazia! Como isso é possível?

Marin nada disse.

— Não importa, meu ataque vai cobrir todas as suas escolhas! — disse ele, multiplicando-se em vários Astérios espalhados ao redor de Marin.

Mas Marin precisava encontrar apenas um; pois existia, de fato, apenas um. E Astério assombrou-se quando viu que atrás dele estava o voo incrível de Marin, que fez sua voz soar pelos mares junto de seu enorme cosmo.

— Lampejo da Águia!

Ela acertou uma voadora brilhante em Astério, que caiu, vencido, na areia.

 

—/-

 

Shun levantou-se, finalmente, com dificuldades, e viu o corpo estendido de Astério, vencido, à sua frente. Seus olhos continuaram pela faixa de areia e viram Marin caminhar na sua direção.

Ela nada fez e passou por ele. Shun levantou-se e foi direto em Seiya que, mesmo vivo, sofria dores imensas.

— Seiya. — chamava ele. — Seiya, acorde!

— Shun? — perguntou ele, delirando de cansaço.

— Sim, Seiya. Estou aqui. 

— Marin. Onde está Marin? — levantou-se ele, finalmente.

E viu que Marin estava na sua frente olhando para eles.

— Ah… Marin. — aliviou-se ele ao ver aquela máscara prateada.

Seiya então lembrou-se de que ela estava ali para punir seus pecados.

— Marin, eu…

— O que pensa que estava fazendo? — perguntou ela, direta.

— Eu… — Seiya não conseguia responder.

— Disse que ia atrás de sua irmã. — disse ela, severa. — Participar de um torneio e expor a todas as pessoas o segredo dos Santos Cavaleiros. Usar sua Armadura para um espetáculo como aqueles. — elencou ela, de maneira muito dura.

— Perdão, Marin… — limitou-se a dizer Seiya.

— Não é a mim que você precisa pedir perdão. — disse ela, dura. — Você deve se portar como alguém que deve lutar e defender a justiça. Eu estou profundamente envergonhada de você, Seiya.

Seiya sequer conseguia olhar para aquela máscara prateada.

— Há algo muito estranho instalado no Santuário de Atena. — disse ela. — E vocês estão brincando de lutar?

— Não acontecerá mais. — foi Shun quem respondeu, por ele e por Seiya.

Ela deixou os dois e foi ter com Moisés que, aos poucos, se levantava.

— Onde vai, Marin? — perguntou Shun.

— Eu vou descobrir o que está acontecendo no Santuário. — disse ela, ajudando Moisés a se levantar.

— Como podemos ajudar? — perguntou Shun.

— Não podem. — resumiu ela. — Vamos, Meko, levante-se, grandão.

— Marin… — disse Moisés, cansado. — O que está fazendo? Você vai mesmo trair o Santuário, Marin? — disse o grandão.

— Cale a boca, Meko. — disse ela, levantando Moisés. — Ainda temos que escalar essas montanhas.

Seiya tinha lágrimas no rosto, mas buscou algumas palavras em seu peito.

— Marin, eu…

— Não há nada para ser dito, Seiya. — disse Marin, ríspida, sem sequer olhar para ele. — Chega de falar. Você é um Cavaleiro Santo de Atena. Comece a agir como um e proteja Atena.

E, escorando o enorme Guerreiro de Prata, Marin seguiu adiante para as trilhas da montanha.

Seiya ficou ao lado de Shun com o coração apertado de tristeza.


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Notas finais do capítulo

SOBRE O CAPÍTULO: Eu escolhi fazer os Cavaleiros de Prata virem para a cidade sem suas Armaduras de Prata, para justificar eles serem vencidos por Seiya e seus amigos. O Moisés de Cetus/Baleia terá esse novo nome, Meko, que mais tarde será explicado o motivo, então fiquem ligados.

PRÓXIMO CAPÍTULO: ATENA

Uma grande revelação vai chacoalhar os Cavaleiros de Bronze.



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