Os Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda de Seiya escrita por Masei


Capítulo 10
A Silhueta na Névoa


Notas iniciais do capítulo

É chegado o dia da batalha contra os Cavaleiros Negros. Esperando pelo retorno de Shiryu, uma silhueta na névoa confunde Seiya e Shiryu.



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O Vale da Morte é uma região alta e muito estreita entre duas montanhas de acesso difícil. Mas uma vez dentro do Vale, era muito claro o motivo pelo qual a população local o chamava assim; a entrada era marcada por uma caverna que lembrava a cabeça de um leão de boca aberta. Uma névoa e um cheiro podre de enxofre dava ao lugar uma sensação nauseante. Não havia árvore, planta ou qualquer tipo de vegetação ou animal. Era um lugar mesmo morto.

Seiya e Shun aguardavam a chegada de Shiryu nesse lugar horroroso; apreensivo, Seiya percebeu no céu um estranho helicóptero sobrevoar os altos penhascos.

— Acalme-se, Seiya. — disse Shun ao ver o amigo andar de um lado para o outro. — Tenho certeza de que Shiryu vai voltar com as Armaduras.

— Não me importa a Armadura, eu estou preocupado é com ela. Há dias que tenho um pressentimento de que ela pode não estar bem.

E tanto Shun quanto Seiya escutaram passos vindo ao longe; a certeza de que vinha alguém mas, encoberto pela névoa, apenas a silhueta da pessoa podia ser vista. Os longos cabelos e uma Urna nas costas encheu o peito de Seiya de esperança.

— Shiryu! — adivinhou o amigo.

Mas quem cruzou a névoa não era quem esperavam. Era quem menos esperavam, pois era, na verdade, Saori Kido. Seus cabelos roxos soltos, um traje de batalha, o que parecia ser uma Armadura protetora e a Urna da Armadura de Ouro nas costas.

— Senhorita Saori? — perguntou Shun.

— Só Saori, Shun. — respondeu ela com certa doçura.

— O que está fazendo aqui? — perguntou Seiya.

— Shun, eu compreendo os motivos de você estar aqui, mas Fênix desafiou a mim para que viesse recuperar a Armadura de Ouro. Eu não poderia pedir a ninguém que viesse em meu lugar.

— Mas, senhorita…

— Saori… — corrigiu ela.

— Saori, você sabia que nós viríamos, não tem nenhuma necessidade de você correr nenhum perigo. — disse Shun.

— Não vou deixar que ninguém lute em meu lugar, Shun. — respondeu ela com força.

Saori deixou a Urna dourada que trazia no chão e Seiya viu o pingente de Pégaso reaparecer no seu pescoço. Ela trazia algo também que estava amarrado em cima da Urna de Ouro, um tipo de caixa muito menor que a Urna; ela tirou e deu a Seiya.

— Seiya, caso Shiryu não chegue a tempo, eu pedi para que a Fundação criasse essa Armadura para que você não precise ir sem estar protegido.

— Eu não preciso da sua proteção, eu tenho certeza que a Shiryu vai voltar.

— Eu também tenho, Seiya. Mas talvez seja tarde quando ela estiver de volta e eu não gostaria que você se ferisse entrando no Vale sem proteção.

Seiya ficou surpreso que Saori tenha tido todo esse trabalho e preocupação com ele; olhou para ela, e ela parecia muito diferente daquela princesa que se acostumou a ver distante no camarote do Torneio. Ou até mesmo daquela criança megera e mimada que explorava os menores quando vieram a morar juntos na Fundação antes de ir ao seu treinamento.

O que Seiya via na sua frente era uma garota séria, vestindo um tipo de Armadura desconhecida, com os olhos certos de sua missão e preocupada com o bem estar dele. Em nenhum momento passou por sua cabeça usar aquela Armadura falsa, mas ele experimentou duvidar se aquela garota era mesmo tudo aquilo de ruim que ele pensava dela.

— Veja, Seiya! — disse Shun.

Sentiram os dois um cosmo fraco claramente vir até eles.

— Agora é ela! — exclamou Seiya, contente.

Mas estava errado de novo. Quando a névoa se dissipou, havia apenas uma Urna de Armadura.

— A Armadura… de Pégaso. — espantou-se Shun.

A Urna imediatamente reconheceu Seiya, pois ela se abriu com enorme esplendor, fez afastar o mau agouro do Vale da Morte com sua figura alada que revelou-se no maravilhoso Pégaso. Cintilante, ela vibrou com o coração de Seiya e se despedaçou no ar para vestir seu corpo de maneira espetacular. Saori ficou maravilhada com a revelação de Pégaso.

Seiya sentia que sua Armadura estava renovada, em perfeita condição. Mas muito mais do que isso, não estava apenas restaurada, havia algo a mais nela.

— É incrível. — disse Seiya. — Ela está ainda mais poderosa.

— Shiryu… — lamentou Saori.

— Tem mais alguém aqui, Seiya. — disse Shun.

Ele sentia uma certa vibração da corrente, não como se estivesse diante de um inimigo, mas certamente havia uma pequena tensão de alguém que se escondia na névoa. Shun lançou a corrente e atingiu alguém no ar.

— Aiaiaiai! — reclamou a criança.

— Quem é você? — perguntou Seiya.

— Ai, isso é jeito de receber um viajante?! — perguntou o garoto.

— Vamos, diga, quem é você?

— Eu sou Kiki, aprendiz de Mu. Eu vim trazer a Armadura de Pégaso, porque a Shiryu não estava em condições de vir.

Todos viram a criança de cabelos rebeldes, roupas simples e duas pintas claras na testa. O mesmo peste que havia testado Shiryu em Jamiel.

— Como assim não pôde vir? Onde está Shiryu? — perguntou Seiya.

— Ela não pode vir… a mestre Mu disse que precisaria da vida de Shiryu para consertar as Armaduras de Bronze.

— Da vida dela? — perguntou Seiya e todos ficaram em choque. — Quer dizer que… ela se sacrificou pela minha armadura? — perguntou-se Seiya.

Kiki então contou a Seiya o que havia acontecido em Jamiel.

Disse a ele que as Armaduras de Bronze são tão vivas quanto qualquer outra coisa, e que no estado de destruição a que haviam chegado até Mu, as Armaduras poderiam se considerar mortas, como aquelas espalhadas pelo Cemitério das Armaduras. No entanto, havia uma possibilidade de trazer de volta uma Armadura nesse estado: o sangue de um Cavaleiro.

Para que uma Armadura recupere sua vida, é preciso de muito sangue de Cavaleiro e, no caso deles, havia não apenas uma, mas duas Armaduras a serem restauradas. E Shiryu aceitou o sacrifício e derramou seu sangue para que as Armaduras pudessem voltar à vida. — Quando saí de Jamiel, Shiryu estava à beira da morte e a mestre Mu disse que dependia apenas dela e de seu cosmo para não morrer.

— Shiryu... — lamentou Seiya.

Sentiu dentro de si um medo enorme de que seu pesadelo fosse mesmo realidade e que Shiryu morreria para lhe dar uma chance. Mas se havia alguém que sabia da fibra de Shiryu, era Seiya; e lembrou que Shiryu já havia morrido uma vez e retornado à vida. 

Decidiu então confiar na amiga. Confiar que ela viria.

— Ah, Shiryu… eu vou lutar por você! — e então virou-se para Shun. — Vamos. Vamos encontrar sua irmã. — disse ele, sorridente. — Tenho certeza que a Shiryu vai voltar viva.

— Certo, Seiya. — respondeu Shun, contente com o amigo.

— Esperem. — pediu Saori.

Ela tinha nas mãos quatro sinos dourados que soavam agudos e claros.

— O complexo de cavernas e reentrâncias do vale é traiçoeiro. Se nos perdermos uns dos outros, o som do sino poderá nos dizer onde estamos. — disse ela enquanto, gentilmente, amarrava um sino no punho de Shun, no de Seiya e no dela própria. — Assim não nos perderemos.

— Saori…

— Nossas pesquisas dessa região mostram que há várias entradas e é muito fácil se perder nesse lugar, mas também pudemos ver que os Cavaleiros Negros estão na verdade espalhados pela região do vale. E eu acredito que, assim como sua irmã fez com os outros Cavaleiros Negros, é possível que ela tenha espalhado as partes da Armadura com esses outros Cavaleiros. Eu irei atrás deles e vocês podem ir direto até Ikki, que está na parte mais funda do Vale.

— Está dizendo que vai enfrentar os Cavaleiros Negros sozinha? Está louca? — perguntou Seiya e Kiki quase juntos.

— Não, Saori. — protestou Shun. — Se o que você diz é verdade e há tantos caminhos assim nesse vale, então nossa melhor chance é nos separarmos. E se você estiver com todas as partes da Armadura de Ouro que você carrega…

— Vai ser uma presa fácil e eles podem fugir antes mesmo de chegarmos até a Ikki. — disse Seiya. — E se tivermos que enfrentar os Cavaleiros Negros, a gente vai lutar e vai vencer! — disse ele, confiante.

E ficou decidido. Cada um levaria uma parte da Armadura de Ouro e se separariam dentro daquele vale. Antes de partir, no entanto, Seiya pediu a atenção de Saori e pediu pelo quarto sino que ela havia trazido.

— Ué, onde está aquele moleque? — perguntou Seiya sem encontrar Kiki.

— Ah, Seiya… — falou Saori e o garoto espevitado estava atrás dela, na verdade.

O garoto Kiki olhava com muita curiosidade a Armadura que Saori usava e inspecionava cada parte com suas mãos, com seus olhos, tocava na Armadura, dava algumas batidinhas em aparente confusão.

— Mas que Armadura horrorosa é essa? — comentou ele. — Isso é aço? Argh, mas que horror.

Seiya sorriu e pediu pela atenção do garoto.

— Kiki, não é? Escute, quero que espere aqui por Shiryu. E quando ela chegar, entregue isso para ela. É para nos encontrarmos lá dentro. — disse ele, sorridente.

— Do jeito que aquela garota é teimosa é bem capaz de que ela venha até aqui mesmo. Mas se ela não chegar eu vou embora, já estou avisando!

Seiya sorriu para o garoto e Saori viu como ele estava confiante; percebeu a certeza que ele tinha que Shiryu voltaria. Ela sorria sem que ele pudesse ver, mas assustou-se quando ele olhou direto para ela antes de partirem.

— E você tome cuidado. — disse ele sério.

 

—/-

 

Separaram-se.

Saori desceu por uma encosta e, ao longe, ainda podia escutar de forma aguda, mas muito baixa, os sinos tilintando. A descida era desafiadora para ela, que não tinha exatamente um treinamento de Cavaleiro, e com muita dificuldade e ajuda de sua Armadura ela conseguiu chegar a um pequeno platô. 

— Ora, mas isso é maravilhoso. — comentou uma voz.

Saori alertou-se e viu à sua frente, em uma pedra mais alta, um Cavaleiro Negro. Ela armou em guarda.

— Nós não esperávamos que você viesse. A princesinha da Fundação, mas que honra! — debochou ele.

— Onde está a Armadura de Ouro? — perguntou Saori.

O Cavaleiro Negro chutou a parte da Armadura de Ouro que ele trazia e ela parou ao lado de Saori.

— Eu suponho que esta Urna que você trouxe não esteja vazia. Pois muito bem, deixe ela aí e volte pra sua vida de princesa. É a chance que eu te dou.

Saori, que não era tonta nem nada, pegou a Parte da Armadura que o Cavaleiro Negro havia lhe chutado e desatou a correr pelo platô em fuga. Sua Armadura lhe ajudava a não se estabanar nas quedas mais altas e ela chegou a descer ainda mais, atravessando o vale para o outro lado, apenas para ser surpreendida novamente pelo Cavaleiro Negro à sua frente.

— Não seja ridícula, garota. — disse ele. — Me dê a Armadura de Ouro!

— Nunca! — disse Saori e novamente armou a guarda para gargalhada do Cavaleiro Negro.

— Que seja, você teve a sua chance! Assim eu sequer vou me arrepender de acabar com você!

O Cavaleiro Negro avançou e Saori experimentou defender-se com sua Armadura, mas claramente não era páreo para ele e foi arremessada contra as pedras, e a Urna sendo jogada para o outro lado.

— Não! — gritou ela ao ver o Cavaleiro Negro segurando a Urna na mão.

— Cale-se! — disse ele, e de seu punho uma brisa gélida foi disparada na direção de Saori.

Ela colocou o braço na frente e a armadura mecatrônica sugou a energia cósmica gelada do Cavaleiro Negro.

— O que é isso?

E então Saori disparou a onda gelada de volta ao Cavaleiro com dez vezes mais da força e o homem, desprevenido, acabou sendo atingido por seu golpe e largando a Urna novamente no chão. Ele se levantou revoltado.

— Acabou pra você. Eu vou ter a honra de te matar!

— Eu não teria tanta certeza! — disse uma outra voz no vale.

O Cavaleiro Negro hesitou ao tentar descobrir de onde aquela voz vinha, quando percebeu que havia começado a nevar. Ele então sorriu, pois sabia de quem se tratava.

— Ora, então você também veio! — disse ele. — Apareça! Finalmente vamos poder decidir quem é digno de carregar a Constelação de Cisne.

— Não seja ridículo, é inútil me enfrentar. Você não estaria aqui se não tivesse sido salvo. — disse o rapaz, aparecendo finalmente. — Vou lhe fazer a mesma oferta que havia feito, deixe a Armadura de Ouro e fuja daqui para o seu próprio bem.

— É o que vamos ver! Vai se arrepender de ter feito nevar e vai morrer por ela. Sinta a minha Nevasca Negra!

A neve que antes caía com muita tranquilidade agitou-se ferozmente e atacou o Cavaleiro de Cisne com violência, mas sem que ele sequer se movesse para tentar desviar ou evitar o ar frio. Ela o varou por completo, mas não fez qualquer efeito. 

— Seu ar frio é fraco demais. Da outra vez que lutamos naquele bosque, você havia conseguido até congelar a superfície do meu corpo; agora sua técnica é inútil, já que a conheço. 

— Mas não é possível!

O Cavaleiro de Cisne apenas apontou o dedo para o Cavaleiro Negro e ele se viu envolto por cristais de gelo, deixando-o incapaz de se mover.

— O que são essas argolas de gelo? Eu não consigo me mover. E elas… elas ainda parecem que estão aumentando!

— Você não poderá escapar do Círculo de Gelo, não importa o que tente fazer. Apenas eu poderei livrá-lo dessas amarras. — disse o Cavaleiro de Cisne. — Eu vou embora daqui com a Armadura de Ouro e você não poderá fazer nada.

— Jamais. Eu não vou me render. Não vou perder para vocês. Vai ter que me matar se quiser levar a Armadura daqui! — ameaçou o Cavaleiro.

— Muito bem. — disse o Cavaleiro de Cisne, calmamente. — Se é isso que deseja, prepare-se para o que te espera, Cisne Negro. Seu destino está selado. — ameaçou ele.

A neve que havia retornado à sua calmaria foi conjurada pelo Cavaleiro de Cisne e concentrou-se ao redor de seu punho; o cosmo gélido e branco do Cisne baixou drasticamente a temperatura e, com força, a voz do rapaz soou forte contra o vale.

— Trovão Aurora!

A neve que antes agitava-se ao redor de seu punho, levantou-se feito um tornado de gelo e varreu o Cavaleiro Negro do chão.

— Não mate ele! — gritou Saori.

O Cisne Negro viu-se completamente congelado de cabeça para baixo, contra a rocha do vale.

— Escute, Cisne Negro. Você parece ter a sorte ao seu lado, pois eu poderia transformá-lo para sempre em uma estaca de gelo, mas parece que você ganhou uma nova chance.

Cisne Negro tinha apenas a cabeça e o braço esquerdo descongelados.

— Poderá sair daí quando já estivermos longe daqui. — disse o Cavaleiro de Cisne e virou-lhe as costas; juntou as partes da Armadura de Ouro, a Urna e entregou a Saori.

Ela olhou para o Cavaleiro de Cisne e viu um rapaz mais novo do que ela, de olhos claros penetrantes e uma armadura absolutamente branca como a neve e um diadema no formato de um lindo cisne branco com suas asas abertas.

— Quem é você? — perguntou ela.

— Eu sou Hyoga, o Cavaleiro de Cisne.

— Hyoga…?

— Eu fui enviado para punir os Cavaleiros que lutaram naquele Torneio ridículo.

Saori imediatamente tornou-se defensiva e segurou mais forte na Armadura de Ouro, adivinhando que ele também estava ali atrás dela, mas Hyoga não esboçou nenhuma reação.

— Não sou seu inimigo. — disse ele, de maneira fria.

E então ajoelhou-se na frente de Saori.

— E sei quem você é.


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Notas finais do capítulo

SOBRE O CAPÍTULO: Aqui é onde as coisas começam a ficar diferentes. =) A ideia da silhueta veio exatamente da imagem do Shiryu aparecendo no Anime cheio de mistérios. Mas no lugar dele (ou dela, nesse caso), eu coloquei Saori aparecendo para lutar. A ideia era dar mais fibra para ela, afinal de contas o convite foi feito à Fundação Graad e não aos demais. Também quis trazer a ideia da Armadura de Aço para que não tivéssemos personagens extras, mas fosse uma proteção para ela. A cena é boa também para criar ainda mais conexão entre Saori e Seiya. Ela lutando contra Cisne Negro foi super divertido fazer, bem como a revelação que o Cisne já a conhece. =) Adoro esse capítulo.

PRÓXIMO CAPÍTULO: O TERROR DA MORTE NEGRA

A batalha contra os Cavaleiros Negros segue e Seiya terá de enfrentar um terror interno.



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