Os Seis Garotos de Albus Potter escrita por Morgan


Capítulo 6
Sexto ato: Johnny Longbottom




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Aos 19 anos, Albus pôde deixar de dizer que aquela situação com Peter Thomas-Finnigan havia sido seu ato mais importante, pois fez com que ele fosse sincero com os pais e os amigos, porque aos 19 anos Albus percebeu algo muito maior e infinitamente melhor.

Era uma noite de sábado e Albus tentava com todas suas forças ignorar seus deveres acadêmicos pelo fim de semana, mesmo que ele tivesse decidido usar o fim de semana em questão para se sentir miserável. Fazia quase um ano que estava na faculdade e ainda não havia se acostumado com o ritmo frenético das coisas – muito menos depois de arranjar um orientador acadêmico. Seu único alívio era saber que estava nessa com seus melhores amigos de infância. Bom, quase todos. Roxanne havia desbandado ao ganhar uma bolsa de estudos na França, onde agora morava no antigo quarto de sua tia Fleur até Dominique se formar e elas poderem dividir um apartamento.

Mas o resto deles estavam reunidos como sempre. Scorpius estudava Arquitetura assim como Rose enquanto Johnny, contrariando todas as apostas em Administração, escolheu Direito.

Todos os amigos tentavam carreiras de sucesso e pensando em equilibrar isso com um pouco de incerteza e arte, Albus escolheu Literatura, pois não havia nada que gostasse mais do que ler – e eventualmente escrever também.

A faculdade havia sido um sopro de renovação para os amigos. Depois de Diego Wood, Albus decidiu que Johnny estava certo: chega de se apaixonar primeiro. Na verdade, Albus quase deu um chega totalmente em garotos. Acontece que a faculdade era maior, assim como Manchester e alguns beijos e noites ocasionais ainda não estavam totalmente fora da lista de Albus. De qualquer forma, as coisas haviam melhorado. Começando por Scorpius e Rose que se entenderam alguns meses depois da formatura do ensino médio e agora namoravam e não se desgrudavam mais. Johnny dizia que era para compensar o tempo perdido – que todos tinham que admitir não ser pouco.

Isso fez com que Albus e Johnny passassem muito mais tempo juntos porque atrapalhar o casal recente não era algo que eles queriam. Não que fosse um problema, Albus adorava a companhia do Longbottom. Gostava quando saíam juntos para festas tanto quanto gostava quando apenas se trancavam no dormitório de Albus e faziam maratonas de filmes que mais ninguém gostaria de ver além deles. Pelo menos foi isso que Roxanne disse quando ligou para Johnny no meio da sessão de Senhor dos Anéis.

Era tudo sempre fácil e bom com Johnny. Sempre concordavam na escolha do filme ou do local para sair, Johnny sempre escolhia e pedia a comida, porque sabia que Albus não gostava de ligar para o local e quando dizia: “não sei, você quem sabe”, ele não queria ser legal, apenas não sabia e queria mesmo que Johnny escolhesse para os dois.

Estar com Johnny fazia o dia do garoto muito melhor, mas Albus só percebeu isso quando Johnny se foi.

Albus percebeu tarde demais que seu quarto sem o garoto não tinha tanta graça assim, que os filmes, mesmo os seus favoritos, não eram tão prazerosos de se assistir em um sábado à noite sem Johnny para comentar os erros que todo mundo sabia que haviam em Star Wars.

E Albus nunca se sentiu mais estupido por isso.

Johnny entrou em uma banda e eles ficaram igualmente surpresos e em êxtase por isso. Não sabiam que o garoto tocava bateria tão bem, mas ele tocava e foi incrível assisti-lo se apresentar nos pubs ao redor da faculdade com a vocalista Rachel, o guitarrista Justin e a garota no contrabaixo, Dom. Mas não foi tão incrível assim, ao menos não para Albus, quando Johnny passou a sair cada vez mais com Justin.

No começo, Johnny convidava todos para se juntarem aos dois e Albus até compareceu algumas vezes, mas quando percebeu que se sentia como uma vela, principalmente quando Justin, do absoluto nada, resolveu entrelaçar sua mão na de Johnny e o garoto não ligou, o Potter do meio percebeu que aquilo não era para ele. Não mesmo. Não se quisesse manter o almoço dentro do estômago e o coração em um ritmo de batimentos normais.

Foi por isso que passou a recusar os convites do amigo, pois por muito tempo não conseguia nem sequer entender a sensação de desamparo que tomava conta de si quando via Johnny com outra pessoa. Albus decidiu que o melhor para si era focar nas suas aulas e se manter dentro do quarto, agora constantemente vazio já que Scorpius, seu colega de dormitório, passava muito mais tempo no prédio da namorada.

Mas então as mensagens começaram e Albus sabia que estava errado, sabia mesmo. Já tinha quase 20 anos e continuava fugindo das coisas quando elas apertavam. Havia fugido de Thomas quando descobriu que ele tinha um namorado aos 11 anos, fugiu de Peter e Roxanne por muitos dias depois do que aconteceu na casa do garoto, fugiu da família, fugiu de Scorpius quando pensou que sua carência ameaçava a amizade dos dois e agora estava fugindo de mais uma situação, porque aos 19 anos Albus Potter percebeu que estava apaixonado pelo seu amigo de infância, mas não conseguia, nem em um milhão de anos, descobrir quando aquilo havia começado, nem o quão real era e tudo que queria era conversar com a única pessoa que sempre entendeu seus sentimentos mesmo quando o garoto não sabia elaborar o suficiente, o que seria impossível de ser feito sem se declarar ao mesmo tempo.

Johnny sempre esteve ali com o carinho típico de um Longbottom, com seu sorriso brilhante e reconfortante que fazia qualquer um se sentir bem e seus cabelos que a maioria das pessoas pensavam ser apenas um castanho muito claro, mas Albus sabia que na verdade era um loiro escuro e que sim, havia diferença sim e James concordava com ele, porque o cabelo da namorada era igual.

Albus se sentia mal por tantos motivos diferentes que mal conseguia listá-los, mas o primeiro continuava sempre sendo o mesmo: não ter percebido antes. Era ridículo e insensível da parte de Albus perceber seus sentimentos apenas depois da chegada de Justin. Johnny não merecia isso. Não merecia alguém que tentasse atrapalhá-lo quando ele estava claramente feliz, não merecia pensar que Albus estava tentando algo apenas por egoísmo. É claro que o garoto sabia não ser egoísmo – ou apenas pensava fortemente que sim. Johnny estava tão perto todos os dias que Albus apenas se acostumou a naturalizar a forma que seu coração se sentia perto dele, como o toque dos dois era sempre meio hesitante, mas quando acontecia fazia com que Albus se sentisse estranho o resto do dia.

Foi pensando nisso tudo que Albus se afastou para pensar, mas dessa vez não havia Johnny ao seu lado para dizer que aquilo estava errado. A única coisa que permanecia em sua mente eram as palavras de Johnny quando ainda tinham 16 anos dizendo para Albus que ele não precisava se apaixonar primeiro.

— Pelo amor de Deus, vocês não batem?! – exclamou Albus.

— É o meu quarto também – disse Scorpius que havia aberto a porta com tudo e agora entrava com Rose, arruinando todo o planejamento do fim de semana triste que Albus havia programado para si mesmo.

— Você passa tanto tempo no quarto dela que às vezes eu esqueço que não moro sozinho – resmungou Albus em resposta, voltando a fechar os olhos.

Havia passado três semanas indo apenas para a aula, fugindo das perguntas de Scorpius pelos corredores e dormindo quando o amigo voltava para o dormitório. Queria ficar sozinho, mas aparentemente os outros tinham um plano diferente para ele.

Rose fechou a porta, sentando-se na cama de Scorpius enquanto o mesmo puxava uma cadeira e colocava no meio do quarto.

— Ok, Al, te demos o seu tempo, mas agora chega. Você está vegetando. Johnny disse que você mal responde as mensagens dele e Roxy que você não atende mais as chamadas de vídeo dela – Albus gemeu, puxando o travesseiro e cobrindo o próprio rosto. – O que aconteceu? Você encontrou seu quinto ato?

— Sexto – murmurou ele para a prima.

— Tire isso – disse Scorpius puxando o travesseiro. – Não estamos te ouvindo, sua rainha do drama.

— Eu disse sexto. Você quis perguntar se eu encontrei meu sexto ato, não quinto.

Rose franziu o cenho erguendo os dedos e começando a contar.

— Thommy, Nico, Peter, o otário... quatro. Quem foi o quinto?

E porque Albus havia passado tempo demais evitando conversas e se sentia meio enferrujado para se comunicar e também por não conseguir pensar em nenhuma desculpa agora que tinha corrigido a prima, ele resolveu contar a verdade depois de tanto tempo.

— Scar – disse, virando o rosto e apontando para o melhor amigo.

— Eu?!

— Ele?! – exclamaram os dois ao mesmo tempo tirando um riso fraco de Albus. – Quando? Meu Deus, Al! Você... – Rose parecia vermelha, mas Scorpius sorria e o garoto se sentiu levemente divertido com a situação. Era a primeira vez que ria em dias, pois na maioria das vezes apenas lia os textos da faculdade e assistia os vídeos que Johnny e sua banda postavam no Instagram. O que Albus podia dizer? Scorpius estava certo e ele era tão dramático quanto merecia ser. – Você deveria ter me dito!

Scorpius rodopiou com a cadeira, aproximando-se mais do melhor amigo.

— Foi no segundo ano, não foi? Quando eu entrei para o time e você sumiu.

Albus assentiu e Scorpius riu. – Não acredito que Albus Potter já teve um crush em mim!

— Durou umas três semanas só, idiota.

— Não importa, você teve!

— Eu estava carente, tinha acabado de passar por Peter...

Scorpius empurrou a cadeira com os pés, atravessando o quarto, claramente achando tudo muito engraçado. – E eu não ligo. Albus Potter me achou um gato!

— É e depois eu lembrei do que você realmente é – Albus revirou os olhos, mas percebeu que a prima ainda estava apreensiva, então se voltou para ela que nunca havia dividido o mesmo humor bobo e inconsequente dos dois. – Foi por pouco tempo, Rosie, estava mais confuso do que qualquer coisa, não precisa se preocupar, de verdade. Ele só virou um ato porque achei importante lembrar que às vezes os sentimentos nos confundem e foi por isso que confundi amizade com amor – Albus suspirou, voltando a mirar o teto, logo sentindo a cama afundar e o rosto pálido de Scorpius aparecer no seu campo de visão.

— Al, você não quer mesmo nos contar o que está acontecendo? Aconteceu alguma coisa em casa? Tenho que ligar para James Sirius?

Albus suspirou fitando os olhos claros do amigo e sentindo Rose se aproximar com a mesma cadeira que o namorado estava brincando há pouco tempo.

— Você quer que eu saia, Al? Posso deixar vocês conversarem em particular.

O garoto franziu o cenho, finalmente se levantando.

— Claro que não, Rose. Você é minha melhor amiga também – disse ele. – É só... eu acho que me confundi de novo, sabem?

Rose abriu um sorriso pequeno antes de falar.

— Johnny?

— Eu sou tão óbvio assim?

Ela negou com a cabeça.

— Você só pareceu um pouco mais pra baixo depois que Justin apareceu.

— Eu só... Não quero atrapalhar ele. Não é justo. Somos quase todos amigos praticamente desde que nascemos. Não posso despejar isso em cima dele agora. Não sei nem se é real! Posso muito bem estar confundindo da mesma forma que foi com o Scorpius quando tínhamos 16 anos.

— Você acha que está se confundindo? – perguntou o amigo e Albus deu de ombros, sem saber o que responder, embora uma grande parte de si gritasse que não. – Al, você disse que me colocou como um ato para lembrar às vezes confundimos amizade com amor, mas e se você tiver confundido amor com amizade esse tempo todo?

— Isso não é possível, Scar – respondeu Albus revirando os olhos.

— Tem certeza? Porque tudo que eu sei é que quando chegamos aqui, a primeira coisa que você fez foi olhar no mapa qual era a distância do nosso dormitório para o dormitório de Johnny. Lembro que a primeira foto que você pendurou no seu mural não foi uma foto comigo, com Rose ou com a sua família, mas sim aquela foto que você e Johnny tiraram quando ele te levou para patinar no gelo como presente de aniversário.

Albus sentiu seu coração acelerar com a memória. Sempre havia tido vontade de patinar no gelo, mas sempre se sentiu igualmente com medo. Um dia antes de seu aniversário, Johnny o colocou no carro sem relevar o destino até chegarem na pista. Johnny não se incomodou com Albus passando a primeira hora andando apenas em volta da pista enquanto segurava na barra que os cercavam, nem com as crianças pequenas que riam dos dois. Não se incomodou nem quando Albus caiu depois de finalmente se arriscar no meio das pessoas e o levou consigo.

— E eu sei também por fontes confiáveis que vocês têm um caderninho só com o nome de todos os filmes e séries que querem assistir juntos. Você, que se recusou a esperar Rose e eu para assistir O Despertar da Força em 2015.

— Você precisa deixar isso pra lá, nós fomos assistir o resto da trilogia juntos – respondeu Albus só porque estava acostumado, pois seu olhar estava perdido no melhor amigo e em suas palavras, sentindo que Scorpius havia encaixado a última peça que faltava no quebra-cabeças que Albus montou para se dar conta que estava irremediavelmente apaixonado por Johnny Longbottom.

— Mas ele está com Justin e... e... – Albus balançou a cabeça. – Não é justo com nenhum dos dois... e eu... – o garoto riu nervosamente. – Eu realmente não quero ser rejeitado.

Rose riu, esticando-se e apertando a mão do primo.

— Se é justo ou não é Johnny que tem que decidir, Al.

— E ser rejeitado nem sempre quer dizer o fim – completou Scar. – Sua prima me rejeitou umas cinco vezes antes de finalmente se dar a honra de ficar comigo.

Albus riu, olhando de um amigo para outro.

— Vocês acham mesmo?

Rose assentiu e Albus ficou de pé, sentindo uma lufada de adrenalina atravessar o seu corpo.

— Então eu vou falar com ele – disse ele em voz alta mais para si do que para qualquer outra pessoa. – Vou falar com ele... Agora. Sim. Vou falar com Johnny agora.

— Agora?! – questionou Rose, alarmada, vendo o primo se dirigir à porta. – Você não quer nem pensar no que vai dizer?

Mas Scorpius já havia se posto de pé, pronto para responder a namorada por Albus.

— Se não for agora, ele vai amarelar – disse, parando o amigo na porta e estendendo um casaco para ele. – Coloca, ‘tá frio lá fora.

Albus, que sentia tão animado a ponto de praticamente não sentir nada, apenas assentiu, pegando a roupa das mãos do amigo e o encarando por um segundo.

— Se ele disser não...

— Se ele disser não – interrompeu Scorpius –, eu vou estar aqui. Vamos lamentar juntos até deixar de importar.

— Promete?

— Você sabe que sim.

Albus assentiu novamente, abrindo a porta e saindo enquanto ouvia distante os dois amigos antes da porta fechar.

— Vocês são mais românticos do que nós dois – disse ela.

— Você vai ter que se acostumar, amor, ele chegou primeiro.

Albus só percebeu que eram seis horas da noite de um sábado quando chegou até o campus. Onde Johnny poderia estar? Com certeza não em seu dormitório, isso ele sabia. Talvez ele pudesse ligar, eles podiam se encontrar ou... Seria muito medroso se declarar por ligação?

Andando sem rumo, Albus parou na fonte dos desejos da Universidade de Manchester. A fonte era, provavelmente, a coisa mais antiga no local que nunca havia sido tocada ou remodelada por ninguém. Era uma fonte velha, com algumas rachaduras, mas com diversas plantas ao redor e um charme que sempre fez Albus entender porque nunca havia sido modernizada. Ficava em um dos caminhos em direção à biblioteca e havia sido o primeiro local que visitara com Johnny depois que chegaram. Scorpius nunca foi de acreditar em superstições – o que o garoto sempre achou engraçado já que sua mãe, Astoria, era a pessoa mais supersticiosa que conhecia.

Mas Johnny e Albus sempre conseguiram enxergar o apelo de uma fonte dos desejos em uma universidade. E eles até haviam feito um pedido ao mesmo tempo naquele dia.

Com as lembranças rondando sua mente, Albus enfiou a mão no bolso. Não importava se Johnny estava ou não com Justin naquele momento, ele iria apenas ligar e então...

— Eu sempre me perguntei o que você pediu no nosso primeiro dia de aula.

O celular de Albus quase caiu na água com o salto que ele deu e Johnny riu.

— Desculpa! Não queria te assustar! – o garoto se aproximou, ficando do lado do amigo. – Você parecia muito pensativo.

— Onde você estava? – perguntou Albus, erguendo o celular que quase havia se espatifado no fundo da fonte, antes de colocá-lo de volta no bolso. – Estava prestes a ligar para você.

— Sério? – o sorriso de Johnny aumentou. – Estava na biblioteca estudando desde cedo para prova de segunda-feira. Não acredito que você ia ligar, você tinha sumido!

— Desculpe – disse Albus, sincero. – Estava em um período mais introspectivo.

Johnny riu, enfiando as mãos no bolso da calça e trocando o peso do corpo. Ele não olhou para Albus quando finalmente perguntou: – O que aconteceu? Encontrou o seu sexto ato?

— Eu acho que sim – respondeu o garoto de olhos verdes que mal conseguia piscar enquanto observava a ponta vermelha de frio no nariz de Johnny e seus cabelos voando com o vento, cobrindo um pouco de seu rosto por estarem um tantinho mais longos naquele mês. Albus não via o garoto há mais dias do que era capaz de contar e não percebeu até estar cara a cara com Johnny o quanto sentia falta de simplesmente tê-lo por perto. Isso fez com que Albus repensasse todo o motivo que o fez sair do quarto em primeiro lugar. Não queria que Johnny fosse embora, mesmo que não conversassem, mesmo que ele nunca soubesse dos sentimentos que borbulhavam dentro do moreno, Albus só queria ter Johnny por perto, orbitando junto dele.

Johnny não perguntou quem poderia ser, apenas continuou fitando a água que caía rapidamente dentro da fonte.

— O que foi que você pediu? – disse ele depois de um tempo, tirando Albus de seus pensamentos. – Naquele dia que viemos aqui, o que foi que você pediu?

Albus, com certa relutância, tirou os olhos de Johnny e mirou a fonte, assim como ele.

— Pedi por coisas melhores.

— Você não especificou o que? – perguntou Johnny, olhando para o garoto e rindo.

— Eu imaginei que, caso fosse real, o universo saberia o que fazer – explicou, engolindo em seco e virando-se completamente para o garoto ao seu lado. Johnny o olhou com curiosidade, mas não se mexeu. – Johnny, preciso te contar uma coisa sobre o meu sexto ato.

O sorriso do outro tremeu, fazendo com que ele desse um passo para trás e passasse os dedos pelos cabelos, como se precisasse de tempo para pensar em uma resposta.

— Olha, Al, eu ainda tenho muito o que estudar e...

— Por favor. É rápido, eu prometo. Você não precisa nem responder, eu só... eu preciso te falar porque senão eu vou explodir e Scorpius vai me matar.

Johnny franziu o cenho, sem entender, mas continuou em silêncio e isso pareceu um bom sinal para Albus.

— Desde que terminei com Diego, eu tento seguir o que você me disse aquela vez, sobre não se apaixonar primeiro. Mas eu acho que falhei, Johnny, eu acho que eu me apaixonei primeiro de novo, mas honestamente, dessa vez eu nem acho que isso seja algo ruim assim, porque eu juro que nunca senti nada disso em toda minha vida e eu me sinto muito, muito burro mesmo por não ter percebido antes – Albus riu, balançando a cabeça. – Acho que demorei tanto para perceber porque tinha uma visão totalmente distorcida de como o amor acontecia. Eu achei que nós sempre percebíamos quando o amor chegava, sabe? Que ele ficaria na nossa cara e seria tão mágico, tão intenso, exatamente como minha mãe disse que foi para ela. Ela me disse que se apaixonou pelo meu pai na primeira vez que o viu, você acredita?

— É bem a cara da sua mãe, na verdade – respondeu ele, ainda com as sobrancelhas franzidas de quem tentava entender o que estava acontecendo.

— É, não é? – Albus sentia suas mãos suarem e sua respiração falhar, mas não conseguia parar de falar. Talvez Rose tivesse razão. Ele não deveria ter saído tão de repente, deveria ter pensado no que falar. Mas isso nunca foi muito o forte de Albus, então ele apenas continuou, torcendo para fazer sentido e para que Johnny não desistisse de ouvi-lo. – Foi assim que eu pensei que seria para mim também. Acho que foi por isso que eu sempre procurei, sempre quis me apaixonar no começo e ser aquele que encontra, entende? Para ser um daqueles que têm histórias do tipo: “sim, ele apareceu e eu vi todo nosso futuro juntos”, mas não. Acho que eu sou mais como a minha avó Lily.

— Como? – perguntou Johnny, interessado. Havia parecido relutante no começo, mas não conseguia desviar os olhos de Albus agora.

— Meu avô se apaixonou primeiro, assim que a viu, ele diz. Mas não foi assim para minha avó. Primeiro ela o odiou – disse Albus com um sorriso –, mas depois se tornaram amigos e então ele a conquistou. Todos os dias ela se apaixonou pelo amigo dela até perceber que, bem, eles não eram mais tão amigos assim para ela. Ela foi encontrada. Não porque meu avô gostou dela primeiro, mas porque ela não estava realmente esperando, simplesmente aconteceu – Albus respirou fundo, esfregando as palmas úmidas na calça disfarçadamente. – E eu estou dizendo tudo isso porque eu sinto muito, Johnny, mas eu estou completamente apaixonado por você. E eu me afastei, eu tentei mudar de ideia, eu realmente tentei, mas caramba, você não sai da m...

— Por que você está dizendo que sente muito? – interrompeu Johnny fazendo Albus, que vinha falando rápido e sem parar, ficar sem fala.

— Porque você está com Justin agora e eu juro que não é como nos filmes, como se eu não pudesse ver você com ninguém, eu só... eu realmente não sabia. Não sei quando me apaixonei por você, Johnny, não sei se foi depois do soco que você deu em Diego, quando me levou para patinar, quando tentou me ensinar a desenhar ou quando criou um grupo de mensagens apenas conosco para que colocássemos o doce que queríamos comer naquele dia. Por Deus, Johnny, eu queria ser mais esperto, queria mesmo, porque então eu teria chegado antes, mas eu não fui e eu sinto muito, mas eu gosto de você, gosto tanto de você que senti que poderia explodir, que poderia deixar de existir a qualquer momento se não colocasse isso tudo para fora.

Albus falou tudo de uma vez, sentindo que o peso que havia saído de dentro de si era tão grande que não ficaria surpreso se flutuasse por aí. Mas Johnny continuava parado em frente a ele, sem se mexer e aquilo estava começando a deixar o outro nervoso, porque ele havia ou não havia acabado de se declarar?

Será que Johnny não havia entendido? Será que...

— Você sabe o que foi que eu pedi naquele dia? – disse Johnny apontando para a fonte ao lado dos dois. Albus apenas balançou a cabeça, mesmo que seu coração batesse tão freneticamente quanto Johnny quando estava na bateria. E embora quisesse pedir para ele falar alguma coisa, qualquer coisa, sobre o que havia acabado de declarar, Albus também queria que Johnny tivesse o próprio tempo para dizer não, se assim fosse. – Pedi que o sexto ato fosse o seu último.

Albus piscou.

— Pedi que o sexto fosse o último, porque eu não aguentava mais ter que ver, ouvir e conversar com você sobre outras pessoas, Al.

Albus soltou um pouco de ar pela boca que poderia ser confundido com uma risada, mas para qualquer que conhecesse o garoto sabia que era apenas o mais puro sinal de descrença.

— Não foi você quem se apaixonou primeiro – disse Johnny –, fui eu.

Se antes o coração de Albus parecia como uma bateria profissional, agora ele estava despencando, fazendo o moreno se perguntar se tinha mesmo apenas 1,80m de altura e não vinte, porque tudo que ele sentia era que estava caindo e não chegaria nunca até o final.

— E você... você ainda se sente assim? – perguntou Albus.

Johnny riu.

— Desde que temos uns 13 anos, eu não sei como é a vida sem estar apaixonado por você, Al.

Sem pensar muito Albus deu um passo à frente. A proximidade com Johnny não era uma novidade, nunca havia sido, mas naquele momento Albus se sentiu totalmente diferente ao adentrar o campo gravitacional que cercava o garoto que gostava.

As bochechas de Johnny estavam vermelhas, sua boca entreaberta e se Albus tocasse em seu peito conseguiria sentir seu coração batendo tão forte quanto o dele.

— Justin?

Johnny riu, negando com a cabeça.

— Não rolou.

— Por que?

— Porque eu estou apaixonado por um garoto lerdo que fala demais.

John — disse Albus, seu tom de voz divertidamente sério enquanto ele terminava com a distância entre os dois e segurava seu rosto com as duas mãos, afastando delicadamente os fios de cabelos que insistiam em tentar esconder o rosto escultural do rapaz à sua frente. – Você precisa parar de falar que está apaixonado por mim. Meu coração é seu e ele é fraco. Você não vai se responsabilizar por isso?

Johnny riu, sentindo os dedos quentes de Albus acariciarem seu rosto.

— Albus – disse Johnny baixinho quando o garoto puxou seu rosto para o dele, tão perto que suas respirações começaram a se tocar –, me beija de uma vez.

E ele o beijou sem esperar por um segundo pedido, porque Albus havia esperado tempo demais, mas Johnny havia esperado muito mais.  

Albus esperava um dia conseguir explicar como foi beijar Johnny Longbottom, mas não tinha tanta certeza quanto isso.

Beijar Nico foi maravilhoso, beijar Peter foi confuso e beijar Diego havia sido cheio de expectativas, assim como os beijos que vieram depois dele. Mas beijar Johnny havia sido calmo e certeiro, desestabilizando Albus da cabeça aos pés apenas com o roçar de seus lábios. Não era exatamente reconfortante como as histórias de amor que havia escutado antes de dormir por tantos anos e definitivamente possuía mais borboletas ansiosas em seu estômago do que quando ouvia sobre Lily Evans e James Potter.

Era único, bom e de tirar o fôlego – literalmente. Assim como Johnny.

Quando a mão do garoto largou a nuca de Albus e os dois finalmente se afastaram, a primeira coisa que o Potter fez foi enfiar a mão no bolso. Albus teve que procurar em três bolsos até conseguir encontrar o que queria.

— O que está fazendo? – perguntou Johnny, rindo, ainda segurando uma das mãos de Albus.

— Vou trocar o meu pedido – respondeu ele, virando-se para a fonte e jogando duas moedas, uma atrás da outra e fazendo uma gargalhada escapar de Johnny.

— Duas? O que foi que você pediu agora?

Albus abriu um sorriso, seus olhos verdes brilhando enquanto puxava o outro garoto para si, encostando seus corpos novamente ao enrolar seus braços em volta dele, deixando para Johnny apenas o mais simples e involuntário dos suspiros.

— Agradeci por me trazer coisas melhores, como eu havia pedido – disse, fazendo o rapaz em seus braços sorrir ainda mais. – E pedi que o sexto ato seja o único que fique.

E então eles se beijaram novamente, porque sabiam, exatamente como um outro casal que conheciam, que precisavam compensar o tempo perdido.

Albus sabia que Johnny Longbottom havia o amado primeiro e adorava isso, mas estava decidido a ser aquele que o amaria por último.


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Notas finais do capítulo

oie! primeiro de tudo: espero que tenham gostado! para mim foi incrível escrever isso aqui, albus potter é um dos personagens que eu mais gosto e não importa o universo, eu o adoro. espero muito que vocês tenham se apaixonado por ele e pelas suas desventuras amorosas assim como eu! muito obrigada por terem comentado/acompanhado até aqui!

por último as perguntas da fanfiqueira curiosa: vocês esperavam que fosse o johnny no final? ficou óbvio? gostaram de ser ele ou preferiam alguém novo ou alguém antigo? me digam o que acharam desse finalzinho. e de novo, muito obrigada! moro no twitter como delaxcour para quem se interessar :) beijo, até a próxima ♥



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