O que estava fazendo ali? Perguntou-se repetidamente por horas, pensando em sair daquele avião. Estava mesmo indo para a América.

Sara, você deve estar louca, pensou por várias vezes. Julie Finlay havia sido tão convincente que acabou comprando as passagens no outro dia, e com vistos que havia conseguido anteriormente, não fora difícil conseguir um visto de turismo. Na segunda-feira já estava viajando. O avião acabara de decolar, e no ar Sara pode pensar nas várias tentativas de Julie Finlay para convencer Sara de ir para os Estados Unidos.

“Poderemos ir a baladas juntas, posso lhe mostrar a cidade, você nunca veio de verdade para a América. Só pra trabalhar, e isso não conta. E o melhor de tudo? Gilbert Grissom está trabalhando em um filme local desde o fim de The Sense. Você ainda é fã dele depois de tudo o que ocorreu em The Sense? Enfim, levo você até ao estúdio de gravação se quiser, e poderá tirar mil fotos e conversar com ele. Fora que você fala inglês melhor que eu, e estou me sentindo tão sozinha quanto você.” – Sara estava convencida desde quando ela falou Gilbert Grissom, a chance de poder vê-lo pessoalmente novamente, e talvez com mais tempo que da primeira vez a agradava muito. 

Por hora nada podia fazer, havia longas horas de viagem e uma escala em São Paulo. Acomodou-se na poltrona e dormiu.

Sara acordou por várias vezes, a América ainda não estava em baixo de seus pés. A pior vez que acordara fora a turbulência. A melhor com certeza fora por conta do almoço e da janta. O voo levaria um total dezesseis horas se não ocorresse atraso. Então sendo que saiu 06h de sua cidade natal, chegaria em torno das 23h30min no aeroporto dos Estados Unidos. E lá estaria Julie esperando-a.

Não se atrasou muito mais que isto, as 23h45min o avião pousava na cidade de Las Vegas no horário do Brasil é claro, até conseguir pegar suas malas, e sair pela porta de desembarque já era mais de meia noite, em Vegas deveria ser em torno de 20h, mas o fuso horário estava contra ela nesse momento, estava exausta, e nessa hora se perguntava como Julie havia a convencido de fazer aquela loucura: “Ah, Gilbert Grissom”, pensou.

Sara carregava uma pequena mala de mão, com itens essenciais e duas malas consigo, uma coisa roupas e algumas coisas que Julie havia pedido para Sara trazer do Brasil, como brigadeiro pronto por exemplo. Isso não havia no Vegas. A outra mala, uma preta com duas tiras verticais, rodas e uma alça para poder arrastá-la tinha além de sua câmera – da qual Sara não se desgrudava por um segundo se quer -, havia seu notebook, e algumas roupa, além de muitas espumas para não estregar o equipamento. 

— Amiga! – Disse Julie ao ver Sara sair.

— Fin, querida! – Sara correu e abraçou-a. – Que saudades.

...

— Alô. – Gilbert andava de um lado para outro em seu apartamento. – Finalmente. – Disse com bastante calma e um ar de alívio. – Obrigada. – E finalmente pode desligar o telefone.

— O que foi meu caro?  - Disse Roberto, iria jantar hoje no apartamento de Gilbert. Era o responsável por ele na agência onde trabalhava.

— Finalmente vão trazer minha mala. 

— Que mala? – Então Roberto puxou de sua memória. – Aquela mala? – Disse com olhos arregalados.

— Sim, aquela. Desviaram ela uma par de vezes. A última vez foi para no Brasil e agora finalmente chegou em Vegas.

— O que tem nessa tal mala? – Roberto indagou tomando um gole do uísque que Gilbert lhe havia servido a uns instantes atrás.

— Nada demais, itens pessoais apenas. – Gilbert sorriu. 

— E por que tanta importância?

— A empresa aérea está dando mais importância a isso do que eu. E no mais é o trabalho deles. Disseram que vão entregar a mala aqui, ligaram para saber se eu estava em casa.

Não demorou mais de meia hora para que a mala de Gilbert chegasse, levou-a para seu apartamento e colocou-a em sua cama. Não se lembrava de ter posto um cadeado na mala. Era uma mala negra, com duas tiras verticais, rodas e uma alça para poder arrastá-la. 

— Depois vejo isto. – Falou para si mesmo.

E voltou a prestar atenção na janta. Tinha muita coisa a conversar com Roberto, e como ele mesmo havia dito não havia nada de tão importante em sua mala. Apenas alguns itens pessoais.