— Sara Sidle, na minha sala por gentileza. – Sara viu seu chefe chama-la enquanto passa frente a sua porta. 

O que teria acontecido? Nunca havia o visto sério ao passar em sua sala. Será que as fotos haviam ficado tão ruins assim? Sara era fotografa profissional e vivia muito bem com o salario que ganhava na atual empresa. Ela poderia já ganhar dinheiro tralhando por conta, mas gostava da estabilidade, de ter um escritório e a empresa lhe abriria grandes portas. Fora que nunca deixou de lhe passar pela cabeça que um dia poderiam contratar essa empresa para fazer fotos de Gilbert Grissom no Brasil. Ela seria a primeira.

Ao sentar-se do outro lado da mesa de seu chefe e ao vê-lo sentado tão sério, nunca havia ficado tão nervosa. Ela e o senhor Aguirre sempre haviam tido uma ótima relação. Quase amigos. Entretanto hoje sua expressão não era nada amigável.

— Sara. – Ele disse sério.

— Senhor Aguirre, se é por conta das fotos, eu refaço. Acredito que não tenham ficado tão boas, ou pelo menos você esperava um pouco mais. Podemos testar com outros ângulos outras luzes, e...

— Sara. – Disse-lhe cortando. – As fotos ficaram ótimas. – Finalmente esboçou um sorriso. – Não foi por isto que te chamei. Não gostou das fotos?

— De verdade gostei, - Sara então tomou fôlego, ainda sim não entendia qual era o motivo de ser chamada de um modo tão sério. – mas tinha medo de não ter entendido a alma da campanha.

— Você só não entendeu como esboçou perfeitamente em cada foto que tirou. Você tem um dom senhorita Sidle. – Sara então pode voltar a respirar.

— Então não entendi por que está me chamou aqui com tanta seriedade. Se eu tenho tralhado direito, me esforçado tanto, e...

— É este mesmo o problema Sara. Você não tira férias faz, pelo menos, quatro anos, e o sindicato está pegando no nosso pé. Terá de ficar pelo menos um mês afastada.

— Como? – Sara fitou-o. Não poderia parar de trabalhar. Era pior de que ser demitida, chegaria ao fundo do poço. Não teria absolutamente nada a fazer. – Não pode? Não tem como?

— Sara. – Ele disse tentando segurar o riso. – É a primeira pessoa que conheço que fica triste ao tirar férias. Não estou tirando sua câmera. Você terá apenas de assinar um papel, ficar um mês fora, e voltar descansada e pronta para trabalhar.

— Mas...

— Mas nada! Prometo-lhe que se quiserem fazer qualquer campanha com o Grissom vou fazê-los esperar um mês pela nossa melhor fotógrafa – Então posse a rir.

Todos realmente sabiam o que Sara sentia em relação ao Gilbert Grissom. Inclusive seu chefe o senhor Aguirre. Ela pode corar neste momento, e soltar um sorriso.

— É assim que gosto de te ver Sara. Sorrindo. – Lhe disse Aguirre. – Quero que assine os papéis de suas férias hoje e comece a descansar na segunda feira mesmo. 

— Posso incluir os fins de semana em minhas férias pelo menos para que sejam um pouco mais curtas. – Sara lhe disse com um brilho nos olhos.

— Melhor que não. Estamos nos incomodando com o sindicado por sua causa mocinha. Faça as coisas do modo certo. 

— Certo! – Sara disse sem muito animo saindo da sala.

Como poderia ficar um mês sem trabalhar? O que iria fazer com trinta dias livres. Oh céus. Deveria ligar para Julie, ela saberia lhe dizer algo. Julie havia sido sua grande amiga até casar-se com Nicolas Stokes, um homem altamente intragável, que lhe odiava até o fundo da alma. Sara nunca entendeu por que, mas Nicolas mal lhe olhava na cara, e quando estava perto de Julie afastava-se. O momento mais feliz de Nicolas sem dúvida foi quando conseguiu levar Julie para os Estados Unidos afastando-a de Sara.

...

Julie limpava a casa, o fuso horário dos Estados Unidos e Brasil raramente atrapalhavam as conversas dela com Sara. O telefone tocou, e Julie desligou o rádio, e atendeu.

— Hi! – Disse ela instantaneamente.

— Oi Finn. – Disse Sara ligando do escritório, “Finn” era uma apelido carinhoso que tinha com sua amiga.

— Oi Sar! Que saudades. – Julie parecia muito feliz do outro lado da linha.

— Por que está tão feliz? – Sara estranhou sua reação.

— Separei-me de Nicolas! – Sua voz parecia irradiada de felicidade.

— Isto eu sei, achei que estaria aos prantos pelos cantos chorando ou de luto por isto! – Sara parecia espantada.

— Isso foi semana passada Sara! Agora estou em uma nova onda, é frequência diferente sabe? Nada podia ter me ocorrido tão bem.

— Se você diz. – A voz de Sara não era tão empolgante quanto a de Julie.

— Ei Sar, não está bem, o que houve? Por que me ligou?

— É algo terrível. – Disse-lhe com voz baixa. – Estou de férias Julie! O que eu faço? Eu tô ficando louca! O que farei a partir de segunda?

— Descansar sua louca! É obvio! Como pode estar tão chateada por férias? Sabe quantas pessoas morreriam por um mês de férias, dez dias que fosse? Qual o medo que tens de parar um pouco de trabalhar?

— Exato. Trabalho ocupa todo meu tempo. Ele ficará ocioso, e não terei nada o que fazer, meus dias serão altamente entediantes, e depois que tu foi morar nos Estados Unidos não tenho nem com quem sair, pois sabe né? Minha vida amorosa tem sido um lixo.

— Quem mandou você chamar o Doug de Gilbert Grissom no meio da noite Sara? - Ela disse acusadora. - Está certo que tenha um amor de fã por ele, mas sentir excitação ao vê-lo? Alias imaginar-se com ele enquanto transa com outro? É meio complicado, alias muito complicado. Já havia te falado isso. Mas tenho uma ideia. Por que não vem pra cá e fica comigo? Desde a separação também não tenho muitas pessoas para conversar, ir a festas, entre outras coisas. Se divertir, sabe?