Amor Perfeito XV escrita por Lola


Capítulo 7
Matando o próprio pai


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura ♥
Perdão pela demora (estou cheia de trabalho acumulado :'((((( )



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Alice Narrando

Já estávamos indo novamente para Torres. Nem tentava mais conversar com Kevin. Ele entrou em uma espiral de insanidade e silêncio porque Rafael estava estranho e nada mais, além disso importava. Era um saco quando os dois tinham algum problema.

— Fica com meu celular, o seu está horrível. Vou te ligar para ir te buscar mais tarde. Ou você não vai querer sair com o pessoal? – perguntou assim que parou em frente a minha casa.

— Você vai? Se brigarem aposto que não.

— Não vamos brigar Alice. Seja qual for o motivo eu vou resolver. Toma. – me entregou o aparelho.

— Tá bom namorado compreensivo e perfeito. – forcei um sorriso. – Eu te vejo a noite. – beijei seu rosto e sai, indo para dentro de casa.

O meu dia foi tipicamente comum, mas quando chegou a noite fui surpreendida pelo sumiço de Kevin. Ele não estava em casa, nem no hotel. E como eu estava com o celular dele era ainda mais difícil de acha-lo. Fiquei pensando se ele havia feito aquilo de propósito.

— Olá! – olhei assustada para Fabiana entrando na casa dos meus avós. Assim que ela atravessou a porta da biblioteca me levantei e corri para lhe dar um abraço. – Nossa isso é saudade?

— Suponho que sim. – sorri.

— Ela está preocupada com Kevin. Então está mais sensível. – Otávia esclareceu as coisas. Após ela cumprimentar todo mundo se sentou em um dos sofás e olhou em volta.

— Cadê o Arthur? – notei algum incomodo em sua voz.

— Procurando Kevin.

— Aposto que sim. – franzi a testa estranhando o fato dela não estar acreditando na resposta. – Você pelo visto não contou nada a eles. – afirmou encarando Larissa.

— E nem pretendia! – a garota bateu com as mãos fechadas em suas pernas. – Caralho Fabiana, você tem uma boca bem grande não é mesmo?

— Eu fiz uma viagem longa. Já passam de dez horas da noite. Tive que pegar um táxi da rodoviária até aqui, que nem é longe e mesmo assim ficou o preço de um rim e... – respirou fundo. – Não sabia que se tratava de uma missão secreta.

— Se está cansada e estressada, precisa de um banho, comida e cama e não sair falando as coisas sem pensar.

— O que está acontecendo? – perguntei olhando as duas.

— Larissa me chamou para ajudá-la. – percebi que não sairia mais nenhuma informação.

— Com Arthur?

— É Alice. – Lari respondeu com muita má vontade.

— Qual é o denominador comum entre vocês duas? – Ryan questionou parecendo bem confuso.

— Ela aparentemente é a melhor amiga dele e eu... Preciso mesmo dizer?

— Se eu for dizer vou te ofender. – ele respondeu me fazendo rir.

— Nossa... Essa é mesmo a cativante e cheia de virtudes, Alice.

— Não Larissa. Essa é a humana Alice. Mas garanto ser bem melhor que ser a iludida você. – alguns riram o que a deixou ainda mais nervosa.

— Se quer mesmo saber Ryan, Fabiana e eu já transamos com ele e sabemos que ele é ótimo na cama. É um ótimo denominador comum. – me encarou. - Azar da Alice que não tem o mesmo conhecimento.

— Será mesmo? – Fabi segurou o riso deixando escapar em sua pergunta e em sua expressão facial que Larissa estava muito enganada. Ela ficou incrédula e deu início a um ataque de ciúme.

— Ele nunca faria isso! A santinha Alice. Até porque ele teria medo do monstro do pai e do louco do irmão dela. – fui para cima da minha prima após suas palavras e Kevin chegou me segurando.

— Eu iria adorar ver essa cena, mas... Arthur não me perdoaria por não ter feito nada. – falou com seu tom de deboche e ar maquiavélico.

— Onde você se meteu? – Ryan perguntou rapidamente. Antes que ele pudesse responder voltou a falar. – Não importa. Dá um jeito de ligar para o Rafael. Ele deve ter ido até Alela atrás de você. Já andou a cidade toda.

— Falando nele... – Yuri observou ao ver Rafa parar na porta da biblioteca. Eles ficaram se olhando e todo mundo ficou em silêncio.

— Qual o motivo desse clima? – Fabiana me perguntou baixinho, como sempre curiosa.

— Eu não sei. Eles tinham que resolver uma pendência, mas agora parece serem duas.

— Você tentou colocar fogo na sua casa? – o loiro questionou e Arthur chegou ao seu lado tão sério quanto ele.

— Diz que você não ia fazer isso Kevin. – pediu ao irmão na esperança de ouvir uma resposta negativa.

— Tecnicamente não. E eu poderia explicar o motivo... – Rafael o cortou.

— Não foi o que o bombeiro me falou quando parei na porta da sua casa minutos atrás. E pelo que eu entendi o seu pai poderia ter te incriminado. Você poderia estar morto ou preso. Tudo isso pelo que? Eu posso saber?

— A gente tem que conversar. Sabe disso.

— Essa conversa já teria acontecido se você não tivesse sumido o dia todo.

— Meu sumiço, a falta da conversa e a casa, tá tudo ligado. Dá para conversarmos agora?

— Não. – Fabiana aproveitou a falta de interação entre o casal e se levantou para abraçar Arthur que ainda não havia reparado que ela estava ali.

— Você sabe o motivo de eu estar aqui né? – ela o questionou parecendo bastante brava.

— Provavelmente para ver Aline. E tá me usando como desculpa. – vi minha amiga ficar vermelha.

— Vou falar de um jeito simples que talvez você entenda, você tem que parar com isso.

— Isso o quê? – Kevin chegou perto dele e pegou em seu rosto. – Tem quanto tempo? – Arthur tirou a mão dele com grosseria. – Novidade. Eu não tenho medo de você. – chegou mais perto o encarando. – Anda responde. – e levou um soco.

— Não vai fazer nada? – perguntei a Rafael e fui até Kevin.

— Ele sabia que isso ia acontecer. E está merecendo apanhar.

— Com você eu converso depois. – voltou a olhar o irmão. – Arthur você precisa parar de pensar no sequestro, na tortura, em tudo que aconteceu. A dor física é só um estágio momentâneo que passa. Você está focado nisso para esquecer a dor emocional que sente ao lidar com o pai que tem e o fato de ter perdido a Alice. Você vai mesmo se afundar de novo nesse abismo ou vai superar isso tudo? – eles ficaram se olhando por um bom tempo. Todos ficaram calados os observando. – Até porque você é bem melhor que ele e ela já era para ser sua novamente, sabe disso.

— É fácil para você que consegue lidar com tudo e superou seu pior lado.

— Não. Hoje eu quase fritei o demônio. Ele me manipulou me fazendo acreditar que Rafael havia terminado comigo. – o loiro o olhou surpreso. – Foi tudo tão bem feito, como ele sempre faz. Não consigo lidar com tudo Arthur e ele sabe direitinho qual é minha fraqueza. E eu não superei esse meu lado, ele só está em segundo plano. Depende do estímulo certo para ele aparecer. Não pense ser fácil pra mim. Assim como também não é fácil para o Yuri. Ser filho de um psicopata não é nada simples.

— Nada se compara a ser sequestrado e... – Kevin deu uma risada.

— É? – olhou em seus olhos. – Se você tivesse sido criado por ele então já teria morrido. Ou tido uma overdose. – respirou fundo. – Boa sorte então. Eu te vejo em uma clínica para dependentes químicos. Ou em um hospital. Ou no seu velório. – bateu em seu ombro. – Não me dê mais socos. Realmente estou cansado de apanhar de você. – olhou Rafael. – Dá para vim comigo coisa linda?

— Acredito que não. Você tá puto e vamos brigar. – ele ficou olhando para ele. – É sério Kevin. Eu te conheço.

— Ele vai te agredir. – Alê avisou ao loiro e riu.

— Vem Rafael. - seu domínio ao proferir as palavras era alarmante.

— Ele tá com medo de você. – Arthur o avisou. – Não é para menos. Você iria matar o seu pai.

— Mas quem já veio para cima de mim, foi ele. E você sabe disso, porque teve que tira-lo. E mesmo assim eu não fiz nada. 

— O problema é que você não ameaça Kevin. – Rafael realmente estava assustado.

— Tá. Vou embora. Quando e se o seu medo passar me procura. – ele saiu e eu lembrei ter que entregar o celular dele. Sai correndo.

— Ei. – o alcancei lá fora perto do seu carro. – Esqueceu isso. – entreguei o aparelho. Vi que ele estava muito mal e o abracei.

— Pensei que eu passasse a certeza que jamais faria nada ruim a ele. – comentou com pesar.

— Mas você passa. Ele tá confuso, você fez uma jogada bem... Pesada.  – Rafael chegou com Arthur. Todos nos olhamos.

— Eles vão ficar aqui fora enquanto nós conversamos. – falou e Kevin pareceu não gostar.

— Você pensa que eu vou fazer o que com você?

— Poderia me machucar sem esforço nenhum, sabe disso.

— Porque está com medo de eu te machucar Rafael?

— Já disse. Você está descontrolado.

— Tá. Tudo bem. – se encostou no carro.

— Vem. – Arthur me puxou e nos afastamos deles. – Por que você ficou com o celular do Kevin afinal? – questionou enquanto nos sentávamos perto da casa.

— Ah... Já está na hora de trocar o meu. Ele reclama que não recebo ligações ou algo do tipo.

— Entendi. – observamos os dois de longe. – Dá para acreditar que o namoro deles vá fazer um ano e meio? – nos olhamos e eu sorri.

— O casal mais improvável. – afirmei e ri.

— E nós... Tão previsível e certo... – sorriu. – Não deu em nada.

— Ainda pode dar. – o olhei de perto. – Já te disse que apenas estou preocupada com sua recuperação. Não quero que a gente se envolva e nossos problemas piorem tudo para você.

— Contudo não teria como isso acontecer.

— Não vou mudar de ideia Arthur. Quero fazer as coisas do jeito certo, se for pra fazermos. Antes eu ficaria com você sem pensar. Mas agora eu não quero ferrar com tudo.

— Linda. – passou a mão em meu queixo e deu um sorriso encantador. – Eu também não quero interromper o seu crescimento como pessoa e sua evolução com o equilíbrio das suas emoções.

— Já nos machucamos tanto que sabemos que ainda não é a hora certa. – entrelacei nossas mãos e encostei minha cabeça em seu ombro. – Ainda que às vezes pareça um desafio.

— Pelo menos vamos estar mais certos de quem somos e do que realmente queremos. – levantei minha cabeça e o olhei.

— Eu nunca tive essa dúvida.

— Nem eu. – ouvimos gritos e olhamos na hora. – Sabia que isso ia acontecer, por isso dei razão a Rafael.

— Mas os dois estão descontrolados. Não pode colocar a culpa apenas em Kevin.

— Quando envolve Murilo... Os dois não pensam.

— O que meu irmão tem a ver com isso?

— Tudo isso é por causa dele. – nos olhamos. – Pede Kevin para te explicar. Vocês não são melhores amigos?

Fiquei chateada por não estar por dentro de tudo. Sabia que Kevin escondia as coisas de mim, mas pensava que quando envolvesse Murilo ele me contaria. Talvez existe muito mais do que ele omite, eu que nunca percebi. E talvez ainda essa amizade fosse muito mais forte e real na minha cabeça. 

Murilo Narrando

Arthur veio me ajudar com o irmão perturbador e fez conclusões mais perturbadoras ainda. Lembrava de suas palavras diariamente antes de dormir. “Ele vai dar uma grande demonstração de mudança, te comover e gradativamente ganhar espaço em sua vida. Foi assim com Kevin e ele sabe disso.”

A verdade é que não havia sido assim com Kevin. Ele era diferente. Apesar de sempre ter tido consideração por ele e gostar de sua companhia, eu o tratava como o escroto que ele era e considerava as coisas ruins que ele fazia. Ele não passava do problemático e estranho irmão do Arthur e do Yuri. Mas estar com ele e ouvir o que ele tinha a ensinar ou a ironizar... Quase sempre era fascinante. E eu comecei a me dar realmente conta disso, na quadra do abrigo, uns dias após ter decidido ajuda-lo a ser menos sombrio. Essa era a parte engraçada. Eu nunca soube ou nunca havia reparado em como ele fazia diferença.

— Ainda tá com raiva de mim? – Adam se deitou ao meu lado.

— Não quero desculpas. Deixar alguém entrar aqui assim? Já não basta ele ter burlado o porteiro.

— O cara é bom. – sorriu. – E gato. Ele é tão bonito quanto aquele seu ex. – o olhei.

— Será que é por que eles são irmãos? – arregalou os olhos.

— Você está pegando seu ex cunhado Murilo Montez? – se sentou parecendo estar mesmo chocado. – Isso não combina com seu jeitinho pacato.

— Eu não estou pegando ninguém. – afirmei com raiva. – Aquele imbecil cismou comigo. Ele é doente.

— Mas... – se deitou novamente. – O seu ex não era um quase psicopata?

— E? – o olhei tentando entender.

— Ele não vai ficar bravo com essa aproximação de vocês dois? Pode ter um surto e fazer algo bem ruim.

— Não sei. – pensei um pouco. Era mesmo bem capaz de Kevin aprontar qualquer coisa. – Mas eu estou tranquilo, estou quieto na minha.

— Patrícia não pensa assim. – virou o rosto e riu. – Ela tá possessa.

— Ela deu um ataque de ciúme ao ver Nicolas aqui, sendo que sempre é tão controlada. Não entendi.

— Talvez ela esteja se cansando de ter controle. – o olhei no mesmo instante. – O que foi?

— Diga mais.

— As mulheres geralmente guardam muita coisa por não querer parecer bobas ou para não estragarem as coisas... E quando acabam soltando fica parecendo desproporcional ou até mesmo inexplicável. – ergueu as sobrancelhas. – Pare de me olhar assim Murilo.

— Você entende mais de mulheres que eu.

— Não é muito difícil quando você só perde tempo em cima delas e não as ouvindo.

— Por falar nisso... Já aconteceu de novo sua mania de beber todas e sair pegando todo mundo?

— Você quer saber se eu fiquei com alguma mulher nos últimos dias?

— Da última vez você estava bem desconfortável com o assunto.

— O fato de eu beber demais me deixava desconfortável. Eu não quero virar um alcoólatra. – dei uma risada prolongada.

— Você tem um jeito interessante para desviar o foco do assunto.

— Estou falando sério. – olhou em meus olhos. – Após uma autoanalise minuciosa eu vi estar pensando que o problema era minha safadeza porque você e Audrey tem um padrão moral muito alto para o meu estilo de vida e são vocês dois que estão me atrapalhando nesse autojulgamento.

— QUE?

— É. – eu nunca conheci ninguém tão problemático. – Então eu me libertei. Vocês não me julgam mais.

— Mas ninguém te julgou Adam!

— Não. Imagina. Vamos rever nossa conversa? – repassei a conversa mentalmente.

— Você pode ter entendido assim, mas eu nunca quis julgar. Você é que tá amarrado em conceitos e prejulgamentos e a primeira pessoa com quem falou do assunto fui eu e então tudo que eu dissesse você interpretaria nesse tom. – sorri. – É triste ser desse jeito, tenho uma prima assim. – respirei fundo. – Se liberta dessas amarras, você não é o que você pensa que representa. E faça o que quiser. O que importa é só e apenas sua vontade. – me levantei. – Agora eu vou ir até a minha namorada porque segundo alguém que entende mais que eu, é hora de pedir perdão.

A forma com que Paty me recebeu já me fez entender que não seria muito fácil sair dali com ela sem estar chateada. Eu teria que me esforçar muito.

— Supus que não te atender e não responder suas mensagens era um recado certo que eu estou te dando um gelo e quero espaço. – falou assim que entramos em seu quarto.

— Mas não é assim que resolve as coisas. – nos olhamos. – Sei que tá assim devido ao Nicolas... – ela não me deixou acabar de falar.

— Estou cansada já Murilo. Nunca pensei que eu diria isso. Mas eu não aguento mais. Se for para sofrer assim eu prefiro ficar sozinha.

— Só que eu não fiz nada. Ele veio atrás de mim sem que eu convidasse, apareceu e... – parei para pensar como de alguma forma Caleb estava sempre estragando minha vida. – Você não pode me culpar por isso.

— Não estou. Se eu tivesse eu acreditaria nele. – ela percebeu a confusão em meu rosto. – Ele me procurou antes de vim até você aquele dia... Disse que vocês dormiram juntos algumas vezes desde que ele chegou.

— Isso é impossível. Quando não estou com você, nós dois estamos nos falando pelo celular.

— O que você pensaria se a situação fosse inversa?

— Não sei, mas acreditaria no que você dissesse.

— Mas isso não importa. Não temos exclusividade, lembra? Entretanto... Acredito muito que vocês dois estão se transformando em algo mais sem perceber. E isso eu acho falta de honestidade.

— Estou ouvindo muita coisa que eu não preciso. Se você acha isso é porque não me conhece.

— Você nunca vai admitir. Ele é o irmão do cara que você ama. Sua vida é tão complexa né Murilo? E eu me achava complicada.

— Por que você está falando assim comigo? Toda oportunidade que você tem joga na minha cara que eu ainda o amo como se eu quisesse isso. E ainda por cima dúvida da minha integridade. Eu NÃO quero Nicolas. E eu sinto muito pela discórdia que ele causou entre a gente. É apenas isso que vem do sobrenome dele, desarmonia. Eu não devia ter vindo, sinto muito.

Como eu havia previsto, sai sem resolver nada e apenas piorei tudo. Eu me perguntava até quando Kevin iria ser um fantasma em minha vida. O pior é que eu estava convicto estar longe disso ter um fim. 


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Notas finais do capítulo

Até o mais rápido possível, rs ♥
ps: já tá escrito pelo menos.



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