Amor Perfeito XV escrita por Lola


Capítulo 5
Ação e Reação


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura ♥



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Alice Narrando

Aumentei o som do carro do Kevin e comecei a dançar o refrão de memories de maroon 5 e ele alternava o olhar entre a pista e eu.

— O que foi? – parei e o olhei. Ele encarou os meus pés que estavam apoiados abaixo das minhas pernas.

— Sua sandália vai arranhar o banco do meu carro, ela é cheia de pedras, pra que isso?

— Pra ser bonita. – virei meu corpo pra frente. – E para de agir assim. Parece um hétero babaca. – comecei a me olhar no espelho.

— Alice tira os pés daí. – fiquei o encarando emburrada. – Você sabe quanto custa um banco de couro? Você tem noção da manutenção que eu tenho que dar nesses bancos para mantê-los perfeitos? Você acha que é só... – me sentei direito e bufei. – Obrigado.

— Se fosse o Rafael você não iria dizer nada.

— O Rafael nunca faria isso. Ele tem a mesma preocupação que eu. – me olhou e sorriu. – Na verdade ele é até mais cuidadoso.

— Pra alguém que é herdeiro e tem um pai desgraçado você é bem... Hum...

— Pensa no termo que você vai usar. – vi que ele olhava toda hora pelo retrovisor.

— Kevin não estamos sendo seguidos né? – meu coração já começou a acelerar. Lembrei do que havia acontecido a Arthur há pouco tempo atrás e do quanto o pai deles era uma pessoa horrível.

— Sim, estamos. – me olhou despreocupado. – Por Danilo. Ele vai com a gente.

— Desde quando ele tem carro? E por que você o chamou?

— Parece que foi um acordo com o pai dele, como ele ainda trabalha no hotel, metade ele pagaria eu acho. Não sei. Ele me contou, mas eu nem me lembro.

— Claro. Se fosse algo relacionado a Rafael se lembraria. – me encarou sério.

— Para com isso. Esse seu ciúme não é engraçado. E já basta o que eu passo com ele. Eu preciso de um pouco de paz.

— Por que você o chamou? – continuei naquele assunto.

— Gosto dele. – me olhou. – E não é só você que precisa se divertir.

Chegamos a Alela e eu sai rapidamente do carro indo até aquele idiota.

— Seu banco é de couro? Se não for eu quero ir embora com você pra eu poder me sentar como eu quiser. – ele me olhou como se eu fosse louca.

— Não é mais fácil você tirar sua sandália? – perguntou olhando meus pés. Pensei um pouco. E me senti um pouco idiota. - Vocês são tão complicadas. – passou por mim e foi entrando no bar com Kevin. É sério que eu teria que aturar os dois babacas metidos a espertinhos a noite toda? Acho que sim.

— Vai ficar até fechar né? – o amigo do Kevin que trabalhava lá perguntou e ele respondeu gestualmente que não sabia.

— Rafael teria um ataque cardíaco se visse essa cena. Duas pessoas que ele morre de ciúme com você. – comentei e ri.

— Oficialmente estamos brigados. Então não tem nem motivos para eu dar detalhes a ele dessa noite.

— Vou ao banheiro e já volto. – Danilo saiu e eu olhei Kevin.

— Queria saber por qual razão a irmãzinha dele não está te atazanando. – ele ficou me olhando. – Será que ela e seu pai... – arregalei os olhos. – Ela já fez dezoito? Já né? Ele nem pode ser preso.

— Ela não tá com meu pai. – afirmou friamente.

— Como você tem certeza? É o Caleb. Nunca temos certeza. – ele olhou em direção ao banheiro.

— Danilo e ela... Estão... Juntos há algum tempo. – fiquei atônita.

— QUE?! – pronunciei as palavras em uma altura elevada demais.

— Esse foi o motivo do término dele com Otávia. Eles estavam se acertando e ele resolveu ser sincero com ela.

— Por isso a repulsa dela quanto a ele. Lembro que na época ela nem queria ouvir falar no nome do Danilo. – respirei fundo. – Que nojo!

— Eles não são irmãos Alice.

— Mas foram criados como se fossem. E ninguém sabe que ela é adotada. A família não deixa isso claro, parece que pra eles ela é como biológica. E os pais deles... Eles o matariam, não é?

— Isso sim. - me lançou um olhar sério.

— Por que você já não contou então pra se vingar de tudo que ela te fez? É muito a sua cara fazer isso. Maléfico.

— Ele é meu amigo. Talvez o único. Pelo menos que eu conquistei e não que nasci convivendo. É tanto que só eu sei disso. E estou te contando porque confio em você. – suspirou. – Ela fez tudo aquilo comigo apenas pra chamar a atenção dele. E ele quis tanto esquecê-la que realmente chegou a se apaixonar por Otávia. Mas os dois se amam, sempre se amaram.

— São dois doentes cheios de problemas e ela principalmente. Essa garota é perturbada e extremamente manipuladora. Que não aconteça de eles procriarem.

— Ele tá vindo. – olhou em meus olhos. – Não me decepciona.

— Demorei porque fui fazer uma ligação. – agora eu já sabia pra quem era e não estava contente em saber. Bebi um gole bem longo da minha bebida. – É tão bom estar em uma relação em que você pode ficar despreocupado. Em que um conhece o outro e existe confiança. – comentou apaixonadamente. Bebi mais um pouco. Depois ele voltou ao normal e encarou Kevin. – Já você parece viver o oposto disso né parceiro?

— Precisa mesmo me lembrar?

— Tem como esquecer? – ele riu alto e eu tive que rir junto.

— Danilo tira uma foto minha com Kevin? – pedi e ele me olhou. – Ou você vai dizer a ele que ficou em casa dormindo? – ele ficou em silêncio do mesmo jeito. – Kevin. – percebi que estava com aquele olhar de quem estava tramando alguma coisa. – O que foi hein?

— Nada. Só tive uma ideia. – estreitei os olhos.

— Vai mentir pra ele então?

— Não me faz pergunta estúpida. Vamos tirar a foto.  – após tirarmos várias fotos os dois começaram a conversar sobre o hotel. O Kevin realmente não detestava aquilo e isso era assustador e irritante ao mesmo tempo. Eu já estava emburrada e impaciente.

— O que foi? – perguntou sorrindo, se divertindo com a minha raiva.

— Nada. Continuem com o papo animado entre vocês.

— Ainda não chegamos na parte que o seu namoradinho foi promovido. – Danilo falou me fazendo o encarar com mais raiva ainda.

— O meu pai realmente passa dos limites.

— Admite que o cara é bom. Desde que ele era estagiário sempre fez tudo por Caleb.

— Vocês vão mesmo ficar falando do hotel e do Orlando? – quase gritei.

— Vamos parar. Ela tá irritadinha e passou por maus bocados nos últimos dias.

— Eu devia ligar para o Rafael agora e contar a ele que você está num bar com Danilo. E com seu amiguinho Luiz por perto. – dei um sorriso grande.

— Você não faria isso comigo.

— Continue me provocando pra ver se não faço. – ameacei de um jeito bem sério. E eles nunca mais tocaram naquele assunto.

— Eu preciso ir para o hotel. – Danilo disse mexendo em seu celular um bom tempo depois. – Ainda bem que você não gosta do seu pai, assim eu posso chama-lo de insuportável na sua frente.

— O que ele tá querendo?

— Não sei. Ele nos convoca sem dizer o motivo. Quando a gente chega lá é sempre um problema diferente. Mas eu não posso reclamar, recebo hora extra com adicional de hora noturna. E assim eu comprei meu carro. – piscou e sorriu. – Mais um motivo para eu amar o Kevin.

— É. Todo mundo ama o Kevin. – resmunguei.

— Parou de beber. – ele tirou o copo da minha mão.

— O delegado ainda está na cola dele? – ele perguntou a Danilo antes que ele fosse embora.

— Como uma sarna. Eles têm feito acordos. Mas o seu pai é muito orgulhoso. Tem muita coisa que ele não aceita. E entre nós... A maioria lá acha que é perseguição gratuita e que ele tem razão de não aceitar. Mas sabemos que não é bem assim.

— Aquele velho tá ficando cada vez mais imbecil. – Kevin passou os dedos na testa me deixando intrigada.

— Você se preocupa com ele? – olhei em seus olhos.

— Essa é minha deixa. Preciso mesmo ir. E você – olhou o amigo. – Se for mesmo largar a medicina como disse, cogita a ideia de voltar pra lá. Aquele velho e aquele lugar precisam de você. – riu e se despediu.

— Vai ficar irritadinha de novo? – enrolou uma mexa do meu cabelo nos dedos. Olhei em seus olhos.

— Não estou querendo acreditar. – tirou o copo da minha mão mais uma vez.

— Em que Alice? – ficamos nos olhando por um tempo.

— Você antes de falar comigo. Assim que Danilo foi embora. Ficou olhando para o Luiz. Até fez algum gesto pra ele. Foi um sinal? Vocês vão se encontrar depois daqui?

— Sabe o que eu mais amo em você? Às vezes você é esperta demais. Mas também às vezes você é muito burra. Como consegue cogitar isso?

— Você foi pra um motel com um cara quando já namorava Rafael.

— E não fiz absolutamente NADA. E eu tinha a certeza que ele havia me traído. Ele estava na cidade dele e não falava comigo Alice. Ele me evitou e queria conversar quando chegasse aqui, o que imaginou que eu pensaria, como acha que eu me senti?

— Não tenho que achar nada. Desculpa. É só que... Sabe que eu me preocupo. Se fizer isso... Irá te destruir. Eu te conheço muito bem.

— Eu não vou fazer isso, nunca. A única pessoa capaz de me deixar fraco o suficiente para perder um pouquinho que seja do meu juízo está longe daqui.

— Murilo. – suspirei sorrindo.

— Mas nem mesmo ele conseguiria. E olha só quem resolveu aparecer... – pegou seu celular e me mostrou a foto dele e de Rafael na tela ao tocar.

— Por que não está escrito amor e sim Rafael? – me olhou impaciente.

— Amor é o que ele menos tem sido. – guardou o aparelho.

— Não vai atender?

— Pra que? Pra ele ter outro surto por eu ter saído? Amanhã vou conversar com ele, vamos ir pra capital na terça.

— Vou perder o primeiro dia de aula?

— O primeiro dia nunca tem nada Alice.

— Você devia mudar seu nome de Kevin pra paspalho do Rafael. – ele ficou me olhando de um jeito que me fez rir muito.

— Não era engraçado quando era o paspalho do seu irmão né? – continuei rindo.

— Não. Era bonitinho. Era fofo. Vocês se completavam. E olha que eu vi vocês dois juntos poucas vezes. Você e Rafael... É cansativo. Você não acha que já deu?

— Já deu é disso aqui, vamos. – cheguei em casa um pouquinho mais indignada que sai, mas pelo menos eu havia rido da cara do Kevin e isso não tinha preço.

Murilo Narrando

A ideia de Patrícia de sairmos com o Kevin que esteve com a gente na clínica, era ao mesmo tempo que chata, perturbadora. O cara havia me beijado. Por um pedido dela, mas ainda assim era um fato que eu não conseguia ignorar. Além de detestar o jeitinho idiota dele.

— Vai ficar com essa cara a noite toda? – ela perguntou assim que estacionei perto do hotel. Havíamos combinado de encontra-lo lá, já que ele estava visitando a irmã que como de costume, estava ficando por ali.

 - Não. – suspirei tentando melhorar o meu humor. – Prometo. – a olhei com carinho. Bem na porta vi alguém que não era estranho. Acho que fiquei olhando muito, pois ele me parou antes que eu entrasse.

— Posso falar com você? – o olhei sem entender. – Vai ser rápido.

— Vou entrando. – Paty afirmou desvencilhando nossas mãos. Fui andando com ele até onde ele estava um pouco mais a frente.

— Você não deve me conhecer, eu sou... – me lembrei quem era.

— Namorado do Eliot. – deu uma pequena risada. – O que foi?

— Não somos namorados.

— Mas eu vi um dia você o esperando. E hoje também parece que...

— Somos só amigos. Bons amigos. – sorriu. – Se é que você me entende.

— Ah. Claro. O que quer me dizer? – parei e o olhei.

— É só uma dúvida. Assim... – olhou ao seu redor e depois voltou a encarar meus olhos. – Você consegue deitar a noite e dormir tranquilamente? – fiquei em silêncio sem entender sua pergunta.

— Se puder se explicar eu agradeço.

— Ele cuidou de você. Deu tudo de si. Fez o que pôde e o que não pôde. Correu o risco de perder o emprego, por mais de uma vez. Foi até o seu País. E você... – soltou um longo suspiro. – Você mostrou o retrato perfeito do que é uma pessoa narcisista e do estrago que ela causa em alguém. E antes que me pergunte, sim eu sou psicólogo e foi assim que eu e Eliot nos conhecemos. – sorriu de um jeito triunfante. – Claro que agora eu não o atendo mais. – ficou me olhando notando que eu estava sem palavras. – Lembro até hoje de como ele entrou em minha sala pela primeira vez. O fato de você retornar essa relação e usa-lo de novo para o seu propósito, se colocando acima dele e não se importando com o que ele sentia. Você o destruiu. Mas... Tenho que dizer que não é sua culpa. Você não é assim porque quer. Deve ter sofrido algum trauma grave na infância ou ter algum pro... – o cortei agressivamente antes que eu ficasse ainda mais nervoso.

— Cala a boca. Primeiro, eu não sou isso que você está dizendo. Se eu fosse pode ter certeza que a minha psicóloga já teria identificado. Segundo que encontros e desencontros acontecem, não me coloque como o monstro da situação. Ele sabia muito bem que eu não podia corresponde-lo. E terceiro e último, nunca mais se dirija a mim.

— Murilo. – encontrei com quem eu menos queria ao entrar no hotel. – Você está bem?

— Eu pareço bem? - o encarei. - Vai lá saber o tanto de merda que o seu ex psicólogo falou pra mim. E o aconselhe a não fazer diagnósticos de quem não se consulta com ele.

— O que ele disse? – tentei continuar andando, mas ele me fez parar.

— Você obviamente já sabe tudo o que ele acha. Por que está me perguntando?

— Só queria que desabafasse. Não vai ser bom você ficar com isso dentro de você e tem que despejar em cima de quem tem a culpa.

— Agora não. O narcisista aqui tem uma namorada a sua espera para usa-la.

— Ele só concluiu isso porque ele não te conhece. Desculpa por tudo isso.

— Só diga a ele que é por você que ele não vai perder o direito de exercer a profissão, porque até onde eu saiba em qualquer lugar do mundo não se pode ficar dando diagnósticos que não foi solicitado. Ainda mais sem nem conhecer a pessoa. Eu teria prazer em processa-lo. – sai antes que eu ficasse nervoso a ponto de não conseguir aguentar encarar o idiota do Kevin.

Quando entrei no bar do hotel a primeira coisa que avistei foi o garoto sentado com Paty sorrindo e conversando bem alegremente. Não entendia como os dois podiam ser tão amigos assim.

— Senti sua falta. – ele disse de um jeito falso e então nós dois nos olhamos. – Por qual motivo estou sentindo toda essa tensão vinda de você Murilo? – sorriu se divertindo com aquilo.

— Deve ser porque eu te adoro muito.

— Sempre tão agradável. – ironizou ainda sorrindo. Eles continuaram a bater papo animadamente e como eu imaginava, eu fiquei calado a maior parte do tempo. – Conta tudo, então vocês estão mesmo namorando? – me olhou.

— Você já sabe, pra que pergunta? – o encarei de volta.

— Murilo! Por que é tão rude assim? – Patrícia perguntou e eu desviei meu olhar do seu.

— Vou ir ver o Gardan. – eu nem queria ter ido, depois desse encontro fatídico na entrada piorou ainda mais meu humor. Fiquei um tempo conversando com ele até que eu pudesse me acalmar, sempre eram boas as nossas conversas, algo que não mudava. Quando voltei para perto dos dois eu era outra pessoa.

— Desculpa por toda minha grosseria anterior. – pedi ao me sentar. – Eu estava nervoso com outras coisas. – fiz carinho em Patrícia. – Depois vou te contar tudo. – falei baixinho.

— Sabia que havia algo errado. – nos olhamos. – Vai ser legal com o Kevin agora?

— Claro. – olhei pra ele e sorri amistosamente.

— Admiro seu esforço. – ele afirmou segurando a risada.

O resto da noite eu fui a pessoa mais agradável que eu podia ser. Deixei Kevin falar bastante sobre ele e suas aventuras, isso era tudo o que ele sempre precisava, atenção.

O bar era grande, seguindo o padrão dos bares do hotel. E estávamos sentados na parte de fora, de onde dava para ver os altos prédios, havia corrente de ar natural e era bem mais confortável e até mesmo mais privado. Acho que esse último traço deu aos dois liberdade demais para falarem até sobre mim quando fui ao banheiro. Ao voltar pra fora e antes de me sentar com eles ouvi Paty quase gritar com o amigo e parei para escutar o que diziam.

— Você tá louco, não acredito no que está dizendo.

— Sua pergunta foi sobre o que eu acho e o que eu acho é isso. Ele tá completamente apaixonado por você.

— Nem você acredita no que está afirmando.

— Sabe que é verdade. Ele não me aguentaria atoa. – os dois riram, me fazendo revirar os olhos. – Só que... Você também viu o que eu vi lá né?

— Não entendo. Isso é algum tipo de maldição? Por que ele não consegue deixar tudo que ele viveu com o primo dele pra trás?

— Ele não quer. E ele vai guardar isso com ele até enxergar importância o suficiente em você para se esforçar para mudar. Entende? – já estava atraindo olhares das pessoas parado ali daquele jeito então atravessei a porta e voltei até eles.

— Você está errado. – falei e levei a minha taça a boca sem tirar os olhos dos olhos dele. – Não é que eu não veja importância o suficiente nela, eu vejo. Apenas sou apegado ao passado. Mas isso já mudou muito desde que vim pra cá. Eu sei que vai mudar completamente. – entrelacei nossas mãos.

— Ele está sendo sincero. – deu seu veredito a Patrícia.

— Acho que por hoje eu já te suportei tempo bastante, não acha? – nos olhamos e ele sorriu.

— E essa bobinha ainda achava que você podia se interessar por mim. – riu. – Desde que fui atrás de você até sua casa e fui antipático com seu amorzinho... – parou de falar no mesmo instante e pensou em suas palavras. – Ele ainda tá com aquele loiro? Porque ele é um gato, se ele estiver solteiro eu quero o número dele.

— Vamos? – chamei esperançoso no ouvido de Paty.

— Murilo fez o maior esforço e você o provoca Kevin! São duas crianças, sabia? – chamou sua atenção antes de se despedir dele. E eu só queria que aquele encontro acabasse logo.

Enquanto íamos pra casa eu pensava no que havia acontecido e no quanto eu estava sendo julgado injustamente. Como se as minhas atitudes fossem pensadas de uma forma completamente oposta a real... E a minha intenção fosse apenas me beneficiar e nunca me preocupado com Eliot. Eu sempre me coloquei no lugar dele. Exatamente por isso deixei claro que eu não conseguiria corresponde-lo.

— Ainda não me contou o que foi que houve. – olhei para Patrícia após sua fala. De um jeito um pouco mais suave do que a maneira que aconteceu e me afetou, contei todo o episódio. – Eliot que ama Murilo, que ama Kevin... – nos olhamos. – Um drama, não?

— Por que tá agindo assim?

— Você acha que é fácil? Quando não tenho que lidar com o fato de você pensar em outro tem outro pensando em você e o cara que gosta dele te ataca por isso. – suspirou. – É difícil Murilo.

Entendia a revolta dela, só que era melhor eu ficar em silêncio, caso contrário correria o sério risco de discutirmos e isso seria pior.

— Pode me deixar na casa de uma amiga? Vou te passar o endereço. – balancei a cabeça. – O que foi? – não respondi, apenas respirei fundo. – Diz Murilo.

— Você não age assim. Não estou te entendendo.

— Lembra o que você fez em sua cidade? – meus olhos se arregalaram. – Eu não me importei. De verdade. Mas não ter me importado te mostrou que o nosso relacionamento não é tão frágil e comum assim. Hoje eu quero a minha liberdade.

— E como vai usa-la? – ela quase riu. Perceber meu incômodo fez com que ela ficasse ainda mais satisfeita.

— Sabendo o quanto você é sensível eu julgo ser melhor que não saiba.

— Dá o endereço. – quase nem abri a boca para pronunciar as poucas palavras. Assim que parei o carro em frente ao prédio de sua amiga ela me olhou. – Vai logo Patrícia.

— Você não achou que transaria com outro cara e eu ficaria pulando de alegria achando tudo lindo né? Tanto tempo e ainda tem que me conhecer melhor.

— Não. Eu já sabia que você era forte, então... Eu não me surpreendo.

— Esse é o problema de estar ao lado de alguém que vence a dor emocional todos os dias. – sorriu. – Às vezes elas são bem frias. – tirou o cinto e abriu a porta. – A noite está linda, espero que aproveite também. – fiquei a observando passar e entrar no local. Ela só queria me mostrar que eu não tinha controle de nada, mas era uma pena ela não saber que eu já havia percebido isso há muito tempo, desde quando comecei a me apaixonar.


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Notas finais do capítulo

Com toda certeza tem post amanhã! (pretendo fazer dois posts, devido ao tempo sem postar) ♥



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