Amor Perfeito XV escrita por Lola


Capítulo 3
Novo ataque


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura ♥
(tem uma pequena explicação nas notas finais)



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Alice Narrando

Seria natural que eu me sentisse insegura e que essa situação de estar com meu ex namorado a caminho da casa dele me causasse uma espécie de resposta impulsiva do meu corpo. Mas não era assim que funcionava. Ele era o cara que eu mais conhecia no mundo. Que eu mais confiava. E estar ali era além de seguro, o que eu mais queria.

— Tem certeza que o Kevin vai voltar e buscar meu irmão? – perguntei assim que ele entrou na garagem do hotel. Ele me olhou e deu um sorrisinho.

— Você o conhece quase tanto quanto eu.

— É. Acho que ele vai. E o Rafael? Deve estar surtando. – sua risada me fez rir também.

— Não disfarça porque eu sei que você tá amando. – segurei o riso.

— Jamais. Não desejo o mal de ninguém.

— Só de quem controla seu melhor amigo.

— Ele passa de todo e qualquer limite. – ele parou o carro e ficou me olhando. – Vamos? – seu olhar continuou em mim e a resposta não surgiu. Senti ele se aproximar rapidamente e sua mão segurar a lateral do meu rosto.

— Não sem eu fazer isso. – afirmou com muita segurança e veio com tudo pra cima de mim.  Eu me desprender dele seria difícil. Ainda bem que não era essa a minha vontade.

O nosso beijo me lembrou muito os nossos primeiros beijos no sótão da minha casa em meio ao início daquele vírus e caos.

— Ainda é perfeito. – ele comentou recuperando o ar. – Juro que pensei que não seria.

— Por que? – me afastei e olhei em seus olhos.

— Estou magoado Alice. – desviou o olhar. – E se eu te disser que... – o interrompi.

— Arthur fala olhando pra mim. – pedi bastante incomodada.

— Tá. – me olhou um pouco contrariado. – Eu não sei se eu vou superar você ter escolhido outro cara. Foi a segunda vez. Você fez isso com Kevin. Quem vai ser o terceiro?

— Entendi. – desviei o olhar involuntariamente

— Agora olha pra mim você. – pegou meu queixo e virou meu rosto. – Eu não estou te julgando. E sei que estou errado em pensar assim. Mas é uma mágoa que eu tenho. A gente as vezes não consegue escolher como se sentir.

— Eu não o quis. Aconteceu.

— Não tenta consertar. Você quis. Sabe disso. E olha que nem emoções você tinha.

— Então, como eu ia querer alguém?

— Vamos encerrar essa conversa? – ele ficou sério conseguindo me assustar.

— Tá bom. – concordei um pouco triste. Quando sai do carro me assustei ainda mais com o corpo dele me pressionando contra o veículo.

— Podemos voltar na parte que eu dizia que ainda é perfeito o nosso beijo? – seu questionamento me deixou fraca e minhas pernas demonstraram isso bambeando. – Eu disse que esse tamanho de salto era perigoso.

— O único perigo aqui é você. – sorriu e chegou ainda mais perto.

— Acho que estamos atingindo um ponto comum.

— Você quer se vingar de mim? É isso? – escondi meu rosto em seu peito. Ele facilmente conseguiria isso. Invés de responder ele começou a aspirar o meu cheiro e causar mais fraqueza ainda em mim. – Arthur. – reclamei com dificuldade.

— Vem. – virou meu corpo me abraçando por trás e andando até o elevador, entrando comigo desse jeito. – Você tem asma? - perguntou afastando o rosto do meu pescoço. Seus braços continuavam em volta da minha cintura e nossos corpos colados.

— Você sabe que não.

— Mas parece. Sua respiração tá pior que de um asmático. – tentei tirar as mãos dele e ele não deixou. – Estou só brincando, relaxa.

— Vou começar a brincar com você também.

— Mais? Você já brincou a vida toda Alice. – virei meu rosto o olhando.

— A gente não vai se entender né?

— Eu não sei. Mas acho difícil.

— E mesmo assim você tá desse jeito comigo?

— Não te entendo. – saímos do elevador e ele foi pra cozinha. Parei na bancada o olhando. – Você não quer ser vista de forma diferente, mas também não pode ser tratada igual as outras. Ou você é diferente ou não é.

— Por que você quis vim pra cá comigo?

— Porque me deu vontade. – ficamos nos olhando. – Queria que ficasse só eu e você e mais ninguém.

—  Mas pra que? – comecei a ficar nervosa.

— Eu não sei Alice. – fiquei o encarando com raiva.

— Ou você diz a verdade ou eu vou embora. – ele respirou fundo e deixou o copo na bancada.

— Não sei se te esqueci. Preciso saber. Acho que foi por isso.

— Acha? – ergui as sobrancelhas.

— Tá tudo muito confuso Alice. Quando eu voltei e te vi eu não sentia que te amava.

— E o que mudou Arthur?

— Hoje eu fiquei incomodado com os caras te secando. Isso aí... – me olhou de cima a baixo. – Você fez por querer né?

— Não. Eu ando do jeito que eu quiser. Nem tudo diz respeito a você.

— Deveria estar lá até agora então.

— Estou chegando a conclusão que eu realmente deveria. Foi um erro. – suspirei.

— Ainda somos primos Alice. – sorriu. – E seremos sempre amigos. Vem. – me estendeu a mão. – Eu te chamei pra ver filme e passar um tempo comigo. É isso que vamos fazer.

Já estava lá então decidi deixar de pensar no que eu e ele éramos ou viraríamos. Talvez eu realmente fosse um pouco como Murilo e não tenha me dado conta. Isso de querer controlar tudo o tempo todo ainda me faria muito mal.

— Quer uma blusa? Esse seu vestido está tão apertado que tá me dando aflição. – ele perguntou enquanto eu tirava minha sandália. Dei uma risada suave.

— Por que está tão incomodado com a minha roupa? – ficamos nos olhando.

— Tá. – se deitou. – Quem vai ficar desconfortável é você.

— O que vamos ver? – me deitei em seu ombro. Ele passou a ponta dos dedos em meu braço e com sua outra mão pegou o controle.

— Não sei. Ainda não pensei nisso.

— Claro, só pensou em meu vestido. – debochei.

— Deixa eu tirar minha blusa. – mexeu delicadamente o ombro. Arredei e ele se sentou tirando a peça pela gola. Olhei suas costas e vi as diversas marcas. Algumas eram profundas e grossas, outras mais sutis. A maioria era assustadora. Antes dele deitar novamente eu também me sentei.

— Espera. – pedi passando os dedos nas cicatrizes. – Você não me contou nada sobre o que aconteceu.

— O que quer saber? – me olhou de relance.

— Acho que tudo. – respondi baixinho.

— Mas eu não quero falar disso. – meus olhos se estreitaram.

— Nem comigo? – ele ficou me olhando.

— Você não merece partilhar tamanha dor. – desviou o olhar. – Eu não sou mais o mesmo Alice. Ainda que Murilo tenha conseguido me fazer mudar de ideia.

— Eu sei. – me aproximei mais e fiz carinho em seu rosto. – E não é culpa sua. E eu sinto mesmo que tenha passado por tudo isso.

— Eu preciso aprender a falar sobre isso, mas eu não estou pronto. – ele admitiu em um desabafo sofrido. – E quando eu estiver você vai ser a primeira pessoa com quem eu vou dizer como eu realmente me sinto. Por mais que eu tenha contado tudo superficialmente para Kevin, não é a mesma coisa.

— Eu ser a primeira pessoa e não ele já responde as confusões em sua cabeça, não?

A resposta não apareceu, invés disso ele fez algo bem melhor. Demonstrou através de um beijo cheio de sentimentos que eu estava certa. Só que com a gente um beijo nunca era apenas um beijo.

— Alice... – ele me olhou e pareceu se espantar com o que os meus olhos transmitiam. Tentou me afastar e eu não deixei.

— Você podia não estar mais aqui agora. E você voltou. Eu vivi a experiência de te perder Arthur.

— Não é por isso que você precisa agir precipitadamente.

— Eu não estou agindo. Eu te amo e é a coisa mais real que já senti no meio desse turbilhão de emoções.

— É melhor esperar você estar mais estável.

— Ou esperar você ter certeza do que realmente quer? Eu não estou te pedindo nada Arthur. Não precisamos ficar juntos. Só quero ser sua. E se amanhã continuarmos sendo primos e amigos... Tudo bem.

— Isso não se parece nada com você. – comentou vagarosamente.

— As pessoas mudam. Você mudou, não é? – de alguma forma eu o convenci porque ele me deitou na cama e já estava em cima de mim em uma fração de segundo.

O nosso beijo que sempre era tão sincronizado, talvez devido a tudo que estava em jogo ali, de repente se tornou algo mais parecido com uma batalha. E existia além de uma briga aberta e clara por um domínio, uma violência devastadora. Esse era o Arthur. O Arthur que eu ainda não conhecia.

Ele desligou a luz deixando apenas a pouca claridade que surgia da televisão, criando assim um ambiente ainda mais propício. A agilidade e correção dos seus atos sem em nenhum momento demonstrar alguma insegurança ou quebrar o clima era admirável. Eu sentia uma onda de sensações dentro de mim, mas nenhuma delas era negativa. Nos separamos e ele me olhou. Não era necessário que nada fosse dito. Aquilo realmente iria acontecer.

Poderia ter perdido o juízo. Enlouquecido. Não sei. Mas é fato que isso estava para acontecer desde o primeiro dia que nos beijamos. E o sequestro dele só serviu para me lembrar disso. Ficarmos juntos realmente não era mais importante agora. Ser dele sim. Esse momento sim.

— Você não vai se arrepender? – perguntou quase com a voz falhando. Invés de responder desabotoei sua calça sem separar nossos olhos. – Vou enfim me livrar desse maldito vestido. – afirmou ofegante puxando o pano pra baixo com precisão. Minha pele totalmente desnuda se arrepiou. Ele ficou me olhando. – Lembra daquela vez no carro? 

— Lembro. - minha mente viajou há dois anos atrás, quando ele foi longe demais e mesmo que tenha causado emoções intensas e prazerosas em mim, também foi quando eu mais me decepcionei com ele.

— Aquilo com você me fez sentir muito mais que muita coisa com qualquer mulher, sabia?

— Não. Você estava com ódio de mim.

— Não muda o fato do seu corpo estar em minhas mãos. – contrai o estômago com o seu movimento. E com aquelas palavras toda e qualquer insegurança ou hesitação que eu poderia ter se tornou inexistente.

A única coisa que eu precisava saber e mesmo sem experiência nenhuma eu já sabia é que eu tinha que me entregar completamente. E ser Arthur a estar ali ajudava muito para que isso acontecesse. A intimidade que nós dois tínhamos, toda nossa história... Era uma contribuição gigantesca para que tudo fluísse da forma mais natural e menos traumatizante possível.

Tê-lo em mim era uma sensação completamente indescritível. Mesmo se eu pretendesse, não seria possível narrar tal momento. Ainda que parecesse um encaixe desproporcional e surgisse inicialmente um incômodo comum, toda aquela experiência com absoluta certeza se resumiria em algo sublime. Fiz a escolha certa, eu não tinha nenhuma dúvida disso.

Murilo Narrando

Caleb era o extremo da escrotidão. Após ser quase expulso da direção dos hotéis, ele quis comemorar os seus anos de administração e decidiu fazer uma festa. O inusitado era a família inteira além de não o vetar ainda por cima comparecer. Montez era significado de loucura.

— Tem certeza que consegue ir Murilo? – Arthur perguntou mais uma vez. – Kevin me disse que eu deveria me certificar que você ficaria bem. – ajeitou sua gravata. Fiquei mexendo em qualquer objeto no quarto dele.

— Patrícia está me esperando com o pessoal lá embaixo. Foi pra isso que pediu pra eu subir? E cadê seu amigo?

— Já está com o namorado. – nos olhamos. – Eu te fiz uma pergunta.

— Eu já o vi uma vez, lembra? – respirei fundo.

— Mas estava focado em sua irmã. E ele nem mesmo passou perto de você. Murilo... Se for te dar alguma crise, é melhor evitar.

— Vamos Arthur. – fui até a porta.

— Não vai me perguntar o motivo dele se importar tanto?

— Já sei. – dei um pequeno sorriso. – Mas seria interessante ouvir sua teoria.

— Eu não sei o que você fez, mas mudou algo nele. E ele não consegue fingir frieza mais.

— O que EU fiz? Conversei com o irmão dele. Estive com ele por alguns minutos e ele ficou totalmente sem controle. Kevin tem sérios problemas Arthur e que Rafael está só aguçando. E eu vou te falar uma coisa... – o olhei nos olhos. – Eu não dou seis meses no máximo pra ele voltar a ser o que era.

— Você sabe que eu não vou conseguir ajuda-lo. – sua voz saiu com uma dor notável.

— Muito menos eu. – peguei meu celular. – Patrícia está me esperando. – ele se deu por vencido e foi comigo de encontro aos nossos amigos. Chegamos no salão de festa e antes que começassem as conversas e gracinhas, peguei Paty e fugi para um lugar entre a área de fumantes e o jardim. Era onde eu e Kevin brincávamos de pique esconde enquanto o pai dele trabalhava incansavelmente e o meu brigava por eu fugir de casa escondido.

— Que lugar é esse? – ela perguntou olhando ao redor.

— Um lugar pequeno e meio camuflado que quase ninguém conhece. – respondi a puxando para ainda mais perto de mim.

— E por que me trouxe aqui? – ela queria rir, mas parecia estar com medo e talvez por isso não tenha conseguido.

— Ah, você nem imagina? – dei um sorriso malicioso.

— E se formos descobertos Murilo?! – bateu em meu peito arregalando os olhos.

— Não seria a primeira vez que isso acontece comigo. – ri a deixando ainda mais nervosa. – Relaxa. Eu não sou um asno.

— Mas parece mesmo um animal. – a olhei sorrindo lentamente e a beijando em seguida. Também não era a primeira vez que eu ouvia isso.

Quando voltamos para perto de todos eles já estavam sentamos à mesa. E Kevin estava presente. Sem Rafael. Estranhei aquilo, mas não seria eu que comentaria alguma coisa.

— Onde vocês estavam hein? – Alice perguntou nos olhando. Dei um sorrisinho.

— Você ainda pergunta? – Soph balançou a cabeça. – Conhecemos bem o seu irmão amiguinha.

— Nossa... Esqueci como o Murilo é.

— Como é que eu sou? – a olhei. Ela revirou os olhos.

— Seria muito engraçado se os seguranças pegassem vocês. E tivessem que chamar o Caleb. – Ryan comentou e Kevin levantou os olhos do celular me olhando. Não sei se ele pensava que só de ouvir o nome do pai eu iria me desestabilizar, mas chegava a ser até fofa toda essa preocupação.

— Ele não ia se importar. Agora se fosse um flagra com algum cara... – respondi e depois olhei Paty. Dei um sorriso e me aproximei beijando a lateral do pescoço dela.

— Dá pra você devolver a minha calcinha? – ela perguntou baixinho em meu ouvido. Dei uma gargalhada genuína e gostosa de ouvir. Fiquei olhando pra ela e depois mordi sua boca. Arredei o meu corpo e olhei sutilmente para o meu bolso. – Eu não acredito que estou em outro País com você fazendo isso comigo. – falou após me puxar pela camisa.

— Poderíamos fazer em Paris também. – sorri

— Aqui você fica mais a vontade. – fez carinho em meu rosto. – Eu gosto de você aqui.

— E eu gosto de você comigo aqui. – a beijei. Era incrível o poder que a paciência tinha. Ela sempre teve paciência desde o início E agora passando por Torres e Kevin não estava sendo diferente. Quando eu dizia que essa garota era especial eu não exagerava nem um pouco.

— Hein Murilo? – olhei minha prima que falava alguma coisa comigo.

— Ele está namorando, você não tá vendo? – Lari chamou a atenção da irmã.

— Ele que namore outra hora. Estamos aqui agora. Ele a tem todo tempo do mundo. E a gente não.

— Fala carência! – me virei de frente pra mesa. – Chora.

— O que você acha de a gente fazer algum passeio amanhã?

— Tá. Mas nada radical. Meu bebê não gosta de aventuras.

— Quem disse? – ela me olhou indignada.

— Ah desculpa, não me referia a você e sim a minha irmã. Você é minha princesa. – a beijei com carinho.

— Eu costumava ser seu amor. – ela afirmou com um sorriso brincalhão nos lábios.

— Vestida com esse traje tão elegante você é minha princesa. Nos dias comuns você é meu amor. E quando tá sem nada você é... – ela tampou minha boca correndo.

— MURILO! – exclamou ficando vermelha.

— Ela realmente não conhece o cara que tá ao lado dela. – o dono das palavras deixou o clima tenso e todos em silêncio.

— Conheço. – ela encarou Kevin. – Talvez melhor até que você eu diria. – ela me olhou. – Tô com fome. Pega algo pra mim? – deu aquele sorrisinho lindo. Selei nossos lábios e fui até a mesa servir algo pra levar pra ela. Duas pessoas foram atrás de mim. A primeira foi Nicolas e a segunda Kevin.

— Oi. – ele disse e sorriu.

— Oi. – continuei me servindo. – Você chegou agora? Nem te vi lá na mesa.

— Não. É que estava tão concentrado na sua namorada. – riu. Olhei pra ele por segundos e voltei a olhar o aparador. – Kevin quer que eu me afastasse de você e eu queria saber o motivo.

— O motivo? – o olhei. – É que ele é um neurótico psicopata ridículo.

— Ele acha que você vai dar em cima de mim?

— Mais ou menos isso. – ele ficou calado. – O que foi? Não acha que ele tá certo né? – não é possível que eu não podia mais ser simpático com ninguém.

— Não sei. Ele te conhece mais que eu. – balancei a cabeça e me preparei pra voltar. – Não quer saber porque mesmo isso podendo ser verdade eu ainda vim falar com você? – fiquei olhando pra ele. Suspirei.

— Porque você quer que seja verdade. – ele ergueu as sobrancelhas e olhou para o lado. Kevin estava vindo e com certeza furioso. – Você percebeu que eu namoro então nem devia estar falando sobre isso comigo. E além de ser meu primo você é irmão do meu ex namorado. – ficamos calados e o diabo chegou.

— Estou sentindo um clima de tensão. – comentou nos olhando. – Espero que não seja sexual. - seu tom totalmente maligno me fez balançar a cabeça.

— Tensão? – o olhei. – A mesma que você deixou na mesa ao dizer pra minha namorada que ela não me conhece? – perguntei nervoso.

— Eu não menti. – sorriu. Nicolas saiu de perto da gente. – Eu disse a ele que não o quero perto de você e ele continua. As pessoas insistem em me provocar. – fiquei olhando pra ele. Tentei ir, mas ele me segurou. Olhei suas mãos em meu braço.

— Tira a mão de mim. – pedi com calma.

— Não. – continuou. Olhei em volta a procura de Rafael, se ele viesse dar um ataque de ciúme ele me soltaria em dois tempos. – Ele foi embora. – o olhei sem entender. – Brigamos. – respirou fundo.

— Parece que só fazem isso.

— Não. Rola uns sexos entre as brigas. – sorriu.

— Pelo menos isso. – ri de forma anasalada. – Agora dá pra me soltar?

— Murilo... – ficamos nos olhando.

— Kevin a minha namorada está com fome. E ela está olhando pra gente agora. E parece que estamos grudados desse jeito. – olhei pra mão dele e ele me soltou.

— Não vai. – pediu antes que eu desse algum passo. – Preciso da sua ajuda. – pra ele dizer essa frase realmente era importante. – Ele não confia em mim. E eu o amo muito. – olhei pra baixo. Ainda era difícil ouvir aquilo. Ainda mais com tanta comoção. – O que eu faço? Eu não aguento mais isso.

— Só o faça confiar em você. – balançou a cabeça.

— Não é tão simples. Já fiz de tudo.

— Ah, não sei Kevin. Por que eu saberia o que você deve fazer?

— Porque... – parou de falar e ficou me olhando.

— Por que eu confiava em você? – desviou o olhar. – Cada pessoa é única. Cada ser é particular. Ele sente do jeito dele. Não dá pra te dizer pra fazer o que fazia comigo, até porque estávamos em um abrigo onde vivíamos presos e na maioria das vezes perto um do outro. – puxei o ar e soltei lentamente. – Ele precisa de ajuda profissional.

— Ele já tem.

— Ele tem algum trauma?

— Não. Ele só amou Alícia e teve todo aquele problema. Mas fora isso...

— Que cara estranho. – me encarou com raiva. – Estou tentando te ajudar, relaxa.

— É difícil relaxar com sua carinha de folgado e seus comentários impertinentes.

— Kevin... – o olhei bem sério. – Vai pro inferno.

— Murilo. – me puxou me fazendo quase derrubar todo o aperitivo em minha mão. Fiquei olhando pra ele. – Desculpa vai.

— A gente vai se embolar na porrada aqui no meio desse salão se você não me deixar ir entregar isso pra minha namorada agora.

— Não conhecia esse seu lado valentão. Sempre foi estourado, mas não tão agressivo.

— Ela tá com fome, você é meu ex namorado e ela não merece ficar vendo isso. - tentei usar o tom de voz mais firme que eu conseguia.

— Você realmente gosta dela. – constatou admirado.

— Agora que você percebeu isso? – desviei o olhar. – Já disse que te amar ainda não significa mais nada.

— É. Estou vendo. – suspirou. – Por favor, me ajuda.

— Meu pai. Procura por ele. Ele vai saber o que você deve fazer. – ele pareceu lembrar de algo e ficou boquiaberto.

— Como não pensei nisso antes? – perguntou a si mesmo.

— O espertinho ficou burro. – debochei. – Tchau Kevin.

Achei que aquela noite já havia apresentado acontecimentos demais, só que ela estava apenas começando. Não sei bem por qual motivo Caleb e Kevin começaram a discutir e aquilo começou a ficar muito feio.

— Eu sou um viado. Eu sou louco por homem e mesmo assim eu comi uma mulher, aquela mulher. – Kevin quase gritava e  apontou para a loira que morava ao lado da casa dos meus avós. - Por sua causa. Por suas armações. Eu também beijei Alice, lembra? Por várias vezes. Eu estou sempre fazendo o que eu não devo por você! Desde que nasci. Eu te odeio pai. Juro que te odeio com todas as minhas forças. Queria que você estivesse morto, porque é isso que você merece, você é mau e arruinou a minha vida, a minha, a de Arthur e de todos os seus filhos. E eu que sempre me esforcei para fazer tudo que você queria que eu fizesse da melhor forma possível. Nem mesmo eu sobrevivi a sua crueldade. - meu vô, meu pai e Arthur ficaram em volta e os três juntos tentavam controlar Kevin. Ia me levantar e ir lá, mas Alice não deixou.

— Tiraram fotos de você e do Kevin ontem no carro dele e mandaram para o Rafael. – minha irmã me contou baixinho.

— Como? Era uma câmera profissional e muito boa.

— Exato. – ela olhou Caleb. – Com certeza é coisa dele.

— Por isso o espetáculo? – ela concordou.

— Sei que Rafael exagera e eu sou a primeira a criticar, mas... – nos olhamos. – Eu vi as fotos, Arthur me mostrou, pois o amigo o mandou... E Murilo... Você o olhava com olhar apaixonado e ele correspondia. Não dá para o namoro dele sobreviver a isso.

— Eu tenho que fazer alguma coisa.

— Eu vou lá ver se Arthur conseguiu acalma-lo. Você fica longe de onde poderá trocar olhares com Caleb. – segurou minha mão. – E apenas isso. Não é responsabilidade sua. O namoro não é seu.

Ouvi minha irmã e fiquei quieto sem tentar ajudar, já que facilmente eu poderia piorar tudo. Mas eu esperava que eles mais uma vez se resolvessem.

 


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Notas finais do capítulo

Quanto a cena de Alice e Arthur, quem acompanha AP sabe que eu não sou de narrar cenas de sexo (mesmo que eu tenha exagerado um pouco com Murilo e Kevin). Existem diversas maneiras de se descrever essas cenas… As mais interessantes, na minha opinião, são aquelas em que mal dá para se perceber que estamos falando do assunto. Então por isso prefiro esse caminho, maaaas espero que tenha ficado bem "claro" como tudo aconteceu :)

E esse namoro de Kael? Sobrevive? Vamos torcer? Caleb sendo Caleb, nada novo sob o sol ;/

até sexta! ♥



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