Amor Perfeito XV escrita por Lola


Capítulo 2
Briga de família


Notas iniciais do capítulo

Que demora não é mesmo? rs
Boa Leitura ♥



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Murilo Narrando

Era inacreditável estar em tão pouco tempo de volta a Torres. Mas eu estava. Olhei para o lado encarando os olhos de Patrícia. Não podia ficar nervoso se não ela perceberia. E associaria esse nervosismo ao meu primo. Isso faria mal a ela. E é tudo o que eu mais jurei que não faria.

— Estava doida pra te conhecer pessoalmente! – minha mãe exclamou assim que nos viu. – Depois que você entrou na vida de Murilo tanta coisa mudou. – olhei para ela e pro meu pai.

— O que ela tá querendo dizer? – ele balançou a cabeça.

— Deixa de ser sensível. Sua mãe só está elogiando sua namorada.

— Cadê Alice? – perguntei enquanto meu pai abraçava minha namorada.

— Ficou em casa. Ela tá muito mal com as reações de Arthur. Inclusive ouvi uma conversa dos seus amigos sobre você vim mais cedo por isso. E não concordei.

— Eu não vim mais cedo. Estamos em março pai. E eu prometi a Alice que viria ainda em fevereiro.

— Acabamos de entrar em março. – ele me olhou desconfiado.

— Por que isso? – procurei a resposta em seu rosto.

— Sabemos bem por que isso Murilo. – ele achava que ajudar Arthur poderia me fazer mal por lembrar meu início com Kevin. O meu pai era incrível.

— Eu estou bem. – entrelacei minha mão com a de Paty e selei nossos lábios. – Vamos? – os olhei.

Passei em casa para deixar nossas coisas e nem descansamos. Fui direto para a casa da minha vó. Aos poucos quase todos foram pra lá também. Quase todos, menos o casal que com certeza não queria me ver.

—  Então Murilo qual é o seu plano? – Ryan perguntou com um olhar que beirava desespero. – Espero que seja eficaz.

— Posso apresentar minha namorada primeiro? – o olhei e ele revirou os olhos. Dei uma leve risada. Depois olhei todos. – Gente essa é Patrícia, mas podem chama-la de Paty. – ela sorriu timidamente.

— Ela sabe das suas preferências? – o irmão da vizinha perguntou me fazendo ficar olhando pra ele.

— O que esse garoto tá fazendo aqui? – questionei inconformado.

— Ah, ele faz parte do grupo. Mas ele quase nunca tá junto, é meio preguiçoso e desinteressado. Acho que o Kevin o mandou estar aqui.

— O Kevin não manda em mim. – rebateu.

— Vamos fingir que é verdade.

— Eu fiz uma pergunta. – ele me encarou.

— Lógico que eu sei. – Paty respondeu sem muita paciência. – Murilo é um ser humano livre. E eu não tenho nenhum problema com isso.

— Com livre também você quer dizer que vocês dois não tem um relacionamento monogâmico? Porque isso seria um perigo. É só um aviso.

Minha irmã estava fazendo uma ligação e começou a gritar em seu celular. Olhei para ela atento.

— POR QUE VOCÊ MANDOU SEU CACHORRINHO PROVOCAR MEU IRMÃO? EU SEI QUE É COISA SUA! – o garoto levantou e pegou o celular dela o desligando. Cheguei perto dele.

— Você não me conhece. Eu não gostaria que conhecesse com o meu punho nesse seu rostinho. – segurei seu queixo e dei um tapa leve em seu rosto.

— Nessas horas que... – Alexandre começou a falar e eu sabia o que ele diria.

— Não quero saber o que eu pareço ou não. – o cortei. Voltei pra perto de Paty que já estava assustada. – Eu disse que seria um teste e tanto. – falei baixinho.

— Kevin não tem nada a ver com isso. – o garoto afirmou olhando Alice. – Só que eu sou igual a ele esqueceu? Esse garoto precisa ser provocado. Mas tudo bem, vou ficar na minha.

— Por que preciso ser provocado? – franzi a testa.

— É melhor eu não dizer mais nada.

— Também acho. – Alice o encarava com raiva.

— E eu acho que você tá fodido. – Ryan falou rindo e todos olharam Kevin na porta.

— Vem cá agora. – ele mandou encarando seu amigo. E saiu. Sem olhar pra mais ninguém.

— Obrigado Alice. – a agradeceu de uma forma amarga. Ryan que estava perto dos dois bateu na cabeça dele antes dele ir.

— Você achou mesmo que mexeria com o Murilo e ele não viraria um satanás? – continuou rindo. O garoto saiu me encarando. Paty tentou me dar a mão, mas a tirou.

— Sua mão está suando. – observou bem baixo me olhando. – E você tá descorado. – vi seu rosto ganhar um semblante triste. Ela encostou o queixo em meu ombro. – Tudo isso só por ele aparecer? – fiquei olhando pra ela. – Você me garantiu Murilo.

— Me perdoa. Achei mesmo que não ia acontecer nada.

— Não fica assim. – ela segurou a minha mão. – Desculpa te fazer uma cobrança. Sei o quanto isso mexe com você. – me olhou ainda mais de perto. – Murilo.

— Preciso de ar. – iria sair, mas ela me segurou.

— É o seu instinto. Ele tá lá fora. – olhou em meus olhos. – Não faz isso.

— Murilinho lindo eu ainda estou esperando o seu plano. – fomos interrompidos por Ryan. – Você tá bem? – perguntou assim que o olhei. Alice veio até a mim e me abraçou.

— Não sei o que tá passando em sua cabeça, mas ele se preocupa com você. Pensa só nisso. – nos olhamos.

— A gente sabe que isso não é verdade. – sorri. – Pra tentar me acalmar você diz qualquer coisa. Estou bem. Foi só um impacto. Por que o garoto iria querer me provocar?

— Acho que... Não sei. Talvez ele esteja tão indignado com Kevin acatando tudo que Rafael fala quanto a gente. E ele sabe que você pode mudar tudo.

— Não posso. – percebi que iriam ouvir nossa conversa a qualquer instante. – Bom... – me afastei um pouco e olhei Ryan. – Vou conversar com Arthur.

— Ele tá igual um louco sanguinário. Você acha que conversar com ele vai resolver? – dei um sorriso presunçoso.

— Kevin estava decidido e a um passo de ter minha irmã. Tudo pra atingir Arthur. E o que aconteceu?

— Ele se apaixonou loucamente por você. Eu não acho que Arthur também irá se apaixonar. Na verdade... Desculpa dizer, mas eu desconfio que Kevin sempre foi apaixonado por você e você por ele. Desculpa amiga. – Ryan observou e olhou minha namorada.

— Não é bem assim não. – Alice discordou. – Hoje eu sou a melhor amiga dele e sei que na época ele amava o ex dele. Para de tentar tirar a credibilidade do Murilo. Eles terem se apaixonado foi efeito colateral da boa ação do meu irmão.

— Depois que essa garota recobrou as emoções ela voltou a ser chata né?

— Vamos ao que interessa. – Otávia se levantou. – Como pretende aborda-lo Muh?

— Deixa isso comigo. Eu me encontro com vocês depois e passo as minhas considerações.

Lá fui eu. Entrei na cobertura com receio. Após tudo que falaram sobre ele eu sabia que ele não era mais o mesmo Arthur.

— Oi. Estou feliz em te ver. – não recebi nenhuma reação positiva. Ele estava concentrado no notebook dele e apenas mudou a direção dos olhos pra mim. – Achei que iria te encontrar correndo na esteira ou fazendo uma barra na academia do hotel... Afinal você sempre gostou tanto de se exercitar né? – ele leu nas entrelinhas.

— Nem tenta. Eu não sou Kevin e não vai funcionar. – falou com sua atenção novamente para o aparelho.

— Você não é Kevin e isso torna tudo mais fácil. – me sentei no sofá. – Aonde você pensa que vai chegar Arthur? Vai afastar todos os seus amigos, magoar sua mãe, seu padrasto e seus avós e tios e isso tudo pra que? Qual é a sua grande ideia?

— Eu não vou expor meu pai e nem sujar o nome da minha família. Vou lidar com ele da forma como ele conhece... Na imundície. – me olhou e depois desviou o olhar. Encarou seu relógio. – Seja breve Murilo.

— Você tá agindo igualzinho a ele. – me referi a Kevin. – Pare de imita-lo. Isso não vai dar certo. Não é a sua essência. E seja o que for que esteja planejando contra Caleb, espanca-lo, causar algum prejuízo, tirar algo dele... O que for, ele vai recuperar e pra ele vai ser como nada. Sabe o que atinge o seu pai? A sua mãe. Se você está com tanto desejo de vingança e quer vê-lo pagar pelo que fez a você, a use contra ele.

— Não preciso de você pra me dizer o que fazer.

— Foi Kevin uma vez que me disse que ele não a esqueceu. E eu acredito muito no que ele diz, assim como você. Devia tentar. Mas pra isso tem que voltar a ser você. É com o amor dele que vai lidar. E ninguém melhor que o você verdadeiro entende disso. – sorri o vendo ficar mais impaciente. – Só admite que eu estou certo.

— O que você sugere?

— Não sei. – dei de ombros. – Eu não sou o vingativo da família. Só quero te mostrar que não pode continuar indo por esse caminho sombrio. Você só vai se perder. E não vai ter resultado nenhum.

— Você não sabe o quanto eu sofri Murilo. – voltou com a seriedade assustadora. – Deito pra dormir e fico lembrando de cada segundo naquele lugar.

— Por isso mesmo você tem que ser mais eficaz Arthur. – ele ficou calado durante um tempo, se mostrando pensativo.

— Já viu o Kevin? – estranhei sua pergunta. – Ele me contou que estava te evitando. – virou o rosto pra frente. – Mesmo que eu não queira muito, ele não parou de falar e contou todas as coisas que achava interessante.

— E me evitar é interessante? – me olhou e deu uma risada anasalada.

— Como vai ser se ele e Rafael continuarem juntos? – sorri. – O que foi?

— Você já voltou a ser o Arthur de sempre. Tá preocupado. – ri.

— Eu me preocupo com vocês dois.

— Ah... Nós dois vamos continuar deixando de ser amigos.

— Isso é impossível. Você não vai morar pra sempre em Paris. Alice precisa de você Murilo. – olhou em meus olhos. – E os encontros de família e amigos?

— Ele que fuja de mim. Eu não estou nem aí.

— Certamente ele vai abdicar das amizades e da família por Rafael. – concluiu ainda mais preocupado.

— Descobriu o mundo. – ironizei. – Se ele tá feliz assim, que seja Arthur. Agora olha – cheguei mais perto dele. – Todos precisam de você assim, desse jeito, preocupado, o herói que salva o mundo e que une a todos. Aquele que diz a coisa certa e separa todas as brigas.

— O único com maturidade você quer dizer né? – rimos.

— Pode ser. – sorri largamente. – Sabe que eu sou mesmo bom nisso? – ele suspirou.

— Minha mãe tá insistindo pra eu fazer tratamento por causa do trauma... – comentou olhando o chão. – Ela não acredita que aquele monstro tem algo a ver com isso. E eu ainda tenho que dar mil depoimentos na polícia. E eles também não vão acreditar.

— Ele com certeza vai inventar que você tem um vício pra te descredibilizar. E isso é fácil de provar.

— Eu sinto muito sua falta Murilo. – falou de um jeito afetuoso e eu fiquei olhando pra ele.

— Agora eu vou vim mais vezes. Prometi a minha irmã. E prometo a você. Só se você jurar que não vai mais se deixar levar pela dor.

— Caso aconteça os efeitos vão ser menores, pode ter certeza. – isso me causou alivio imediato. Contei a todos mais tarde. Mas não o obriguei a estar com a gente, era um passo de cada vez, como eu me lembrava nostalgicamente que foi com Kevin.

 Alice Narrando

Todos estavam apreensivos. Meu pai, tio Gu e Caleb estavam reunidos há bastante tempo na biblioteca da casa da vó Isa. Ela estava na cobertura com Arthur e meu avô. Depois do susto de quase perde-lo é claro que ele estava sendo mimado. E como ele não estava indo lá... Eles estavam indo até ele.

— Estão usando nosso local de reunião. – Ryan reclamou.

— São adultos seu idiota. Mandam mais que a gente. – Alê rebateu.

— Olá. – assim que minha vó chegou olhou para a porta fechada. Ela começou uma conversa com Soph e Lari sobre a indecisão da escolha de curso das duas.

— Vou lá pra reunião. – vô Mark a avisou. Todos olhavam atentos.

— Os negócios do hotel também são de Luna. Ela está chegando e quer participar. – sua resposta saiu rápida e grave.

— Não posso esperar Isadora.

— Vinicius e Gustavo sempre são minoria contra você e Caleb. Eu tenho esperança que ela faça diferença.

— Dessa vez você tá enganada. No assunto dessa reunião, eu estou contra ela e ela tá do lado do Caleb. – vi minha vó ficar confusa e em seguida ela não deixar o vó Mark prosseguir. – Preciso ir.

— Por que não me contou nada ainda?

— Você sabe que sempre fui um homem de negócios. Eu precisava analisar e ter certeza do que eu iria fazer.

— Tá. – ela o soltou. – Confio em você.

— Eles são tão fofos. – Aline comentou baixo comigo e eu a olhei e depois vi Luna entrando na casa. Ela foi direto para a biblioteca que ficou com a porta aberta. Todos tentavam ouvir.

Pelo que entendi, depois do escândalo com Caleb e agora isso do sequestro de Arthur, eles optaram por afasta-lo dos negócios, já que isso fazia mal a imagem do hotel. Só que Luna não concordou. E ela entrou bem na hora que vó Mark estava dizendo que concordava com eles. E ela não poupou o tom de voz.

— Podem ler os contratos? Porque existe uma cláusula que diz que se eu discordar de alguma decisão ela poderia ser mantida. Se eu quiser ele continua.

— Você nunca se envolveu com os negócios Luna. E você não vai querer isso. – Tio Gu a confrontou.

— Vinicius também nunca se envolveu e ele está aqui opinando.

— Sou herdeiro linda. E tenho a minha parte tanto quanto você.

— Sua opinião não vale mais que a minha.

— Luna eu relevo você ter ódio da minha filha, mas eu não vou relevar você deixar a única oportunidade de tirar esse sanguessuga do poder.

— Vocês me tirando ou não eu tenho as minhas vantagens, sabem disso né?

— Sua parte vai ser mantida Caleb. – vó Mark falou e olhou a filha. Os olhos da sala eram todos para o cômodo. – Luna você já parou com o seu show?

— Não papai. Ele continua nos negócios. E eu entrei com a proposta de mudar o nome dos hotéis de Palace para Montez. Os outros sócios serão comunicados brevemente. – ela se virou. Depois voltou a olhar o pai. – Outra coisa, essa casa também é minha e eu não quero aquela garota com olhos estranhos quando eu estiver aqui.

— Ela tá falando de você? – Murilo questionou nervoso. – PAI VOCÊ VAI FICAR CALADO MESMO?

— Murilo fica quieto. – meu pai ordenou mais nervoso que ele.

— Ôh boneca assassina quando for falar da minha irmã tira a rola do Caleb da boca. – todo mundo arregalou os olhos. A maioria dos meninos disfarçaram pra rir.

— Tira você a do filho dele primeiro. Olha só quem chegou. – olhamos pra porta. Kevin entrava. Meu pai já estava ao lado de Murilo.

— Você vem aqui comigo agora. Vai aprender a respeitar sua tia.

— Só quando ela aprender a respeitar a minha irmã.

— Sabe o que eu acho Murilo? Que você odeia Caleb porque ele fez o que você não pode ter.

— Luna cala a boca. – meu pai mandou sério. Olhei pra namorada de Muh e vi que ela estava sem jeito. Coitada, não sabia onde estava se enfiando ao vim pra cá.

— Passou a fase que você me mandava calar a boca Vinicius. Você ouviu o desrespeito que o seu filho me tratou? Que criação você deu a ele?

— É, eu estou muito decepcionada com você Murilo. – vó Isa entrou na discussão.

— Qual a novidade? Esse meu neto sempre foi desbocado. Ele nunca teve pudor. – vó Mark chegou ao lado dele. – E você mereceu Luna. A criação que tive com você também não foi para que insulte sua sobrinha. Não repita isso mais, os olhos dela são da cor da do seu irmão e quase parecidos com os seus. – ficou encarando a filha.

— Alguém pensa nessa casa. – Murilo resmungou.

— Peça perdão a ela. – meu vô ordenou.

— A rola do Kevin já saiu da sua boca? – ela questionou ao meu irmão. Olhei o garoto que olhava tudo sem entender. – Quando sair eu me desculpo.

— O que eu tenho a ver com isso? Eu mal cheguei e já estou indo embora. E não falem de mim, a única pessoa que tem a minha rola na boca se chama Rafael e se por acaso eu arrumar confusão com ele por causa dessa briga escrota de família de vocês eu vou colocar fogo nessa casa com todo mundo dentro. – ameaçou extremamente nervoso e saiu batendo a porta. Luna riu.

— Deve ser triste ser você Murilo. – comentou com muita maldade e subiu as escadas.

— Pai eu vou matar ela! – apertou as mãos e ficou vermelho. - Ela me irrita muito.

— Ela irrita qualquer um meu filho. Mas você mereceu. Enquanto estiver aqui não a responda mais daquele jeito.

No outro dia meu irmão contou que Arthur iria se juntar a todos nós pela primeira vez desde que foi encontrado. Esperava que fosse tranquilo e não tão tenso.

— Você acha que o Murilo nunca vai esquecer o Kevin? – minha mãe perguntou assim que me sentei para almoçar.

— Mãe eu tô aqui. – ele entrou na cozinha e se sentou com raiva. – E a minha namorada também poderia estar.

— Que bom então, responda você. – eles se olharam.

— Não mãe. Eu vou estar velhinho e ainda chamando pelo nome dele.

— Eu estou falando sério meu filho.

— Eu também. – fiquei passando os olhos entre os dois. Ele realmente estava falando sério.

— Então é isso que você pensa? – ela finalmente finalizou aquela pausa dramática.

— Pergunte a Alice se ela não vai esquecer Arthur. Ela esteve chorando por todos esses dias.

— O Arthur não namora e é louco pela namorada. O Kevin... – ela deu um sorriso triste.

— Sei que ele não me quer mãe. E eu tenho alguém. Alguém que eu faço de tudo por ela.

— O seu corpo te trai Murilo. O seu pai é muito observador e percebeu e me contou como você ficou ontem quando ele chegou na casa da sua vó. A história tá se repetindo. Isso tá sendo um Eliot com outra pessoa.

— Não mãe. Eu juro que não. É diferente.

— Murilo. – ela pegou na mão dele. – Eu amei seu pai por muitos anos sem estar com ele. Mas nesse tempo eu não quis esquecê-lo e também não sofri por isso. Apenas deixei esse amor guardado. Você tá sofrendo. O que é necessário pra que você decida esquecer? Sabe que depende só de você.

— Quando eu estou longe eu consigo ficar bem. Mas vê-lo mexe comigo. Isso não significa que eu o ame. – ela fez carinho em seu rosto.

— Não olhe pra ele. Não queira cuidar dele, já tem alguém que faz isso. Ele não é mais seu meu filho e só vai te afastar como vem fazendo. Não me faça sentir pena de você, eu odiaria isso.

— Vou lá pro quarto ver o que Paty está fazendo. – assim que ele saiu olhei minha mãe.

— Você pegou pesado com ele. – falei com raiva.

— Kevin com toda certeza não é o único cara que o seu irmão ficou, por que isso?

— O meu pai era o único cara que você havia ficado?

—  Tivemos uma história Alice. O seu irmão e Kevin ficaram juntos o que? Um mês? – balançou a cabeça. – Eu ainda acredito em você e Arthur. Neles não.

— Nunca foi questão de tempo mãe. E você sabe disso.

— Não importa minha filha. Olha para esse garoto e o namorado dele! São um casal sólido! Podem brigar e o que for. Mas tá nítido que Kevin vai sempre fazer de tudo pra se acertarem. E Rafael é um bom garoto, ele é amigo do Arthur e tá sempre com ele... É certo demais, sabe?

— Eles podem deixar de se amar mãe.

— Você tá com as emoções afloradas agora. Mas você entende quando eu digo que ele e Murilo não vai acontecer mais né?

— Entendo sim. E concordo demais. Já Kevin e Rafael é outra coisa, eu nunca acreditei muito nos dois pra falar a verdade. E de um tempo pra cá eu... – respirei fundo. – Não aguento mais Kevin sendo controlado por aquele ser.

— Voltou a ter ciúme. – ela riu. – São suas emoções meu amor. Não brigue com o seu amigo por isso. Vocês se gostam tanto.

— Mas mãe! – bufei. – Ele é cego. Ele não vê que o Rafael passa dos limites.

— Você não tem nada a ver com isso. Agora vai comer, vai.

Arthur não esteve com a gente naquele dia, mas no outro sim. Era um encontro comum na área da piscina da casa dos meus avós. Se tudo desse certo, no fim de semana antes do meu irmão ir embora iriamos sair com ele, se não... Iriamos mesmo assim, sem ele.

— Que saudade que eu tenho de você moleque. – Ryan praticamente pulou em cima do meu irmão. – Desculpa de novo amiga, mas hoje você não vai ficar de amorzinho. Vai ter que dividi-lo com a gente.

— Você só pode parar de me chamar de amiga? – ela perguntou um pouco sem graça. – Soa meio falso. Pode dizer Patrícia mesmo ou Paty.

— Que isso amiga. – Soph a provocou.

— Primeira lei de sobrevivência, nunca diga que não gosta de alguma coisa. – meu irmão a avisou e ela riu. Eu me sentei ao lado do Kevin, estranhando ele estar ali.

— Cadê o Rafael? – o olhei.

— Tá vindo com o Arthur. – sua voz não era nada boa.

— Por que você tá com raiva Kevin?

— Sabemos que mesmo com o meu irmão sendo sequestrado e desaparecido três meses, a atração principal da noite vai ser o Murilo. Toda a atenção sempre se volta pra ele. E eu vou sair daqui me estressando. Não queria mesmo ter vindo. Mas se eu não viesse o Arthur também não viria.

— Ah Kevin, estou de saco cheio de vocês dois e das ceninhas do namoro de vocês. – sai de perto dele e mesmo que estivéssemos todo mundo perto um do outro, eu fui pra outra lateral.

Arthur chegou com Rafael e todos ficaram em silêncio. Ele se encostou na mesa de pedra e ficou olhando para todo mundo.

— Vocês tinham que estar vendo a cara de vocês. – falou sério. – São tão idiotas.

— Menos eu. – meu irmão falou e riu. Kevin se levantou e parou de frente ao namorado que até então ainda estava ao lado de Arthur. Quase revirei os olhos, aqueles dois realmente estavam me tirando do sério.

— Você é o mais idiota de todos. – ficou ainda mais sério. – Ficar tanto tempo sem vim aqui Murilo?

— Disse tudo. – concordei espontaneamente. – Você não veio nas vezes em que eu fui para o hospital, quando Soph perdeu o bebê e ela e Yuri precisavam de você, nas comemorações, nas datas mais importantes, nem mesmo após os pedidos da mamãe. Achava que nem viria mais. Esqueceria de vez que você tem família e amigos. – joguei tudo na cara dele. – Acho que se não fosse... – parei de falar. Iria entrar em como eu sofri com a “morte” de Arthur e isso não seria nada legal.

— Eu estou aqui meu amor. – ele chegou perto de mim e beijou meu rosto. – E eu mereço ser perdoado. – se afastou e foi até Arthur, ficando inevitavelmente ao lado de Kevin. Senti de longe a tensão enorme de Rafael. Ele passou os braços no ombro de Arthur. – Trouxe de volta o preocupado e moralista Arthurzinho. – beijou o rosto dele.

— Ele tem a necessidade de beijar as pessoas né? – Alê perguntou rindo.

— Cuidado é assim que começa! – Soph exclamou e Rafael fechou ainda mais a cara. Se ele fosse mesmo ficar se estressando com cada piadinha ou atenção que o meu irmão recebia, ele não teria paz. Era melhor que os dois fossem embora logo. Não fariam a menor falta.


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Notas finais do capítulo

Acho que até domingo. (ou madrugada de sábado, não sei) ♥



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