Amor Perfeito XV - Versão Kevin escrita por Lola


Capítulo 8
Conhecendo os amigos


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura ♥



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Kevin Narrando

Cheguei a Torres, deixei Alice em casa e fui direto para o hotel atrás de Rafael. Porém, eu tinha que trombar com o satã antes de concluir meu trajeto.

— Era exatamente você que eu queria ver. – me olhou e sorriu. – Como foi a ida até a casa do seu meio-irmão? – fiquei tentando entender sua intenção. E estranhando o fato de ele chamar o idiota de meu irmão e não bastardo. Seu sorriso aumentou. – Tudo bem. Não precisa dizer. Mas eu tenho que te contar que alguém ficou bem triste em saber que você foi até lá para fazer Nicolas não ir mais a Paris. – ele não podia ter feito isso.

— Tá mentindo. – o desafiei não acreditando naquilo. Não era possível. Ou, na verdade era, ele sabia o quanto Rafael era possessivo.

— É? Por que julga que ele tá estranho com você? – riu. – O loirinho, assim como eu, entendeu sua atitude como ciúme do Murilo. – seus olhos brilharam. – tomou seu caminho, no entanto, parou e eu senti um frio percorrer minha espinha. – Ah... Não contei a melhor parte. Ele mandou que eu avisasse que você tá solteiro. – saiu assoviando alguma música ridícula. Com certeza ele estava tendo um ótimo dia. Minha ideia de subir e fazer Rafael mudar sua decisão se desfez em segundos. O conceito de me vingar parecia bem mais atraente.

Isso não podia ficar assim. Então em poucos minutos coloquei minha cabeça para funcionar e pensei em como eu iria fazer o meu pai pagar por isso. Após um dia intenso e trabalhoso eu o encontrei em casa.

— Sabe... Eu pensei... O que eu poderia fazer a você que te atingiria tanto quanto você me atinge? Pensei muito. – por mais que ele tentasse demonstrar tranquilidade eu sabia haver sinais de preocupação evidentes em seu rosto. – Claro que primeiro cogitei te matar. – sua risada espontaneamente se fez presente me fazendo sorrir.

— Você não teria essa coragem. – olhou em meus olhos.

— Eu poderia ficar triste e irritado o bastante a ponto de... Não sei... Acidentes domésticos acontecem. – dei de ombros.

— Não levo suas ameaças a sério Kevin.

— Não estou te ameaçando. Não vou te matar. Seria muito simples e pouco. Mas se quer saber, eu já fiz o que eu queria fazer.

— Que seja! – agora ele não parecia se importar.

— Não está mesmo curioso?

— Seus amiguinhos estão atrás de você. Vieram aqui a porra do dia e da noite toda. – lembrei ter deixado meu celular com Alice.

— Mesmo que não queira saber eu vou contar. – encostei minha coluna confortavelmente na poltrona. – Após pensar em te matar, pensei em causar dor a você focando em Luna. Com alguns segundos eu a desmaiaria facilmente e depois... Talvez eu devesse larga-la em um canto no meio do nada. Contudo... Ela é mãe do Arthur. Isso dificulta um pouco as coisas. – respirei fundo. – E então eu pensei... Se não vou te matar e nem fazer mal a mulher que você realmente ama... O que você mais preza nesse mundo? – ficamos nos olhando. – Preciso dizer?

— O que você fez? – de repente a raiva invadiu seu corpo, o que me deixou bastante satisfeito.

— Agora ficou curioso não é mesmo? – abri um sorriso enorme.

— De tudo o que você poderia fazer, isso é o que você tem mais domínio.

— Estou cansado. Foi difícil encontrar os seus novos parceiros de negócios. – me levantei. – Hum... Você está sentindo esse cheiro? – olhei dentro dos seus olhos. – Acredito que é o termostato. Lembra que uma falha quase causou uma explosão no hotel? Nessa casa... – fingi estar pensativo. – Pelos meus cálculos... O superaquecimento pode acontecer em alguns minutos... E já estamos conversando há aproximadamente... – olhei em meu relógio e ele me pegou pela gola da minha camisa.

— Desfaz essa merda ou vamos morrer nós dois. Você não vai sair daqui.

— Não é você que anda com seguranças? Cadê? Manda consertarem. Ou sai correndo. Está complicando uma coisa bem simples.

— Eu tenho apenas um segurança. E ele não fica sempre comigo e você sabe muito bem disso. Kevin anda logo. Eu não vou deixar você acabar com a minha casa.

— E eu não vou deixar você acabar com o meu namoro. Ah não, espera. Você já conseguiu fazer isso. Que pena. – o tirei de cima de mim. – Já te dei duas opções... Eu estou indo. E se eu fosse você... Andava rápido. – comecei a andar. – Eu até gostava dessa casa.

— Você não vai sair. Morreremos os dois. É assim que acaba? – ele aproveitou minha tranquilidade e parou em minha frente bloqueando a porta de saída.

— Quando a temperatura do ambiente interno da residência atingir 62ºC, o que significa risco de incêndio, a fechadura irá disparar sinais sonoros e a porta será destrancada. Eu espero. – fui até o sofá e me sentei.

— Vou ligar para os bombeiros. – pegou seu celular e fez a ligação e como se tratava dele, com toda certeza em menos de um minuto estariam aqui. – Dá tempo de você consertar isso e eu digo que foi um engano. Caso contrário vou contar que você tentou colocar fogo na casa.

— Prefiro morrer. Eu paro de sofrer, você para de me infernizar. Um final verdadeiramente lindo. – o olhei. Ele sabia que eu estava falando sério.

— Se for uma pegadinha sua eu vou te matar de verdade.

— Não está mesmo sentindo muito calor? Se eu fosse você tentaria mexer na temperatura... – sorri.

— Você sabe que não faz nenhum sentido eu lidar com os homens mais poderosos que eu conheço e ser terrivelmente ameaçado pelo meu filho do meio.

— Do meio? Você colocou o outro filho na conta? Pensei que sempre se esquecia dele. – suspirei sem demonstrar emoções. – Tem medo porque é meu mentor. Sabe que eu não estou mentindo. Assim como eu não tenho problema com a dor eu não tenho nenhuma dificuldade em lidar com a morte. – dei o sorriso mais triunfal que eu poderia dar. Ele sabia que era a mais pura verdade. – Sofri a minha vida toda com você. E pelo visto estou condenado a sofrer pela eternidade. A morte, na verdade seria menos doentia. Uma libertação eu diria.

— Ele não terminou com você. Eu menti. – o olhei e vi gotas de suor caírem por sua testa. As luzes do carro dos bombeiros dobrando a esquina já se refletiam na parede. – Agora vai lá e conserta essa merda. – respirou fundo por algumas vezes. Ouvi o barulho da sirene. – Vou dizer que foi um acidente e você está tentando consertar. Seja o que for que você fez CONSERTE JÁ Kevin! – abriu a porta e saiu me deixando sem opção.

Mais tarde eu estava de frente a Rafael sabendo que ele não havia terminado o namoro e o pior: com ele temendo as minhas atitudes.

— Primeiro eu só quero saber o que te levou a quase queimar o seu pai vivo.

— Ele tentou acabar com nosso namoro pela milésima vez. Não acha que é motivo suficiente?

— Você é louco? – me olhou e desviou o olhar em segundos. – Você não pode ser normal. Quem tenta matar alguém? Isso não é só crime. Vai contra tudo. Um ser humano não faz isso. – me mantive em silêncio. Talvez eu merecesse ouvir isso. – E você só não foi adiante porque ele chamou os bombeiros.

— Já entendi tudo. Ele te envenenou. – passei a mão em meu cabelo ficando ainda mais nervoso.

— Kevin! Para. Só estou dizendo o que aconteceu. Fala que se eles não tivessem aparecido, agora não estariam os dois mortos? Você iria mata-lo e se matar. E isso é um fato.

— Eu pensei que não teria mais você, tinha certeza que você não queria mais saber de mim. Como eu poderia deixar ele passar ileso assim?

— E você pensa que fazendo isso iria ficar tudo bem? – respirei fundo. – Eu te amo Kevin. E mesmo que involuntariamente você demonstre ciúme de Murilo eu ainda vou estar aqui.

— É por isso que você estava estranho? – o olhei e ele concordou gestualmente. – Foi ele que te contou mesmo?

— Foi. Eu duvidei, claro. Mas confirmei com Nicolas.

— E no Nicolas você acredita?

— Às vezes mais que em você se quer saber. – suspirou pesadamente. – Ele pode ser cruel e sem limites quando se trata do que quer como o seu pai, mas pelo menos ele não mente para si mesmo. Tá na cara que você sente algo por Murilo ainda. E vai mentir até não poder mais porque não quer me perder.

— Eu sinto. Nunca te escondi isso. Sinto um carinho imenso. E eu não vou deixar Nicolas prejudica-lo. Ele não merece isso Rafael.

— Sabe... Eu tenho problemas com confiança, sou possessivo com você e você coloca a culpa apenas em seu pai. Isso é errado. – ficamos nos olhando por um tempo. Perceber algumas coisas me desestabilizou completamente.

— O que você quer que eu faça então? – quase gritei. – QUE EU TERMINE COM VOCÊ?

— SIM. ESSE É O CERTO KEVIN. – respondeu no mesmo tom. – Por mais que eu me esforce vai demorar anos para eu superar todos os meus traumas e eu não estou afim de arrastar você nisso.

— Então tá. – continuei o encarando.

— Não me olha assim. Concordamos que eu ativo o seu pior lado e você é sufocado a todo instante por mim. Não podemos ficar juntos.

— Não estou indo contra Rafael.

— Eu te conheço. Também não está de acordo. – fiquei um tempo em silêncio.

— Agora que baixou o tom de voz chega só um pouco mais perto. – pedi esperançoso.

— Por quê? – questionou enquanto andava em minha direção.

— Você NUNCA vai terminar comigo. – puxei sua mão o aproximando ainda mais e o beijei. No início ele até tentou resistir, porém, sabíamos que ele não conseguiria. Assim que nos separamos eu olhei em seus olhos. – Você estava ao meu lado quando eu precisei de um amigo, me fez rir, me fez esquecer tudo. Me mostrou que eu encontraria o amor outra vez e de outra forma... E eu entendo se você precisa de tempo pra se curar de tudo que já te aconteceu e de tudo que meu pai representa. Posso esperar e eu vou, mas ao seu lado. Não quero ter que me separar de você.

— Eu te odeio tanto. – fiquei olhando pra ele. – É sério... Por que você fez aquilo?

— Já expliquei Rafael. Ele conseguiu. Conseguiu tirar o meu guia de moralidade.

— Que sou eu? – apontou para si e seu rosto ganhou uma expressão de surpresa. – Eu não sou muito moralista. E sabemos ser a Alice que tem esse papel com você.

— Então você é imoral? – dei um sorriso contido. – É. Eu suponho que você é mesmo.

— Preciso dizer que te odeio mais uma vez. – ele levantou o braço para me bater e meu perfeito reflexo impediu que seu movimento chegasse antes da metade.

— Eles vão pensar que estamos nos agredindo. – falei e depois olhei Alice e Arthur. – Olha só... – tombei o rosto para o lado observando a cena. Ela estava encostada no ombro do meu irmão e os dois mantinham as mãos entrelaçadas.

— Não entendo o motivo pelo qual eles não voltam logo.

— Vamos. – selei nossos lábios. – Quero ir embora e dormir contigo. Estou com saudade. – nos aproximamos dos dois e eles perceberam que o clima era outro.

— Vocês são um casal bem estranho. Gritam, xingam e em dois segundos se beijam. – olhei pra Alice.

— Quer que eu fale de casal estranho? Então vamos começar por um que não tá junto, mas tá junto. – encarei minhas unhas debochadamente e depois olhei a mão dela junto da dele.

— Eu não sei o que é pior, se é o Kevin feliz ou o Kevin irritado.

— Você que convive com ele deve ter um balanço geral e uma conclusão. – Arthur respondeu e a olhou. – Eu penso que é igualmente irritante os dois modos.

— Vocês me amam e eu amo meu namorado e quero ficar com ele. Vamos logo. – estalei os dedos. – Alice vou te levar em casa. – eles me olharam sem entender.

— Pensei que o Arthur levaria. – Rafael falou e eu queria explicar que seria forçar ainda mais a aproximação dos dois, mas não tinha como fazer isso.

— Eu me sinto responsável por ela. Vem coalinha. – sai andando em direção ao meu carro.

— Por que você a chama de Coala? – olhei meu irmão após sua pergunta.

— Kevin! Não.

— Eles são lentos. E preguiçosos. Não descem das árvores nem para beber água, até morrem de desidratação. – ele riu da minha fala.

— Quem te disse isso? Como médico você é um péssimo biólogo.

— ALICE UM DOIS, ANDA. – ela passou por mim brava e entrou me esperando.

— Pare de irrita-la atoa.

— Posso beija-la, você prefere? – sorri. – O Rafael não liga.

— Nem um pouco. – confirmou fazendo Arthur revirar os olhos.

— Não deixe mais seu celular com ela. Eu não gostei disso.

— Faz o seguinte irmãozinho, vire o namorado dela e esteja na posição de exigir algo. – mandei beijo e fui leva-la, correndo, enquanto Rafael ia para cobertura me esperar.

— Kevin... – começou a falar parecendo tímida. A olhei e esperei que ela continuasse, o que demorou um pouco. – Você sabia, por isso fez o que fez. Você sabia o tempo todo, não sabia?

— O que? Não estou entendendo.

— Que ele iria me pedir perdão. Quando você fez ciúme nele.

— Não sabia. Mas havia a possibilidade. Eu era um crápula ainda quando o feri te conquistando. Isso deixa marcas profundas.

— Mas como? Como o atingiu tanto?

— A ideia de te perder novamente é maior que qualquer incerteza que ele possa ter.

— Ainda não entendo como isso funciona na cabeça dele, mesmo assim obrigada. Ele está muito mais convencido que sim, ficaremos juntos.

— Só quero que se resolvam. – peguei sua mão e a beijei.

— E você e Rafael? Se acertaram mesmo? Ou só colocaram panos quentes?

— Creio que nos acertamos. – parei em frente a sua casa. – Vou esperar você entrar. – ela sorriu e se foi. E eu voltei correndo para onde eu devia estar desde o começo desse dia infernal.

Arthur Narrando

Cheguei ao hotel na noite daquele sábado e encontrei Otávia me esperando em minha sala. Parei em sua frente, completamente confuso.

— Sei que vocês têm controle de tudo, mas pedi a Danilo para conseguir liberar a entrada pra mim, não queria esperar lá embaixo na recepção igual a uma... Acompanhante ou não sei o que.

— O que tá fazendo aqui? – perguntei enquanto Rafael ficava olhando e a analisando.

— Eu vi a cena lá na porta de casa. Você e Alice. Vim falar sobre isso.

— Minha deixa, eu vou nessa. – meu amigo bateu em meu ombro. – Quando meu amorzinho chegar, mande o entrar logo no quarto que eu estou esperando.

— Aposto que nem vou precisar mandar, ele vai correndo. – ele riu e saiu. Foquei minha atenção em minha irmã.

— Você vai entrar nessa mesmo Arthur? – juntei as sobrancelhas sem entender seu questionamento. – Alice. Eu a amo, muito. Mas... Ela te trocou da última vez. E eu vi de perto o que você passou. Você vivia cheio de mulheres, tentando não pensar nela.

— Otávia... Ela é a mulher da minha vida. Todos nós temos direito de errar. E o nosso relacionamento naquela época estava passando por altos e baixos, todo o problema com as emoções... – me interrompeu.

— Isso pode nunca mais parar. Agora ela recuperou. Amanhã um estímulo terrível pode fazê-la perder tudo mais uma vez. E aí? Ela vai te culpar por ter esperanças e vai te abandonar? Vai virar as costas para a pessoa que mais cuida dela?

— Aonde você quer chegar?

— Na sua felicidade. Sei que acha que estar com ela é o único caminho. Mas eu tenho medo por você.

— Eu não tenho. Se for um erro, ainda quero tentar.

— Pensa bem antes de começar tudo de novo. – seu olhar dizia que ela não ia mudar de opinião. Eu também não.

— Já pensei. Se eu viver o resto dessa vida sem ela eu vou estar condenado a infelicidade. – ela sorriu e fez carinho em meu rosto.

— Espero do fundo do meu coração que ela valorize todo o amor que você tem dentro de você.

— Não se preocupe tanto comigo. Eu dou conta. – dei um sorriso convincente. – Algo me diz que não era só isso que você queria me dizer.

— Quando fui lá fora era pra dizer outra coisa, porém ao ver a cena de vocês dois grudados... Não consegui impedir a preocupação. – suspirou. – Caleb já está armando alguma coisa. – a olhei ficando tenso. – Vi que ele ligou pra mamãe e disse que decidiu fazer uma festa de aniversário pra ele semana que vem, enorme e espalhafatosa e vai aproveitar e oficializar a mudança do nome do hotel de Palace para Montez, que foi a sugestão dela, lembra?

— Sugestão não, exigência. Nossa... Tudo dele é festa. Outro dia mesmo ele fez uma festa para comemorar os anos que ele tem como empresário bem-sucedido. – respirei profundamente.

— Ele podia dar uma festa de despedida e sumir daqui. – rimos juntos. – O que acredita que ele tá pensando?

— Não sei. Mas Kevin tem que saber disso o mais rápido. Ele tentou mata-lo, Caleb não vai ficar quietinho depois dessa.

— Bom... Eu fiz a minha parte. Vim avisar tudo o que fiquei sabendo. Vou ficar na cola dela, se ele disser mais alguma coisa... Eu te conto.

— Obrigado. – nos levantamos e eu a abracei. – Eu te amo muito viu?!

— Também te amo. Sei que tá passando por momentos difíceis, mas quando puder dá um apoio para o Yuri, ele ainda tá quebrado com o golpe de Sophia. Rafael tem até saído com ele. O que eu acho bem peculiar, já que ele namora alguém tão instável, problemático e perigoso.

— Eu espero que não esteja me descrevendo. – meu irmão chegou e deu um sorriso sarcástico. – Mas eu tenho quase certeza que sim.

— Qual será o motivo né? Autoconhecimento pelo menos tá apurado. – eles se olharam. – Não se incomoda com Rafael saindo com Yuri?

— Se eu me incomodasse com ele saindo não o namoraria.

— Se ele pensasse como você, vocês não brigariam tanto.

— Comentário esperto, comentário com fundamento... Parabéns. Agora vou ir ficar com meu namorado desconfiado, gostoso e maravilhoso. – mandou beijo saindo quase saltitando. Acreditava que amanhã eles desapareceriam do radar, mas eu me enganei.

Ao chegar na casa dos meus avós, vi que até que era cedo ainda. Só estavam a família, incluindo minhas primas, Alice, Larissa e Soph. Nossos amigos ainda não haviam chegado.

— Então agora você dois estão mais ou menos como amigos? – Lari perguntou após me ver conversar com Alice.

— Não vejo motivo para sermos inimigos. – olhei em seus olhos.

— Daqui a pouco ela tá te fazendo de bobo de novo né Arthur?

— Se ela quiser. – sorri amistosamente.

— Não diz palavras cruéis se passando por carinhoso.

— Não são palavras cruéis, Larissa, é só... A realidade. Nunca te disse que a esqueceria. Ela... – observei Alice. – Tem tudo que eu procuro em alguém. Enquanto quero a proteger e foi assim que o meu amor começou, sinto que ela não precisa de mim e tem uma força invejável. Quando a olho... Eu vejo que os olhos dela, apesar de diferentes são tão naturais para mim e me dizem tantas coisas... Muitas vezes não precisamos nem falar nada e isso me faz ter certeza que é um amor sublime, daqueles que você só encontra uma vez na vida. – parei de falar e a olhei. – Larissa? – vi que seus olhos estavam alagados. Ela secou seu rosto rapidamente e pareceu se recompor.

— Se estivéssemos nós duas em uma situação ruim, você escolheria primeiro ela, não é?

— Que tipo de situação ruim?

— Deixa. Foi uma pergunta idiota. – o pessoal chegou e nos juntamos na área da piscina.

— Ryan me deixa usar o seu carregador? – Kevin pediu se levantando e tirando o celular do nosso amigo que estava na tomada.

— Olha que atrevido, não deixa não. – Alê comentou rindo.

— Tá maluco? Se Kevin quiser me comer amordaçado eu deixo. – Rafael encarou Ryan com ciúme, o que era inacreditável.

— Ih, tá estranha essa conversa. – Soph brincou e o clima amenizou um pouco. Entretanto, parecia tarde demais, Fael entrou na casa. Kevin continuou fazendo algo em seu celular e apenas levantou as sobrancelhas, notando o movimento pela sua capacidade quase que sobrenatural.

— Ele ficou incomodado com meu comentário? Eu estava só brincando.

— Não brinque com Kevin e sexo no mesmo contexto. Rafael tem sérios problemas.

— Vou defende-lo. – Larissa retrucou a fala de Alice. Ela apenas queria confusão. – Eu não tenho sérios problemas e também acharia ruim. É questão de respeito.

— Estamos entre amigos e foi uma brincadeira idiota.

— Eu sou ciumenta e não ficaria brava. – Giovana se manifestou.

— Vocês têm que investigar a raiz desse ciúme de vocês. Não é normal e nem legal falar que é ciumenta e tá tudo bem.

— Depende do que já passamos. Ter medo de perder alguém envolve muita coisa.

— Eu tenho um trauma de infância muito profundo e estou esperando minha vez de desabafar. – Ryan novamente deu o ar da graça. – Só estou zoando com vocês bancando terapeutas.

— Para de brincar com coisa séria. – Otávia mandou e ele ficou quietinho.

— Pelo menos a Otávia luta por causas realmente dignas. Pensava eu.

— Traumas não são dignos, Alexandre? Tem gente que se perde e acaba morrendo por causa deles.

— Por que estamos falando do Kevin? – ele ouviu a pergunta de Ryan e pegou um vaso de suculenta ao seu lado e jogou nele sem nem mesmo olhar.

— Tá vendo? – questionou limpando a terra preta em sua camisa. Meu irmão tirou o celular da tomada e o guardou no bolso.

— Vocês estão todos errados. Como sempre. – sorriu. – Ele não tá com ciúme. Tá inquieto, talvez apreensivo... Processando uma notícia que partiu de mim. Não tem nada a ver com a brincadeira desse imbecil.

— Que notícia? – Soph que era a mais curiosa de todos perguntou bem rápido.

— Quero ir conhecer os amigos dele. – todos arregalaram os olhos.

— Os mesmos que fizeram com que ele tivesse dúvidas em relação a vocês dois?

— Se ele tem outros eu não sei.

— Por que isso? – perguntei o olhando.

— Vamos fazer um ano e meio de namoro. É importante que eu conheça pelo menos os amigos mais próximos e valiosos.

— Você se lembra como Rafael era né? – ele ficou me encarando. – Existe alguma possibilidade de alguém assim ter algum amigo que valha mesmo a pena conhecer?

— Não sei Arthur. Mas eu não posso passar a vida inteira ignorando o fato que existem pessoas que ele conversa, sente falta e convive uma vez por ano e eu nem sei quem são.

— A vida inteira? – Ryan quase riu. – Você então tá convencido de que vai passar o resto da sua vida com ele.

— Convencido não é o termo correto. Esperançoso sim. – todos ficaram olhando pra ele. – O que foi?

— Você vai encarar um bando de idiota e tá falando em final feliz. CADÊ O KEVIN?

— Se quiser ele aparece rapidinho. – cruzou os braços e ficou fuzilando o Ryan.

— Por isso que eu digo que você vai se dar bem nessa missão aí com os amigos e o conto de fadas já está escrito. – afirmou quase rindo. – Pra doido a gente não diz nada, só concorda e bate palmas.

— Você gosta de provocar, depois quando ele perder a paciência não vem dar uma de coitado. – o avisei e fiquei sério. Kevin foi atrás de Rafael e assim aquela discussãozinha boba teve fim. Fiquei pensando no que ele disse e ponderando quais seriam as consequências dessa atitude arriscada. Ele sabia tudo o que ele tinha a perder. E se para ele era tão importante assim, a única coisa que eu podia fazer era apoia-lo.


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Notas finais do capítulo

Até amanhã ♥



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