Amor Perfeito XV - Versão Kevin escrita por Lola


Capítulo 13
Baleado


Notas iniciais do capítulo

Acabei não vindo no mesmo dia porque dormi :(
Boa leitura ♥



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Arthur Narrando

Murilo veio passar o fim de semana em Torres e logo nesse em que Kevin estava. Ele percebeu o clima estranho entre meu irmão e o noivo.

— O que está acontecendo com os dois? – me olhou nos olhos demonstrando que o interesse era puramente de preocupação.

— Não sei. Brigam o tempo todo.

— Isso não é novidade. Mas... Parece que tem algo a mais.

— Sim. Kevin está adquirindo a personalidade de Rafael e vice-versa. Faz parte eu acho. Já vai fazer dois anos de relacionamento.

— Cacete. Quanto tempo. E eu... Ainda sinto algo. Será que eu nunca vou conseguir seguir realmente em frente? – pareceu que seu peito se encheu de dor. – Cada vez que eu digo que vou partir para outra tem parte de mim que não consegue deixa-lo para trás.

— Isso é normal, ele foi o seu primeiro amor. O sentimento não some com facilidade. Veja eu com Alice. Eu nunca desisti dela.

— Mas como eu consigo seguir de uma vez por todas? Preciso saber Arthur.

— Acredito que uma hora você vai conhecer alguém e vai se apaixonar de verdade, quando notar já terá esquecido Kevin. E vai amar essa pessoa como o amou.

— O que estão falando? – sua irmã chegou interrompendo nossa conversa.

— Sobre o quanto inteligente seu namorado é a respeito de sentimentos.

— Eu sei disso. – beijou o meu rosto com carinho. – Por isso ainda estamos juntos. – deu um sorriso grande. Murilo afirmou com admiração que éramos lindinhos e que chegávamos a ser quase tão fofos quanto os pais deles.

— Kevin. –  chamei o meu irmão que passou andando rápido e Rafael atrás. Eu o parei. – Preciso ir atrás dele, ele vai dirigir nervoso.

— O que está acontecendo?

— A realidade alternativa que ele inventou de viver agora. Deixe-me ir Arthur. – tentou sair.

— Eu vou. – Muh se levantou. – Eu sei lidar com Kevin. Eu o acalmo e vocês conversam.

— Ah é? Sabe? Então me ensina. – Fael o encarou com fúria.

— Esquece. Vai você. Briguem bastante. Só queria ajudar.

— Você sempre quer. O santo Murilo! Você que destruiu meu relacionamento. – e meu primo levou um soco de graça. Sem nenhum motivo.

— Qual é Rafael, enlouqueceu? – questionei tentando fazê-lo parar. A porta se abriu e acredito que a coisa iria piorar.

— Ninguém encosta a mão em meu filho. – Vinícius tirou Rafael a força de cima de Murilo e se controlou para não bater em meu amigo.

— Que selvageria é essa? – vó Isa perguntou ao aparecer com lanches na tarde daquele sábado. Meu primo e o loiro se encaravam. O clima ruim logo melhorou com a saída de Rafael. Murilo não guardava mágoas e já estava rindo de algo e fazendo piadinha com toda a situação. Se fosse comigo certamente não seria assim.

No fim da tarde Nicolas apareceu, como havíamos premeditado que ele faria. Pediu para conversar com Muh, mas eu fui antes dele cumprindo com o nosso combinado.

— Temos um trato a fazer. – o olhei sério. – Você deixa Murilo em paz e eu não conto para quem quer que te conheça que o seu pai faz parte de um considerável império de tráfico de drogas. – ele pensou um pouco e depois riu.

— O meu pai? – apontou para si. – Se refere aquele sendo o seu pai? – concordei sorrindo. – Isso não afetaria apenas a mim.

— Já estou acostumado com escândalos. Agora você... Será que isso não comprometeria sua família e até a dignidade do seu padrasto? Ouvi dizer que ele tem sujeira embaixo do tapete... Porém, como não é nada que chegue perto do Caleb, acredito que ele vá ficar bem mal com isso tudo.

— Vocês sempre o usam para me atingir. Aprendeu com Kevin né? – sorri.

— Ele é o melhor. – cheguei mais perto. – Você vai aceitar, não vai?

— Estou indo para a minha cidade ver os meus pais. Passei aqui apenas para pedir uma chance que pelo visto não vou ter. Fala para ele que quando ele se acalmar eu ainda posso estar esperando. – sim, ele iria mesmo querer saber disso com a ânsia que ele estava de se livrar dele.

Aproveitamos que Murilo estava na cidade para comemorarmos adiantado o aniversário de Ryan. Saímos todos para uma boate e eu sabia que meu irmão e Fael brigariam. Aquilo já estava insuportável.

Antes de irmos combinamos de passarmos no shopping e comprarmos todos um presente para o aniversariante, sem ele, lógico. E só então o buscaríamos e iriamos.

— Aí... – Fael me abordou antes de sairmos da cobertura. – Sei que moro aqui de graça e na maioria das vezes você não me deixa nem pagar se eu peço algo no restaurante... – não entendia aonde ele queria chegar. – Mas... Eu fico até sem graça...

— Fala logo Rafael. – o encorajei.

— Tem como pagar minha parte no presente? Sem o Kevin perceber, claro.

— Explica. – exigi.

— Estou sem dinheiro.

— Como? Você não recebe tão pouco e nem gasta tanto para estar sem dinheiro.

— Gasto. Já viu o preço da gasolina? E das roupas? Acha que ser lindo assim é barato? Cuido de mim e isso custa dinheiro.

— Vai para o inferno. – ri. – Quer mais alguma coisa?

— Como o meu namorado vai me buscar e eu não vou precisar abastecer, então não. – ri mais ainda.

— Por que não pediu a ele? Sabe que é uma besteira sua né?

— Porque ele iria querer ver minha conta bancária. Anda tão cismado.

— E o que tem? Você tem algo a esconder?

— Não! E sei que estou exposto, se ele quiser mandar Danilo invadir minha conta, consegue visualizar todas minhas últimas compras e transações.

— Posso te dar um conselho? – concordou gestualmente. – Não deixa chegar nesse nível. É deplorável. E sabemos que ele é neurótico e seria capaz.

— Depois o alucinado sou eu.

— Os dois são. Deve ser por isso que insistem nessa palhaçada de relacionamento que desde o início eu disse que não daria certo. – ele não continuou o assunto e saímos rumo ao shopping.

 Na boate foi bom e sem brigas, acabei prevendo errado, pelo menos não que eu tivesse presenciado. Já no after... Esses momentos após as nossas saídas deviam acabar. Sophia, como sempre, foi quem falou demais. Depois que Kevin e Rafael discutiram por algum motivo, o loiro deixou a biblioteca.

— Aonde ele foi? – perguntei a meu irmão.

— Talvez ele só esteja querendo desabafar sobre o quanto o namorado dele continua apaixonado pelo eterno Murilo. – Soph soltou com sua sinceridade e efeito da bebida. – O normal é a vida separar as pessoas, não separar... Ela tá se esforçando muito. Kevin e Murilo tem que ficar junto gente!

— Nem se ele fosse o último cara do mundo. – meu primo soltou me surpreendendo e com certeza a todos. – Alguém que desfaz de uma pessoa por outra não merece nem atenção.

— Sabe qual é o mau de pessoas bondosas como Murilo? É que quando elas decidem que é não realmente é não.

— De onde você tirou que eu ainda continuo apaixonado pelo Murilo?

— Pelo motivo que você e seu namorado estão brigando. Não parou de secar o garoto na boate.

— Ele estava dançando com pessoas que nem conhecia e podia... – todos ficaram olhando pra ele quase rindo. – Dane-se. Vou ir atrás de Rafael.

— Você fala como se Murilo fosse inocente e dançar com alguém fosse algo perigoso. – Soph continuou sua provocação.

— Sophia cale a boca! – Larissa mandou demonstrando nervosismo. – Caso contrário irá ver o vilão maníaco que Kevin é e se dar muito mal.

— Tenho dúvida se vocês ainda me odeiam, me respeitam, admiram ou sentem inveja. É confuso.

— Não Kevin. A gente apenas se lembra do quanto você era um escroto ridículo.

— Tchau. – ele saiu rapidamente e eu encarei minha prima com que tive um rolo.

— Não faça mais isso, por favor. Lembrar a ele o quanto ele foi péssimo só o torna pior. – ela me ignorou como imaginei que faria. Não aconteceu nenhuma discussão após essa, o que era de se comemorar.

No outro dia tive uma conversa longa e esclarecedora com meu sogro. Deixei claro o quanto eu faria tudo por Alice e que não escondemos nada dele propositalmente, tudo aconteceu de forma natural. Se eu soubesse que precisaria esperar mais por ele, teria esperado. O bom de tudo é que ele ainda confia em mim. Como eu sempre disse, um caráter construído ao longo dos anos não é derrubado com pequenos erros. Desde quando eu ainda brigava com Kevin eu me destaca por ser íntegro, verdadeiro e o mais correto.

No domingo Murilo foi embora e Alice e Kevin também. O primeiro no voo da noite e os outros dois no fim da tarde. Percebi Rafael incomodado. Quando questionei vi que era ciúme do Kevin. A paranoia dele estava elevada a máxima potência nos últimos tempos.

 Kevin Narrando

Algo não estava certo. Minha intuição me dizia isso o tempo todo. E minha coragem de descobrir o que era simplesmente desapareceu. Minha única certeza consistia no fato que após o meu conhecimento, tudo mudaria.

Voltei a Torres no outro fim de semana, estava indo lá em quase todos... O pessoal estava reunido conversando amistosamente. Encarava meu noivo silenciosamente.

— Odeio quando me olha assim e sabe disso. – reclamou. Parei e olha-lo.

— Fiquei sabendo que o Arthur até transou no banheiro da faculdade quando estava louco sem a Alice. – Yuri comentou e riu. Nem sabia qual era o assunto. Alice não gostou do comentário enquanto a maioria se divertia.

— Meu filho. – minha mãe apareceu acompanhada de Luna.

— Se tivesse mais uma iria ser uma quadrilha. – resmunguei.

— Gostou de ter sido chamado atenção pelo sogro Arthur? – a mãe o questionou.

— Não começa. – ele praticamente ameaçou. – Estava bom demais pra ser verdade. – pegou a mão de Alice e saiu dali.

— Você. – minha mãe me olhou. – Sua cirurgia está marcada. Vai ser na capital mesmo, vou te pegar lá na universidade.

— Posso fazer tudo sozinho.

— Quando eu faltar nessa vida você fará.

— Que cirurgia? – Rafael perguntou e eu continuei encarando o chão.

— Miopia. – minha mãe saiu de perto da gente.

— Não ia me contar? – pensei um pouco antes de responder.

— Pra quê? Para você pensar que eu vou dar em cima do médico ou que tem algo a ver com Murilo?

— Você anda igual. – o olhei.

— Esse não sou eu. Odeio o que você tá fazendo comigo e com a gente.

— Você não precisa copiar minhas atitudes Kevin. – quase ri.

— Se acha que é isso que está acontecendo você tá muito enganado.

— O que está acontecendo então? – fiquei o olhando por um tempo.

— Estou realmente desconfiado de você. No início fui para um lado de preocupação, agora... Já não sei de mais nada. E eu não me abriria se não tivesse medo de te perder.

— Espera. – franziu a testa. – Tá assumindo que me perdoaria se fosse o caso?

— Parece que é o caso né? – deixou sua expressão serena de lado.

— Filho da puta. A primeira coisa que te pedi quando começamos a namorar foi pra não usar essas porras de truques comigo.

— E eu só pedi para não me trair.

— Termina comigo Kevin. Por uma loucura da sua cabeça. Problema é todo seu e não vou me desesperar nem correr atrás de você.

— Não sou injusto. Não vou fazer isso. Mas... Toma cuidado, sei todos os sinais de culpa. E o pior cego é aquele que não quer ver, eu não me iludiria tanto e tamparia meus olhos. Confiar cegamente em você pode ter sido bom no início, desconfiar agora é necessário, desculpa.

Rafael não disse mais nada e isso dizia muita coisa. Aquele fim de semana foi terrível. Fiz minha cirurgia e Felipe veio me visitar.

— E o seu noivado, como que tá? – perguntou após ver meu desânimo.

— Eu não sei o paradeiro dele na maioria das vezes, isso esclarece tudo né? – balancei a cabeça negativamente. – Um relacionamento saudável pede certa disposição das duas partes, uma boa comunicação e muito respeito. Infelizmente não temos mais nada disso.

— Então termina Kevin. – aconselhou me olhando.

— Não consigo. Preciso descobrir o que está rolando, entretanto... Estou sem coragem. Logo eu.

— Isso responde tudo também. Não querer ir a fundo e saber, quer dizer que você em seu íntimo já sabe.

— É. – respirei fundo. – Prefiro não acreditar. É difícil demais.

— Você disse que tem uma história complicada com traição, mas, se for isso... Não é melhor descobrir e terminar logo?

Fiquei o resto do dia pensando naquilo. Analisando e cogitando como seria fácil e, ao mesmo tempo difícil descobrir tudo. Mas não deu tempo de pensar muito, uma notícia me abalou completamente. Minha mãe me ligou aos prantos. “Kevin seu pai foi baleado” foi a única coisa que consegui ouvir entre os soluços dela. Será que agora esse demônio finalmente iria pagar por tudo o que fez?


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Notas finais do capítulo

Minha meta é acabar AP o quanto antes, já era minha intenção há um tempo e agora com coisas acontecendo em minha vida eu preciso encerrar para me dedicar mais a mim, porque eu começo a escrever e eu não paro. Por falar nisso, tomem muito cuidado com a postura, de tanto eu me sentar pra escrever em cima de uma das pernas estou com suspeita de hérnia de disco e com uma dor TERRÍVEL. Desde 2009 fazendo isso, uma hora ia dar ruim e deu péssimo. Mas, voltando ao assunto, como eu já disse, já está tudo esquematizado, e pra mim a melhor parte está chegando. Então sem chance de eu pular alguma coisa ou "correr" com a história só pra acabar. Sendo assim, se eu não vier em alguma semana é por causa das coisas que eu estou fazendo e não porque abandonei :)

Volto na sexta, sábado ou domingo ♥



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