Presos Por Um Olhar escrita por Carol McGarrett
Notas iniciais do capítulo
E a última parte da viagem do casalzinho chega ao fim. Vamos para a Itália e depois não me responsabilizo pelas lágrimas!
Boa leitura.
Nossa viagem até em casa foi mais rápida do que a ida, ou apenas foi uma sensação minha, já que Alex veio falando de como seriam as gravações, realmente me contando como é a vida em set.
— Você tem que ir ver como é, Kat.
— Não me vejo muito à vontade em um set, Alex. – Desconversei.
— Quando estivermos gravando no Novo México, faço questão de que você apareça.
Não disse que ia, nem que não ia, porém, eu realmente não me via entrando em um set e me sentando ou ficando no meio da equipe de filmagem, enquanto Alex trabalhava. Eu já conseguia sentir o meu desconforto com isso.
E depois deste convite inusitado, a conversa mudou para o que nos esperava na Itália. E essa conversa durou até o momento de nosso embarque.
— Sem jato privado agora? – Ele brincou com a minha cara.
— Viagens particulares e de curta distância. – Foi a minha resposta.
— Curta distância quanto?
— No máximo, três horas.
— E mesmo assim vamos de primeira classe. – Alex não deixou de me perturbar, enquanto guardava nossas malas de mão no compartimento acima das poltronas.
— Não é porque é de curta distância que vou abrir mão do conforto. – Belisquei a sua barriga e ele teve que se virar para não jogar a mala em cima de si.
Com pouco ele se sentou ao meu lado, me olhando com a expressão fechada.
— Foi só uma brincadeira, não é minha culpa se você sente cócegas bem ali. – Dei de ombros e cutuquei sua barriga novamente.
Ele bem que iria me puxar para mais perto e tentar ter a sua revanche, contudo, eu estava com sorte e anunciaram a nossa decolagem bem nessa hora.
Já em altitude de cruzeiro, o serviço de bordo foi liberado e as aeromoças iam e vinham pelo corredor, para entregar taças de champanhe, cerveja, vinho e qualquer outra extravagância que os demais passageiros queriam.
— Não vai querer nada? – Alex me perguntou.
— Não, nós comemos antes de virmos. Eu estou bem, e você?
Ele estava pensando se pedia algo ou não, quando uma das aeromoças, que estava servindo as poltronas à nossa frente, simplesmente estacou e ficou olhando um tanto abobada na direção dele. A reação natural de Alex foi ficar sem graça, algo que eu tinha percebido, acontecia com frequência, quando alguém o reconhecia.
A moça acabou de anotar o pedido do exigente passageiro que tinha um forte sotaque alemão e antes que pudesse ir para o fim da aeronave, parou do lado de Alex e fez a seguinte pergunta:
— Você é realmente Alexander Pierce?
E Alex ficou ainda mais sem jeito ao responder positivamente.
— Eu não acredito! Sou muito sua fã! Será que você poderia tirar uma foto comigo?
Tudo o que Alex fez foi desafivelar o cinto e começar a se levantar. E a pobre aeromoça estava tão eufórica, que mal conseguia segurar o celular para tirar a foto.
— Quer que eu tire a foto? – Perguntei para encurtar o constrangimento de meu noivo.
— Por favor!
Os dois fizeram a pose e eu tirei a foto, porém, toda essa cena não passou despercebida, pois outros passageiros começaram a cochichar sobre quem Alex poderia ser, e escutei que outros o tinham reconhecido. Assim, foram alguns momentos de pura tietagem, e quando acabou, Alex se sentou aliviado do meu lado.
— Disso eu não sentia falta. – Foi o comentário baixo dele.
— Já acabou. – Garanti, pois eu não escutava mais nenhum sussurro que alguém tivesse reconhecido Alex.
— Espero que o restante do voo seja tranquilo.
— Falta pouco. Já estamos na metade. Diga Gute Nacht, Deutschland[1].
— Quer me ensinar a falar alemão agora?
— Dona Ilsa ficaria muito feliz em te ver falando o idioma nativo dela.
— Puxando o saco de minha avó agora? Pensar que você estava morrendo de medo de conhecê-la!
— Não vou negar, foi fácil de conversar com ela no dia de Natal e no Ano Novo. E, repito, ela iria ficar muito feliz.
— Quando eu estiver mais ou menos no finlandês, você começa com a sua imersão no alemão.
— Eu vou te cobrar isso.
Atravessamos a Suíça, e Alex só disse que tínhamos que ir lá algum dia, para pularmos de bungee jump juntos.
— Você quer fazer tanta coisa, que eu acho que vai precisar de uma outra vida só para completar a sua lista!
— De uma coisa você pode ter certeza, Kat, a única coisa que jamais teremos é um relacionamento de rotina.
E ao mesmo tempo em que isso me apavorou, me deixou animada, afinal, isso era a essência de Alex.
Enfim, o aviso de que estávamos a minutos de nosso pouso veio pelos autofalantes e depois de uns dois pequenos sustos por conta do vento, aterrissamos sãos e salvos no Aeroporto Internacional di Malpensa, em Milão.
Esperamos os desesperados de sempre descerem, com duas intenções, dar tempo de que nossas malas chegassem à esteira e evitar que mais gente resolvesse tirar uma foto com Alex.
Alguns minutos mais tarde, liberamos nossos lugares, sendo os últimos a descer do avião.
Nossas malas estavam praticamente sozinhas na esteira, assim, tudo o que nos restava era pegar o carro que eu já havia alugado e dirigir o restante do caminho. E do aeroporto ainda faltavam 190 km, até Maranello.
— Quer que eu dirija? – Alex me questionou.
— Não precisa, sei esse caminho de olhos fechado.
— Mas se precisar, estarei aqui.
E uma hora e meia depois, chegamos em Maranello, onde já fomos recebidos por Pietra. Já que, como de costume, era só avisar que sempre deixavam um quarto pronto no hotel para mim.
— Benvenuti a Maranello[2]! – Ela disse em alto e bom som do alto da sacada de pedra.
— Grazie mille[3]! – Falei ainda descendo do carro. E quando olhei para minha amiga, ela tinha uma carranca. – Não comece com o sermão! – Já cortei a falação antes que ela começasse.
— Vocês estão na Itália. Estão em Maranello, na terra da Ferrari. E me aparecem aqui de Mercedes? – Ela fez uma careta ao falar a marca do carro que considerava um dos maiores rivais nas pistas e nas ruas.
— A menos que a Ferrari tenha lançado um SUV que tenha um porta-malas bem grande que caiba nossas malas, nos últimos dias, tinha que ser esse! Então não reclame.
— O Purosangue está quase pronto, quero ver qual vai ser a sua desculpa na próxima vez que aparecer por aqui! – Ela falou com um balançar de mãos. E logo um carregador chegou para nos ajudar com as malas.
Subimos as escadas de pedra, o prédio tinha um ar medieval, por fora, já por dentro era um luxo, algo que somente a família de Pietra poderia pensar, e Pietra abriu os braços para nos receber.
— Feliz Ano-Novo para você, amica! – Disse ao me abraçar. – Como está a recuperação?
— Eu estou ótima, até hockey joguei.
— Dona Diana e o Sr. N estão vivos ainda? Porque se continuar desse jeito, você mata seus pais antes da hora!
— Assim como você e seus 1001 namorados. – Retruquei e ela me deu um tapa. Indo cumprimentar Alex.
— Finalmente il Tatuato está em terras italianas! Benvenuto! – Abraçou Alex. – Pode dizer, ela e a família são um bando de selvagens na neve, não são? – Deu um soquinho no ombro dele ao dizer isso.
Alex ficou meio sem graça e eu comecei a rir.
— Ele se assustou com a Elena pilotando a moto. – Comentei ao passar atrás dela para entrar no lobby.
— Então, espere, a Espoletinha ainda vai te assustar, ao se dependurar em uma árvore. – Pietra passou na minha frente e foi falando e gesticulando ao mesmo tempo.
— Ela já fez isso. E Kat pulou do telhado para a árvore para tirá-la de lá. – Alex falou simplesmente.
Pietra parou no meio do caminho, se virando com os olhos verdes arregalados e então soltou:
— E depois dessa demonstração de selvageria nórdica você ainda está por perto?
Alex deu de ombros.
— Katerina Elizabeth Nieminen, esse é para casar. E eu quero ser madrinha. Então, pelo amor de Deus, um casamento no verão para que eu possa usar um vestido bem bonito. – Se virou para a recepção e deu algumas ordens em italiano.
— Eu falei que ela é doida! – Comentei com Alex.
Porém, antes que ele pudesse responder qualquer coisa, escutei alguém me chamando:
— La Bionda e il tatuato.[4]
Alex do meu lado deu uma congelada, já eu me virei sorrindo para logo ser engolida em um abraço.
— Nonna!! Quanto mi sei mancato![5]— Respondi e logo ela veio me dando dois beijos nas bochechas, depois se afastou e me olhou, como me mandando apresentar quem estava ao meu lado. – Bem... – voltei ao inglês. – Nonna, este é Alexander Pierce. Alex, esta é Nonna Agnelli.
Alex estendeu a mão para cumprimentá-la, só que Nonna simplesmente o puxou pelo braço e o abraçou apertado.
— Benissimo. Piacere, Tatuato![6]— Ela começou em italiano. – Está tomando conta direito da Katerina?
— O prazer é meu, signora[7]. E, sim, estou.
— Nada de “signora”! Nonna. Todos me chamam de Nonna! – Falou a Vecchia Signora balançando as mãos.
Alex balançou a cabeça.
— Vão ficar quanto tempo? – Nonna perguntou com seu sotaque forte.
— Partimos amanhã à noite. Quero passar o final de semana com minha família. Já que volto para Loa Angeles na segunda e Alex vai para a Sérvia.
— Bene, bene. Acabem de chegar e eu estarei esperando pelos dois no Ristorante. Sem atrasos. – Nos intimou.
— Sim, Nonna. – Respondemos juntos e ela se virou e foi em direção à porta.
— Ela gostou de você, Tatuado. Muito. Ou já teria te colocado para correr. – Pietra, que tinha ficado extraordinariamente calada, comentou.
Alex não sabia muito o que fazer, então só concordou com a cabeça.
Logo em seguida o recepcionista nos entregou a chave do quarto nos avisando que nossas malas já estavam lá.
— Grazie. – Agradeci.
— E vocês dois ouviram a Nonna. Nada de atrasos. Em uma hora no Ristorante. Aqui está a chave de um carro de verdade. - Jogou na direção de Alex. – Coloque a Kat no banco do carona. Vai ser legal. – Piscou na nossa direção e saiu batendo os saltos e gesticulando com as mãos ao falar: – Vejo vocês no jantar!
Com a saída dramática de Pietra, Alex abriu a mão e vimos a chave de uma Ferrari.
— Tinha que ser, não? – Comentei rindo.
— Acho que sim.
Subimos para o quarto, eu fui comentando com Alex algumas de nossas aventuras dentro desse hotel e nos arredores, quando ainda tínhamos tempo e ele foi rindo.
— Não me diga que vocês perderam a chave do quarto e pularam a janela! – Ele falou rindo, quando já estávamos no quarto.
— Não. Eu escalei o muro, pulei para a sacada e abri a porta por dentro... as meninas entraram pela porta da frente como se nada tivesse acontecido! – Expliquei.
— Eu poderia dizer que pagava para te ver escalando um muro e pulando a sacada, mas já vi isso! Ou quase isso.
— Esqueci de comentar, tive que arrombar a porta da sacada...
— E como o MacGyver fez?
— Exatamente como MacGyver! Com um grampo que tirei do meu cabelo!
— Mas se a Pietra é a herdeira disso aqui, por que simplesmente não explicaram a situação?
— Porque ainda éramos menores, Pietra estava alta de tanto champanhe que tinha tomado e tínhamos extrapolado o nosso horário de chegada. E se falássemos que tínhamos perdido a chave, isso aqui viraria um pandemônio!
— Mas vocês perderam a chave!
— Bem... não. Encontramos a chave no fundo da bolsa da Pietra, na manhã seguinte. Ela estava tão para lá, que confundiu a chave com o cartão do banco...
Alex me encarou, descreditando da história.
— Eu já te expliquei! Ela é realmente louca!!
Ele só saiu rindo para ir tomar um banho e eu fui desfazer a mala que tinha trazido.
Meia hora depois, saímos. E ainda no lobby do hotel, Alex ia conjeturando qual modelo de Ferrari a Louca tinha deixado nas nossas mãos.
— Não faço ideia, porém, espere qualquer coisa, vindo dela é sempre bom estar preparada. – Avisei.
Alex me deu o braço e nós dois saímos para a noite fria, aliás, bem fria, não tinha neve por aqui, mas os termômetros estavam marcando temperaturas bem negativas.
No estacionamento, ele só apertou o botão para achar o carro, e quando eu vi qual era o modelo, tive que revirar os olhos.
— É, e Pietra Agnelli apronta novamente. – Comentei e olhei para Alex que tinha um sorriso aberto no rosto. – Sério, isso? Você prestou atenção no nome do modelo? – Cutuquei-o.
— Sim... Califórnia. Começo a achar que vocês pegam no pé da Pietra à toa. Ela não é assim tão descompensada. – Ele falou e deu uma voltinha para ver o carro, depois parou do lado da porta do carona e a abriu para que eu pudesse entrar.
— Obrigada.
Alex demorou para entrar no carro e quando o fez, ainda tirou um tempo para analisar o painel e todos os acessórios que o carro tinha.
— Você não parece muito impressionada com o carro. – Ele comentou quando colocou a chave na ignição.
— Não, não estou.
— Já dirigiu uma?
— Já pilotei uma Ferrari e ainda prefiro os meus carros.
Alex não me deu muita confiança e resolveu ligar o carro e quando escutou o som do motor, só soltou:
— Como você pode desdenhar desse som?!
— Não estou desdenhando do carro. Só dizendo que não é o meu carro preferido.
— E posso saber o motivo?
Apontei para fora, para as pessoas que pararam para ver o carro.
— Por isso. Todo lugar que uma Ferrari aparece, ela atrai curiosos. Sei que a marca tem um fascínio impressionante e sei que são excelentes esportivos, mas eu não aguento ter que ficar espantando curioso de perto do carro e ainda ganhar olhadas de “foi seu pai ou seu marido quem te deu esse carro?”, toda hora.
— Então você já teve uma Ferrari!
— Sim. Uma PortoFino.
— E onde ela está? Por que não a levou para a Califórnia?
— Eu passei para o Kim. Ele está com ela em Chicago.
Alex me olhou pasmo.
— Você deu a Ferrari para o Kim!?
— Não faça essa cara, te dei meu Aston Martin.
— É, vendo por este lado... – Ele ficou calado por um tempo e eu só fui guiando pelas ruas um tanto apertadas demais.
Assim que chegamos no Ristoranti da Nonna, ele falou:
— Queria poder dar uma esticada até algum lugar com uma estrada muito boa, só para saber o que esse carro é capaz de fazer.
— Espere até o final da noite que eu vou te arranjar um lugar para brincar. Agora, vamos comer uma comida boa e jogar muita conversa fora. Esteja preparado para falar, Surfista! – Avisei assim que entramos no Ristoranti e já fomos levados para uma área reservada, nos fundos, uma sacada com uma linda vista para a Lombardia, mesmo que estivesse frio do lado de fora.
— Foi aqui que vocês tiraram a primeira foto que vi de você. – Meu noivo comentou assim que nos sentamos.
— Sim. Este aqui é o espaço reservado somente para pessoas muito importantes, pois quem vai vir nos servir e conversar conosco, será a própria Nonna.
E não demorou muito, Nonna chegava já com uma garrafa de vinho italiano e torradas e com uma expressão no rosto que indicava que ela vinha pronta para interrogar Alexander.
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— Então, Tatuato, benvenuto! – Foi assim que a Nonna começou ao se sentar na cadeira de frente para nós dois.
— Gazie, Nonna. – Alex respondeu em um italiano bem capenga.
— Vou te ajudar e conversar com você em inglês, apesar de que espero que a Katerina te ensine, ao menos o básico do italiano.
Eu mordi o lábio e busquei por uma torrada, se continuasse desse jeito, Alex iria ter que voltar para a escola, só para aprender, até agora, finlandês, alemão e italiano.
E a primeira pergunta que Nonna fez foi a seguinte:
— Você já conversou com o pai da Kat?
— Sim. – Alex respondeu sério, seu semblante nublando ao lembrar da conversa.
— E pelo que vejo, a conversa foi completa.
— Sim, senhora.
Foi a vez da Nonna olhar na minha direção e só dizer o seguinte:
— Ho dimenticato il tuo succo in cucina, vai a prenderlo, per favore[8].
Eu sabia muito bem o que ela iria falar, então, só balancei a cabeça e antes de sair apertei a mão de Alex na minha.
Alguns passos depois que atravessei as portas duplas, dei de cara com Pietra que observava a conversa de trás de uma cortina.
— Muito bonito, Fifi.
— Sou curiosa mesmo e a Nonna me proibiu de ir lá fora.
— Pelo menos uma pessoa você obedece nesse mundo... – Comentei.
— O diabo sabe para quem aparece. E bem conveniente a Nonna ter se esquecido do seu suco, hein?
— Ele já sobreviveu ao meu pai, em uma conversa que durou duas horas e meia. Ele vai sobreviver a esta também.
— A Nonna não está com uma cara muito boa. E você sabe o que isso significa, não sabe, Katerina? – Pietra veio andando atrás de mim, me tentando.
— Só porque o único namorado que você apresentou para a Nonna saiu correndo e chorando depois que conversou com ela, não quer dizer que o Alex fará isso. Assim, pare de tentar me colocar medo!
— Toda confiante que o Tatuado vai passar com louvores em mais esse teste. – A Louca continuou me perturbando.
Parei no meio do caminho e ela trombou em mim.
— Ai! Avisa que está parando. Não pode fazer brake test no meio da reta! – Reclamou.
— Isso é para você parar com esse assunto. Agora, onde fica a dispensa do suco? Só sei onde está a adega!
— Os sucos integrais estão na adega também. E você realmente vai tomar suco?
— Não enche.
— Pelo amor de Dio! Vê se toma um vinho hoje... ocasião especial.
— Não. Alex já está bebendo e alguém tem que estar sóbrio para voltar dirigindo.
— Falando em dirigir. – Pietra se sentou em uma cadeira na cozinha. – O que achou do carro?
— É uma Ferrari. – Foi o que eu respondi.
— Você sabe sobre o que eu estou falando!!!
Suspirei e encarei minha amiga.
— Eu entendi a referência. E, apesar de achar que como sempre você gosta de aparecer, Alex bem que gostou do empréstimo.
— Hahahaha! Sabia que pelo menos nisso ele ficaria do meu lado. – Pietra deu um tapa no tampo da mesa o que assustou os demais cozinheiros, porém eles logo voltaram aos seus afazeres, pois já conheciam a peça que estava dando escândalo.
— Sim, pode se vangloriar. Ele gostou do carro.
Minha amiga levou as mãos ao alto, agradecendo a Deus e cantando “Aleluia”.
— Exagerada. – Murmurei e ia saindo da cozinha, porém ela me impediu. – O que foi agora?
Pietra deu de ombros e depois apontou para a direção onde a avó estava.
— Me mandou te segurar aqui por um tempo.
— Quanto tempo? – Estreitei meus olhos na direção da sacada, tentando ver, ao menos, a expressão de Alex.
— Até que ela saia de lá.
Fiz uma careta.
— Tudo bem. – Cedi. E qual é o plano, de origem duvidosa e execução péssima, que você bolou para me segurar longe dos dois?
— Credo, Bionda[9]! Ofendeu! Posso ser louca, mas tenho sentimentos. – Ela fez cara de mártir.
— Não, Pietra, você não tem sentimentos. A menos que envolva os carros da Ferrari e um pit stop bem mal-feito.
Foi a vez dela de fazer uma careta, mas não a impediu de continuar a perturbar a minha paz.
— Sabe como é. Ele tem que passar pela aprovação de todos. O Sr. N. pode já ter aprovado o genro. Ian e Kim também. Ele pode ter conquistado o coração da sogra e caído das graças da Fofoquita e da Espoleta. Porém, Bionda, ninguém quer te ver daquele jeito de novo. Assim, não culpe sua família e amigos por dificultarem a vida do Californiano ali.
Andei até o lado de fora do restaurante, com Pietra do meu lado.
— Virou um cão de guarda agora?
— Sabe como é... com a Nonna não se brinca.
— O que ela tirou de você?
Pietra desfez da minha informação, todavia, não conseguiu manter a língua dentro da boca.
— Eu não preciso de supervisão, não preciso que me ameacem de cortar metade do meu salário, só porque eu posso ou não ter exagerado na passagem do ano.
— Para onde você foi?
— Aruba. E antes que você fale. Sim, estava acompanhada.
— E quem ele é? Não fui apresentada.
— E nem será.
Revirei meus olhos, isso não era novidade nenhuma.
— Você não tem jeito. Mas não vou entrar no assunto, até porque fofoca antiga não tem graça.
— Não, não tem... mas notícia velha tem.
— Que notícia velha? – Questionei.
— Como está a empresa?
— Não sei. Volto segunda-feira. Tenho uma reunião com minha avó e, talvez, com o Conselho. Até onde sei, Cavendish está preso e meu avô afastado.
— E onde ele passou as festas?
— Não faço ideia. Não quero ele nem respirando o mesmo ar dos meus sobrinhos.
— Como a Fofoquita está?
— Liv passou bem esse final de ano. Porém, estávamos todos do lado dela, e fomos para a Finlândia. Lá ela se sente segura. Precisamos ver como será a próxima semana.
— E nessa semana?
— Pelas mensagens que ela me mandou, andou saindo com as amigas por Londres. Tirando muitas fotos. Disse que está bem e que iria na terapia hoje.
— Lembra do que eu te falei quando você se mudou para a Califórnia?
— Que você tinha contatos que poderiam fazer qualquer um desaparecer da face da terra?
— Sim.
— Não vai precisar de tanto. – Garanti.
— Mesmo assim. A oferta está de pé. E você? Vai fazer algo contra Cavendish?
— Não parei para pensar nisso. Não quis pensar. Já basta as cicatrizes e a dor que estou sentindo.
— Você nunca comentou que estava com dores! – Minha amiga me acusou.
— E se você abrir a boca e contar para alguém, quem não vai ver mais a luz do dia será você.
— Ruim assim, amiga?
— Tem dias que sim, outros que não.
— E como você vai fazer agora que o Tatuado vai ficar aqui na Europa?
— Prefiro não pensar nisso.
— Pelo amor de Deus! Nada de mergulhar no trabalho e deixar de comer... de viver! Não tenho vestido preto para ir ao seu velório. Gastei o meu dinheiro comprando a roupa para o seu casamento!!
— Eu não tenho uma data para o casamento!
— Não me importo. Estou sendo precavida. – Pietra fez uma pose de pessoa superiora ao me contar isso.
— E se eu me casar no meio de uma nevasca, na Finlândia?
— Você não faria isso com a sua sogra! Você gosta bem dela para fazer aquela amável senhora morrer congelada. – Acusou friamente.
— Tão na cara assim? – Perguntei com um muxoxo.
— Sim... muito na cara! Aliás, você gosta de todos lá. Gosta muito. E eles te adoram também. E eu espero que você faça uso desses sentimentos e procure a ajuda deles se você precisar. Porque se você não fizer isso, eu vou acampar na sua casa até o Tatuado voltar para os EUA!
— Nem pensar, você faltou pouco me tirar do sério quando ficou na minha casa no ano passado. Você é desorganizada demais!!
— Então procure ajuda, ou eu vou te fazer uma visita. Já está avisada. – A Italiana Louca me avisou.
— Você é definitivamente maluca. Totalmente.
— Mas pense por um lado. No meio dessa conversa sem sentido, eu fiz você se abrir. Sou a única que consegue isso.
— Que seja! – Balancei a mão para desfazer da conversa fiada de minha amiga e olhei para dentro do restaurante. – Será que já posso ir para lá?
— Com saudades do amado! Que meloso! – Pietra fez uma careta. – Creio que sim. Resta saber se o Califórnia está vivo. Não ouvi nenhum grito, mas a Nonna sabe matar em silêncio. – Ela começou a rir da própria piada sem graça.
Passei atrás dela e dei um tapa no alto de sua cabeça.
— Isso doeu!
— Era para ter doído mesmo. Afinal, estou tentando fazer os seus neurônios pegarem no tranco.
— Sem graça. – Ela falou e me acompanhou para dentro do restaurante. Ao chegarmos perto da porta que levava à sacada, diminuímos os passos, para que os saltos não fizessem barulho e, devagar, fomos andando até o beiral. Ocultas pelas cortinas, tentávamos escutar algo.
— Eu estou ficando surda de tanto ir para Fórmula 1 sem protetor auricular, ou eles estão em silêncio? – Pietra perguntou atrás de mim, enfiando a cabeça debaixo do meu braço para tentar ver algo.
— Está tudo muito calmo. E isso é estranho. – Respondi.
— Estranho? Eu diria que é preocupante! Eu te avisei, a Nonna sabe como matar uma pessoa em silêncio. Estou achando que você ficou viúva antes do casamento. E se isso aconteceu, te aconselho a ir para o Convento. Você é pior do que uma viúva negra!
Dei uma cotovelada em Pietra e afastei um pouco a cortina para tentar ver algo, Pietra enfiou o carão para ver também e quando o vidro deu uma desembaçada, eis que...
— O que vocês duas estão olhando aí?
Eu não sei se me assustei com a proximidade da voz do meu noivo ou se foi com o susto que Pietra levou, e com a consequente reação da Louca, que de tão curiosa e concentrada que estava, ao ouvir a pergunta, acabou escorregando e se esborrachando no chão, me levando junto, é claro.
— Dio Santo, tatuato! Quer me matar? Normalmente sou eu quem manda matar as pessoas, não as pessoas que tentam me matar!! – Pietra gritou.
Alex estava segurando a risada ao nos ver no chão e, ainda por ter nos pego no flagra, tentando bisbilhotar a conversa alheia.
— Uma ajuda, por favor. – Pedi.
Ele estendeu os dois braços para nos ajudar ao mesmo tempo. E sem esforço, praticamente nos içou do chão.
— Não era para você estar ali, ao invés de tentando tirar nossas almas do corpo? – Pietra perguntou brava.
— Na verdade fui atrás da Kat, já que a Nonna estava te ligando e você não atendia. – Alex explicou. – Rodei o estacionamento atrás de vocês e quando vi, as duas fifis estavam tentando ver algo pela cortina.
Pietra começou a bater nos bolsos da calça e da jaqueta que ela usava, atrás do celular, já eu fiz cara de paisagem, fingindo que não sabia de nada sobre “bisbilhotar a conversa alheia”.
— Porca miséria! Onde está meu celular? – Minha amiga falava.
— Você está procurando por essa coisa vermelha aqui? – Nonna perguntou levantando o aparelho que tinha uma capinha vermelha, com o escudo da Ferrari.
— Esqueci onde?
— Na cozinha. Quase que o cozinharam com a lasagna!
— Ainda bem que não o fizeram, ou eu estava perdida! – Pietra pegou o aparelho da mão da avó igual uma criança pega um doce e começou a visualizar as notificações.
— Pelo visto, correu tudo bem... – Comentei.
— Com certeza, il tatuato está mais do que aprovado, Bionda. Agora, Mangiamo[10]!
Depois do vexame de ser pega tentando escutar a conversa alheia, o jantar foi um evento único, com muita falação, muita comida e claro, Nonna teve que lembrar de algumas peripécias que aprontamos na Itália ao longo dos anos... e olha que ela nem sabia de todas.
Voltamos para o Hotel já no meio da madrugada, nenhum de nós estávamos muito bem, de tanto que comemos e bebemos e só conseguimos trocar de roupa e cair na cama.
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Como eu havia dito no começo de dezembro, nossa viagem à Itália era mesmo só para que Alex pudesse conhecer a Nonna, portanto, não nos demoramos no país, pegamos um voo para Londres, já no dia seguinte, à noite e, assim, pudemos passar o final de semana com a minha família.
Não fizemos nada de especial, com exceção do jantar de domingo, na casa de meus pais, onde eles confirmaram para Alex que ele era mais do que bem-vindo para ficar ali, quando as gravações chegassem em Londres.
No caminho de casa, ele só me disse a seguinte frase:
— Nada contra os seus pais, mas eu prefiro ficar em um hotel a ter que ficar sob a supervisão do seu pai.
Tive que rir atrás do volante.
— Deixa de ser bobo. Vou deixar a chave da casa daqui de Londres com você. E vou deixar o endereço anotado, assim o carro pode vir te buscar, se você não quiser usar o meu.
Ele me encarou um tanto surpreso.
— O que? Você me oferece para morar na sua casa, com uma semana de namoro, e eu não posso deixar a chave dessa casa com você? – Retruquei. – Faz todo o sentido. Até porque eu vou estar na sua casa.
— Nossa casa.
— A mesma coisa esta daqui. Nossa. – Frisei assim que abri o portão da garagem.
Alex pareceu aceitar o que eu falara e concordou quando entreguei o chaveiro reserva a ele. Já com todas as chaves indicando quais portas serviam. Além do código do alarme. Um movimento bem parecido com o que ele havia feito quando me entregou as chaves da sua casa.
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Ainda era cedo. Bem cedo, e nós dois, não tendo mais nada para fazer, a não ser esperar pelo sono chegar, nos ajeitamos no sofá da sala e procuramos por algum filme. E foi assim, um nos braços dos outros que começamos a nossa despedida.
O voo de Alex partia na segunda bem cedo. Então, nos levantamos ainda de madrugada, para tomarmos o café, que ele quis fazer e, pela última vez em não sei quanto tempo, dividimos a arrumação da cozinha. Era uma sensação bem agridoce, pois eu tinha me acostumado com isso, com a nossas conversas sem nexo, as brincadeiras de Alex, principalmente quando ele cismava de me espirrar água e agora eu sabia que não teria isso por um certo tempo. E olha que eu sabia que ele iria voltar. Tinha uma data para a volta dele.
Porém, essa era a verdade:
Eu já estava com saudades dele!
Acabamos a cozinha e devagar fomos nos trocar, quando voltei para o quarto, já arrumada, segurando um outro casaco para Alex e uma touquinha, meu noivo estava parado de frente para a cama, fitando o móvel com intensidade.
— O que foi? – Perguntei baixinho.
— Só me lembrando dessa nossa noite. Da nossa despedida.
— É um até logo. Não uma despedida. Vamos nos ver novamente.
— Eu sei que vamos. Mas serão longos os próximos três meses.
— Serão. Muito longos. – Concordei.
Alex me puxou para si e me deu um beijo. O primeiro de muitos que trocaríamos até que tivéssemos que nos despedir na porta da sala de embarque.
— E isso, o que é? – Ele questionou sem se distanciar muito de mim.
— Mais um casaco e isso! – Coloquei a touquinha na sua cabeça. – Só para que você volte para a Califórnia com as duas orelhas intactas.
— Obrigado. – Ele me beijou mais uma vez. – E acho que vou sentir falta da minha especialista no inverno. Será que sobrevivo?
— Sobrevive sim. Qualquer coisa, é só fazer uma videochamada.
— Qualquer coisa eu mando te buscarem em Los Angeles.
— Está com todo esse poder, já? – Brinquei enquanto cruzávamos o corredor e descíamos as escadas.
— Não, mas uma ou outra exigência não faz mal a ninguém.
— Lee vai adorar saber disso.
Alex parou e com um sorriso zombeteiro, falou:
— Se ele achar ruim, digo que estou trocando de empresário, que você será a minha empresária.
— E a Terceira Guerra Mundial se inicia. – Comentei.
Guardamos as malas no carro, e partimos. A viagem que normalmente eu faria em 35, 40 minutos, acabou levando quase uma hora. Tínhamos tempo e estávamos gastando todos os minutos que ainda nos restava.
Parecia até meu dia de sorte, pois logo encontrei uma vaga no estacionamento e bem perto do portão onde Alex faria o check in.
— Faz o check in para mim, que eu vou entrar na fila do despacho de malas. – Ele me pediu.
Com um desânimo notável, caminhei até o totem e confirmei a passagem do meu noivo, podendo, ainda, escolher uma boa poltrona para ele. A única má notícia, não tinha primeira classe. Ele voaria quase quatro horas e meia, um tanto apertado entre as poltronas.
Terminada a minha tarefa, encontrei-me com ele ainda na fila e, assim que parei do seu lado, Alex me abraçou, me colocando na sua frente, apoiando o seu queixo no alto da minha cabeça.
— Sabe que eu gosto quando você não está de salto. – Foi o que ele comentou.
— E posso saber o motivo? – Virei-me de lado para encará-lo.
Alex deu de ombros e só me abraçou mais forte, praticamente me colocando dentro do sobretudo que ele usava.
— Por isso, me dá a sensação de que você é tão pequena, que eu posso te esconder e te levar comigo!
— Deixa de ser bobo. Eu não sou tão baixinha assim. Você que é imenso.
— Mesmo assim, ainda posso te esconder aqui. – Ele largou o carrinho com as malas e me abraçou com os dois braços, me fazendo praticamente desaparecer debaixo do sobretudo. E, ali, eu acabei de me virar e me abracei a ele.
— Alguém gostou da ideia. – Comentou assim que tirou o casaco de cima de mim e tentava arrumar o meu cabelo.
— Não posso falar que não gosto da sensação de estar abraçada a você.
E, assim, abraçados, chegamos ao guichê. Alex entregou as malas e antes de se virar para deixar o local, me perguntou:
— Uma aposta boba.
— Lá vem você... – Murmurei.
— Quantas vão dar a volta ao mundo, antes de me encontrar na Sérvia? – Apontou para as malas que iam sendo levadas pela esteira.
— Reza para ser só uma, porque se forem as duas, você vai para o set vestido com o roupão do hotel.
— Não, só no casaco que você me deu.
Ainda tinha uma hora para o voo decolar, e Alex cismou de tomar um café, me pagando um chocolate quente, para que eu o acompanhasse, mesmo que eu não quisesse tomar nada.
E, quando não tinha mais como adiar a entrada dele na sala de embarque, caminhamos de mãos dadas pelo aeroporto. No portão, paramos, olhamos para os guardas responsáveis pelas revistas e depois de um para outro.
— Bem... – Ele começou, tão incerto quanto eu, procurando as palavras para esse momento.
Calei-o com um beijo. Na falta de palavras, as ações valiam mais. Tivemos que nos conter, afinal era a porta da sala de embarque, mas não éramos o único casal ali.
— Três meses. – Ele murmurou quando o ar nos faltou.
— Vai passar rápido. E vai valer a pena. – Emendei.
— Promete que vai se cuidar?
— Promete que você não vai fazer nenhuma loucura no set? – Retruquei com outra pergunta.
— Sim. – Respondemos juntos.
Colamos nossas testas, só para que o momento pudesse se alongar um pouco mais, mas não havia tanto tempo assim.
— Eu vou sentir muita saudade de você, Surfista. Muita. – Murmurei baixinho no ouvido dele. Pois não confiava na minha voz, já que eu começava a chorar.
— Não mais do que eu de você, Rainha do Gelo. – Ele me olhou nos olhos e me beijou.
— Vou esperar por você no portão de desembarque do LAX. – Prometi.
— Vou te achar primeiro. – Ele brincou ao passar a ponta dos dedos na minha bochecha.
— Volim te. – Falei.
— Eu acho que sei o que isso significa, mas não sei em qual idioma.
— Significa eu te amo, e está em sérvio.
— Rakastan sinua, Kat. Te vejo em três meses.
— Rakastan sinua, Alex. – Repeti a frase e depois de um último beijo e de um abraço apertado, nos separamos, e eu acompanhei a passagem dele pela revista e fiquei de pé, ali, até que ele se virou, me deu um adeus e eu pude ler em seus lábios a sua despedida:
— Eu te amo.
— Também te amo. – Respondi e o perdi no meio da multidão.
Voltei para o carro a passos lentos, sem vontade nenhuma de fazer o que tinha que fazer, certa de que essa solidão que eu sentia, só aumentaria com o passar o tempo.
— Eu sabia que seria doloroso vê-lo partir, só não sabia que era tanto. – Murmurei quando entrei no carro e olhei para o céu. – Mas é por pouco tempo e logo ele vai voltar para mim. – Disse mais alto e com mais confiança. Essa separação temporária era boa. Tinha um excelente motivo. Alex iria reerguer a carreira e mostrar para muita gente que ele era sim, talentoso e merecedor de cada papel que ele conseguiu e conseguiria.
E, já que ele estava indo trabalhar, era mais do que hora de eu voltar para o meu trabalho.
Era hora de pisar no prédio de onde eu saíra quase morta, um mês atrás.
[1] Boa noite, Alemanha! – Em alemão.
[2] Bem-vindos à Maranello!
[3] Muito obrigada!
[4] A loira e o tatuado.
[5] Nonna! Que saudade!
[6] Muito bem! Prazer, Tatuado.
[7] senhora
[8] Esqueci seu suco na cozinha, vá lá pegá-lo, por favor.
[9] Loira em italiano.
[10] Vamos comer!
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Espero que tenham gostado... apesar do final triste.
Mas eles vão se ver de novo, prometo!
Muito obrigada a você que leu até aqui, semana que vem tem mais!
Até lá!
xoxo