Presos Por Um Olhar escrita por Carol McGarrett


Capítulo 129
Traição


Notas iniciais do capítulo

Estou de volta um tanto mais tarde do que havia previsto, mas é porque me empolguei um tantinho na escrita e já deixei uns três capítulos prontos.
Aviso que não me responsabilizo pelas ideias precipitadas que vocês terão no fim deste capítulo.
Boa leitura.



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Eu pouco consegui conversar com Alex nos dias em que fiquei em Singapura, primeiro, por conta do fuso horário de dezesseis horas de diferença e, segundo, nossos trabalhos. Os poucos minutos em que teríamos para conversar, que seria um horário aceitável em ambos os lugares, estávamos trabalhando.

Assim, só trocamos algumas mensagens, nada muito extenso, só perguntando como estávamos, como estava o lugar, o trabalho, que estávamos sentindo falta um do outro. Eu não perguntei se houve alguma repercussão da cena do aeroporto e ele não me falou nada, então eu presumi que não tinha sido um assunto importante para ninguém e, também não perdi tempo ou sono procurando por algo, mesmo que Pietra tenha me dito que estava em algumas redes sociais.

Porém, tudo foi muito além das redes sociais. Porque, assim que minha descida foi liberada depois do longo voo, vi Alex no hangar e ele não tinha a melhor das expressões.

— Oi! – Cumprimentei-o com um sorriso e um abraço.

— Oi, Kat. – Ele disse sem animação.

Dei um passo para trás para estudar as suas feições, tinha algo muito errado no ar.

— Aconteceu algo? – Questionei.

Alex suspirou e esse gesto fez meu estômago gelar.

— Bem, Kat. Sim.

— O que? Com quem?

— Com você.

— Comigo!? Como assim? Eu estou aqui! Não aconteceu nada... a viagem foi até bem tranquila.

— Kat... Loira. – Ele me chamava enquanto eu tagarelava sem parar. – Katerina, por favor. – Alex me pediu.

Olhei para ele um tanto perdida.

— Eu... me desculpe, Alex, mas eu não estou te acompanhando.

— Aconteceu que você ficou famosa. Que nosso relacionamento está em todos os lugares. Que você, sem querer, é capa de revista, é comentada em programas, é inspiração para página de fã em rede social e... bem, você é o novo brinquedinho do mundinho da fofoca.

Levei um tempo para processar tudo o que ele falava.

— Tudo isso por conta de quarta-feira passada? Sério? Eles, todas aquelas pessoas, queriam você! – Destaquei.

— Mas também estavam de olho em você, Kat. O tempo inteiro. E permaneceram durante todo o final de semana. Você pode não ter notado, mas tiraram fotos suas no paddock da Fórmula 1, filmaram você no meio do treino classificatório... e as pessoas te reconheceram e resolveram te jogar na mídia.

— Como eu não fiquei sabendo disso antes?

— Tentamos abafar daqui, você sabe que tem meios de fazer isso, mas aí, já era tarde. Seu rosto e tudo sobre você já estava sendo exposto nos programas de fofoca da televisão e, também, nas páginas na internet. E, dessa vez, levaram todo mundo. Desenterraram as fotos do ano passado, da passagem de Liv, do evento da Porsche.  – Alex continuou falando, creio que mais colocando para fora tudo isso do que querendo me contar propriamente dito, e eu estava estática, não acreditava no que ele falava.

— Se... se tudo isso está acontecendo ou aconteceu... por que você está aqui? Não seria mais inteligente manter a discrição e ficarmos separados ou sei lá... evitar de sermos vistos juntos.

— Eu estou aqui, Kat, porque lá fora está o caos, o seu rosto está em revistas e até mesmo em jornais. E fotógrafos estão do outro lado daquela porta só esperando que apareça.

— Eu não sou famosa...- Estava em negação.

Alex deu uma risada carregada de sarcasmo.

— Eles te intitularam como famosa, Kat. E não somente por ser minha noiva, isso foi um bônus, ou a maldição que te jogou na boca desse povo, como você queira definir. Você e sua história viraram o assunto mais interessante desse país, pelo menos para a parte que dá ouvidos a esse tipo de fofoca.

— E como eu vou sair daqui? O carro não pode entrar nesse hangar! – Comecei a ficar alarmada.

— Vai sair da mesma maneira que eu saí naquela manhã, mas hoje temos reforço. – Ele disse.

E foi só então que notei os dois seguranças parados perto da porta que nos levaria ao saguão da área vip. Depois de um tempo notei quem eram.

— Sombra 1 e Sombra 2, os mesmos seguranças que tomaram conta de mim em Londres?

— Por enquanto sim. Ou, pelo menos, até que você vire assunto antigo.

Ainda um tanto anestesiada, assenti com a cabeça.

Alex pegou a minha mala e passou um braço em volta da minha cintura, e me instou a andar no mesmo passo que ele.

— Quando passarmos pelas portas, só abaixe a cabeça. Ignore comentários, perguntas, microfones, gritos, tudo. Se faça de surda e somente me acompanhe.

Sem poder encontrar a minha voz, só apertei a mão de Alex. E, segundos depois, Sombra 1 abria a porta e Sombra 2 fazia o papel de bloqueio humano.

Contudo, nem todo este trabalho de blindagem foi suficiente. Alguns paparazzi conseguiram chegar mais perto e enfiaram os microfones nas nossas faces, gritando coisas sem sentido e nos empurrando com o claro intuito de nos prensar na parede mais próxima.

Mentalmente agradeci ao fato de estar de calças e sapato baixo, assim, pude acompanhar a passada apressada de Alex sem problemas. E, ao fundo eu ia escutando os gritos, que, com muito custo consegui entender o que se tratavam. Pura e plena curiosidade besta.

Quando é o casamento?

Katerina, você vai comprar alguma equipe de Fórmula 1? Foi por isso que esteve em Singapura?

Como vocês conseguem conciliar o trabalho com o romance?

— Katerina, você acha que dessa vez terá mais sorte no dia do seu casamento? Acha que ter sido deixada no altar uma vez já foi suficiente?

E, com essa pergunta meus pés vacilaram.

— Vamos, Kat. Só finge que não escutou. – Alex sussurrou em meu ouvido e apertou seu braço em torno de mim, me sustentando.

— Mas...

— Acredite em mim, é o que eles querem.

— Como você acha que o seu ex está reagindo diante das fotos tiradas na última semana?

— Katerina, você fez alguma plástica para esconder as marcas das três tentativas de assassinato que sofreu?

E nessa pergunta eu quase me virei para saber quem era o idiota que tinha a cara de pau de perguntar algo assim.

— Não, Kat! Não vale a pena. Só siga, já estamos quase nos elevadores. – Alex mais uma vez foi minha consciência e me manteve perto de si e focada no que tinha que fazer.

Sombra 1 estava passos à frente e já segurava o elevador para nós. Praticamente correndo e sem nos virarmos para as portas, entramos na caixa de metal e rumamos para o terceiro andar do estacionamento.

— Como eles descobriram tudo isso? Como? – Perguntei desesperada.

— Sempre tem alguém para vender a história. – Alex me respondeu.

— Tem coisa pior na mídia, não tem?

— Em partes, sim. E você não vai gostar de saber.

— Sobre?

— Seu casamento. Eles têm até as fotos daquele dia.

Antes que eu pudesse pedir para morrer, chegamos no terceiro piso. Ainda não havia nenhum urubu no caminho, todavia, logo eles apareceriam, já que elevador indicaria onde estávamos.

Corremos para o carro e Sombra 1 assumiu o volante, com Sombra 2 ao seu lado e Alex atrás comigo e me avisou:

— Não precisa se preocupar, eles vão fazer barulho, mas as películas do vidro são à prova de som e somente refletem a imagem, ninguém vai te ver aqui.

— Não se assustem, lá vem os homens aranha tentando buscar a foto perfeita. – Sombra 1 disse em seu forte sotaque.

E o claro som de algo batendo na lataria foi ouvida, mas não eram só meia dúzia de paparazzi, eram mais de cinquenta!

— Meu Deus! – Murmurei assustada.

— Pode ficar tranquila, Katerina. Já lidamos com coisa muito pior do que esse bando de abrutes. – Sombra 2 disse tranquilamente enquanto Sombra 1 manobrava com maestria entre os paparazzi.

Quando um se jogou no capô do carro, eu me encolhi de nervoso, abraçando minhas pernas e enterrando meu rosto ali.

Mesmo sem olhar foi fácil saber quando saímos do aeroporto e pegamos a estrada que nos levaria para Los Angeles, primeiro, porque a claridade mudou e segundo, não havia mais barulho de câmeras.

— Acabou? – Perguntei ainda escondendo meu rosto.

— Por enquanto, sim. – Alex me respondeu e quando levantei meu rosto, notei que ele olhava para trás.

Respirei fundo e fiz a pergunta mais importante:

— O que eles sabem, de verdade. Sem edição dessa vez. – Pedi.

— De tudo, Kat. Eles têm fotos até de quando você era criança. Expuseram sua vida para o mundo, o julgamento está sendo comentado em detalhes, assim como o seu casamento fracassado. Tudo isso e...

— Minha família e círculo de amigos... – Completei.

— Sim, teve uma pessoa que foi até no Ristorante da Nonna só para postar que foi lá que você comemorou uma vitória da McLaren...

Mordi o lábio, não era para que eu ficasse surpresa, Dona Amelia tinha me avisado, Kim e Vic também.

— Por favor, só me diga que não foram atrás da minha família em Londres!

— Não. Ainda não descobriram os endereços, mas o Haras de sua família foi mencionado...

— Propaganda de graça. – Falei sarcasticamente.

— Como é um local muito fechado e muito seguro, creio que seus avós estão seguros.

Eu não deveria, mas fiz essa pergunta:

— E quem está tentando abafar tudo isso?

— Lee.

Não falei nada, mas era bem provável que ele estivesse vendendo as informações, contudo, como todos na família Pierce confiavam nele, decidi, mesmo que a contragosto, dar mais uma chance ao empresário de Alex.

— Tem certeza de que ele vai lidar com isso? – Acabei por perguntar.

— Kat, é o trabalho dele.

— Lidar com o que sai a respeito de você. Não sobre mim.

— Você faz parte da família agora. Então sim, é trabalho dele. – Alex confirmou.

Para não criar nenhum atrito, dei-me por contente sobre o assunto, mas algo no fundo da minha mente não me deixava quieta. Se em novembro passado minha irmã foi a responsável por vazar informações pessoais para um bando de paparazzi, o que Lee, que claramente não gostava de mim, seria capaz de fazer?

Com a cabeça à mil e ainda assustada com a quantidade de paparazzi que estava no aeroporto, mesmo eu tendo desembarcado no meio da madrugada de segunda-feira, tentei colocar meus pensamentos em ordem para tentar achar um plano que fosse viável o suficiente para seguir com a minha vida mais discretamente possível, e que, eu esperava, não envolvesse conviver com dois seguranças para sempre ao meu lado.

Escorei minha cabeça no encosto do banco e me pus a pensar. Contudo, cada vez que eu fechava os olhos, era capaz de reviver, com detalhes o que tinha acabado de se passar no aeroporto. E, sem querer, acabei por comparar com o que aconteceu na quarta de manhã.

Na quarta, eram somente fotos e uma ou outra pergunta sobre o trabalho de Alex. Por que hoje eles tocaram em tantas informações pessoais? Por que essa diferença?

Alex tinha me dito que eu era o mais novo assunto da mídia, porém, não fazia sentido. Não quando eles pareciam já saber tanto.

E, novamente, me senti estranha com relação a quem estava lidando com tudo isso. Eram muitas coincidências para deixar passar. Principalmente, se eu levasse em conta que somente minha família sabia o horário em que eu chegaria aqui, e, não tenho dúvidas de que, em uma conversa, Alex deve ter deixado escapar que me buscaria, para tentar me preparar para o pior, e que deve ter comentado, também, o horário...

Para mim, Lee sabia de tudo e fez questão de passar as informações para seus contatos.

E o motivo era o mais simples possível. Ele queria que eu ficasse com medo, que eu me apavorasse o suficiente com a intrusão desses fotógrafos até o ponto em que eu não aguentasse mais.

E, sua esperança era que, com isso, eu saísse correndo e deixasse a vida de Alex de forma definitiva.

Agora, a pergunta que não tinha resposta era: por quê?

Eu não influenciava Alex quanto ao seu emprego, eu não dava nenhuma opinião quanto ao que sua equipe decidia... eu apenas tratava todos muito bem. Eu não era uma ameaça para ninguém, muito menos para Lee. Porque eu não entendia absolutamente nada sobre a Indústria de Hollywood e seus bastidores nada bentos.

Ou será que havia algo que eu ainda não sabia e que ele temia que eu fosse ser responsável por mudar a cabeça de Alex?

Mas o que seria isso?

Em que, nesse mundo de holofotes, fama e capas de revista, eu seria capaz de opinar e fizesse com que Alex me seguisse e não ao que Lee propusesse? Em que?

Suspirei fundo tentando trazer minha mente para assuntos mais urgentes, ou pelo menos para o assunto em questão, já que Alex e os dois seguranças estavam discutindo sobre o dia seguinte, e não era a segurança dele, era a minha.

Mais uma vez eu teria alguém para me trazer e me levar. Internamente me senti como uma criança. Uma criança que não tem autonomia para decidir nada.

— Só para avisar, eu vou trabalhar hoje. – Cortei o assunto.

Alex me olhou com a sobrancelha levantada,

— Não agora de manhã, mas na parte da tarde eu preciso ir ao escritório. Tenho reuniões e papelada para resolver. Não posso me dar o luxo de ficar em casa escondida só para que ninguém me ache. Eu tenho minha vida, meu emprego e minhas responsabilidades, e vou seguir com a minha rotina como se nada estivesse acontecendo. – Expliquei.

— Kat, você pode fazer isso de casa. Faz quando está em Londres. – Alex tentou mudar minha cabeça.

— Eu não sou somente a diretora desse escritório, Alex. Tem muito em jogo agora. E, além do mais, eu nunca vi uma celebridade que foi capa de revista, se esconder em casa depois de algo que saiu na mídia. A maioria sai como se nem soubesse da fofoca. Vou agir assim. Como você disse no aeroporto, eu sou a nova notícia, amanhã outra pessoa será a fofoca da vez e vão me esquecer, ou ao menos, essa cobertura extensiva vai diminuir.

— Eu não contaria com isso. – Ele continuou.

— E por que não? Tem mais alguma coisa que você não está me contando?

— Não, Loira, não tem. É só que eu estou na mídia, você está por associação. Todas as vezes que falarem de mim, alguém vai se lembrar de você.

— Podem falar. Eu não ligo. Mas não vou parar minha vida por isso. Não posso e não quero fazer.

Alex me encarou e eu o encarei de volta. Ficamos assim até que chegamos em casa, que eu só notei porque nossos – meus – seguranças nos informaram.

Desci do carro e agradeci os serviços dos dois, indo até o porta-malas para pegar minha bagagem. Alex já estava fazendo isso, todavia sua expressão era indecifrável.

Quando colocamos os pés na sala, ele retrucou aquilo que não quis falar diante de uma plateia:

— Não se trata do que você quer, Katerina. Trata-se do que é melhor para você e...

— E para você, não é? – Completei.

Alex respirou fundo e tornou a me encarar.

— Sinceramente, Alexander, se você acha que eu vou viver às suas custas, ou na sua sombra, você realmente não se deu o trabalho de me conhecer dentro deste último ano. Achei que estava bem claro que eu não estava ao seu lado pela fama, mas sim por amar você, porém, parece que você não vê isso.

— Eu quero você segura!

— E infeliz? E presa dentro dessa casa com medo de colocar o pé para fora por conta de um bando de paparazzi? É isso o que você quer?

— Você pode trabalhar daqui...

— Se fosse para trabalhar de casa, eu poderia me mudar para Londres e comandar de lá, o que você acha disso? – Disparei. – Pense bem, de lá eu não seria perseguida por fotógrafos, até porque trabalharia em um fuso completamente diferente do da Inglaterra, e, assim, não seria a sua mais recente dor de cabeça! Quer que seja assim? – Fuzilei meu noivo com os olhos quando ele parou a centímetros de mim.

— Toda vez que vamos conversar sobre algo, você vai jogar a carta de Londres na minha cara? – Ele retrucou friamente.

— Toda vez que você quiser me prender, sim. Aprenda de uma vez por todas, Alexander, te amar não significa seguir suas ordens como um cachorrinho. Eu tenho minha vida e sei muito bem me cuidar. Não preciso que ninguém dite o que eu devo ou não fazer, como devo proceder, onde devo ficar ou trabalhar. Porque se você está achando que vai mandar em mim, só porque estamos juntos e morando sob o mesmo teto, eu digo que não. Não vai mandar em mim. Se essa é a ideia de relacionamento que você planeja para o nosso futuro, sinto te dizer que esse futuro acaba aqui e agora, não serei obediente a você. – Terminei encarando Alex que me fitava furioso.

— Eu estou tentando...

— Não! Você está lidando com isso à sua maneira. Assim como fez em Londres. Você foi incapaz de me contar como as coisas estavam indo aqui em Los Angeles enquanto eu estive fora, foi incapaz de me alertar que a cena do aeroporto poderia acontecer. Não me contou que eu virei fofoca. Porque se tivesse me contado, eu te juro, teria voltado antes da hora e te ajudado a lidar com isso. Você me deixou no escuro, me deixou alheia a tudo o que acontecia, e eu ainda dei mais munição para todas as fofocas estando dentro do Paddock da F1. Se você realmente queria me ajudar, teria pedido a minha opinião sobre tudo isso, teria me falado o que acontecia e me aconselhado a voltar para resolvermos. Mas não pediu. Você passou por cima de mim, novamente, é a terceira vez que faz isso. Eu te alertei das duas últimas, Alexander. Eu já te disse, não gosto que as pessoas decidam coisas por mim, e você vive fazendo isso. De uma vez por todas, eu não sou uma boneca de porcelana que precisa ser colocada em uma redoma de vidro. Você quer me ajudar como você está falando? Avise-me sobre os problemas, conte-me a verdade, e, assim, eu posso tentar chegar a uma saída. Mas não tome as rédeas da minha vida!

— Você não conhece esse mundo!! – Ele cuspiu na minha direção.

— E você conhece? – Retruquei. – Estávamos os dois frente a frente e tudo o que era possível de sentir entre nós era a fúria e o ódio.

— Eu conheço pessoas que sabem lidar com isso!

— Com coisa que Lee não quer toda essa publicidade! Com coisa que ele vai tentar abafar qualquer assunto sobre mim. Ele me odeia! Acha que eu sou uma alpinista social que só está do seu lado pela fama, e vai deixar que essa imagem seja vendida por aí, porque ele me quer fora daqui! Será que você não notou isso?? – Aumentei meu tom de voz.

— Lee é agente da minha família há anos, você não pode falar assim dele. Nunca deu oportunidade para que o conhecesse.

— E eu preciso? A primeira impressão é a que fica, Alexander. E a dele foi exatamente essa. Ele não gosta de mim e não vai facilitar a minha vida. E tudo o que você fez foi colocar todos estes problemas na mão de quem não se importa comigo. Você está na mídia, estão procurando o escritório dele. Estão ligando para ele, falando o seu nome e o nome dele, é tudo o que ele quer. Fama e reconhecimento. E você deu tudo isso de mão beijada a ele, e ainda deu um presente ainda maior, a minha cabeça! – Gritei frustrada.

— Você não está pensando direito....

— Ah, eu estou sim! Estou bem ciente do que ele pensa sobre mim desde sempre, mas vamos dizer que alguns comentários da sua equipe me ajudaram a ver a “boa” pessoa que Lee é. Ele fez a minha caveira com sua equipe antes que eles me conhecessem, ele disse que eu seria rude com eles.... Agora, a pergunta que eu te faço é, por quê? O que ele ganha com isso? Ele me quer fora da sua vida, mas por qual motivo? Como você disse, eu não o conheço, mas como você o conhece tão bem, deve saber. Vou te deixar pensando nesse assunto, tenha uma boa noite. – Tirei minhas malas de suas mãos e marchei escada acima. Ao invés de ir para o nosso quarto, parei no primeiro que vi, entrei e tranquei a porta. Alex que dormisse sozinho.

Tomei um longo e demorado banho e depois me joguei na cama, nem me dei o trabalho de arrumá-la, deitei-me sobre a colcha mesmo. Com pouco ouvi uma porta sendo batida e depois o ronco do motor da BMW. Alex deixava a casa.

Virei para o lado esperando que o cansaço da viagem e a confusão de fuso horário me permitissem dormir. Não consegui. Tentei até técnicas de respiração e nada, assim, acabei virando e encarando o teto pensando que no fundo, Lee tinha conseguido o seu intento.

Ouvi um barulho na porta, achando ser Alex, nem me mexi na cama, depois o barulho virou um ganido e me lembrei que eu tenho três cachorros, e que não os tinha visto quando cheguei. Levantei-me e abri a porta, Stark estava ali, ganindo e abanou a cauda feliz em me ver, Thor entrou correndo e pulou na cama, Loki, por sua vez, ficou de guarda no alto da escada.

— O que foi Lokinho? – Perguntei para o husky que estava em posição de ataque.

Loki só rosnou e ainda olhando para um ponto no pilar que sustentava o teto, começou a latir. Segui a sua mirada e, depois de um tempo tentando entender o que era aquilo, me surpreendi ao ver que era uma câmera.

— Não sabia que tinha segurança interna... – Murmurei. – Achei que era só nas portas principais que tínhamos câmeras.

Curiosa como sou, subi no guarda corpo e depois de muito custo e de quase cair umas duas vezes, consegui puxar o dispositivo. Era uma câmera sem fio e, pelo seu aspecto não estava ali há muito tempo.

Fiquei com o dispositivo na mão, até que decidi que tentaria ver o que tinha ali, coloquei a câmera virada para a parede e corri no quarto para vestir um roupão, depois desci até meu escritório. Analisei a câmera, que ainda funcionava e vi que tinha uma entrada USB. Procurei por algum adaptador e, conectei no meu computador.

Esperei carregar os arquivos para poder abri-los. Demorou um pouco e quando dei o play, vi o último mês dessa casa passando pelos meus olhos.

As filmagens começaram depois da entrevista que Alex deu aqui em casa e seguiam dia após dia. Nossa rotina toda filmada, inclusive nossa briga.

O que mais se surpreendeu era que tudo tinha som. Nossas conversas todas foram gravadas.

Ainda mais intrigada, busquei na internet pelo modelo e descobri que era uma câmera sem fio que, se conectada à internet, você poderia ver tudo o que acontecia ao vivo, remotamente.

Remotamente? – Murmurei assustada. – Alguém estava nos espionando todo esse tempo...

Fiz um teste. Instalei o aplicativo da câmera em meu tablet e deixei-a ligada em meu escritório. Corri para a garagem e abri o aplicativo, vendo ao vivo o meu escritório.

— Realmente estão vendo tudo. – Falei apavorada.

Voltei para dentro de casa, desliguei a câmera e fiz o download de todos os arquivos para o meu computador e salvei na nuvem. Depois, peguei a coisinha, enfiei dentro de uma caixa e no fundo da minha gaveta que possui chave.

Agora sem sono e preocupada com quem poderia ter visto a nossa rotina, pus-me a pensar e pensar. Foi quando uma ideia me passou pela cabeça.

Tornei a abrir os arquivos, procurei por dias específicos em que eu sabia que tínhamos recebido visitas, seja o pessoal do surf, seja a equipe de Alex. Se fosse alguém que conhecíamos, essa pessoa ou iria evitar a câmera ou iria conferir se ela estava no local onde tinha sido colocada.

E, depois de um par de horas eu achei uma pessoa bem suspeita. Alguém olhou diretamente para a câmera e quando estava sozinho, subiu a escada e parou até estar bem debaixo dela, creio que para conferir se tudo estava bem. Quando se virou, deu de cara com Thor.

— Sai para lá! – Tentou afastar meu cachorro. Thor, sendo Thor, se levantou e abanou a cauda, querendo brincar. E, o que ele recebeu um foi chute. – Eu falei para sair, bola de pelo estúpida! – Tornou a repetir e desceu a escada. Thor, mesmo sendo meio alienado, não deixou por menos e correu atrás da pessoa, a câmera pega até quando a porta do escritório de Alex é fechada e Thor bate o focinho ali. Alex aparece vindo do meu escritório e, ao ver Thor ganindo, simplesmente se agacha, dá uma olhada no focinho dele e fala: “É Thor, não tem jeito, sempre batendo o focinho por aí! Mas está tudo bem! Agora vai para a sua cama.” Thor ainda fica ali na porta do escritório por um tempo, ganindo. Parei de ver porque sabia o que acontecia em seguir, eu aparecia para ver o que ele tinha aprontado, Loki e Stark do meu lado.

— Ah! É assim? – Falei sozinha. – Que seja então. Agora é guerra. E o que é seu está guardado. – Murmurei sozinha dentro de meu escritório.


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Notas finais do capítulo

Não direi nada, só que próximo capítulo teremos a revelação de quem é o grande traíra da história.
Façam suas apostas!
E, por fim, obrigada a você que leu até aqui e cada um dos leitores fantasminhas que estão aumentando a cada dia o número de visualizações dessa história!
Até o próximo capítulo!



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