Presos Por Um Olhar escrita por Carol McGarrett


Capítulo 118
Entre Fofocas e Notícias


Notas iniciais do capítulo

Depois de mais um mês, eis o próximo capítulo!
Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/799284/chapter/118

Acordei com uma dor de cabeça sem precedentes, não era nada comparada com uma enxaqueca, mas me deixava nauseada da mesma forma.

A parte boa, eu sabia o que tinha me deixado assim. A parte ruim, eu não sabia como tratar ressaca... pelo menos não a minha própria ressaca, afinal, nunca tive.

Uma taça e meia de vinho e eu estava só o pó da rabiola. Que ótimo!

Revirei na cama tentando me lembrar da minha agenda de hoje sem ser obrigada a pegar o celular e olhar no aplicativo.

Tirando uma reunião com um possível cliente, o resto do dia era basicamente rotina de escritório.  Se a captação de clientes não fosse a base dessa empresa, eu juro que teria adiado a reunião e tirado o dia de folga...

E para piorar a situação, porque sempre tem que piorar, a reunião era agora pela manhã. E depois tinha minha sessão de terapia, só queria saber a cara da minha psicóloga quando me visse hoje...

Grunhi e tampei minha cabeça. Xingando a Alex por sua brincadeira sem graça que culminou com o meu ataque de ciúmes e todo aquele vinho.

Meu despertador tocou, não tinha jeito, teria que me levantar de qualquer jeito. Chutei as cobertas para longe de mim e quando estava prestes a jogar as pernas para fora da cama, a porta se abriu e ao olhar na direção do clarão, vi que Alex entrava no quarto com uma bandeja nas mãos.

— Quase que não te pego na cama! – Ele falou sorrindo. – Bom dia, Dorminhoca!

— Bom dia! – Foi a minha resposta.

— De ressaca, é? – Alex se divertia.

Fiz um beicinho e me permiti ficar calada.

— Como prometi ontem, vou cuidar da sua ressaca e você poderá sair para trabalhar normalmente. – Continuou a ladainha e colocou a bandeja no divã ao pé da cama. Estiquei meus olhos para ver o que tinha lá. Um suco verde que mais parecia que era para comer do que para tomar, biscoitos água e sal, que deveriam ser para mim, já que o outro prato era nada mais, nada menos do que ovos e bacon e uma xícara extragrande de café.

Meu noivo subiu na cama, ajeitou a bandeja entre nós e me entregou o copo de suco verde.

— É feio, não tem um gosto bom, mas vai te ajudar.

Olhei para o copo, que deveria ter uns 500 ml de suco, com a cara feia.

— Não sabia que era expert em ressacas... – Comentei tentando protelar o momento de provar aquela ‘iguaria’.

— Não sou, procurei na internet...

— Ah... e depois ficou pegando no meu pé quando entrei em um site chamado “Cozinha para Idiotas” para saber como se preparava um peru de Ação de Graças!

— Foi exatamente nesse site que achei isso. – Alex falou rindo.

Não teve jeito, tive que acompanhá-lo na risada.

— Espero que essa receita dê tão certo quanto a outra.

O suco era horrível, mas serviu para um propósito, minha boca não tinha mais textura e gosto de papelão, agora parecia que eu tinha comido o buffet de saladas de algum restaurante, o que também não era lá um gosto muito bom às seis da manhã.

— E então... é tão ruim quanto cheira? – Alex perguntou depois de dar uma garfada enorme nos ovos.

— Não consegui ter uma opinião formada sobre o assunto. Meu paladar não está muito equilibrado. Mas é ruim.

— Por favor, quando for eu no seu lugar, não faça isso! – Ele pediu desesperado.

— O que eu preparava para os bêbados que resgatei na Europa tinha um cheiro melhor... – Comentei.

— E quem foram os bêbados? Se tem uma história boa, por favor, conte.

— Meus irmãos, minhas cunhadas, minhas amigas e até mesmo Tuomas já foi resgatado em situação de vexame total.... acho que eles pensam que eu sou UBER de bêbado, só pode.

— Se você começasse a beber...

— Não... nem pensar. Não quero outra ressaca. Uma já está de bom tamanho.

— Eu consigo pensar, em, no mínimo, duas situações que te deixarão com ressaca... – Começou o meu noivo e eu tive que calá-lo trancando os seus lábios com meus dedos.

— Não vai ter outra. – Garanti e me levantei da cama.

— Não vai nem ao menos esperar para ver se esse suco faz realmente efeito?

— Não posso fazer isso. Minha reunião é no primeiro horário e eu preciso estar apresentável. Muito obrigada pelo suco e pelo café. Fico te devendo mais essa.

Depois de ter colocado um pouco mais de maquiagem do que eu normalmente uso, fui para o escritório, Alex prometeu que levaria o meu almoço, já que eu não consegui fazer nada na cozinha agora de manhã e tentaria me levar mais cedo para casa, algo impossível.

Consegui chegar no horário no prédio e ainda preparei um chá para que fosse tomando durante o dia, afinal, tinha quase certeza de que não conseguiria comer nada.

Minha reunião, assim como a terapia duas horas depois, foram cumpridas, claro que minha terapeuta viu algo de diferente em mim e questionou o que era, quando contei, ela pareceu surpresa, não só pelo meu ataque de ciúmes como pela minha reação, mas não era nada de anormal, só a forma como lidei com o stress temporário do momento, já que normalmente eu tomo mesmo é chá.

Alex passou com nosso almoço e agora a presença dele não causava tanto alvoroço assim, Milena e Amanda já estavam mais do que acostumadas com ele e a grande maioria do pessoal do prédio não era lá muito ligada em fofocas. O que era realmente muito bom, afinal, não tinha nenhuma chance de acontecer qualquer pergunta inconveniente sobre a sua presença por aqui.

—-------------------------------

Os dias foram passando distintamente. Alex estava tendo reuniões atrás de reuniões, projetos que surgiam e ele era solicitado. As campanhas que ele já tinha sido contratado começaram a ser produzidas, o que significava a sua permanecia até altas horas nos sets e, não raro, ele chegava em casa tarde da noite.

Minha rotina tornou a se estabelecer como era antes da viagem e, enfim, eu tinha encontrado o equilíbrio que tanto procurei. Dias de semana na cidade e, se Alex não tivesse gravações e eu não tivesse nenhum problema para ser resolvido, íamos para a Fazenda, aproveitar o ar livre e a calma nos finais de semana. Nessas viagens, continuei a doma de Athena e pude conhecer a pista de motocross de lá. Não era lá tão boa quanto a que tinha na Finlândia, mas até que dava uma emoção.

Alguns dias depois que Alex assinou os contratos com as quatro marcas, a notícia foi vazada para a imprensa, tornando Alex o novo centro das fofocas. A verdade era que cada dia era uma novidade e um novo recomeço para a sua carreira. Seu nome voltou a ser tocado em programas de fofocas, assim como nas redes sociais. Não raro surgia algum boato de algo que ele iria fazer. Lógico que não passava disso, boato. Contudo, a curiosidade em torno de sua vida como um todo aumentou, fazendo com que, não raro, houvesse paparazzi onde íamos, sempre tirando fotos e lançando perguntas, às vezes somente especulativas, sobre o seu futuro.

Como sempre, ele ficava calado e quando a pergunta ia um pouco além do que o profissionalismo permitia, ele sempre apertava mais forte minha mão, buscando apoio. E, assim como ele sempre esteve do meu lado nos meus piores momento, eu estava ali por ele.

Tanta proximidade chamou a atenção dos fofoqueiros de plantão e dos fãs que começaram a especular sobre a minha vida e, sobre o status de nosso relacionamento. Assim, depois de tantas perguntas indiscretas, Alex, em um rompante, confirmou nosso noivado e pediu que nos dessem privacidade. E foi assim que eu fui jogada de vez no meio do olho do furacão. Agora sabiam meu nome, quem eu era, o que eu fazia, onde trabalhava, sabiam até o valor da minha fortuna, todavia, tive sorte, não era perseguida por nenhum repórter louco. Como Vic bem dissera, eles só tinham interesse em mim quando eu estava acompanhando Alex. Quando eu estava sozinha, era só mais uma na multidão. Contudo, ainda havia os casos de fãs que sabiam quem eu era, alguns eram simpáticos comigo, outros me ignoravam e a grande maioria só olhava e não falava nada, preferindo me tratar como se eu não tivesse nenhum vínculo com nenhum famoso. Esses eram sempre os melhores.

—----------------------

Fomos para Londres duas semanas depois de nosso aniversário, tendo três missões. Minha reunião mensal com Camila, levar Vic para a sua estadia definitiva até que Sebastian nascesse, Kim tinha ficado, estavam acabando os playoffs da NHL e assim que a temporada acabasse, ele pegaria o avião para ficar com a esposa e, por fim, a tarefa mais importante, o aniversário de treze anos de Liv.

Minha sobrinha mais velha era oficialmente uma adolescente e eu comecei a me perguntar para onde o tempo tinha ido. Parecia que foi há um par de anos que ela ainda corria atrás de mim, tentando imitar a minha passada apressada, gritando täti, ou que ela se embrenhava em meu closet e saía de lá calçando meus saltos, usando algum vestido meu e com o rosto todo sujo de batom, pois tentara imitar a minha maquiagem do dia...

Sei que eram pensamentos de gente velha, mas era impossível não relembrar tais momentos. Não os relembraria em voz alta, no meio da festa que estava sendo preparada, contudo era agridoce essa saudade, saber que já tinha vivido vários momentos marcantes da sua vida e que mesmo assim, não era nada comparado com o futuro que ela tinha pela frente. 

Na sexta à noite, quando cheguei em casa depois de passar dois dias em reuniões com Camila, todo o Conselho e alguns Diretores de Escritório, acabei esbarrando em Olivia.

— Não deveria estar em casa, Loira Aguada?

Ela revirou os olhos e depois se sentou no sofá suspirando.

— Eu deveria... mas aqui é mais tranquilo.

— Tranquilo? – Questionei. – Não creio. Alex e eu nunca paramos muito.

— Deixa eu reformular então... não é tranquilo no sentido literal... disse isso porque mamãe está em uma onda de nostalgia enorme, toda hora falando dos filhos mais velhos, que um está a meses de ir para a faculdade e a outra já é adolescente...

— E você não gosta disso.

— Não me sinto uma adolescente propriamente. Se é que deveria me sentir assim. Só acho estranho que todos esperem que eu mude de uma hora para outra só por conta da minha idade. A senhora acha que eu mudei?

— As mudanças são graduais, Olivia. – Falei ao me sentar perto dela. – Você não vai perceber a grande maioria. Contudo, quem convive com você e já passou por essa fase, vai perceber. Mas não precisa se preocupar com isso, só seja você. Sem cobranças, sem drama. Tudo passa.

Olivia apertou os lábios em uma linha fina e depois se recostou no sofá.

— Posso ficar por aqui no final de semana? – Pediu.

— Claro. Já tem suas coisas aqui. Mas achei que iria querer ver o GP de casa.

E Olivia ficou vermelhinha.

— A senhora não vai ficar pegando no meu pé como lá em casa estão fazendo.

— E por que eu pegaria no seu pé?

— Bem... Eu sempre tive um piloto para quem eu torcia apaixonadamente, né?

— Sim. O Räikkönen.

— Exato. Com a aposentadoria dele eu fiquei órfã...

Levantei a minha sobrancelha, instando ela a continuar.

— Eu poderia ter alçado o Bottas ou o Vettel ou algum dos pilotos da McLaren como favoritos... só que eu não consegui. Gosto muito dos dois primeiros, principalmente do Vettel, mas não me vejo torcendo para ele como torcia para o Kimi.

— E está torcendo para quem? – Encurtei a história, mesmo já sabendo a resposta que ela daria.

— Não foi culpa minha. Juro. E talvez nem seja um bom momento para começar a torcer para ele, porque o carro é uma verdadeira porcaria... Mas a senhora já prestou a atenção na dupla da Mercedes?

— Lewis Hamilton e George Russell? Já. Uma dupla muito equilibrada e 100% britânica. O GP de Silverstone será interessante nesse ano.

— Pois é... dupla equilibrada, e a equipe também...

— Virou Mercedista?

— Posso torcer para a McLaren e para a Mercedes. – Ela logo se explicou.

— Mas você foi específica. Disse para ele? Qual dos dois?

— Russell. Sei que torcer para o Hamilton seria até natural, porque ele é heptacampeão e deu todo aquele show no GP do Brasil do ano passado... e eu até tenho admiração pelo talento dele nas pistas e pelos posicionamentos dele fora da pista... mas sabe... eu simplesmente me vi torcendo para o Russell no GP da Arabia Saudita e depois no Bahrein... aí veio o pódio dele na Austrália e quando eu vi... estava igual a senhora quando era o Kimi.

— E você vira fã da dupla justo no ano em que o carro está ruim... É... você é tão dedo podre para torcer quanto eu... a gente só sofre! – Tive que rir da sina da minha sobrinha.

— Pois é... mas tenho fé que a equipe vai melhorar.

— Se não tivesse, não era torcedora. E ainda acho que você troca de time... para a tristeza do seu pai.

— Isso não sei dizer. Mas Tuomas fica pegando no pé o tempo inteiro... hora falando que o Russell é ruim, hora me chamando de traidora. Justo ele que sempre foi torcedor do Hamilton e apoia mais a Mercedes do que a McLaren.

— Liga para ele não. Esse é o papel do irmão nessas horas. E, pode ficar por aqui no final de semana e assistir ao Grande Prêmio. Isso se você estiver disposta a acordar depois da festa de amanhã à noite.

— Pode apostar que vou estar de pé! – Olivia falou e me deu um abraço.

O aniversário de Olivia tinha sido realmente na semana passada e foi comemorado pela família no dia, pois Ian e meu pai estavam na Inglaterra. Como eu não pude vir e ela queria fazer uma festa com as amigas, decidiu que seria na semana seguinte, assim eu e Alex participaríamos também.

No sábado à noite, depois de assistirmos à classificação do GP da Espanha, fomos para o local onde a festa seria.

Eu não tinha a mínima ideia de como seria uma festa de aniversário lotada de adolescentes, contudo, dei todo o apoio à minha sobrinha que, finalmente, depois de passar por várias crises de pânico e muita terapia, tinha superado o medo de ficar em público e até mesmo de sair de casa.

Os adolescentes se espalhavam pelo local, rindo, conversando e dançando no ritmo das músicas mais ouvidas do pop de hoje, enquanto os adultos ficavam só de olho, longe deles para que não constrangêssemos ninguém.

Estava jogando conversa fora com Vic e Alex, quando vi um ser espalhafatoso chegando na festa, rebocando Benny.

— Olivia perdeu a noção ao chamar a Pietra? – Questionei rindo, enquanto a Italiana Louca, depois de cumprimentar a aniversariante, veio até nós.

— Acho que ela gosta muito da zia... – Vic fez piada.

Pietra nos alcançou e foi logo falando:

— Tenho fofocas. Espero que Sebastian não dê o ar da graça nessa noite.

— Olá para você também, Pietra. Muito bom te ver em Londres, Benny. – Cortei o assunto.

Pietra revirou os olhos e fingiu que não me escuto, já Benny veio me cumprimentar e depois cumprimentou Vic e Alex.

— Conte a fofoca. Não se pode deixar uma grávida esperando. Nunca se sabe quando a bolsa vai romper. – Vic falou dramática.

— Advinha com quem topamos em Milão? – Pietra apontou para si e para Benny.

— Não faço ideia. – Respondi quase sem interesse.

Benny olhou para Vic e depois para Alex. Eles também deram de ombros.

— Com a Cobra da sua irmã!

— Senhor, não é hora de chamar por ela! – Minha cunhada xingou e pediu mais uma água.

— E não sabia que você era irmã da Mia, Garota que Veio do Norte...

— Mundo pequeno, Benny. Muito pequeno... um dia te conto toda a fofoca.

— Não se preocupe com isso. Já contei. Até porque ele tinha que me dar alguns detalhes que eu não sabia. – Pietra nos cortou.

Pelo canto do olho, vi que Alex não gostou muito da fala de Pietra, porém, ficou quieto e só me puxou para perto de si.

— Então... encontramos com aquela coisa por lá, ela, o marido, por falar nele, seus pais foram no casamento?

— Não. Ninguém foi.

— Não devem ter perdido nada, deve ter sido igual aos outros três... – Pietra deu de ombros.

— Sua irmã já está no quarto casamento? – Benny interrompeu a namorada.

— E tenho certeza de que esse não será o último... – Murmurei de mau-humor.

— Até o final da vida dela vamos ter que contar muito bem o que ela terá mais, pares de sapatos ou ex-maridos... – Vic riu.

Concordei com a inglesa, do jeito que Mia gostava de trocar de marido, era possível que ela tivesse mais ex-maridos na conta do que desfiles também.

— E junto com eles, duas babás e o seu sobrinho mais novo.

— O filho dela já nasceu?! – Perguntei em choque.

— Katerina, estamos em maio... o pirralho deve ter nascido em fevereiro ou coisa assim...

— É mesmo... – Concordei.  E me perguntei internamente se meus pais já sabiam disso, porque se sabiam, não me falaram nada.

— E nós vimos o bebê. – Continuou Pietra... – E dessa vez não se parece com ninguém da família Nieminen... nada, nadica de nada.

— Não sei se isso é bom ou ruim... será que só as meninas se parecem com essa família? – Vic perguntou ironicamente.

— Não foi você quem disse que não queria outra cópia minha? Se vier muito destoante da minha família, peço o DNA! – Brinquei com ela.

— Aí será o meu fim! Descobrirão o meu segredo! – Vic fez drama e pegou o celular. – Vou mandar mensagem para o contatinho e dizer que a casa caiu!

Caímos na gargalhada, só uma invenção dessas de Vic para nos fazer rir.

— E tem mais, ou a fofoca acaba por aí? – Perguntei.

Pietra abriu aquele sorriso de gato satisfeito e depois de esfregar as mãos, continuou:

— Você sabe que eu não deixo ponto sem nó e nem fofoca pela metade...

— Ela revirou meia Milão para descobrir isso. – Benny garantiu. – E eu tive que ir junto! – Reclamou.

— Você fez um tour por Milão enquanto eu ia atrás de informações preciosas.

— Preciosas!? – Alex perguntou debochado.

— Sim, mas é claro! Descobri que Mia nunca colocou a mão no filho... e só o carrega com ela, porque, bem, ele é uma fonte valiosa de dinheiro. Afinal, o pai é muito rico.

— Pobre criança. – Vic murmurou acariciando a própria barriga.

—  Sendo sincera, não me surpreende. – Falei séria. - O surpreendente na história foi ela ainda não ter tentado vender as fotos do filho.

— Ela já fez isso. Está na capa da People dessa semana. Quer conhecer o seu sobrinho? – Pietra disse sacando o celular do bolso da saia e procurando algo em algum aplicativo, depois estendeu o telefone e eu vi a capa da revista. Minha irmã bancando a mamãe do ano, beijando a testa de um recém-nascido. – No recheio da revista tem mais ladainha dela falando como é bom ser mãe.

Arregalei meus olhos sem acreditar no que tinha acabado de ouvir.

— Ela falou isso?! – Vic conseguiu expressar a minha incredulidade junto com a dela.

— É o que está na revista. – Pietra falou e foi para mais perto de Vic para as duas rirem das declarações de Mia.

Já eu me afastei dessa falação sem sentido. Não me importava o que Mia fazia ou não fazia da vida.

Depois da fofoca, ficamos conversando, enquanto a festa ia se desenrolando e ficando ainda mais barulhenta, com os convidados falando cada vez mais alto ou cantando as letras das músicas.

O parabéns foi memorável por dois fatores: Olivia não se importou de ter a mãe e a irmã mais nova ao seu lado, Tuomas, já tinha sumido da festa há tempos, e depois quando cortou o bolo, deu o primeiro pedaço para mim.

— É meu. – Fui avisando para Alex. – Nada de querer uma mordida.

— Qual é, Kat, divide aí... nem sei se vai sobrar um pedaço para mim.

Encarei meu noivo. Será que ele ainda não tinha percebido que eu não dividia doce?

— Não. E tenho a certeza de que vai sobrar bolo para você... Não que você ande merecendo.

— Você ainda não me perdoou pela pegadinha da Calvin Klein, hein?

— Não vou perdoar tão cedo. – Murmurei e saí de perto dele.

Não demorou e passaram distribuindo o bolo para os demais convidados e tudo o que eu fiz foi encarar Alex e perguntar, com o olhar, o que foi que ele tinha dito. Sabiamente, meu noivo ficou calado e até mesmo fingiu que não tinha entendido sobre o que eu falava.

Como acontece em qualquer festa, basta que o bolo seja cortado que alguns dos convidados começam a ir embora, não foi diferente nessa noite e, depois de um tempo, só restava Olivia e as amigas mais próximas dançando na pista as músicas que elas pediam ao DJ.

— Se eu ouvir mais alguma coisa do One Direction ou de qualquer um deles em carreira solo, ou da Taylor Swift, é capaz que eu mesma mande o DJ parar. – Tanya falou ao meu lado, finalmente ela podia se sentar um pouco. - Como você está aguentando?

— Eu tenho Pietra e Vic para fofocar, quase não prestei atenção no setlist da noite, mas não vou negar, não me agrada nem um pouco. – Tive que rir.

Tanya olhou para a filha mais velha e depois de balançar negativamente a cabeça, soltou:

— Segundo filho entrando na adolescência... o que será que essa daí me reserva? Tuomas são suas noitadas intermináveis. E Olivia?

— Shows e mais shows de pop para vocês a levarem até que ela tenha idade suficiente ou para ir sozinha, ou para perceber que as músicas eram verdadeiramente ruins.

— Você vai levá-la!

— Nem pensar! Estou a meio mundo de distância, não posso ficar indo e vindo no globo só por conta de um show.

— Mas pode pela Fórmula 1! – Vic se intrometeu na conversa, se sentando ao meu lado e me dando um tapa na cabeça.

Encarei a gravidinha.

— Muito engraçado... estou rindo muito com essa tirada! E, eu faço isso, porque é a única maneira de eu ter uma folguinha. Não confunda as coisas.

— Mas faz... vai fazer pela Olivia!

— Se ela quiser ir ao GP da Austrália, eu levo. No show da Taylor Swift não! Tudo tem limite nessa vida! – Argumentei.

— Pergunto-me o que ela vai escolher... – Tanya encarou a filha que rodopiava na pista de dança.

— Espero que a primeira opção. – Comentei e me levantei. – E por falar em Grande Prêmio, vou indo, porque ainda tenho que arrumar as minhas malas para voar de volta para a Costa Oeste amanhã, logo depois da corrida.

— Vamos ver a corrida juntos? – Vic perguntou, acariciando a barriga.

— Liv pediu para ver lá em casa, meio que para fugir das piadinhas do Tuomas... então pode ser.

— Combinado. Avise ao Surfista que a turma é grande e barulhenta!

— Ele já deve estar acostumado... – Dei uma risada e fui procurar pelo meu noivo desaparecido.

Alex estava do lado de fora do salão, conversando com Benny, quando olhei para a dupla, só me responderam o seguinte:

— Não dava mais para escutar aquelas músicas.

— Concordo plenamente. – Respondi. – E Benny, vão ficar em Londres amanhã ou já vão para a Itália?

— Para a Espanha. Pietra quer ver a corrida ao vivo.

— Boa sorte. Ela é ainda mais louca quando está in loco.

— Eu escutei isso, Bionda! Não fale de mim pelas costas!

— Era para ter escutado mesmo. Só disse verdades.

— Não sou pior do que você! – Disse com convicção a italiana.

— Ah... mas é sim! Só que ninguém te julga dentro dos boxes da Ferrari porque você é “A Herdeira” e não querem perder o emprego...

Pietra desdenhou da minha resposta e foi logo se despedindo, ao que parece iriam hoje para Espanha.

— Então, arrivederci, nos vemos no GP da Inglaterra.

— Sim, até lá. Pelo menos o Benny eu ainda vou ver mais...

E foi aí que a última notícia do dia foi jogada em nós.

— Na verdade, - começou o californiano. – Estou me mudando temporariamente para a Itália.

— Na melhor época para o surf na Califórnia? – Alex perguntou um tanto surpreso.

— Vou fazer um curso de culinária, para depois tentar reerguer o restaurante que um dia pertenceu ao meu Velho.

Era uma ótima notícia, mas eu ia sentir falta de Benny.

— É por uma boa causa. – Acabei por falar, para quebrar o silêncio que se instaurou.

— E depois vamos ter que conversar com vocês sobre algo... mas isso é muito lá pra frente.

— Claro! – Alex e eu respondemos juntos. – O que precisarem.

Os dois agradeceram e saíram de mãos dadas até o carro de Pietra.

— Essa me pegou de guarda baixa. – Alex comentou quando eles não estavam mais por perto. – Jamais imaginei que Benny iria deixar a Califórnia, mesmo que temporariamente.

— Eu nunca imaginei que a Pietra fosse se apaixonar desse jeito por alguém.. – Murmurei.

Logo em seguida voltamos para casa, Alex não falou muito, na verdade quase nada, apenas um ou outro comentário sobre alguns pontos pelos quais passamos.

— Você não gostou muito da notícia que o Benny deu... – Comentei assim que chegamos em casa.

— Só estou surpreso. – Alex falou. – Muito surpreso com a decisão de Benny. – Depois saiu direto para a cozinha.

Ponderei a reação dele e a rapidez do relacionamento entre Pietra e Benny, era tão rápido quanto o meu e de Alex, com uma diferença, eu já estava em outro país quando conheci a minha cara metade.

— Sabe... – Falei mais alto. – Acho que os dois estão muito mais próximos de oficializarem tudo do que nós.

Escutei os passos de Alex cessarem de uma só vez e depois retornarem à sala.

— Como?

— Eu conheço a Pietra desde criança, sei de cada relacionamento que ela teve e sei que nenhum durou mais do que um par de meses, além de que somente dois ela apresentou oficialmente para a família. Com Benny ela já fez tudo isso e, além do mais, está disposta a fazer algo junto com ele. Minha amiga é naturalmente egoísta, Alex, e eu nunca a vi fazer o que ela faz com Benny. Digo com certeza, ela está além de apaixonada, está pronta para dar o próximo passo e o Benny também está.

Alex me encarava um tanto pasmo.

— Eu não ficaria surpresa se, mais dia, menos dia, recebermos um convite de casamento...

— Você acredita nisso?

— Não só acredito como apostaria com você o que quisesse. Eles vão se casar. E logo.

— É sobre isso que eles querem conversar, então?

— Acredito que não. E sobre isso, eu não tenho pista nenhuma...

Depois dessa conversa, Alex ficou ainda mais pensativo, não sei pensando sobre o que. Esse estado de espírito durou até a tarde de domingo e, no instante em que minha família chegou para o almoço, percebi a mudança em sua expressão, ele deixou a preocupação de lado e foi dar atenção à família.

Logo depois que a corrida – e a provocação de Tuomas para cima de Olivia – acabaram, fomos para o aeroporto, era hora de voltar para Califórnia e para nossos empregos.

Nossa volta à Londres agora dependia da vontade de Sebastian vir ao mundo, afinal, queríamos estar perto quando o pequeno nascesse.

Mas se soubéssemos o que nos aguardava em Los Angeles, teríamos muito bem ficado em Londres por tempo indeterminado.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bem é isso! Espero que tenham gostado.
Muito obrigada a você que leu!
Até o próximo capítulo!
xoxo



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Presos Por Um Olhar" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.