Presos Por Um Olhar escrita por Carol McGarrett


Capítulo 111
Fim do Super Final de Semana


Notas iniciais do capítulo

Mas um capítulo recém saído do fogo para vocês!
Boa leitura!



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Por incrível que se possa parecer, deixaram que todos dormissem até mais tarde no sábado. Não sei de quem fora a ideia, mas eu estava eternamente agradecida.

Assim, acordando naturalmente, pude reviver os momentos da noite passada e a promessa que eu fizera a Alex.

Uma família.

Era até insanidade que eu pudesse pensar em engravidar depois de tudo o que me aconteceu, contudo, nós dois sabíamos, não era agora. Ainda não era o nosso momento de sermos pais. Porém, um dia seríamos. E só de saber disso, algo dentro de mim se esquentava.

Mesmo sem estar grávida ou ter a previsão de estar, eu já amava o pequeno bebê que teríamos.

— Posso saber o motivo de um sorriso tão bonito logo depois de acordar? Normalmente você não tem a melhor das expressões assim que acorda.

Abri os olhos finalmente e fitei os azuis de Alex. Os mesmos olhos pelos quais venho me apaixonando por tantos séculos.

Levei minha mão direita em seu rosto e a deixei ali, enquanto fitava seus contornos.

— Pode. Estava pensando na nossa futura família e no fato de que eu já amo o nosso bebê não nascido ou criado... Como isso é possível? – Questionei.

Alex abriu um sorriso, mas, diferente de mim, o dele não era só alegria por esta previsão, tinha algo mais. Ele não me respondeu, creio que nem ele tinha essa resposta. Ou, se tinha, não me contaria. Não me importava. A perspectiva de ter esse futuro me deixava feliz.

— Eu te amo. – Sussurrei para ele.

Rakastan sinua, Kat. – Respondeu-me em finlandês, sua voz um tanto rouca, mas não de sono.

Encurtei o espaço que existia entre nós e o beijei. Esse beijo teve o gosto do amor.

Com muito custo, levantamos e depois do quarto todo arrumado, saímos para tomar café, estranhando o silêncio da casa.

— Ainda bem, uma alma viva! – Will falou. – Uma não. Duas.

— Bom dia! – Falamos juntos sem querer. – Sabe onde estão todos?

— Não faço ideia. Pepper, cansada ficar esperando por alguém, foi nos estábulos, ver se a mãe estava lá.

— Já tomou café?

— Ainda não... vocês não estão curiosos? – Meu cunhado perguntou, mas nos seguiu para a cozinha. - Todos sumiram!

Alex deu um tapa no irmão e me seguiu para a cozinha.

— Seja quem for que já está de pé, deixou um belo banquete de café da manhã. – Comentei.

Com pouco, Pepper chegou com a notícia de que as mulheres estavam no estábulo de baixo. Com Elena tendo aulas de montaria com minha avó Claire, Dona Amelia e Dona Laura.

— Se não sair campeã olímpica de equitação, tem algo de errado com o mundo. – Will disse com a boca cheia.

— Bom dia... quem vai ser campeã olímpica? – Olivia entrou na cozinha perguntando.

— Sua irmã... mas acho que você ainda tem tempo para se transformar na esportista da família. – Will continuou.

Liv deu de ombros. Uma carreira esportiva nunca passou para cabeça dela, mesmo que ela tivesse talento para tal, mas ,pelo visto, talvez seja este o futuro de Elena.

Com pouco, Tuomas também se juntou a nós e a conversa girou em torno do jogo que os meninos estavam jogando online, restando Liv, Pepper e eu, uma olhando para a cara da outra, sem entender uma linha do que eles falavam.

— Que jogo é esse? – Pepper me perguntou quando os três se levantaram para tirar a mesa.

— Não faço a menor ideia!

Nós duas olhamos para Liv.

— Nem me perguntem. Até onde sei, Tuomas joga escondido porque a mamãe não gosta dessas coisas.

E os três continuavam a falar do tal do jogo.

Por fim, resolvemos deixar os três ali e fomos dar uma caminhada pela fazenda. Acabamos, na verdade, de pé, ao lado da área de treinamento, onde Elena era doutrinada. Sim, doutrinada, porque com três mulheres para falar e ensinar ao mesmo tempo, não pode ser só divertimento.

Tanya olhava para a filha até um pouco apreensiva, com medo de que ela pudesse cair de cima do pônei, mas a Pequena estava se saindo muito bem e o melhor, estava adorando.

— Essa tem futuro! – Comentou o Sr. David. – Você também tem Olivia. Deveria treinar com mais afinco e dedicação. Não faça como a sua tia que não levou o talento que ela tem a sério.

Liv ficou toda sem graça e só concordou com a cabeça. Tanya, olhou da filha para o avô de noivo e depois balançou negativamente a cabeça, quem resolveu por marcha na garota foi Dona Amelia.

— Olivia, você disse que monta com Prince Hal, não é?

— Sim, senhora.

Eu só estava escutando a conversa, já sabendo onde isto iria parar.

— Pegue-o e venha treinar.

— Mas... Dona Amelia...

Athena ainda está muito nova e vocês duas pouco tiveram tempo de se conhecerem. Pegue o cavalo de sua tia, enquanto ela doma sua égua para você.

Liv olhou para mim. Eu olhava para minha sogra, tentando entender o raciocínio dela. Por fim, só autorizei Liv a ir e buscar Hal.

Ela olhou de um lado para o outro e depois, saiu em disparada morro acima.

— A senhora realmente vai querer insistir nisso? – Perguntei para minha sogra.

— Ela tem talento. Assim como Elena. Você também tem, mas creio que não vai querer investir tempo no esporte, quando a sua vida já está mais do que garantida. Olivia só precisa do incentivo certo.

— E quanto Athena? Ela é a égua que Olivia tem que domar e aprender a confiar. – Comentei com minha sogra.

— Você domou um cavalo árabe, não domou? Faça esse favor para a sua sobrinha, enquanto ela treina com Hal. A menos, é claro, que você queira Athena para você...

E vendo ao vivo o poder de persuasão de minha sogra, percebi de onde Alex tinha tirado o dele. Da mãe.

— Começarei a doma da égua. – Respondi. – Mas não vou ensiná-la a saltar. Ela é de Olivia e não tem que se acostumar comigo, mas sim a com amazona dela.

Minha sogra só apontou para a direção do estábulo, para onde eu segui, ainda revoltada com o jogo sujo dessa família.

Estava praguejando contra o poder de convencimento de Dona Amelia e de Alex, por associação, quando o próprio passou por mim em sua moto.

— Achei que você fosse ficar lá embaixo dando aula para Elena. – Comentou assim que parou do meu lado.

— Essa era a minha intenção, mas não parece ser a da sua mãe.

Meu noivo olhou para mim, e logo desviou os olhos ao escutar o barulho de cascos.

— Por que Liv está com Hal?

— Sua mãe. Minha avó. Sua avó... – Disse infeliz e logo Olivia passou cavalgando do nosso lado.

Acompanhei meu cavalo e depois dei um suspiro.

— Ainda não peguei a essência da coisa... – Alex falou, ainda olhando para o caminho que Olivia seguiu.

— Sua mãe, principalmente, acha que Elena e Olivia são talentosas e têm futuro na equitação. Esse foi o motivo de terem dado a elas o pônei e a égua. Como Athena ainda precisa ser domada e treinada, sua mãe, deliberadamente, mandou que Olivia viesse para o estábulo, selasse Hal e o usasse para a aula de hoje. Depois, falou, com muito jeitinho, que eu sou a responsável por colocar Athena sob comando.

— E você sabe fazer isso?

Olhei injuriada para Alex.

— Acho que sabe... – Ele respondeu e depois de me encarar mais um pouco, falou: - Tenho certeza de que sabe! Afinal, Hal e Perigo foram domados e treinados por você.

 - Exato. E pelo visto, Athena vai entrar na lista, assim como Lady Sif também faz parte.

— Precisa de ajuda?

— Não, vai dar certo, aproveite que tem companhia para se embrenhar no mato. – Indiquei a poeira não muito longe da casa.

— Tem certeza?

— Absoluta. – Garanti.

Alex ligou a moto e depois deu uma guinada na direção da casa. Já eu segui para o estábulo, e, na última baia, que é imensa, estavam Nevasca e Athena. As duas sem selas, arreio ou freio.

Levou quase meia hora, porém eu consegui passar a corda na cabeça de Athena, meio que colocando um falso cabresto na égua.

 - Não me olhe torto! – Comecei a falar assim que saí do estábulo. – Não era essa a minha intenção para hoje... mas fazer o que?

A égua ia relinchando revoltada atrás de mim.

— E pode parar com o show! Você é uma quarto de milha, não um cavalo árabe! E, por mais personalidade que tenha, não chega aos pés de Perigo, assim, comporte-se como a Lady que vai virar. Ou, tendo em vista o seu nome, a deusa.

Desci o morro murmurando com a égua, que depois de uns dois ou três xingamentos, ficou mais calma.

Passei com ela para a área de doma e liberei a corda, dando a ela a falsa sensação de liberdade para galopar pelo cercado. Até que a corda chegou ao fim e eu dei um pequeno puxão.

Claro, que sendo um pouquinho geniosa, Athena não gostou da restrição e veio galopando para perto de mim, como que tentando me intimidar. Sim, ela tem uma personalidade forte.

— Acha que eu tenho medo de você? – Perguntei quando ela empinou e ainda balançou as patas dianteiras na minha frente e quando aterrissou, as bateu com força no chão, jogando areia para trás.

Cruzei os braços e diminuindo a corda, esperei que a crise de birra passasse. Demorou, mas passou.

— Podemos começar? - Questionei em uma voz mansa.

Athena bufou, mas não ofereceu resistência quando eu comecei a puxá-la pelo cercado. Era o básico do básico. Eu ainda tinha um longo caminho até passar o arreio e colocar o freio nela, sem contar a sela...

Como ela já tinha me deixado passar a corda por seu pescoço, já havia ali uma certa confiança entre nós duas, porém poderia melhorar. Dediquei meu tempo a isso. Me aproximando da égua, fazendo carinho em sua crina, deixando que ela se acostumasse com a minha presença, enquanto caminhávamos pelo redondel.

Athena não era de tudo uma égua indomada. Já haviam feito os primeiros passos da doma com ela, só faltava ela se acostumar com o novo ambiente e com as novas pessoas.

Assim, aos poucos, eu fui dando pequenos comandos de voz a ela, ensinando-a a parar, a seguir. Foi difícil, claro, mas com persistência ela me acompanhava.

Fiquei tão concentrada no que fazia que perdi a noção do espaço-tempo (o que não era raro de acontecer quanto me via em uma situação como essa) e foi a voz de meu avô que me trouxe para o presente.

— Está fazendo um trabalho muito bom, KitKat... mas creio que já está na hora do almoço e Dona Ilsa quer toda a família ao redor da mesa.

— Quantas horas? – Perguntei de volta, sem gritar para não assustar minha companhia equina.

— Quase duas da tarde, você só está aqui, debaixo desse sol e sem água há quatro horas... Vamos almoçar, depois você volta para cá, te conhecendo como conheço, você vai tentar passar o cabresto nessa quarto de milha ainda hoje.

Sim, essa era a minha intenção...

Levei Athena comigo até o cercado, de onde tirei a corda que estava envolta de seu pescoço e a deixei livre para dar umas corridas por ali.

— Vai, vai correr um pouco e tomar uma água. Volto logo! – Fiz um carinho em sua crina e no alto de sua cabeça, a égua abaixou a cabeça e, depois que me despedi dela, saiu relinchando alto.

Segui ao lado de meu avô, que foi elogiando toda a propriedade e, o mais importante, a família Pierce.

— Eles gostam muito de você, KitKat. – Ele disse antes de entrarmos. – Creio que até o seu cunhado já te considera uma irmã. Dessa vez, você está realmente em boas mãos.

— A recíproca é verdadeira, vovô. Gosto muito de todos.

— Fico mais tranquilo em saber que, mesmo a meio mundo de distância, você vai estar segura, Katerina. – Ele terminou o assunto, pois atrás de nós, chegavam Alex, Tuomas, Ian, Will, meu pai e meu sogro, falando alto sobre o desempenho das motos na corrida de hoje.

Dona Ilsa logo apareceu na varanda da casa e só avisou:

— Não quero nenhum motoqueiro à mesa, e nem cheiro de cavalo. Todos para o banho. Vocês têm meia hora.

E com uma intimação dessas, entramos e fomos para os quartos.

Era uma tarefa complicada me limpar completamente depois de passar quatro horas na areia na companhia de uma égua bem geniosa, porém, meu noivo tinha uma tarefa muito mais ingrata.

— Caiu da moto, foi? – Perguntei quando ele tirou o capacete e metade do seu rosto estava da cor do barro e a outra metade – a que fica tampada – no tom natural.

— Não. Isso aqui é porque passamos dentro do rio e Will fez questão de acelerar a moto bem na minha cara.

— Ah, sim. – Achei a desculpa meio esfarrapada, dado ao seu estado completo de sujeira, contudo não comentei nada.

— E você? Algum progresso com Athena?

— Mais ou menos... vai ser um trabalho duro aquela, mas espero que valha a pena.

— Vai voltar agora de tarde, ou vai dar uma volta de motocross comigo?

Athena me espera. Se tudo der certo, passo o cabresto ainda hoje nela.

— Terei que ver isso com meus próprios olhos.

— Quer apostar quanto?

— Estou com a grana curta. – Alex começou. – Só posso apostar beijos.

Tive que rir.

— Apostado, então. É uma aposta onde todos saem ganhando, mas tudo bem.

Tomamos nosso banho e logo estávamos na cozinha, ajudando as avós a acabarem de arrumar a mesa.

O assunto, enquanto comíamos, não foi outro senão Olivia e Elena e o talento e o amor das duas para o hipismo.

Quem tinha visto o treino, comentou sem parar, quem não viu, prometeu ver à tarde, assim como falaram do avanço de Pepper para domar Nevasca.

Como não ajudei a preparar o almoço, peguei a tarefa de arrumar a cozinha, Pepper, na mesma situação que eu, me ajudou, além de que Olivia também resolveu por ficar na cozinha e conseguir recuperar a cor de suas bochechas, que, depois de tanto ser alvo de vários comentários sobre o seu talento, tinham ficado vermelhinhas.

— Não sei o porquê de estar tão vermelha! – Dizia Pepper. – Você é realmente talentosa, e deveria aproveitar que tanto Dona Amelia quanto Dona Laura estão aqui para te ajudarem. Dona Laura já treinou campeãs olímpicas, então ela sabe sobre o que está falando e te ensinando.

Esta era uma informação completamente nova para mim, contudo, não deveria me surpreender, afinal era nítido o amor das duas pelos cavalos.

Com a cozinha arrumada, aproveitei que todos estavam conversando na área da piscina e fui para o quarto adiantar a arrumação das nossas bolsas para o domingo cedo, porque, pelo aviso de meu sogro, sairíamos cedo para Los Angeles com o intuito de podermos nos arrumar e depois partir para o estádio.

— Você não para um segundo, hein? – Alex, que estava jogado na cama, disse assim que entrei.

— Se eu parar, durmo até amanhã, assim, deixe-me fazer o que preciso.

— Achei que iria voltar para o redondel...

— E vou, quando eu terminar isso aqui.

— Vou com você... só me chame quando for descer.

— Se estiver dormindo, eu não vou te chamar. – Avisei, certa de que logo, logo, Alex estaria até roncando.

— Tinha muito tempo que eu não andava tanto tempo de moto assim... estou todo dolorido.

Balancei negativamente a minha cabeça diante dessa fala, mas deveria ser verdade, a moto dele estava bem empoeirada na garagem.

Menos de quinze minutos, tudo estava guardado e, pelo menos, a minha roupa já estava separada para o domingo, resolvi reciclar a roupa que usei pela manhã para voltar à companhia de Athena e, quando saí do banheiro, acabando de trançar o meu cabelo, Alex estava de pé, também já pronto, e com o enorme chapéu de cowboy na cabeça.

— Você também tem um! – Disse assim que fiz uma careta para o acessório. – E deveria colocá-lo... afinal, não quer ficar pegando sol no rosto, não é? – Ele veio todo bonitinho e sorridente e colocou o chapéu na minha cabeça. – Combina com você! Aliás, você ficou muito bem, como 25% de cowgirl.

Levantei uma sobrancelha para ele e só falei, um tanto brava:

— É o máximo que você vai me ver usando!

Alex deu um peteleco na ponta do meu nariz e depois deu um tapinha na aba do chapéu, fazendo a coisa tampar os meus olhos.

— Vai ficar bravinha assim só até ver a minha mãe. – Comentou.

Pior que era verdade... bastasse que Dona Amelia ou o Senhor Pierce passassem por mim que eu logo estaria com a expressão melhorzinha.

— Não abra a boca quanto a isto.

— Só se eu ganhar um beijo! – Ele barganhou.

Ele deve ter se esquecido que nós dois usávamos o bendito do chapéu, mas eu não... assim, concordei com o pedido e na hora que fui beijá-lo... não consegui.

— Viu o motivo pelo qual eu não gosto desses chapéus? – Foi a minha vez de dar um tapa no dele. E, antes que meu noivo pudesse responder algo, abri a porta e saí para o corredor, encontrando com Loki, que tinha ficado sumido por toda a manhã.

— Oi, você, Senhor Sumido! – Acariciei as suas orelhas. – Onde estão seus irmãos?

Loki lambeu a minha mão e depois começou a me seguir. Logo escutei as passadas de Alex atrás de mim e quando emparelhamos, ele só falou em tom ameaçador:

— Mais tarde a gente discute sobre isso.

— Estou morrendo de medo...

Descemos rapidamente até de doma e logo Alex se ajeitou na cerca, pronto para ver o meu trabalho, ao mesmo tempo em que conseguia observar tanto nossas sobrinhas sendo treinadas, quanto Will e Pepper que trabalhavam em dupla no redondel ao nosso lado. A seus pés, deitou Loki, que logo ficou quietinho observando o que eu fazia.

— Aquilo ali vai acabar em briga. – Ele apontou para o irmão e a cunhada.

— Aqui também, se você não ficar quietinho. – Ameacei com a ponta da corda.

Por incrível que se possa parecer, ele ficou quieto, tão quieto que acabei me esquecendo da sua presença quando, enfim, me concentrei totalmente em Athena e no que tinha que fazer.

Não sei quantas horas haviam se passado, mas quase não havia mais luz natural, quando consegui passar o cabresto na égua e, ainda fiz com ela me seguisse mansinha pela área.

— Boa garota! – Falei assim que ela se acostumou com o acessório. – Muito obrigada por me deixar fazer isso com você! Te prometo que não vai te machucar. – Acelerei minhas passadas, quase como se estivesse correndo para que a égua me acompanhasse.

E assim ela fez!

O primeiro passo para a doma estava completo! E foi um sucesso.

— Isso, menina!! Isso! – Dei alguns tapinhas no seu pescoço e acariciando seu focinho. – Você foi muito bem hoje e agora merece descanso!

— Achei que você nunca ia falar isso! – Alex comentou da cerca e eu levei um susto tão grande que quase que tropeço nas patas de Athena.

— Você ainda está aí?! – Perguntei e olhei na direção em que lembrava que ele tinha se sentado mais cedo, ali, só vi Loki.

— Sim... bem, não fiquei aqui o tempo inteiro, porque você me trocou por ela, mas vi o que mais interessava e foi muito instrutivo ver você ganhando a confiança de Athena. – Ele comentou abrindo a porteira para mim.

— Obrigada! – Agradei ao gesto. - Não sei o que foi instrutivo aqui, mas agradeço o elogio. – Respondi assim que passei ao seu lado. – Não tem mais ninguém aqui embaixo! – Murmurei.

— Não. Elena sucumbiu ao cansaço umas duas horas atrás. Liv ficou mais um pouco, mas minha mãe achou que ela já estava aqui há tempo demais e a mandou subir para tratar de Prince Hal e depois se hidratar. Pepper teve um bom avanço com Nevasca, nada como você, e ela e Will já subiram e já foram para Los Angeles, ao que parece o irmão dela vai apresentar a nova namorada para a família no jantar de hoje. E, como um bom noivo que sou, não quis te deixar aqui, sozinha e desprotegida, no meio da noite...

— Loki estava aqui o tempo todo. – Afirmei e apontei para meu husky que ia caminhando alguns passos na nossa frente.

— Não complica o meu lado! – Ele falou passando o braço por minha cintura e depois me deu um beijo na bochecha.

— Não estou complicando, só dizendo a verdade. – Comentei e joguei o chapéu dele para trás, de modo que ficou dependurado pela cordinha em seu pescoço e, assim, pude dar um beijo nele. – O beijo que fiquei te devendo. – Falei quando nos separamos.

— Pela demora, deveria vir com juros e correção! – Ele disse sarcástico e me roubou um beijo. - E esse foi o que eu te devia, já que você colocou o cabresto em Athena.

— Pode cobrar os juros que quiser, e pagar todos os atrasados! - Falei manhosa e me encolhi ao seu lado. 

Subimos trocando alguns beijos e antes que eu perguntasse, Alex se ofereceu para me ajudar a tratar de Athena, o que reduziu o trabalho e o tempo consideravelmente.

— Obrigada de novo. – Murmurei o mais baixo que pude, para não agitar os demais cavalos.

— Não há de que, Rainha do Gelo. – Ele falou assim que terminou de fechar de porta do estábulo.

Com meus sobrinhos mortos de cansados e com a perspectiva de termos que acordar bem cedo no domingo, tivemos a noite mais tranquila até aqui, e eu consegui ir para a cama em um horário normal.

— Nem acredito! – Comentei feliz quando me joguei na cama, depois de tomar um longo banho. – Finalmente descanso.

— Detesto ser aquele que fura a sua bolha, mas amanhã será bem pior. – Alex comentou quando me puxou para perto de si.

— Será que você pode me deixar ser feliz nem que seja por uma noite?

— Você me parecia bem feliz enquanto domava Athena...

— Eu tenho certeza de que você entendeu o que eu disse. – Encarei meu noivo.

— Vai fazer cara de brava de novo? – Ele perguntou brincalhão e, vendo que eu tinha feito um beicinho, roubou um beijo.

— Você está bem carente hoje, hein? – Brinquei com ele.

— Para você ver... tenho a minha noiva do meu lado, mas não posso fazer o que realmente quero, porque tanto a família dela, quanto a minha estão por perto, o tempo inteiro...

— Aí resolveu ser o carente, na hora de dormir!

— Pelo menos aqui não tem ninguém para ficar nos olhando. – Alex me colocou ainda mais perto e começou a me beijar com vontade, estávamos quase nos deixando levar pelo momento, quando alguém bateu na porta.

— Oi?! – Perguntei me sentando na cama e tentando me fazer apresentável.

— Tia? Tio? – Elena nos chamava.

Levantei-me e abri a porta e a baixinha estava abraçada com o ursinho de pelúcia favorito, o Olaf de Frozen.

— Que foi, Pequena? – Agachei-me em sua frente para tentar entender o que estava acontecendo, Alex logo veio para perto da porta também.

— Tive um sonho ruim, posso dormir aqui?

Olhei para Alex, ele só deu passagem para que Elena entrasse no quarto.

— Sozinhos, né? – Dei um cutucão na sua barriga. – Vá colocar uma blusa. – Pedi.

— É por uma boa causa. – Ele me respondeu, já procurando uma camiseta.

Guiei Elena pelo quarto, até a cama, onde ela subiu e se sentou no meu colo, Alex se sentou do meu lado e tentava animar Elena, imitando o Olaf, pedindo abraços quentinhos.

Nossa sobrinha se distraiu bastante com a brincadeira, porém relutava em dormir, assim, perguntei se ela queria que eu cantasse.

— Por favor, tia. – Pediu em finlandês.

Ajeitei-a de modo que ela ficou deitada entre Alex e eu e comecei a cantar, enquanto acariciava a sua testa. Meu noivo, que também já tinha se ajeitado, ficou olhando para nós duas.

Dez minutos depois, tanto Elena quanto Alex, ressonavam no quarto escuro.

— Boa noite para vocês dois. – Murmurei e dei um beijo na testa de Elena e um selinho em Alex, me ajeitando ao lado de minha sobrinha para então, tentar dormir.

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— Alguém viu a Elena? – Escutei ao longe.

— Elena?!

— Onde essa baixinha se meteu?

Virei para o lado, procurando por Alex, não encontrei, acabei achando Elena que estava deitada em meu peito, com os pés em Alex.

— É, domingo, pelo amor de Deus. – Meu noivo murmurou.

— Nem comento nada... e nem sei o motivo de estarem procurando por Elena, se ela está aqui. – Respondi.

— É... endoidaram de vez!

Estávamos quase voltando a dormir, quando lembramos que ninguém sabia que Elena tinha tido um pesadelo e pedido para dormir em nosso quarto. E, acabamos por nos sentar de uma vez.

A causadora da preocupação de todos nem se abalou com o nosso movimento e só se encolheu, abraçando o Olaf.

— Nem parece que se mexeu a noite inteira. – Comentei quando tirei os fios de cabelo de seu rosto.

— Não foi você o alvo das arremessadas de Olaf. – Alex comentou.

— Não, não ganhei 'olafadas', mas ganhei chutes e uma cabeçada, quando ela se ajeitou para dormir em meu peito.

— Quem poderia imaginar que alguém tão pequena, pudesse ser tão espaçosa. – Disse Alex sorrindo. – Vamos deixá-la dormindo ou já acordamos a Bela Adormecida aqui?

— Dormindo. Assim podemos nos arrumar e guardar tudo, sem termos uma garotinha extremamente agitada do nosso lado. – Comentei e me levantei. – E, à propósito, bom-dia!

— Bom dia! – Ele me respondeu.

— Vá trocar de roupa, que eu vou avisar a todos que Elena está aqui.

Sai do quarto me enrolando no roupão, para logo ver minha mãe que tinha os olhos arregalados.

— Elena está dormindo ali no quarto. – Falei antes de qualquer saudação. – Teve um pesadelo e bateu na nossa porta.

Na mesma hora a postura de minha mãe relaxou.

— Bom dia, KitiKat. Conseguiu descansar?

— Tirando os chutes e as cabeçadas, sim. – Brinquei – Bom dia para a senhora. – Cumprimentei-a. – Pode espalhar a notícia do paradeiro da baixinha?

— Pode e vou. Estamos atrás dela há quase uma hora.

— Perdão, não escutei antes.

— Sem problemas. Agora vá se arrumar que seu sogro tem o dia cronometrado.

Voltei para o quarto, escutando ao longe minha mãe passando a localização de Elena para os demais. Abri a porta para encontrar Loki, de pé nas patas traseiras, se apoiando com as patas dianteiras na cama e observando Elena.

— Não sei como você entrou aqui, mas bom dia para você, Lokinho. Continue tomando conta dela, enquanto eu me arrumo.

Guardei o restante das roupas e assim que Alex saiu do banheiro, corri para me trocar. Com tudo pronto, acordei Elena.

— Tô com sono, tia... – Ela murmurou e se escondeu atrás de um travesseiro.

— Se esqueceu que temos que ir ao Super Bowl? – Tentei de novo.

E a menininha se sentou de uma única vez na cama, já totalmente desperta.

— Bom dia, tia! – Me abraçou de uma vez. – Bom dia, tio! – Desceu da cama e foi cumprimentar Alex.

— Bom dia! – Falamos para ela. – Vamos tomar café?

Saímos os três do quarto, com Loki em nossos calcanhares, no meio do caminho Stark e Thor, que estavam da cor da terra lá fora, nos encontraram e começaram a nos seguir, até parecendo que já sabiam que íamos embora em pouco tempo.

Elena entrou na cozinha distribuindo abraços e beijos e ninguém comentou com ela sobre o seu ‘desaparecimento’, Tanya que veio para o meu lado para me agradecer.

— Poderia tê-la mandado para o meu quarto! – Disse. – Ela não tem que te dar ainda mais trabalho.

— Tanya, tudo está bem. Ela só foi para nosso quarto, porque era o mais próximo. Dormiu como um anjo pelo resto da noite. – Informei.

— Mais uma vez, Kat, obrigada.

— Sou tia, é o meu dever.

— Mas não é o de Alex.

— Ah! Não fica com isso na cabeça. Ele até fez um teatrinho para ela com o Olaf. Ele não se importou.

Com o café tomado e tudo guardado nos carros, voltamos para a cidade. Passando para deixar Dona Ilsa em casa no caminho, já que ela se recusava a ir ao jogo, dizendo que não tinha paciência para ficar sentada em um estádio por quatro horas sem entender nada! 

Agora era questão de esperar pelo momento de sair para o estádio!

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— Você tem certeza de que isso é uma boa ideia? – Perguntei para Alex assim que descemos do carro no estacionamento do SoFi Stadium e vi a maré de torcedores que iam em direção ao estádio.

— Com certeza. Isso é uma experiência que todo mundo deveria ter.

Fiquei um tanto desconfiada e, também, um tanto temerosa, pois era muita gente para pouco espaço.

Entramos na fila para revista de todos, e tudo o que eu via era um mar de pessoas com camisas azuis.

— E os azuis são? – Perguntei timidamente.

Los Angeles Rams.

Balancei a cabeça, sem um complemento, eu nem fazia ideia de que time era esse.

Olivia e Tuomas iam empolgados na frente, falando e gesticulando, parecendo dois italianos, enquanto Senhor Pierce ia explicando o que eles veriam. Enquanto Elena, que queria ir junto com os irmãos, estava sendo conduzida por Ian, que, em determinado momento, colocou a filha mais nova nos ombros para evitar qualquer coisa.

Todos passaram pela revista, sem nenhum susto, e, antes que pudéssemos subir as escadas, escutamos alguém nos chamando.

— Fala Garoto Propaganda!!

Olhamos e vimos Benny e Pietra, os dois com camisa azuis, Benny com um sorriso enorme, já Pietra, mais perdida do que cego em tiroteio.

— O que um fã dos Seahawks está fazendo aqui?

— Mostrando o verdadeiro esporte para os europeus.

Pietra revirou os olhos e eu tive que segurar a risada.

— Será que eles vão entender? – Quis saber Benny.

— Futebol se joga com os pés!! – Pietra, a fã número um da Juventus, sibilou.

Benny abraçou a namorada e falou:

— Hoje você vai ver que se joga com as mãos também!

Pietra não exprimiu nenhuma reação quanto a fala, já eu, fiquei caladinha, já tinha assistido a um jogo de futebol americano, e não vi toda essa animação assim, aliás, eu não entendi absolutamente nada.

— Vão ficar aonde? - Alex continuou com a conversa, ignorando as duas europeias que eram a personificação da frase: pessoa errada, na hora errada e no lugar errado.

— Um pouco mais acima. – Respondeu Benny, apontando para a arquibancada, dei uma olhada de canto e vi que a altura que era esse estádio.

— Que isso, cara. Vem com a gente.

A Italiana Louca se animou um pouco e já foi logo puxando o namorado, acompanhando os passos de Alex e, por consequência os meus. Com isso, a turma aumentou.

Subimos alguns lances de escada, atravessamos um corredor apinhado, tudo o que eu ouvia eram os comentários com nomes que eu não reconhecia, discussões sobre quem seria o MVP e coisas assim.

Alex segurava a minha mão, me guiando no meio da multidão, seguindo os gritinhos animados de Elena um pouco mais a frente.

Pelo caminho encontramos pessoas de todas as idades, de todos os jeitos, todas ali só para verem um jogo.

Por fim, chegamos até o camarote escolhido a dedo por meu sogro, que, como um amante e fã número um do esporte, escolheu a dedo o local, que era a meia altura e bem no meio do campo.

Todos já estavam por lá, se organizando, olhando a movimentação dos demais torcedores que chegavam. Minha mãe e Dona Amelia, se sentaram mais no fundo, nem um pouco interessadas no jogo. Já meu sogro, estava mostrando para Elena o estádio, segurando a Pequena para que ela não se debruçasse na grade de vidro.

Entramos e Alex logo soltou:

— Olha quem eu encontrei perdidos pelo estádio!

Todos se viraram na nossa direção, Will e Pepper vieram cumprimentar o agregados, já brincando com Pietra:

— Fiquei sabendo que você foi atropelada pela onda... está tudo bem? Não precisou ir ao hospital? Anotou a placa da bendita para pedir indenização?

— Boa tarde a todos! – Ela se fingiu de educada. – E eu estou bem. Não é uma ondinha que vai me derrubar! – Disse convencida.

Todos seguraram a risada e, foi nessa hora que Liv, que também estava vendo o estádio, se virou e para o desespero da Italiana Louca, soltou:    

— Eu não acredito! TIA!!— Gritou e veio pulando na direção de Pietra.

— Sua tia é aquela ali! – Disse a Italiana e apontou na minha direção.

— Não! Ela eu já vi! Quero te dar um abraço!

Pietra só fez uma careta e fingiu que não escutou. O que não impediu que Olivia, ainda chamando-a de Tia, desse um abraço na Louca, arrancando risadas até da minha mãe, pois todos sabiam que Pietra tinha verdadeiro pavor de ser chamada de tia, ou melhor, de saber que já estava ficando velha.

— Achei que você tinha aprendido em Austin! – Pietra falou assim que desfez o abraço.

— E perder o grande momento de te ver encarando a velhice? Jamais! – Liv respondeu toda alegre e ainda conseguiu escapar do tapa que a italiana iria lhe dar, ao se esconder atrás de Benny.

— Isso ainda vai ter paga, Fofoquita de Quinta Categoria! 

Todos se cumprimentaram e logo começaram a aula de futebol americano que se seguiu até que o estádio estivesse completamente cheio e o narrador anunciou o início do espetáculo.

Nos ajeitamos nos lugares e, pelo telão vimos que o campo se encheu de gente, era hora do Hino Nacional Americano. Com as preliminares no fim, a expectativa pelo início do jogou cresceu ainda mais. E não era nada parecida com aquela do jogo do campeonato universitário que fomos em novembro. Não. Era muito maior. Multiplicada por mais de setenta mil pessoas.

Benny, que tinha se sentado na minha frente, era o mais agitado, afinal, ele torcia para um dos times que estavam jogando. Mas os Pierces não ficavam atrás, Alex, Will e meu sogro estavam tão animados quanto, sentados na beirada da cadeira, olhos, ora no telão que ficava na altura de nossos lugares, ora no campo.

A moeda foi lançada ao ar, os times se ajeitaram em campo e o árbitro deu o apito inicial.

Que o Super Bowl LVI começasse!

Confesso que não entendi muito... mas acabei ficando empolgada com o jogo e, torcendo por questão de simpatia para os donos da casa, o Los Angeles Rams, então, não foi raro me ver acompanhando a torcida no desespero e na ansiedade.

Um pouco antes do intervalo, Pietra, cansada de não entender muita coisa, veio e se sentou no lugar de Alex, que estava há muito tempo perto da divisória de vidro, empolgado com o que via.

— Eu não estou entendendo nada, mas não consigo não ficar nervosa! – Ela comentou no exato momento em que o Cincinnati Bengals marcava um ponto.

— Nem falo nada.

— Mas não é nada parecido com isso! – Ela apontou para os homens que estavam na nossa frente, todos eles a beira de se jogarem da sacada e irem jogar o jogo. – Ou com a Fofoquita Mezzo Finlandesa Mezzo Inglesa e a Miss América! – Se referia a Liv que, realmente, havia entendido as aulas teóricas que meu sogro havia ministrado no pré-jogo e estava entendendo tudo tão bem que estava até explicando para Ian e meu pai e a Pepper que, ao lado de Will, se descabelava com as decisões do juiz e com o que via.

— Olivia realmente gostou desse esporte. Mas teve um bom professor.

Pietra deu uma risada.

Il Tatuato não te explicou o que estava vendo?

— Nem passou perto. Ficou desse mesmo jeito, e quando tem jogo na TV, ele bem que começa a me explicar, mas depois se esquece e vai prestar atenção no que está passando na telinha.

— Você é trocada por um jogo de futebol que se é jogado com as mãos?! Algo de ruim ele tinha que ter!

— Aviso a desatenta, você também foi trocada! – Brinquei com ela. – E, é mais ou menos verdade. Ele fica concentrado na TV, mas se eu sair da sala, fica me chamando, então, assim que ele me esquece temporariamente, eu pego o meu livro e vou ler. Um belo arranjo.

— Vou ter que ler algo bem grande, já que essa coisa não termina nunca! – Choramingou a Italiana.

— Sinto te dizer, mas não está nem na metade. Parece que tem até um show no meio.

Pietra se encolheu na cadeira amaldiçoando a sua má sorte e eu voltei para o meu pacote de pipoca, certa de que dessa vez, ele não pararia na cabeça de ninguém.

Acabou o segundo quarto, e foi só aí que se lembraram das mulheres que não gostavam do jogo e que já estavam eram fofocando sobre qualquer coisa.

— Vocês vão querer ver isso! – Meu sogro nos chamou para perto da divisória e apontou para o campo. – Creio que vocês nunca viram a montagem de um palco tão rápida quanto essa.

E realmente eu nunca havia visto. Em 15 minutos, o campo foi coberto e montaram um palco com se fosse uma casa ou uma lanchonete e vários carros “clássicos” na concepção dos Pierces e “velhos” para mim foram estacionados no gramado. E, antes que eu pudesse perguntar quem iria se apresentar, a batida características do Hip-hop/Rap começou a tocar, e, vindo de dentro da estrutura montada como palco, apareceram Dr. Dre e Snoop Dog.

Eu sou uma garota que gosta de rock, nascida no país do heavy metal, mas fui adolescente nos anos 2000/2010, então, as músicas que eles estavam cantando eram músicas que eu escutei na rádio, (os streamings não existiam e MP3 estava começando a engatinhar - sou velha!) e sim, gostava de ouvir, assim, foi-me impossível não acompanhar algumas letras, mesmo que algumas não fossem lá muito próprias para crianças de 5 anos escutarem.

Passaram, nos quase quinze minutos de show, além do Dr. Dre e Snoop Dog, 50 Cent, Mary J Blige, Kendrick Lamar, e Eminem e eu me vi cantando e dançando animada com o curto, porém, impactante show. Tanto que, ao final, eu aplaudia e gritava ao mesmo tempo.

Se eu não estava entendendo muito do jogo, o ingresso tinha valido a pena só pelo halftime show!

E, tão rápido quanto haviam montado, a estrutura foi desmontada e cantores e dançarinos abriram espaço no campo para que as outras estrelas da noite terminassem de brilhar.

E que fim de jogo foi esse?

Não sei se era porque eu tinha me empolgado com o show, ou porque a partida foi realmente boa, mas, quando o jogo acabou, eu estava na divisória, ao lado de Alex, quase sem voz, de tanto que eu gritei e xinguei (não teve como não xingar o juiz em uma determinada jogada, até eu vi que era um safe ali e ele não marcou!) e curti o jogo. Minha família pelo mesmo motivo, também ficou agitada e não parou de torcer, e até Dona Amelia teve que admitir que esse jogo foi realmente algo especial – ela também veio para a beirada para ver melhor – Elena foi um caso a parte, passou de ombro a ombro, gritou junto com a torcida, não entendeu nada, mas se divertiu bastante.

No fim, de virada, o Los Angeles Rams ganhou o Super Bowl LVI. Para a alegria da imensidão azul que invadiu o campo, e, para a felicidade de Benny, que além de ter visto o time do coração levantar a taça depois de sei lá quantos anos, teve o prazer de ver Pietra ceder e admitir que ela poderia assistir a mais jogos da NFL, desde que prometessem que todos seriam animados assim.

Esperamos o estádio esvaziar para podermos ir para casa, assim, ficamos um tempo sentados nas cadeiras do camarote, jogando conversa fora, já planejando o jogo do próximo ano... mesmo que nem os Seahawks ou os Rams estivessem jogando.

Porque, como Alex disse quando chegamos, realmente algumas experiências mereciam ser vividas, não pelo esporte, mas pelo espetáculo.

Mas antes desse Super Bowl, essa família ainda iria ver mais algumas corridas de Fórmula 1, afinal, os templos do automobilismo da Europa estavam nos aguardando na vindoura temporada!

Com as luzes do campo já se apagando, deixamos o SoFi Stadium e, nos despedimos de Benny e Pietra que iriam para as ruas comemorarem com os demais torcedores, a vitória dos Rams.

Seguimos falantes até os carros, alheios a qualquer coisa, só comentando sobre o jogo e como esse final de semana tinha se passado rápido demais.

Minha família se despediu dos Pierces, afinal, iriam embarcar antes do meio dia para a Europa, o que acabou demorando um pouco demais, e, claro, teve lágrimas por parte de Elena e Olivia, uma não queria voltar para a escola e a outra não queria separar a família.

— Vamos nos ver logo! – Dizia minha sogra, também querendo chorar.

Depois de algumas lágrimas e muitas promessas de que a separação não seria longa, entramos em nossos carros e fomos para casa.

O final de semana de conto de fadas tinha acabado. Era hora de voltarmos a realidade.

Mesmo que não quiséssemos!


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Notas finais do capítulo

Bem, é isso! A parte água com açúcar acabou. Prometo que vou dar uma acelerada no tempo agora, para dar uma agitada na história!
Muito obrigada a você que leu até aqui!
Até o próximo capítulo!
xoxo



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