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Incrível como aquela neve deixava o bosque mais bonito, a árvore que cobria parte do banco em que me dirigia estava quase branca, a neve parece fazer tudo ficar mais bonito, esse é um dos motivos por eu adorar o Inverno, neve combina comigo, me sinto bem debaixo dela, me sinto calmo.
    Flocos passando pelo meu rosto me deixando cada vez mais calmo, o vento passando de leve, o banco coberto por um pouco de neve, limpei e sentei, á espera dela.
    Sei que além de sentimental fico meio bobo, mas isso é comum quando se está apaixonado, não é? Afinal, quem disse que sou de ferro? Quem disse que meu coração é de pedra?
    Pedra se quebra e ferro enferruja, assim como a pedra pode se despedaçar em mil pedaços e o ferro pode derreter quando aquecido. É uma contradição dizer que somos fortes, mas sempre procuramos alguma maneira de ser feliz sem notar o que está a nossa frente. Eu tinha essa mania, tinha um mundo á minha frente mas o ignorei, sem piedade, e o amor faz a gente pensar assim, porque nada mais importa quando você se apaixona. A gente pensa em tudo o que passou, revendo as proezas que já fizera, e admito que não me arrependo de nenhuma delas, pois cada uma delas me levaram á diante, me levaram á banda, á esses caras que hoje são meus companheiros de banda e que são os melhores amigos que eu poderia ter... E além de tudo... Me levaram á ela... Á garota que agora mexe sem piedade com meu coração de pedra... Á garota mais incrível que conheci até agora... Me levaram á ela... Me levaram á Reira... Minha linda Reira... Que agora surgia em meu campo de visão... Ao longe do bosque... Mãos ao bolso do casaco azul claro, o cachecol que dei á ela que parecia ser seu favorito agora, cabelos longos e meio cacheados nas pontas voando ao vento, uma touca combinando com o cachecol com um ponpon muito fofo, a franja cobrindo uma parte de seu olho direito, corada como sempre, linda e fofa como sempre.
    Quando estava mais próxima do bosque, me levantei, minhas mãos no bolso do meu casaco, esperando, estava ansioso, nervoso, curioso, esperançoso, e atento. Tudo ao mesmo tempo, mas a neve me acalmava um pouco.
    Quando estava mais próxima, pude ver a neve passar á frente de seu rosto, a visão mais linda que já vi, ela era linda, tão linda quanto a neve passando pelo seu rosto rosado. E enfim ela parou á alguns centímetros de mim.
    Logo a abracei, com todas as minhas forças, para não deixá-la escapar, ela deitou o rosto em meu ombro, as mãos em minhas costas, a abracei por cima, pude sentir o perfume dela de longe.
    Sem dizer uma palavra, apenas abraçados, no meio do bosque vazio, não vi melhor forma de contar á ela, confessar tudo, estava criando coragem com aquele abraço tão bom, quando decidi falar, a soltei, ela olhou para mim, mas não saía nada, olhei para baixo, respirei fundo, quando decidi falar de uma vez, ela me abraçou novamente, agora com a cabeça encostada em meu peito, acho que até ela pode ouvir meu coração disparado.
— Reira... -
    Ela olhou para mim, se afastando um pouco, ainda a abraçava, não tive como soltá-la mais, ou ela recusava, ou aceitava, ou ficava pensativa, eram três opções, então decidi falar.
— Eu não consigo esperar mais... -
    Ela me olhava, os olhos começaram a se arregalar um pouco. Decidi acabar logo com aquela aflição dentro de mim, insistindo para que eu falasse aquela palavra que queria tanto sair da minha boca, que queria tanto dizer á ela, só para ela.

— Aishiteru... Reira-chan... -

    Fechei meus olhos, esperando uma resposta, sem reações, sem espantos, sem sustos, sem nada, só o silêncio, me restaram aquelas três respostas, que eu rezava e minha mente e coração para que uma delas fosse a correta.

.*.*|Aceitar, Negar, ou Pensar|*.*.

    Ela podia pensar o tempo que quisesse, eu esperaria pela resposta o tempo que precisasse.

O silêncio tomou conta da minha mente, e tive quase certeza que a dela também.
    Fui aproximando meu rosto do dela lentamente, eu sabia o que estava fazendo, e se ela não aceitasse, eu entenderia, afinal, quero vê-la feliz, não importando se é comigo ou não, só quero poder ver aquele sorriso de novo.
    Vi seus olhos fecharem devagar, olhando para meu rosto, enquanto também se aproximava, quase tive um ataque do coração quando finalmente entendi, assim que se fecharam totalmente, já estávamos bem próximos, coloquei minha mão em seu rosto, o fitando por alguns segundos, fechei meus olhos, aproximei meu rosto e puxei o dela, juntando nossos lábios, um pouco hesitante, mas sem pressa, e fiquei feliz por ela não recuar.
    Nunca me senti tão feliz antes, a beijando lentamente, quando ela cortou o beijo, sua testa encostada na minha, sussurrando para mim.
— Aishiteru, Takanori - ela sussurrou, sorrindo;
    Sorri de volta e voltei a beijá-la, trocando selinhos, abracei sua cintura, a aproximando mais, ela colocou as mãos em meu pescoço, o segurando, as vezes passando as mãos em meus cabelos, era como um sonho. E pensar que estava perdendo isso á um tempo atrás, pensar que agora era o momento mais feliz que já tive até agora durante os meus 17 anos, e me perguntei se ela também se sentia assim.
    Estava quase sem fôlego, parei o beijo, deixando o ar voltar. Avistei alguns flocos em sua cabeça, agora descoberta pois a touca caíra durante o beijo, que no caso nem tinha percebido quando caíra, tirei alguns flocos, mexendo em seu cabelo, me afastei um pouco para pegar sua touca no chão, a limpei e coloquei em Reira novamente, ela sorriu, sacudindo meu cabelo cheio de flocos, me fazendo rir.
    Peguei sua cintura e a aproximei novamente, encostei minha testa na sua, olhando em seus olhos, sorri novamente, e logo vi aquele sorriso tão lindo, e por incrível que pareça, eu senti que era o sorriso mais lindo que ela já fizera antes, e o por que? Huh... Simples... Acho que ela não estava mentindo com aquele sorriso.
Peguei suas mãos, ela sabia o que eu iria pedir, e eu sabia a resposta.
— Preciso perguntar? - brinquei;
— Fica mais fofo se você perguntar - ela sorriu;
— Então... Você aceita namorar comigo... Reira-chan? - sorri;
Recebi um beijo, e logo a resposta.
— Claro que sim... Taka-san - ela sorriu, me beijando novamente.
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