Apesar de estar mais cedo em casa eu havia aproveitado as horas antes de dormir para atualizar os prontuários médicos e assim poupar meu trabalho no dia seguinte, já passava das 22 horas quando fechei o notebook e levantei o deixando sobre minha mesa.

Caminhei até minha pequena cozinha e abri a geladeira buscando por algo saudável para comer, pensei em Jade mas na ultima mensagem enviada por Emily ela estava bem e isso me deixava um pouco mais tranquila.

A quem eu queria enganar? Eu também queria falar com Jacob, na realidade desde a sua visita na noite em que eu o havia esbofeteado ela vinha fazendo parte dos meus pensamentos com uma frequência incomum.

—Renesmee, você vai se meter em um grande problema – murmurei para mim mesma e sorri tomando um gole do meu suco quando o som do meu celular me chamou de volta a realidade.

Deixei o copo vazio sobre o balcão peguei o aparelho me jogando no sofá ao atender a ligação — Charlie! Falei em um tom animado de voz.

“Quando deixei de ser o vovô?” Charlie respondeu demostrando sua indignação.

“Você sempre será o vovô” respondi rindo.

“Eu lembrei que tenho uma neta que a três meses esqueceu seu velho avô, me diga como você está?”

Dei um suspiro —“Me desculpe, minha vida se tornou uma loucura desde minha vinda a Portland.”

“Eu imagino que sim, falei com sua mãe hoje cedo e ela comentou sobre uma festa de aniversário.”

“Comento é?”

“Sabe que não precisa passar por cima de seus sentimentos para agradar sua mãe, muito menos sua irmã, você tem dormido bem a noite?”

Dei um sorriso – “Você me conhece bem.”

“Eu imaginei, se quiser eu posso ir para Portland amanhã, não precisa enfrentar esses dias sozinha.”

“Não se preocupe vovô eu vou ficar bem.” Falei tentando tranquiliza-lo, não me sentia confortável em fazer meu avô viajar por quilômetros por minha causa, eu não era mais uma criança e pela primeira vez teria que enfrentar meus fantasmas sozinha.

O arfar dado por Charlie do outro lado da linha demonstrou sua insatisfação, mas como sempre ele respeitou minha decisão “Não esqueça que te amo e que sempre estarei do seu lado.”

“Eu também te amo vovô, boa noite.”

“Boa noite querida.”

Ele encerrou a ligação.

Suspirei e levantei do sofá indo para o quarto, após tomar um banho demorado e vestir o pijama me sentei na cama pensando nas palavras de meu avô, eu não precisava agradar minha mãe e passar por cima do meu coração para agradar minha irmã, e eu não faria isso.

Arrumei os travesseiros e deitei olhando para o teto e fechei os olhos esperando o sono me vencer, mas o som do celular me alertou ao ver o nome Jacob no display.

— Jake, aconteceu alguma coisa com a Jade?

— Não— Ele respondeu acalmando meu coração — Me desculpa não queria assustar você.

Respirei aliviada- Ela teve febre?

— Nossa filha está bem doutora, chorou pois queria dormir com você mas eu prometi que você virá vê-la amanhã, você está no hospital?

Dei um pequeno riso imaginando a guerra que ela provavelmente tinha feito– “Acho que estou sendo intimada, eu estou em casa, fui expulsa por Paul.”

—" Depois de três dias de plantão descanso merecido.”

—"É, eu estava me preparando para isso- Respondi me deitando novamente.”

— “Tudo bem, nos vemos amanhã no hospital, boa noite Nessie.”

—"Boa noite Jake, durma bem.”

— “Você também”— Ele respondeu.

Dei um largo sorriso e encerrei a ligação deixando o aparelho celular novamente sobre a mesa de cabeceira e fechei meus olhos

— Jacob o que você fez comigo? Murmurei antes do cansaço me vencer.

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— Eu comprei um presente de aniversário para você!  O garoto disse colocando a mão em um dos bolsos da calça jeans suja de terra e retirando de dentro um anel com uma pedrinha azul, dei um sorriso e peguei o anel da mão dele o observando antes de coloca-lo no meu dedo indicador.

— Você comprou esse anel? Olha essa pedrinha, como pagou por isso?

O garoto coçou os cabelos loiros e sorriu – Eu comprei o chiclete.

Dei uma risada e olhei para o anel – O que vale é a intenção.

Rimos juntos e ele olhou na direção as arvores da floresta do parque de Forks – Feliz aniversário Nessie.

Olhei na mesma direção em que ele olhava – Minha mãe vai fazer um bolo, você vai comer não vai?

— É claro que sim, o bolo da sua mãe é delicioso- o garoto respondeu se equilibrando entre os galhos e quando alcançou uma altura segura para saltar da arvore ele pulou caindo agachado na terra molhada – Nessie tartaruga! Gritou em um tom provocativo e correu na direção das nossas bicicletas.

— Que trapaceiro – reclamei pisando nos galhos sorri, mas ao ver o garoto pegar bicicleta vermelha saltei sem me importar com a altura a qual eu estava – Espera! Eu gritei ao sentir meus pés na terra molhada – Espera!

O garoto ignorou os meus gritos e disparou na bicicleta, desesperada eu peguei a bicicleta azul tentando alcança-lo.

— Para! Para agora!

— Eu não consigo! Ele gritou enquanto descíamos a pequena ribanceira lamacenta cercada por arvores que terminava na estrada.

—Para! Gritei;

— Não consigo parar! Ele gritou tentando manter a bicicleta fora de controle em pé.

E a bicicleta desgovernada cortou a estrada, eu ouvi o som da buzina, e o cantar dos pneus do caminhão.

O som do alarme do celular me despertou, me sentei na cama e levei ambas as mãos ao rosto – Está aberta a décima primeira temporada de pesadelos- murmurei me levantando da cama.

Após fazer minha higiene matinal e a maquiagem tentando disfarça meu semblante cansado fiz um coque no cabelo e organizei minha bolsa, e sai de casa.

Estacionei meu carro no local de sempre e sai colocando as chaves dentro da bolsa, após fechar a porta do veículo meu corpo foi empurrado contra o mesmo, assustada deixei que minha bolsa caísse no chão olhei para frente, Nahuel me encarou com uma expressão fechada.

— Você está maluco? Perguntei tentando soltar meus braços das mãos dele.

— Maluco? Ele sorriu apertando as mãos em meus braços – Você tem ideia de tudo que abri mão para vir atrás de você?

— Eu não pedi para que fizesse isso – Forcei meus braços – Me solta!

— Não pediu, mas eu vim e até agora tudo que tem feito é ser esnobe, o que foi Renesmee Cullen, só porque é filha do poderoso Cullen acha que vai me descartar.

O encarei – Você por acaso está usando alguma droga Nahuel? Não está dizendo coisa com coisa.

Nahuel aproximou o rosto do meu – Ontem a noite eu fui chamado por seu querido papai e seu avô, e eles foram bem claros no que podem fazer comigo.

— Eu não faço ideia do que está falando.

— Foi fazer queixa de mim Renesmee, eu não sirvo mais como seu passatempo agora que tem outros, o Clearwater ou o Black.

—Chega! Falei em um tom mais alto de voz e o empurrei soltando meus braços – Eu não fiz queixa alguma, não tenho culpa se não consegue controlar seus ciúmes, não temos, mas nada e nem teremos, mas se encostar em minha novamente eu farei uma queixa.

— Você não vai me descartar assim! Ele segurou novamente eu braço.

— Me solta Nahuel ou eu vou gritar! Me solta!

A mão dele folgou quando alguém o atingiu em cheio com um soco o fazendo cair – Jake! Gritei assustada quando Nahuel se levantou e avançou sobre ele e os dois rolaram pelo estacionamento.