A Song of Kyber and Beskar escrita por Gabi Biggargio


Capítulo 6
Capítulo V - A partida


Notas iniciais do capítulo

Depois de mais de 2 semanas de ausência, eu FINALMENTE consegui um tempinho pra escrever. Espero MUITO que gostem dessa capítulo. Apesar de ser longo, não acontece muita coisa efetivamente. Mas é um capítulo mais pra mostrar as peças sendo posicionadas no tabuleiro, entendem?

Enfim, espero que seja uma leitura prazerosa ♥



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Não havia nada de muito imponente no trono de Mandalore. Era apenas uma cadeira. Bonita, decorada e feita em uma pedra cara e lapidada. Mas, para todos os efeitos, uma cadeira, ainda assim. Mas o poder que ele representava era muito diferente. Não era apenas simbólico. Era o resultado de anos de uma história, de feitos, de heroísmo... e de guerra. Sentar naquela cadeira era uma responsabilidade grande demais, milhares de vidas nas mãos de uma única pessoa, um legado a ser honrado. Não era um trabalho que qualquer um poderia fazer.

Mais do que um direito, aquele trono era um dever.

— Me parte o coração ter que deixar Mandalore – disse Satine aos sussurros, quase que para si mesma, enquanto deslizava a mão suavemente no apoio de braço do trono. – A única coisa que me deixa mais tranquila é que você ocupará a função de regente. Não há outra pessoa na galáxia em quem eu confiaria pra isso.

— Pode ter certeza que eu farei tudo o que estiver ao meu alcance para honrar o seu legado, Duquesa – respondeu Zaar, poucos metros atrás dela. – E saiba que nenhuma decisão importante será tomada sem que, antes, a senhora tenha entrado em contato comigo e me dado instruções.

Satine se virou para ele, sorrindo.

— Sabe que isso não é necessário – ela disse. – Como regente, você tem autoridade.

— Mas, como amigo, eu jamais passaria por cima da sua decisão – o homem rebateu.

A jovem Duquesa se aproximou dele e o abraçou. Zaar retribui o gesto. Um abraço paternal no qual ela encontrava conforto em um momento tão delicado, não só para Mandalore, mas para ela também. Um abraço no qual ela se sentia segura e protegida. Um abraço que a fazia se lembrar de seus tempos de menina, quando as preocupações em sua cabeça eram infinitamente mais simples.

— Se cuide, Satine – disse Zaar, em um raro momento em que o primeiro-ministro a chamava pelo primeiro nome. – Mandalore precisa de você. Eu preciso de você.

 

“Pelo que parece, as coisas ficaram um pouco complicadas”, o holograma de mestre Windu sintetizou tudo o que Qui-Gon lhe contou ao longo da última hora em apenas uma frase. “Concordo com a sua decisão de tirar a Duquesa de Mandalore, Qui-Gon. Não é o ideal, mas, nas atuais circunstâncias, é o menos pior a ser feito.”

Claro... Ele não perderia a chance de elogiar a conduta de Qui-Gon sem inserir uma crítica subliminarmente...

— Estamos partindo em algumas horas – disse Qui-Gon. – Mas, como todos os transportes reais mandalorianos são rastreados, não temos como sair do planeta.

“Enviaremos uma nave”, disse mestre Windu. “Até onde eu sei, existe uma pista de pouso abandonada a uns duzentos quilómetros ao norte de Keldabe, no meio de uma das poucas florestas ainda existentes em Mandalore. É bem afastado de qualquer centro urbano que possa existir no planeta e, possivelmente, mais seguro para levar a Duquesa. Posso providenciar para que exista uma nave lá em algumas horas. Te enviarei a localização exata assim que a nave pousar. Deixarei alguns créditos no interior, caso precisem.”

— Fico grato pela ajuda, mestre – Qui-Gon respondeu cordialmente.

“E, por favor, Qui-Gon, ao menos deixe o Conselho informado de sua localização.”

— Será feito. E, mestre Windu?

“Sim.”

— Preciso de todas as informações que tiver sobre um caçador de recompensas chamado Hoovar – disse Qui-Gon. – Aparentemente, ele chefia alguma espécie de interliga de caçadores de recompensas e foi contratado para matar a Duquesa. É ele o responsável pelos ataques.

“Enviarei tudo o que estiver disponível nos nossos arquivos assim que possível.”

— Fico muito agradecido, mestre.

Assim, a chamada foi encerrada, com o holograma de mestre Windu desaparecendo no comunicador.

— Para onde você planeja ir, mestre? – perguntou Obi-Wan, visivelmente curioso.

Qui-Gon, no entanto, não respondeu de imediato.

Havia centenas de possibilidades em sua cabeça. Coruscant estava fora de cogitação. Era um centro regional muito movimentado e, sendo a capital da República, óbvio demais. Se os caçadores de recompensas contratados para matar Satine estavam se reunindo em uma organização (a Guilda, como ele havia descoberto ao invadir a mente do pobre rodiano), eles poderiam invadir até mesmo o Templo Jedi, se fosse necessário. Havia alguns pequenos planetas na Orla Exterior que poderia servir de esconderijos. Locais afastados e abandonados que poderiam servir muito bem ao propósito de manter a Duquesa isolada do restante da galáxia. Mas era justamente esse isolamento que atraia toda a forma de atividade ilegal, inclusive caçadores de recompensas. Levar a Duquesa para pequenos planetas na Orla Exterior poderia ser um tiro saindo pela culatra.

— Ainda não sei – Qui-Gon respondeu, honestamente. – Mas teremos bastantes tempo para pensarmos nisso até chegarmos à pista de pouso da qual mestre Windu falou. Aguardo ansiosamente a sua contribuição, meu caro Padawan.

Qui-Gon riu quando Obi-Wan revirou os olhos nas órbitas, crente de que havia transferido com sucesso aquela responsabilidade para o seu aprendiz.

 

— Entre – respondeu Bo-Katan, quando alguém bateu à porta de seu quarto.

Lentamente, Satine girou a maçaneta, abrindo a porta e entrando apenas poucos passos no ambiente. Ao ver a irmã mais velha, feições frias surgiram no rosto de Bo-Katan. Havia raiva, mas, acima de tudo, havia decepção. E era isso que mais deixava Satine chateada.

— O que você quer? – perguntou a mais nova das princesas de Mandalore.

— Estou partindo – disse Satine, mantendo um tom de voz suave de quem sabia ter chateado outra pessoa. – Nesse exato instante. E eu não queria ir embora estando... desse jeito... com você.

— Eu lamento, irmã – Bo-Katan respondeu. – Mas, nesse quesito, eu não vou poder te ajudar.

Frustrada, Bo-Katan se virou, olhando Sundari através de sua janela. Não queria olhar para Satine. Sabia que, se o fizesse, com certeza a perdoaria. Mas Satine não merecia perdão.

— Como você tem coragem de deixar Mandalore? – perguntou ela. – Como você se atreve a uma desonra dessas? Como você aceitou uma absurda idéia dessas dos Jedi?

— Antes de mais nada, queria lhe lembrar de que chamar os Jedi aqui foi idéia sua – respondeu Satine.

— E você nem me imagina o quanto eu me arrependo disso.

E Bo-Katan realmente se arrependia disso.

— Bo...

— Não me chame assim! – gritou a jovem.

Satine, assustada, não contestou, mas avançou mais alguns passos para dentro do quarto.

— Você não sabe como é difícil pra mim ter que fazer isso – a Duquesa começou. – Existe tanta coisa em jogo e não importa qual decisão eu tomasse, haverá pontos negativos de qualquer jeito. Mas, se eu quero ter uma chance de sobreviver, eu preciso ir embora.

— Um verdadeiro mandaloriano não fugiria assim, tão covardemente – rebateu Bo-Katan. – Um verdadeiro mandaloriano ficaria e lutaria até se ver livre disso. Ou morreria tentando.

— Os antigos mandalorianos, você quer dizer – Satine continuou. – Mas não eu. Eu não posso mais compactuar com algo que destruiu o nosso planeta. Ficar e lutar, como você sugere, seria negar tudo o que conquistei até agora.

— Então você é uma covarde – conclui Bo-Katan. – E Mandalore não é mesmo o seu lugar.

— Bo...

— EU JÁ TE DISSE PRA NÃO ME CHAMAR ASSIM!

Nesse momento, Bo-Katan se virou. Assustada, Satine recuou apenas um passo antes de ver, nos olhos marejados da irmã, que ela estava prestes a começar a chorar.

— O que você quer de mim, afinal? – quis saber a mais nova.

— Seu perdão – respondeu Satine, o mais sinceramente possível. – Se não isso, ao menos um abraço. Seria pedir muito?

Bo-Katan não respondeu. Ela se voltou para a janela. O que Satine fazia era imperdoável. Não havia perdão para isso... Como ela podia sequer cogitar a possibilidade de ir embora? Poucos dias antes, a própria Satine havia repudiado a simples idéia de se esconder em Kalevala, ainda no sistema. Mas, agora, seguindo a sugestão de um Jedi, ela aceitava deixar Mandalore sem que ninguém soubesse onde ela estaria. Como ela podia fazer isso? Como podia ter aceitado isso?

— Lady Kryze – Bo-Katan ouviu a voz do mestre Jedi. – Precisamos partir.

Bo-Katan ainda se manteve em silêncio. Porque, no fundo, não era apenas Mandalore que Satine estava deixando para trás. Ela estava deixando a sua irmã também. E Bo-Katan não conseguia suportar a idéia de ser traída dessa forma. Abandonada sem sequer ter o direito de ter notícias da irmã. Aquilo tornava a traição de Satine ainda mais amarga. Ainda mais pessoal.

— Eu te amo, Bo – disse Satine. Bo-Katan conseguia ouvir a voz da irmã a menos de um metro atrás dela. – Apesar de tudo, eu te amo.

E Bo-Katan não respondeu.

Talvez, se ela se virasse... se ela a abraçasse... Satine desistiria daquele absurdo. Talvez... Satine ficaria em Mandalore. Podiam achar outro meio... outra alternativa... juntas!

Crente de que poderia ainda manter a irmã em Mandalore, Bo-Katan se virou. Daria a ela o abraço que ela tanto queria. Ou o perdão, pouco lhe importava. Mas já não havia mais ninguém no quarto além dela. Satine havia ido embora.

E deixado ela sozinha.

 

Quando chegou ao andar térreo do palácio, encontrando Qui-Gon e Obi-Wan em frente a grande escadaria, Satina já havia enxugado as suas lágrimas, mas sabia que seu rosto vermelho e seus olhos úmidos haviam lhe traído, denunciando seu recente choro. Ela ficou feliz que os dois Jedi tenham sido educados o suficiente para fingir que não haviam notado.

O speeder à sua frente era velho e, por isso, facilmente se camuflaria em Sundari até que conseguissem se afastar da cidade. Após isso, a Duquesa não fazia idéia do que os Jedi planejavam fazer. Após um soldado abrir a porta, Satine se acomodou no banco de trás, enquanto os dois Jedi se sentavam nos dois assentos à frente. Poucos segundos depois, Qui-Gon começou a conduzir o speeder.

“Não olhe pra trás”, Satine disse a si mesma quando o speeder deixou o palácio.

Sabia que uma última visão do palácio de Sundari, sem saber quando estaria lá novamente, doeria em sua memória até o fim daquela viagem insana que estava sendo iniciada. Uma viagem sem destino e sem previsão para acabar. Nem em seus dias mais rebeldes Satine imaginar estar em uma situação como essas: sem destino e na companhia de dois Jedi.

Mas, incapaz de seguir o que sua mente lhe aconselhava, Satine se virou.

Como se fosse um movimento instintivo, seus olhos pousaram na janela do quarto de Bo-Katan. E lá estava a sua irmã mais nova. Olhando-a com um misto de desprezo e decepção que deixava o coração de Satine ainda mais despedaçado do que ele já estava. A própria Satine não se lembrava de, alguma vez, já ter visto a irmã chorar, mas ela sabia que jamais esqueceria da imagem do rosto da jovem princesa tomado por lágrimas.

Apenas quando a distância tornou o rosto de Bo-Katan um pequeno borrão à distância, foi que Satine se ajeitou no banco, enquanto o speeder saia do palácio e adentrava as ruas de Sundari.

— Eu apenas posso imaginar como deve estar se sentindo por ter que deixar o seu lar, Duquesa – disse Qui-Gon, quando, finalmente, se encontravam do lado de fora de Sundari, sobrevoando o solo mandaroliano a alguns centímetros de altura em alta velocidade. – Mas, se tudo der certo, seu tempo longe será breve. Vamos torcer para que a Força oriente o Serviço Secreto e que os responsáveis sejam logo capturados.

— Eu agradeço a sua empatia, mestre Jedi – disse Satine. – Mas Sundari não é meu lar. Infelizmente, ainda não vivi lá tempo o suficiente para chamá-la assim. Meu lar são as pessoas que estou deixando para trás.

— Eu entendo perfeitamente, Duquesa – ele respondeu. – E pode me chamar pelo meu primeiro nome. Acho que, se vamos passar algum tempo fugindo juntos pela galáxia, um pouco de intimidade pode tornar a experiência bem menos insuportável, não?

Satine sorriu, quase se esquecendo, por um instante, de sua atual situação.

— Com certeza, mest... Qui-Gon – ele se corrigiu logo em seguida. – E você pode me chamar de Satine. Vocês dois, na verdade – ela acrescentou rapidamente, olhando para Obi-Wan. – A minha vida toda foi “princesa” pra lá, “Duquesa” pra cá... Céus, como isso é insuportável!

— Farei o meu possível pra lembrar disso, Satine — disse Obi-Wan, olhando rapidamente para trás.

Ao perceber que, involuntariamente, sorriu para a jovem, Obi-Wan ajeitou sua postura no speeder, voltando a olhar para frente.

— E você? – ela perguntou, finalmente se lembrando de que Obi-Wan estava lá também. – Eu aposto que “Padawan” não deve ser o seu jeito favorito de ser chamado.

— Bem, na verdade, as pessoas usam mais esse termo quando estão tentando me ensinar alguma coisa. Ou mostrar superioridade, como no caso de alguns mestres do Conselho.

— Ou te dar uma bronca – Qui-Gon acrescentou, fazendo Satine rir.

Com o canto de olho, Obi-Wan lançou um olhar frio para seu mestre. “Por favor, mestre, não me faça passar por isso”, Qui-Gon ouviu a voz de seu aprendiz em sua mente, usando todo o seu auto-controle para evitar exteriorizar uma gargalhada.

— “Obi-Wan” está bom pra você, então? – questionou Satine.

— Está ótimo – Obi-Wan confirmou.

— Os mais íntimos o chamam de “Ben”, – Qui-Gon voltou a se manifestar.

Novamente, Obi-Wan lhe lançou o mesmo olhar. Qui-Gon, no entanto, estava com a pele de seu rosto vermelha ao evitar a sua risada.

 

­– Quando você me contratou, não havia mencionado que haveria Jedi envolvidos – disse Hoovar, andando de um lado para o outro, pensativo, em um velho quarto de uma casa abandonada em Keldabe. – Se tivesse, teríamos nos preparado melhor e Greef não estaria até agora dentro de um tanque bacta. Você viu a extensão das queimaduras que aquela explosão deixou nele? Ele teve sorte de conseguir deixar aquela mina de beskar com vida.

— Eu lamento não ter mencionado esse detalhe – respondeu Vizsla, crente de que, se o tivesse feito antes, com certeza Hoovar teria negado o trabalho ou cobrado um preço exorbitante demais.

A presença de outros caçadores de recompensas na sala era extremamente ameaçadora. Cada vez mais, os presentes cercavam Vizsla, deixando-o acuado.

— Detalhe? – vociferou Hoovar. – Acha que sou uma piada? Cada um dos meus homens vale um preço inestimável para a sobrevivência da minha corporação. Por causa do seu detalhe, eu precisei eliminar um deles e o outro está incapacitado por tempo indeterminado! Eu devia te cobrar o dobro do preço por esse serviço, sabia? Ou te matar e acabar com o negócio aqui e agora.

Hoovar apontou o próprio blaster para Vizsla e atirou.

O disparo vermelho richocheteou na armadura de beskar que o homem vestia por debaixo de sua túnica. Graças ao susto e ao impacto, Vizsla caiu sentado no chão.

— Como sabia que eu estava com a minha armadura? – ele perguntou.

— Eu não sabia – respondeu o caçador de recompensas, deixando Vizsla ainda mais chocado. – Agora, tem mais alguma coisa que eu preciso saber? Mais algum detalhe que você não tenha mencionado antes?

Vizsla, com o coração acelerado e sob a mira de vários blasters dos caçadores de recompensas, gaguejou antes de responder.

— Não...

— Ótimo – rebateu Hoovar. – Agora, vá embora daqui antes que eu mude de idéia e mate você de uma vez por todas. Eu tenho uma Duquesa para rastrear.

O governador de Concordia, ainda em choque, levantou-se e saiu do quarto, cambaleando. Hoovar observou toda a cena entusiasmado, olhando pela janela até ver Vizsla deixar a casa e desaparecer nas ruas quase completamente vazias de Keldabe.

 

Estava começando a escurecer quando o speeder, finalmente, atingiu a orla de uma floresta. Era quase inacreditável ver árvores em Mandalore, mas nem Qui-Gon e nem Obi-Wan se surpreendiam ao ver que, a maioria delas estava morta ou com suas folhas quase integralmente secas. A floresta estava mais para um cemitério de árvores do que uma floresta propriamente dita.

— Quanto tempo respirando o ar de Mandalore para ficarmos assim, Duque... Satine? – perguntou Obi-Wan, apontando para as árvores enquanto abandonavam o speeder, recolhendo mochilas, bolsas e acessórios.

— O ar de Mandalore é venenoso, sim – disse Satine. – Mas não é radioativo. As pessoas pensam que vão morrer se ficarem algumas horas expostas, mas isso é uma mentira. Isso – Satine apontou para as árvores – é resultado de décadas de exposição aos gases. Mas, respondendo à sua pergunta, eu diria que, se você ficar algumas semanas respirando aqui fora sem respirar ar puro em nenhum momento, pode ser que comece a sentir tontura, enjôos, dores de cabeça e outras coisas. Para morrer, serão necessários uns dois ou três anos.

— Aparentemente, uma morte bem lenta e horrível – concluiu Qui-Gon. – Mas, agora, se não quisermos virar refeição de nenhum animal ai dentro, – ele indicou a floresta – acho bom começarmos a procurar um lugar para passarmos a noite.

Satine logo se adiantou, tomando a dianteira do grupo e sendo a primeira a entrar na floresta.

— Talvez vocês possam se aproveitar um pouco do meu conhecimento – ela disse. – Existe uma estrada abandonada bem próxima daqui que leva à pista de pouso e, um pouco adiante dela, uma caverna. Acho que podemos passar a noite lá. Não vai ser tão confortável quando o quarto de vocês no palácio, mas acho que vai ser suficiente.

— Conforto não é problema – rebateu Obi-Wan. – Eu e mestre Qui-Gon já dormimos em lugares muito piores.

Imediatamente, os dois Jedi começaram a seguir a Duquesa, entrando na floresta e se surpreendendo como a jovem conseguia andar com facilidade no terreno irregular do local, passando por entre as raízes das árvores ou por imensas pedras como se aquele tipo de movimentação fosse parte de seu dia-a-dia.

— Para alguém da nobreza, você até parece estar bem habituada com esse tipo de ambiente – comentou Qui-Gon.

— Eu não fui Duquesa à vida toda, não sei isso ficou claro – respondeu Satine ironicamente, rindo conforme as lembranças assolavam a sua mente. – Já tive os meus dias mais rebeldes em que eu deixava meus pais completamente loucos quando eu desaparecia para explorar alguns lugares. E as florestas devastadas de Mandalore sempre foram uma paixão pra mim.

Em pouquíssimos instantes, o trio chegou à estrada que Satine havia mencionada.

Realmente, o local devia estar abandonado há dezenas (talvez, centenas) de anos. A pista estava completamente desgastada, com raízes de árvores de estendendo por todos os lados e a hera crescendo nos poucos espaços que ainda restavam intactos. Faltava muito pouco para que todo o espaço tivesse sido completamente reclamado pela floresta de volta para si.

— Venham – orientou Satine, adentrando a estrada. – Estamos quase chegando.

E, realmente, a Duques não estava enganada. Alguns minutos à frente na estrada, ela voltou a adentrar a floresta. Caminhando por alguns minutos colina acima, finalmente, eles chegaram a uma abertura na rocha, a tal caverna que Satine havia mencionado, poucos instantes antes de a escuridão da noite tornar impossível qualquer movimentação.

— Obrigado pela sua liderança, Satine – agradeceu Qui-Gon, logo após eles se acomodarem e conseguirem acender uma fogueira na entrada da caverna. – Agora, se quiser, fique aqui e repouse. Eu e Obi-Wan vamos procurar comida.

A caverna era pequena. Basicamente, uma curta escavação na rocha, sem muito prolongamentos para o subsolo do planeta. Dessa forma toda a luz que emanava da fogueira era mais do que suficiente para iluminar todo o seu interior. Mas o calor do fogo apenas atingia alguns poucos metros adentro, de forma que Satine se sentou muito próxima à fogueira, vendo mestre e aprendiz se distanciarem na escuridão.

Enquanto ela os perdeu de vista rapidamente, os dois Jedi demoraram a perdê-la. Ao longe, a luz da fogueira era visível há metros de distância. Por um lado, isso era bom: conseguiriam encontrar o caminho de volta muito facilmente. Por outro, qualquer caçador de recompensas que pudesse estar na região a encontraria facilmente. Mas essa não era uma preocupação no momento. Não havia nenhum distúrbio na Força que preocupasse nenhum dos dois.

Mas havia uma quantidade muito pequena de formas de vida comestíveis naquela floresta. Poucas frutas que os dois Jedi conheciam e ainda menos animais (e o animais ali existentes eram de porte pequeno demais para alimentar três pessoas). Ao fim, eles tiveram que se contentar com alguns ovos de lagartos e cogumelos que encontraram próximo a um tronco de árvore caído.

— Acha seguro comer isso, mestre? – perguntou Obi-Wan, já próximos de chegar à caverna. – Digo, se o ar de Mandalore é tão venenoso assim, por que o solo seria diferente? Esses cogumelos podem estar todos impregnados com seja lá o que exista por aqui.

— Se é seguro, eu não sei – Qui-Gon foi completamente honesto. – Desde que nos alimente e não nos mate com a pior diarréia das nossas vidas, já vai me deixar muito satisfeito.

Obi-Wan riu no momento em que a Duquesa voltou a se tornar visível, sentada no mesmo local que havia repousado pouco antes dos dois Jedi saírem para buscar comida.

  

Havia um sentimento estranho no peito dela. Um aperto diferente de tudo o que ela jamais sentira. Não era raiva, frustração ou decepção, apenas. Tampouco era saudade. Talvez, um misto entre tudo isso. O fato era que aquele talvez tivesse sido o dia mais vazio de toda a sua vida. As horas pareciam levar séculos para passarem e Bo-Katan falha em absolutamente tudo que se propusera a fazer. Apenas da intensa luminosidade que a cúpula de Sundari proporcionava, imitando o céu diurno de Mandalore, seu dia fora completamente cinza. Como se a alegria tivesse deixado o seu corpo para nunca mais voltar.

Mas, apesar de não saber definir o vazio que a tomava, havia um sentimento que ela sabia muito bem definir.

Raiva.

Uma raiva que consumia cada fibra de músculo de seu corpo, que fazia o seu sangue pulsar tão violentamente a ponto de sua cabeça latejar. Uma raiva tão única e pura que a jovem princesa mandaloriana se assustava por sentir aquilo da própria irmã. Apesar de suas (imensas) diferenças, eram irmãs. Mas nem mesmo os laços familiares salvavam Satine de ser o alvo daquela raiva tão incontrolável que Bo-Katan sentia.

“Eu te amo, Bo. Apesar de tudo, eu te amo.”

As palavras da irmã ecoavam em sua cabeça. Como ela ousava dizer uma coisa dessas? Apesar de tudo?! Quem estava indo embora era ela. Era Satine quem estava abandonando Mandalore. Era Satine quem estava deixando tudo para trás para salvar a própria vida. E mesmo assim ela falava como se Bo-Katan fosse a culpada. Como Satine podia ser tão egoísta a esse ponto?

Sentada em frente ao espelho da grande penteadeira em seu quarto, sentia sua raiva pulsar por todo o seu corpo. Como um animal que a dominava e a obrigaria fazer coisas terríveis, se tivesse a chance. Terríveis, sim, mas nunca trair o seu próprio planeta. Nunca iria abandoná-lo como Satine fizera. Mas, para isso, ser uma princesa já não era suficiente. Se sua irmã fora covarde demais pra ficar e fazer o que devia ser feito, ela faria. Iria lutar.

Bo-Katan se levantou e foi até o seu armário. Em seu interior, dezenas de vestidos, lenços e fitas. Tudo o que uma princesa precisava para integrar a corte. Mas não ela. Não mais. Nunca mais! Ela afastou todas as ruas roupas de cetim, seda e veludo até encontrar o que procurava. Grande e pesada, a caixa foi arrastada para fora do armário e, quando aberta, Bo-Katan encontrou o que procurava.

Apesar de empoeirada, a armadura azul e prata ainda conservava uma glória inexplicável. Uma beleza de quem já lutara por Mandalore e enfrentara décadas de trabalho para a construção do planeta.

Seria ela digna de usar aquela armadura?

Bo-Katan ficou imóvel por alguns instantes, como se tocar a armadura pudesse desonrar o seu legado.

Mas não... Ela jamais desonraria a armadura. Não enquanto a usasse para lutar pelo seu planeya.

Decidida, ela fez tudo muito rápido. Retirou seu vestido e desfez o pomposo penteado, deixando-se que seus longos cabelos ondulados caíssem pelas suas costas. Em instantes, ela estava vestindo a armadura, sentindo o seu peso em seu corpo e apertando as tiras de couro que ajustavam cada uma de suas partes à sua forma física.

E, ao se olhar no espelho, ela gostou do que via. Pela primeira vez na vida, ela se sentia imponente. Ameaçadora, poderosa. Mandaloriana.

Mas ainda havia algo que não se encaixava em sua nova imagem.

Deixando toda a sua raiva lhe consumir, Bo-Katan se adiantou até a penteadeira. Enquanto uma mão agarrava a tesoura, a outra juntava seus longos cabelos ruivos atrás da cabeça. Ela os puxava com força, imprimindo-lhe uma forte dor de cabeça. Mas o som deles sendo cortados lhe dava um prazer que obscurecia toda e qualquer dor. Porque ela sabia que aquela dor não era uma simples dor de cabeça. Era a dor do parto da nova Bo-Katan. Não mais princesa. Nunca mais uma princesa.

Uma soldado de Mandalore.

Uma soldado que não mais precisava de nada naquele lugar.

Decidida a abandonar sua antiga vida para sempre, Bo-Katan socou o espelho de sua penteadeira.

E o som do vidro de partindo ao impacto com o beskar foi a música mais linda que a sua raiva poderia ouvir.

A porta do quarto rapidamente se abriu.

— Milady! – perguntou a mulher que adentrou o ambiente exasperada, uma oficial da guarda-real. – O que houv...

Por debaixo do capacete preto e amarelo que vestia, a mulher pareceu se espantar com o que via. Não apenas pelo espelho destruído e fragmentado. Mas pela imponente mulher que estava à sua frente. Poderosa como jamais fora.

— Ursa – chamou Bo-Katan. – Posso te considerar uma amiga, certo?

Ainda na mesma posição de guarda que assumira ao entrar no quarto, esperando encontrar um combate em que se envolveria pela defesa de Bo-Katan, Ursa Wren fez que sim com a cabeça, sem entender muito bem o que se passava e qual o motivo de tudo aquilo.

— Sim, milady – ela respondeu.

— Excelente – Bo-Katan estava mais do que satisfeita com a resposta. – Então, como amiga, você me ensinaria a lutar com uma armadura dessas?

  

Satine acordou no meio da noite, ainda ouvindo o crepitar da fogueira. Qui-Gon dormia a poucos metros de distância dela. Ao olhar para a saída da caverna, ela viu Obi-Wan sentado ao lado da fogueira. Claramente, o turno de vigília de Qui-Gon havia terminado e era a vez do Padawan de ficar alerta. A jovem Duquesa observou o rapaz por alguns instantes antes de, finalmente, perceber que ele estava meditando. Sutilmente, ela se levantou e caminhou até ele, sentando ao seu lado e se sentindo grata pelo calor da fogueira.

— Não consegue mais dormir?

Ele o olhou, surpresa. Não imaginava que, mesmo de olhos fechados, ele havia notado a sua presença. Mas, ao mirar o seu rosto, Satine viu que ele já não mais meditava.

— Não quero parecer a garota mimada, mas eu amo a minha cama – ela respondeu. – Dormir em qualquer outro lugar me faz ter um sono péssimo e fragmentado. Às vezes, acordo e não consigo voltar a dormir. Principalmente se estou dormindo diretamente sobre uma pedra.

Obi-Wan riu.

— Eu te entendo perfeitamente – ele respondeu. – Mas eu espero que o Conselho nos envie uma nave mais confortável que a caverna. Deve haver pelo menos uma cabine com pelo menos um colchonete ou algo do tipo. Será só por essa noite, Duq... Satine.

A jovem Duquesa, então, aproximou-se da fogueira, estendendo suas mãos para se aquecer.

— Sabe, eu admiro a vida que vocês levam – ela começou. – Viajando a galáxia, ajudando as pessoas. Deve ser uma vida de muita privação e abnegação, mas deve ser recompensador. Uma sensação de ser útil para alguém, de fazer o bem, de transformar a galáxia em um lugar melhor.

— É, sim – concordou Obi-Wan. – Realmente, existe muita privação envolvida. Não é a vida mais confortável que existe, mas é muito gratificante. Mas não deve ser muito diferente de estar no governo, não é? Claro... mantendo as devidas proporções... mas você e outros líderes também trabalham em prol de um bem comum, não é? Para ajudar as pessoas.

Satine o olhou com estranhamento.

— Você não convive muito com políticos, não é? – ela riu.

— Não muito – ele confessou, sorrindo.

— Isso era o que deveria acontecer, na verdade – disse Satine. – Discutirmos as opções e chegarmos a uma conclusão que vise o bem comum e, se não for possível, que vise, ao menos, o bem da maioria. Mas esse é um mundo idílico demais. A real é que a maior parte dos políticos nem sequer conhecem o território que governam e fazem o que bem entendem pensando no seu próprio bem enquanto se esforçam para aparecer em atividades de caridade e forçar a idéia de que são santos.

— Você não me parece esse tipo de pessoa.

Satine o olhou, curiosa. Em seu rosto, havia uma mistura de gratidão com algo que Obi-Wan não soube identificar prontamente: ela o olhava com... pena?... como se ele não soubesse do que estava falando ou como se fosse alguém inocente demais para aquela conversa.

— Obrigada – ela respondeu, por fim. – Mas o jogo por trás de tudo é muito sujo. Às vezes eu me pergunto quanto tempo eu vou aguentar numa posição dessas sem me corromper.

— Bem, você está sendo perseguida justamente por não ter se corrompido, não é? – questionou Obi-Wan. – Você sugeriu uma via alternativa de atuação, mas o jogo é tão sujo... como você disse... que eles querem te eliminar pra voltar tudo à antiga ordem.

Era uma consideração interessante na qual Satine ainda não havia pensado anteriormente. Sentindo-se lisonjeada, ela voltou a encarar o fogo.

— Já que entramos nesse assunto, eu acho que ainda não te agradeci devidamente pelo que você fez ontem a noite – ela disse, sem olhar para ele. – Durante a invasão do palácio.

— Eu apenas estava cumprindo o meu dever – rebateu Obi-Wan.

— Chame do que quiser, mas você salvou a minha vida – ela interveio. – Você fez mais do que quatro soldados altamente bem treinados da minha guarda pessoal. Se você não estivesse lá naquele momento, eu, provavelmente, não estaria aqui agora. Obrigada.

— Não há de quê – ele respondeu.

Os dois permaneceram alguns instantes em silêncio. Um silêncio tão profundo que, durante todo esse tempo, o único som audível era o crepitar das chamas na fogueira e o som da brisa atingindo as folhas secas nas copas das árvores moribundas. Então, Satine se permitiu, lentamente, pousar a cabeça sobre o ombro dele. Em um primeiro momento, Obi-Wan fingiu não ter notado o movimento, embora, instintivamente, ele tenha deslocado o braço por trás das costas da Duquesa. Após ponderar por alguns instantes, o rapaz, finalmente, pousou a mão sobre o ombro oposto dela. Apenas após isso, o corpo de Satine deixou de assumir a postura rígida que mantinha, tornando-se relaxado.

E, assim, os dois permaneceram. Até que Satine adormecesse novamente e até que o sol nascesse.

 

O terraço do palácio de Sundari era o lugar perfeito para conversar sem ser descoberto. Era um lugar vazio, muito arborizado e com um amplo espaço, de forma que era quase impossível ser visto (ou filmado por alguma das câmeras de segurança) e ser ouvido simultaneamente. Principalmente, de madrugada.

— Mandou me chamar, senhor?

A voz retirou Pre Vizsla de seus devaneios, fazendo-o se virar.

À sua frente, estava um homem um pouco mais velho do que ele, mas que lhe era devoto de uma lealdade inabalável. Um de seus poucos aliados dentro do palácio, com quem poderia contar facilmente para qualquer coisa.

O ministro responsável pela administração das colônias.

— Boa noite, Eldar – disse Vizsla. – Está na hora.

— Excelente – disse o ministro. – Amanhã mesmo, iniciarei a retirada dos soldados das colônias e darei ordens para que os soldados que sobrarem aumentem a repressão.

— Comece por Botajef – Vizsla adicionou. – Eu me lembro muito bem de ouvir Zaar orientado Satine a começar por uma colônia menor. Em seguida, avance para outras. Tenho certeza de que, independentemente do que aconteça, você conseguirá produzir os relatórios necessários para que aquele velho insuportável autorize o processo em outras colônias, certo?

— É claro que sim, senhor – Eldar respondeu solenemente.

— Perfeito! – Vizsla parecia sentir prazer com seu próprio plano. – Mas seja rápido. Precisamos que Sundari esteja desabastecida em pouco tempo. Quanto mais colônias se rebeleram, mais rápido isso irá acontecer. Se formos eficientes, não vai demorar muito tempo até que as pessoas estejam passando fome os próprios novos mandalorianos da Duquesa estejam nas ruas pedindo pela cabeça dela.

Finalmente, um ponto que levantava a curiosidade de Eldar.

— E quanto a Duquesa propriamente dita, senhor? – ele perguntou. – O que vamos fazer à respeito?

— Não se preocupe com ela – Vizsla respondeu. – Eu estou cuidando de tudo. Ela será eliminada antes que possa imaginar.

 

— Por aqui – disse Satine, conduzindo os Jedi colina acima. – Estamos chegando.

Era difícil caminhar pelo terreno irregular da floresta carregando praticamente uma mudança inteira de malas, bolsas e mochilas (principalmente para mestre Qui-Gon, que sentia fortes dores em sua perna devido à facada que recebera durante o ataque ao palácio, embora preferisse sofrer em silêncio a pedir ajuda para dividir o peso que carregava). A Duquesa parecia não ter problema com isso, no entanto; como já havia mostrado no dia anterior, ela estava bem habituada ao seu planeta. Tão bem habituada que sua orientação era tão precisa quanto o localizador de Qui-Gon, que também apontava o topo da colina que subiam como o local da pista de pouso.

A poucos metros do topo, um som chamou a atenção do grupo. Um som mecânico que se aproximava, cortando o ar. Eles olharam para cima a tempo de ver, passando pela copa das árvores, duas naves. A primeira era um cruzador de pequeno porte, de tamanho mais do que adequado para que os três pudessem viajar pela galáxia com um mínimo e conforto. A segunda, muito menor, era um caça Jedi de cor verde.

A ajuda havia chegado.

E lá estava ela. No alto da colina, no meio de uma pista de pouso tão deteriorada quanto a estrada no meio da floresta e esperando pacificamente em frente as naves, a mulher sorria ao ver os três, finalmente, vindo ao seu encontro.

— Obrigado por ter vindo em nosso socorro – disse Qui-Gon, ao se aproximar.

— Não há porque agradecer, Qui-Gon – disse Depa Billaba. – Então, você é a Duquesa? É uma honra conhecê-la – Depa fez uma reverência para Satine.

— A honra é minha, mestre Jedi – a jovem respondeu. – Muito obrigada pela ajuda.

— Estou aqui para servir – Depa sorriu ao responder a Duquesa. – Não acredito que essa seja a melhor nave para alguém da realeza. Nem mesmo a mais confortável. Ou a mais luxuosa. Mas com certeza, servirá ao propósito de transportá-los sem chamar atenção e com segurança.

— É muito mais do que eu poderia pedir – Satine rebateu em seguida. – Não tenho palavras para agradecer a generosidade. Por favor, transmita os meus cumprimentos aos seus superiores.

Formalmente, Depa acenou com a cabeça.

— Será feito, Duquesa.

— Obi-Wan, pode ajudar a Duquesa a levar as bagagens para dentro? – pediu Qui-Gon.

— Sim, mestre.

E, assim, o Padawan, já sobrecarregado com as bagagens que carregava, se apossou das bagagens que o próprio Qui-Gon trazia, levando-as desajeitadamente para o interior da nave por meio da rampa abaixada. Era evidente que o excesso de peso em seus braços estava prejudicando o equilíbrio do rapaz, mas, orgulhoso, ele negou ajuda quando Satine se ofereceu para dividir com ele a tarefa.

— Mais uma vez, muito obrigada pela sua ajuda, mestre Jedi – disse Satine.

Mesmo equilibrando as malas em seus ombros, Obi-Wan ainda ofereceu a mão para que Satine subisse na nave.

Finalmente, sozinhos, Depa aproximou-se de Qui-Gon e, juntos, começaram uma lenta caminhada até o caça Jedi verde parado ao lado da grande nave.

— Então, vocês estão lidando com Hoovar? – ela perguntou e o Jedi confirmou com um “uhum”. – Eu precisei lidar com um dos caçadores de recompensas dele em Utapau alguns anos atrás. Era muito bem treinado e altamente eficaz, quase conseguiu me matar. E ele tinha uma lealdade absurda ao seu empregador. Quando viu que estava encurralado e que seria preso, ele se matou. Sabia que seria forçado a entregar informações se continuasse vivo, mas, mesmo assim, optou por se jogar daquele penhasco.

— Um comportamento um tanto quanto curioso para caçadores de recompensas, não? – apontou Qui-Gon.

— Muito! – Depa concordou. – De qualquer forma, mestre Windu pediu para lhe informar que está recolhendo todas as informações que temos em relação a Hoovar. Ele irá te enviar um relatório o mais rapidamente possível.

— Muito obrigado, Depa.

Nesse momento, os dois fizeram uma rápida reverência ao outro e Depa subiu em seu caça.

— Agora, eu realmente preciso ir – ela informou. – O dever me chama em Bonadan. Que a Força esteja com você, meu caro amigo.

— Que a Força esteja com você também – Qui-Gon respondeu.

Em instantes, o caça de Depa estava planando sobre a pista de pouso e, segundos depois, desaparecia por entre as nuvens de Mandalore.

Silenciosamente, Qui-Gon caminhou até o interior da nave.

— Já pensou em nosso destino, Obi-Wan? – perguntou ele, ao chegar ao cockpit e encontrar seu aprendiz e a Duquesa já devidamente sentados e prontos para partir.

— Infelizmente, não tive nenhuma idéia que acho que seria de seu agrado, mestre – foi a resposta.

— Excelente – Qui-Gon respondeu, tomando o seu assento. – Porque eu tive uma.

Ele apertou alguns botões no painel à sua frente.

Instantes depois, um holograma surgir em frente ao trio. O rosto de um homem.

— Meu bom e velho amigo – disse o holograma do Conde Dookan, visivelmente feliz em ver o rosto de seu antigo Padawan. – A que devo a honra?


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Notas finais do capítulo

Eu to DOIDA de vontade de ler a reação de vocês com esse final HAHAHAHA

Enfim, espero MUITO que tenham gostado.

Eu queria agradecer demais a paciência. Tudo está se encaixando e dando certo na mudança, mas toma tempo e tem muita burocracia envolvida em mudar de cidade hahaha

Beijinhos e até o próximo, meus amores ♥

PS: Eu editei os títulos de todos os capítulos e EFETIVAMENTE dei um título hahaha Pessoalmente, não é algo que me incomoda muito como autora, mas como leitora é algo que me ajuda muito a me localizar na história. Então, se for o caso de vocês também, a alteração está feita.



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