Zona de Guerra 145, Bélgica.

Para meu maior Amor.

Quando você se foi, da primeira vez, disse que voltaria dali a 60 dias.

Eu esperei por cada segundo, por cada minuto, hora, dia e semana. Eram apenas 2 meses, todos me diziam, e aos poucos, comecei a acreditar. Logo você estaria aqui, ao meu lado. Iriamos nos casar, teríamos, três lindos filhos e todos eles teriam seus olhos, e meu nariz.

Seriamos felizes, e apesar dos traumas que você teria pelas mortes que havia visto, superaríamos. A guerra não atrapalharia nossa vida.

 Isso é ridículo. Faz um ano que você saiu, e nossos filhos, agora é apenas uma ilusão de minha mente. Faz um ano que estou contando os dias, para você voltar, e faz mais de seis meses, que... você não me responde.

Sinto como se estivesse escrevendo para Ninguém. Meu terapeuta, sim estou indo ao terapeuta, ele disse que isso me ajudaria a sobreviver ao luto da perda da guerra. Mas eu não quero... não quero aceitar que isso tenha acontecido. Você não pode ter me deixado. Sobreviveríamos com traumas, mas eu jamais conseguiria sobreviver sem você.

Você é uma parte essencial de minha vida. Desde o primeiro dia que eu o vi entrando numa sala de aula, eu vislumbrei nosso futuro. Nossos filhhos seriam tão lindos... Mas eles, não existem, e eu não existo sem você.

Desculpe, posso ter me exaltado nos últimos dois parágrafos, porém, não estou conseguindo... Se você receber essa carta, seja daqui um, dois meses, me responda. Permita que eu continue sonhando em te ter em meus braços uma última vez. 

Com Amor, Julie.

23 de Novembro de 1943, Washington, Estados Unidos da América.