We were something escrita por Just Aninha


Capítulo 2
Parte II




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Eu estava na sessão de bebidas do supermercado, escolhendo um vinho para levar para casa. Tinha tido dois encontros recentemente, o que acabou com o meu pequeno estoque de bebidas. Eu realmente precisava parar de chamar pessoas para minha casa depois de qualquer papo, seria saudável para mim esperar ser convidada algumas vezes. 

—Tan? – O chamado me pegou de surpresa. 

Não era possível, só uma pessoa me chamava daquele jeito. Uma pessoa que eu não via há um ano desde o seu casamento. Me virei e ali estava Edward Cullen, parado na entrada do corredor de bebidas do supermercado. 

—Edward! Quanto tempo! 

—Bastante! Você sumiu – Ele se aproximou e me cumprimentou com um abraço e um breve beijo na têmpora. 

—Estive ocupada – Não queria admitir pra ele que estava fugindo, porque vê-lo feliz com outra pessoa estava me machucando. 

—Vida badalada? – Ele indicou as duas garrafas de vinho nas minhas mãos, as quais eu comparava os rótulos antes dele aparecer. 

—Um pouco – Eu ri – E você? Não estou vendo nenhum desses no seu carrinho. 

—Nós não estamos bebendo lá em casa. 

—E por que não? Eu pensava que a vantagem dos casamentos era uma companhia sempre disponível para beber junto – Brinquei. 

—Talvez seja mesmo – Ele riu – Mas Bella está grávida e, se ela não está bebendo, eu também não vou beber sozinho em casa. 

Wow! Pai! Edward ia ser pai! Por essa eu não esperava, fui pega completamente de surpresa pela notícia. 

—Oh meu Deus! Você vai ser pai! Meus parabéns! – Me forcei a esboçar um pouco de felicidade e a abraçá-lo, desejando felicitações. 

—Nossa! Faz tempo mesmo que você não aparece. Ela já está para nascer mês que vem. 

—Então é uma menina? 

—Sim, vai se chamar Renesmee. 

Eu tentei com todas as minhas forças conter uma careta diante do nome incomum, mas acho que não fui bem sucedida porque Edward riu. 

—Diferente. É grego? – Perguntei a primeira coisa que me veio à cabeça para tentar disfarçar minha reação. 

—Não – Ele riu novamente – Bella que inventou, é a mistura dos nomes das nossas mães, Renée e Esme. Eu sei que é diferente, mas ela estava tão satisfeita com sua escolha que eu não pude discordar dela. Além disso, acho até que tem certo charme nesse nome. Nossa filha terá um nome único, ninguém jamais será igual a ela. Uma criança excepcional. 

O jeito como ele falava daquele bebê com adoração me fez perceber que minhas fantasias tinham sido em vão. Edward tinha optado por formar uma família com a esposa e a filha, eu não podia mais lutar contra as escolhas que ele mesmo tinha feito. 

—Você deveria aparecer para uma visita – Edward continuou – A bebê logo vai nascer, você devia vir conhecê-la. 

—Claro! 

—Nós vamos estar te esperando! 

—Eu vou aparecer – Prometi mais uma vez, mesmo sabendo que não cumpriria. 

—Agora eu preciso ir, tenho que pagar minhas compras. Boa sorte aí com a escolha do vinho. 

Eu ri. 

—Obrigada, Edward. Mande lembranças à Bella, diga que eu mandei felicitações pelo bebê. 

—Obrigado, Tan, vou dizer a ela. 

—A gente se vê, Edward. 

Ele me abraçou mais uma vez e saiu em direção aos caixas do supermercado. Já eu desisti de escolher entre um vinho e outro e decidi levar os dois, muito provavelmente esvaziaria um deles no mesmo dia, assim que chegasse em casa. Ainda acrescentei ao meu carrinho uma garrafa de gim, eu realmente precisava de álcool. 

~*~ 

Apesar da promessa que fiz ao Edward, eu ainda não estava pronta para encarar a felicidade dele com uma esposa e uma filha enquanto eu era apenas uma espectadora disso tudo. Nós trocamos algumas mensagens, nada muito frequente, mas não voltei a vê-lo. 

Pelas redes sociais, eu soube quando a filha dele nasceu. Edward tinha postado um longo texto emocionado para a menina. Pelo que eu pude entender, ela tinha nascido 2 semanas antes do previsto pelos médicos, após Bella sofrer um descolamento da placenta e ter que passar por uma cesariana de emergência. Elas passaram alguns dias internadas, com a bebê na UTI neonatal. Foi um período longo e difícil para ele, se dividindo entre ficar com as duas no hospital e manter as coisas no lugar enquanto elas não voltavam para casa. Confesso que fiquei emocionada quando li o que ele escreveu na postagem, mas felizmente depois de 3 dias tudo tinha ficado bem. Bella e Renesmee tinham recebido alta e a família dele finalmente estava completa. 

Eu mandei uma mensagem para ele assim que soube do nascimento da bebê e, durante todo o tempo em que ela esteve internada, Edward me manteve atualizada. Sempre por mensagem, nunca comigo indo visitá-los no hospital. Mandava mensagens positivas o tempo para ele, com votos de melhoras para elas. 

Quando tudo passou, eu fiquei realmente grata e feliz por eles. Edward também me mandou mensagem agradecendo todas as palavras de apoio que eu lhe dediquei naquele período e mais uma vez me convidou para conhecer a filha deles. Novamente eu prometi que iria, mas sabia que não cumpriria essa promessa. 

~*~ 

Em dezembro eu já vinha me esquivando dos convites de Edward para visitá-los há bastante tempo. Foi quando ele fez mais uma tentativa, e eu decidi que estava pronta para parar de ser covarde e voltar a encontrar uma pessoa que, afinal de contas, ainda era meu amigo. 

“Vamos fazer uma festa de natal antecipado aqui em casa” Ele tinha escrito na mensagem. 

Eu não respondi imediatamente, o que o fez mandar outra mensagem em seguida: 

“Você vem, né?” 

Ainda estava pesando os prós e os contras de ir a essa festa de natal na casa deles, mas eu precisava admitir para mim mesma que era bobagem querer evitar Edward e Bella, então respondi logo de uma vez. 

“Vou sim” 

“Pode contar comigo” Complementei. 

~*~ 

A festa de natal antecipada, para a qual havia sido convidada, seria apenas um jantar na casa deles na sexta-feira, uma semana antes do feriado propriamente dito. Fiquei um pouco em dúvida se deveria levar alguma coisa para o jantar ou algum presente para eles. Decidi, por fim, levar apenas uma lembrancinha para a bebê, já que eu ainda não a conhecia seria educado presenteá-la. 

Com minha parada no caminho para comprar um brinquedo para a criança, terminei me atrasando um pouco. Quando bati na porta do endereço que Edward me informou passava alguns minutos do horário que estava combinado. 

—Tanya! Você veio! – Bella me cumprimentou alegremente ao abrir a porta. Dentro da casa deles já estava cheio de gente e, no fundo da sala, eu consegui ver Edward com a filha nos braços. 

—Claro! Não podia deixar de vir! Eu trouxe uma lembrancinha para a sua filha – Mostrei a ela a sacolinha que estava nas minhas mãos. 

—Não precisava, Tanya, muito obrigada! – Bella pegou a embalagem e me guiou para dentro da casa enquanto fechava a porta – Vem, vou te apresentar ao pessoal. 

A segui, mas não demos muitos passos antes de pararmos ao lado do sofá onde os outros convidados estavam sentados. A casa não era exatamente grande, parecia mais um pequeno chalé no subúrbio de Chicago. 

—Esses são Carmen e Eleazar, da nossa igreja – Ela começou apontando para um casal que eu me lembrava de ter visto no casamento – Angela, que trabalha comigo. Alistair, os pais dele são amigos dos pais de Edward e ele está passando uns dias conosco. Emmett e Rosalie, trabalham com Edward no hospital e também são os padrinhos da Renesmee. Leah e Seth, meus irmãos, e Jacob, namorado dela – Enquanto falava, continuou apontando as pessoas sentadas nos sofás e poltronas da sala de estar. 

—Meios-irmãos – A garota morena com traços indígenas a corrigiu. 

—Sim, eles são filhos da minha madrasta – Bella aceitou a correção da meia-irmã com um revirar de olhos. Aparentemente, Leah não gostava de ter uma irmã postiça – Nós vamos viajar todos juntos para Forks amanhã, passar o natal com meu pai e Sue, por isso estamos fazendo essa festa antecipada com nossos amigos de Chicago antes de ir. 

Nesse momento, o pacotinho lilás nos braços de Edward deu um gritinho fino atraindo a atenção de todos nós para ela. 

—E aquela mocinha ali você ainda não conhece, é a Renesmee – Bella concluiu as apresentações. 

Me aproximei de onde Edward estava fazendo caras e bocas para a bebê em seus braços. A princípio, Renesmee me olhava com curiosidade nos olhinhos castanhos iguais aos da mãe, mas não demorou muito para ela abrir um lindo sorriso ainda sem dentes para mim. 

—Ela é linda! – Comentei maravilhada para Edward – Posso segurar um pouco? 

—Claro! Só lava as mãos, OK? O banheiro fica aqui no corredor, primeira porta da esquerda. 

Fui pelo caminho que ele indicou e fiz como ele tinha pedido, lavando as mãos com bastante cuidado antes de retornar à sala. Quando cheguei lá Edward prontamente me entregou a bebê. 

—Ela gostou de você – Edward me disse com um sorriso bobo para a filha – Olha o sorriso lindo que ela te deu! 

—Ela é muito simpática! A bebê mais sorridente que eu já vi. 

Me perdi observando com cuidado cada traço daquela criança. Ela era a mistura perfeita dos pais, tinha o formato do rosto do pai e o cabelo parecia que teria os cachos da mãe, só que ruivos como o pai. A boca era tão parecida com a da mãe, mas, quando sorriu pra mim seu sorriso banguela de bebê, era idêntica ao seu pai. Renesmee com certeza tinha herdado o melhor dos dois. 

—Tan, eu vou pegar mais bebida para o pessoal. Você quer tomar alguma coisa? 

—Eu aceito, por favor. 

—O que você quer? 

—Qualquer coisa, o que os outros estiverem tomando também. 

—A maioria está tomando vinho rosé. Pode ser para você? 

—Vinho rosé está ótimo! 

Edward saiu da sala entrando em uma porta do lado oposto do corredor pelo qual eu tinha ido para lavar as mãos. Supus que aquela porta, que dava diretamente no canto da sala, era da cozinha. Logo ele voltou de lá com uma garrafa de vinho e mais uma taça vazia. Ele deixou a taça na mesa de centro ao meu lado, já que eu ainda estava com a bebê nos braços, e serviu a todos. 

Enquanto eu brincava e fazia barulhinhos, Renesmee não parava de sorrir. Realmente, a garota ria para tudo e para todos. No entanto, ela bocejou e Bella pegou a filha dos meus braços dizendo que estava na hora de colocá-la para dormir, sumindo com ela pelo corredor. 

Sem Renesmee nos meus braços fiquei um pouco deslocada naquela reunião onde eu não conhecia ninguém. Edward tinha voltado para a cozinha e Bella tinha saído com a filha para o corredor que levava ao banheiro e, provavelmente, aos quartos. Enquanto isso, peguei minha taça que estava na mesa de centro e procurei um lugar para me sentar. 

Tinha um canto vago no sofá perto do cara que Bella tinha dito se chamar Alistair, porém, para caber naquele espaço, eu teria que pedi-lo para afastar um pouco. Ainda assim aquela era minha melhor opção. 

Todos os outros na sala pareciam estar mais familiarizados e conversavam baixinho; ele, apesar de parecer concentrado em ouvir a conversa, não estava realmente participando do assunto. 

—Com licença, você se importa se eu sentar aqui? – Perguntei a ele apontando para o lugar vago ao seu lado. 

—Não, claro que não! – Ele respondeu de imediato, afastando um pouco para que eu coubesse ao seu lado. 

Foi então que eu percebi que ele tinha sotaque britânico. Oh meu Deus, eu achava aquele sotaque simplesmente lindo. 

—Bella disse que você está aqui de visita, certo? – Decidi puxar assunto. 

—Sim, estou. 

—E de onde você vem? 

—Londres – Sorriu e eu não consegui deixar de notar o quanto ele era lindo – Meus pais são amigos de Carlisle Cullen da Inglaterra, eu estou passando um tempo aqui com eles. 

Eu sabia que o pai de Edward era inglês e que tinha se mudado para os Estados Unidos antes de casar com Esme, só não imaginava que ele ainda mantinha amigos na Inglaterra. 

—E é a sua primeira vez em Chicago? 

—Não, não. Eu costumo vir aqui com frequência. Normalmente fico com Carlisle e Esme, nossas famílias são realmente próximas, mas dessa vez eles estão reformando o quarto de hóspedes então eu estou aqui com Edward e Bella. Amanhã, quando eles viajarem, eu me mudo para o apartamento da Alice. 

—E fica em Chicago até quando? 

—Não tenho data para voltar ainda, mas com certeza vai ser depois do ano novo. 

—Isso é ótimo! Nessa época de fim de ano tem vários eventos acontecendo na cidade, você vai ter bastante tempo para aproveitar. 

—Só se eu tiver alguém daqui para me acompanhar. 

Era impressão minha ou ele estava tentando flertar? Porque eu com certeza fiquei tímida depois desse comentário. Por sorte, naquele instante, Edward voltou para a sala trazendo uma cerveja para o rapaz chamado Jacob. 

—Pessoal, nós podemos servir o jantar agora? – Ele perguntou para todos nós, interrompendo os assuntos paralelos. 

No momento em que todos concordaram, Bella retornou à sala trazendo consigo apenas a babá eletrônica. 

—Fica aqui, amor. Eu esquento o jantar – Ela disse ao marido. 

—Você não precisa de ajuda? 

—Não, pode ficar aqui, eu consigo sozinha – Ela selou os lábios dele rapidamente e seguiu para a cozinha. 

Assim que Bella sumiu de vista a campainha tocou e Edward foi abrir. Eram os pais dele, trazendo presentes. 

—Desculpe o atraso, eu tive uma emergência no hospital – Carlisle comunicou ao entrar. 

—Tudo bem, pai. Ainda vamos servir o jantar. 

—Cadê a minha neta? – Esme questionou. 

—Vocês demoraram, ela já está dormindo. Mas podem ir lá no quarto olhar para ela, se quiserem – Edward ofereceu. 

—Nós vamos mais tarde – Carlisle falou. 

Eles se aproximaram do restante de nós que estávamos na sala e nos cumprimentaram cordialmente. Após as saudações, Carlisle e Esme começaram a indicar quais presentes eram para Edward, quais eram para Bella e quais era da bebê. Ele agradeceu e guardou todos nos pés da árvore, prometendo que levariam os pacotes para abrirem no natal em Forks. 

Paralelamente a isso todas as conversas na sala voltaram. Enquanto eu observava Edward se sentar ao lado dos pais e conversar com eles, Alistair me perguntou se eu sempre morei nesta cidade. Foi então que comecei a contar para ele minhas aventuras pelo mundo como voluntária. 

Eu me distraí bastante conversando com aquele rapaz inglês extremamente gostoso. Mal notei quando Bella retornou à sala avisando que o jantar estava pronto. Ela cumprimentou os sogros, que ainda não tinha visto, e pediu a ajuda de Edward para pôr a mesa. 

O jantar foi servido na mesa no canto da sala. Todos nos acomodamos e, mais uma vez, eu sentei do lado de Alistair. Estávamos realmente envolvidos na conversa.  

Quando terminei de falar sobre minhas viagens descobri que ele também tinha feito trabalho voluntário. Não tinha ido para tantos lugares e nem passado tanto tempo quanto eu, mas suas experiências também eram interessantes para serem ouvidas. 

Depois do assunto de trabalhos voluntários começamos a falar sobre as nossas profissões. Primeiro, ele tinha ouvido sobre meu trabalho como fotógrafa, depois ele começou a contar sobre a vida na Inglaterra e sobre o trabalho dele como gerente em uma rede de restaurantes. Passamos o jantar inteiro trocando experiências sobre nossas viagens e trabalhos. 

Bella e Edward tinham preparado bastante comida e todos nós nos fartamos de verdade. Comemos sobremesa e depois ainda ficamos petiscando enquanto bebíamos ainda mais vinho. 

—Você tem que ir à Inglaterra um dia. Eu vou fazer questão de te receber para um almoço ou um jantar em um dos restaurantes da nossa rede – Alistair disse. 

—Sabe, mesmo com todas as minhas viagens, eu nunca estive na Inglaterra. 

—Não posso acreditar! Você ia se dar muito bem em Londres, é uma cidade muito bonita e cosmopolita, como você – Ele completou com uma piscadela, me deixando um pouco tonta. Não sei se já tinha tomado vinho demais ou se estava ouvindo ele tentar flertar comigo mais uma vez. 

—Alistair, você está monopolizando a Tanya – Antes que eu pudesse responder alguma coisa Bella me salvou – Eu não tive nem tempo de perguntar a ela as novidades. 

—Está tudo na mesma, Bella. Sem grandes mudanças na minha vida. 

—Ah, Tanya, não é possível! Não nos vemos há mais de um ano, deve ter alguma novidade. 

—Com licença, senhoritas – Alistair pediu e sumiu pelo corredor da casa. 

—Ah, finalmente! Agora me conta, você e Alistair? – Bella me pegou de surpresa. 

—Olha, Tan, eu estou surpreso – Edward também se juntou a nós – Você e o Alistair? 

—Eu estou um pouco confusa com o que está rolando aqui – Ri nervosa. 

—Eu dou a maior força para vocês – Edward declarou – Ele é um cara legal apesar da cara de cafajeste. 

—Eu não me importo de verdade se ele for um cafajeste – Declarei deixando Bella boquiaberta e fazendo Edward assobiar alto – Não é como se eu fosse casar com ele, estamos só conversando. 

—Ah, Tanya, deixa de fazer jogo duro. Claro que o Alistair está caidinho por você. 

—Dá uma chance para ele – Edward completou a fala da esposa. 

—Não sei do que vocês dois estão falando – Desconversei. 

—Então, como vai no trabalho? – Bella mudou de assunto rapidamente quando Alistair reapareceu na entrada do corredor. 

—Ainda trabalho no mesmo estúdio fotografando eventos. Mas, nos últimos tempos, estive pensando em mudar e estou considerando trabalhar em revistas, fazendo editoriais e essas coisas. 

—Que legal! Me conta mais sobre isso – Bella pediu. 

Mas eu não tinha muito mais o que dizer. Meu trabalho estava mesmo estático, assim como toda minha vida. Apesar de não ter muito o que falar, eu queria muito ouvir sobre as novidades dela, como estava a vida de casada e as novidades sobre a bebê. Era bom ouvir Bella falando sobre a família e a filha. Ela parecia tão feliz e eu queria algum dia poder encontrar aquela felicidade para mim também. 

Nossa conversa só foi interrompida quando um chorinho baixo vindo da babá eletrônica indicou que Renesmee estava acordada. Bella pediu licença e saiu pelo corredor, indo até a bebê. 

—Bom, está na minha hora. Acho melhor eu ir andando – Anunciei para todos na sala. 

—Já, Tan? – Edward parecia triste com a minha partida. 

—Sim, eu moro longe, melhor não sair muito tarde. Posso me despedir da Bella? – Perguntei. 

—Claro! Ela está na primeira porta da direita no corredor. 

Segui para onde ele havia indicado e dei uma batidinha suave na porta. 

—Entre – A voz baixa dela respondeu lá dentro. 

Abri devagar a porta me deparando com um quartinho de bebê super fofo. Todo decorado em branco com babadinhos e renda que davam ao ambiente uma aparência romântica e atemporal. Bela estava sentada numa cadeira de balanço junto à janela nos fundos do cômodo, nos seus braços a pequena Renesmee mamava. 

—Eu vim me despedir – Sussurrei 

—Mas já? 

—Sim, está tarde. 

—Se você quiser ficar mais depois eu peço para Edward te levar. 

—Não precisa, está mesmo na minha hora. Obrigada por me convidarem. 

—Eu que agradeço você por ter vindo. Ficamos muito felizes com a sua presença. 

—Tchau, Bella. Feliz natal para vocês. 

—Feliz natal, Tanya. Eu não posso te acompanhar agora – Ela indicou a bebê mamando em seus braços – Mas Edward te leva até a porta. 

Sorri em compreensão e, com isto, eu retornei à sala para me despedir melhor dos outros e ir embora. 

—Edward, muito obrigada pelo convite. Eu fiquei muito feliz de poder compartilhar esse jantar com vocês – Falei diretamente para ele. 

—Obrigado por ter vindo, Tan. Vê se não some de novo. 

—Não vou sumir – Então me aproximei para abraçá-lo em despedida, sentindo que estava dando uma declaração verdadeira daquela vez – Feliz natal, Edward. Feliz natal, pessoal – Falei mais alto para todos na sala. 

—Eu te acompanho até lá fora – Alistair se ofereceu antes que Edward falasse qualquer coisa. 

Me despedi rapidamente mais uma vez do anfitrião e saí da casa junto com o inglês. Peguei o meu celular e solicitei um carro pelo aplicativo enquanto nós dois permanecíamos em silêncio. Notei, pelo canto do olho, o homem ao meu lado esfregar as duas mãos para se aquecer. Era inverno, fazia frio e ele não tinha um casaco. 

—Não precisa ficar aqui comigo. O carro já está chegando, pode entrar – Sugeri a ele. 

—Na verdade, eu não vou me perdoar se não fizer uma coisa antes de você ir embora. 

—O que? – O olhei curiosa. 

Lentamente, ele colocou uma mão na minha nuca, mantendo o olhar bem fixo no meu. Alistair estava me dando tempo para afastá-lo se eu quisesse. O fato era que eu não queria, por isso me estiquei sutilmente, diminuindo um pouco a diferença de altura entre nós. Ele entendeu o recado e encurtou o caminho entre as nossas bocas, me beijando com intensidade. 

Quando nos separamos eu estava ofegante e até mesmo um pouco tonta. No mesmo instante, um carro parou junto ao meio-fio bem em frente aonde estávamos. 

—Posso pelo menos saber seu telefone? – Ele perguntou antes que eu fosse para o carro. 

—Tem como anotar? 

Rapidamente ele tirou o celular do bolso e desbloqueou, me entregando para digitar o número. Salvei o contato e devolvi pra ele ao mesmo tempo em que o motorista do carro buzinava pra me apressar. Alistair abriu a porta pra mim e, antes que eu entrasse, ainda depositou um beijo no canto dos meus lábios. 

—Eu te ligo – Ele prometeu quando eu entrei no carro. Então fechou a porta pra mim e o motorista deu partida. 

~*~ 

Como prometido, ele me ligou mesmo. Alistair já tinha se mudado para casa de Alice e queria marcar comigo de ir aos eventos de fim de ano que eu tinha comentado no jantar dos Cullen. 

Tentei me esquivar, não ia ser nada bom ficar me envolvendo com um cara que morava do outro lado do oceano. Um beijo à noite tinha sido legal, repetir a dose seria um erro. Porém, ele não me deixou negar. Nem naquele primeiro dia, nem em nenhum outro. 

Saímos juntos por todo restante do mês de dezembro. Naquele ano, não consegui passar o natal com minha mãe como dois anos atrás e ela também não tinha conseguido vir ficar comigo como no ano anterior, as passagens estavam muito caras. Por isso, Alistair e eu saímos para jantar e esse foi nosso natal. 

Ele tinha sido convidado por Alice para passar as festas na casa dos pais dela. Porém, ele não quis se envolver naquele momento em família, dando preferência ao jantar comigo. Obviamente, aquela informação derreteu meu coração. Ele tinha opções e ainda assim preferiu a mim. 

É claro que, depois disso tudo, eu não conseguia negar mais nada àquele homem. No ano novo eu estava mais uma vez trabalhando. Com Edward e Bella de volta a Chicago, ele terminou aceitando passar a festa com a família Cullen daquela vez. Porém, em janeiro, passei cada um dos meus dias livres saindo para passear com ele. E, quando chegou o dia dele finalmente voltar para Londres, era tarde demais, eu já estava completamente entregue a ele. 

Quando fui levá-lo ao aeroporto ele me perguntou se eu estaria disposta a esperá-lo, e é claro que eu estava. Então ali mesmo ele me pediu em namoro e prometeu que voltaria para mim assim que possível. 

~*~ 

Era dezembro e estava fazendo frio, eu queria estar em casa com o aquecedor ligado e tomando uma caneca de café bem grande, mas realmente precisava sair. Apressei o passo quando uma neve fininha começou a cair, pelo menos dentro da estação de metrô eu estaria mais protegida da neve e do vento gelado. 

Aquele estava sendo um período bastante estressante para mim. Com tantos problemas para resolver eu mal tinha tempo para cuidar de mim mesma ou para algum lazer. Mas logo isso tudo passaria e eu poderia finalmente ter um tempo de qualidade, não só pra mim como para o meu namorado também. 

O metrô não demorou a passar e, por sorte, não estava lotado, de modo que eu consegui um lugar sentada. Minhas pernas agradeceram aquele breve descanso, meus pés latejavam depois de um dia inteiro a pé usando botas. 

Peguei o celular na minha bolsa e verifiquei as mensagens, tinham algumas, mas nenhuma importante. Logo eu estaria em casa e lá poderia lidar com as questões restantes. 

Cerca de 15 minutos depois chegava minha estação. Desci com certa dificuldade por causa da sacola que carregava, mas logo eu estaria em casa.  

Do lado de fora, a neve tinha se tornado um pouco mais forte, mas ainda não o suficiente para se acumular nas calçadas formando aquela camada branca perigosa. Levantei o capuz do meu casaco e segui novamente a passos apressados. 

Depois de alguns minutos de caminhada, eu finalmente estava abrindo a porta do meu apartamento. Larguei a bolsa e as compras de qualquer jeito na sala, indo direto preparar um banho quente de espuma para me aquecer. 

Mantive o celular ao meu lado enquanto entrava na banheira. Comecei respondendo as mensagens que tinham. Depois chequei o horário, passava um pouco 16 horas em Chicago, o que significava estar na casa das 21 horas em Londres.  

Naquele horário Alistair com certeza ainda estaria acordado. Me questionava se deveria ligar para ele ou se deixava para o dia seguinte. Quase como se lesse os meus pensamentos, ele me mandou uma mensagem. 

“Já chegou em casa, linda? Posso te ligar?” 

Ao invés de responder apertei logo o botão da chamada de vídeo. 

—Oi, linda – Ele me saudou ao atender. 

—Oi, amor. Você adivinhou que eu já ia te ligar – Falei para ele. 

—Você está na banheira?! 

A cara que ele fez foi impagável, tive que rir no momento. 

—Estou – Provoquei um pouco baixando a câmera para o meu colo e quase exibindo pra ele meus seios cobertos pela espuma. 

—Não me provoca assim, linda. Estou morrendo de saudade de você. Estamos há três meses longe, assim você vai me deixar louco! 

Desde que começamos a ficar, em dezembro passado depois da festa de natal na casa de Bella e Edward, e Alistair voltou para a Inglaterra, eu tinha passado um mês de férias com ele na Europa em março, e em setembro ele tinha vindo passar as férias comigo na América. 

—Calma, amor, logo nós vamos estar juntos para matar essa saudade. 

—E por falar nisso, conseguiu resolver tudo o que tinha hoje? 

—Consegui sim! A moça interessada em comprar minha mesa de jantar ainda vem à noite, mas no geral está tudo resolvido. E aproveitei para comprar mais uma mala, assim consigo levar todas as minhas coisas. E você? 

—Eu vi um apartamento ótimo, você vai adorar, fica bem perto do seu trabalho. 

Eu tinha tomado a decisão que há muito tempo vinha pensando: troquei a fotografia de eventos pelo editorial de revistas. Eu estaria mentindo se dissesse que, quando enviei currículos para Londres, não estava pensando em ficar perto do meu namorado. Se ele não morasse lá a ideia jamais teria me ocorrido, mas estávamos num relacionamento à distância há apenas um ano, era recente demais para dividirmos um apartamento. E se não desse certo? Eu preferia ter meu próprio canto. Pelo menos, na mesma cidade, nós dois estaríamos mais perto, mas sem sermos invasivos um com o outro. 

—E quanto é o aluguel, amor? 

—Mil libras por mês. 

—Mais caro do que eu pretendia pagar – Não consegui evitar uma careta. 

—É o preço da localização, linda. Fica a cinco quadras da revista. 

—Tem razão, o que eu vou economizar de transporte vai compensar esse gasto. Você tirou fotos de lá? 

—Sim, tenho algumas, já te mando. E se você aprovar amanhã mesmo já posso fechar o contrato para você. 

—Que ótimo! Assim, quando eu chegar já posso me mudar direto. 

Eu começaria na revista logo no início do ano então estava na maior correria por todo o mês de dezembro para estar com tudo pronto a tempo. Minha passagem estava marcada para a semana seguinte, já estava encaixotando tudo que ia levar e tratando de vender o que não poderia manter. 

—E como está a sua mudança? – Alistair perguntou. 

—Está tudo se encaminhando, já estou vivendo com o mínimo aqui pelo apartamento. Acho que com a mala nova consigo finalmente empacotar tudo. 

—Precisa de ajuda? 

—E você vai fazer o que, amor? – Eu ri para o vídeo – Sair da Inglaterra e vir aqui só para me ajudar a fazer as malas? 

Ele também riu. 

—Não vai dar, vou ter que te esperar aqui mesmo. Estava pensando mais em pedir aos meus pais para ligarem para Carlisle, eles são muito amigos e jamais negariam um favor um ao outro. 

—Não precisa, vamos deixar os Cullens em paz por enquanto. Kate e Garrett vão vir me ajudar. Eu também vou passar a última noite no apartamento deles e os dois vão me levar ao aeroporto pela manhã. 

—Tudo bem, linda, mas qualquer coisa é só avisar. 

—Pode deixar. Agora eu preciso desligar, senão a moça vai chegar para ver a mesa e eu ainda vou estar no banho. 

—Vai lá, linda, porque só eu posso te ver assim cheia de espuma – Ele piscou pra mim e aquele gesto simples foi o suficiente para me deixar excitada. 

—Não me provoca agora, amor. Logo eu vou estar aí e você vai poder compartilhar um banho assim comigo. 

—Vou cobrar – Ele prometeu com a voz rouca que só me provocava ainda mais. 

—Estou morrendo de saudades – Me lamentei. 

—Eu também. Eu te amo e logo vamos estar juntos. 

—Eu também te amo. 

—Tchau, minha linda. 

—Tchau, meu amor, dorme bem. 

~*~ 

Sete meses após minha mudança para o Reino Unido, eu não podia estar mais realizada na vida. O trabalho com editorial de revistas era um sonho e estar perto do meu namorado era muito melhor do que qualquer coisa que eu poderia desejar. Alistair e eu ainda estávamos morando em apartamentos separados, mas isso não nos impedia de passarmos algumas noites juntos, só gostávamos de poder manter nossa individualidade às vezes. 

Como naquela sexta-feira de verão, eu tinha passado a noite com meu namorado no apartamento dele para que na manhã de sábado nós saíssemos cedo para passar o dia na casa dos pais dele. Os Cullen tinham vindo de Chicago passar as férias na Inglaterra e a família do meu namorado iria recebê-los para um churrasco. 

Quando chegamos na casa dos meus sogros, os irmãos, cunhados e sobrinhos de Alistair já estavam todos lá. O pai dele também já acendia o fogo para o churrasco. 

Foi apenas o tempo de cumprimentarmos a todos e nos acomodar no local que a campainha tocou. Como os outros estavam ocupados, eu me ofereci para abrir a porta. Ali estavam Edward, Bella, com Renesmee no colo, Carlisle e Esme. Apenas Alice tinha ficado de fora daquelas férias. 

—Olá! Sejam bem-vindos – Cumprimentei. 

—Olá, Tan. Como você está? – Edward me respondeu de volta. 

—Estou bem, obrigada – Carlisle e Esme passaram por mim me saudando rapidamente. Eles entraram direto para os fundos da casa, onde pararam junto aos meus sogros que cuidavam da churrasqueira – E essa menina? Está enorme! – Brinquei um pouco com Renesmee que estava acanhada nos braços da mãe. 

—Conta para ela quantos anos você vai fazer – Bella falou para a filha. 

—Dois – Renesmee me respondeu com sua voz doce de criança. 

—Ai meu Deus, que linda! – Não consegui evitar o surto diante de tanta fofura. 

—Gente, o que vocês estão fazendo parados aí perto da porta? Podem entrar e se sentar no sofá – Alistair se aproximou de nós trazendo no colo um de seus sobrinhos, o Liam. 

—Desculpa, eu que me distraí com essa menina linda – Pedi e então nós fomos sentar. 

—Tio, ela pode brincar com a gente? – Liam perguntou apontando na direção da menina. 

—Você quer ir brincar com eles, meu amor? – Edward perguntou para a filha afastando uma mecha de cabelo do seu rosto. 

O garoto era mais velho que ela, mas a ideia de brincar com outras crianças parecia agradar a menina, de modo que ela assentiu timidamente e desceu do colo da mãe. Liam também saiu do colo do tio e a levou pela mão para onde estavam os primos dele. 

—Como ela está crescendo rápido! – Comentei. 

—Está mesmo – Bella concordou comigo – Mas é tão bom ser mãe e poder acompanhar esses pequenos passos do desenvolvimento dela, eu fico toda orgulhosa a cada etapa que eu vejo a minha garotinha vencer. 

—Bella é uma mãe coruja – O marido a provocou. 

—Acho que isso é uma coisa que está no manual das mães – Alistair brincou. 

—E vocês, não pensam em ter filhos também? – Edward nos perguntou. 

—Não – Respondemos juntos. 

Aquela era uma das coisas que eu mais amava em Alistair, assim como eu, ele não pensava em casamento e nem em filhos. Falávamos em morar juntos no futuro, mas preferíamos economizar o dinheiro da festa de casamento para outras coisas. Nós dois nos entendíamos nesse quesito. Filhos também nunca foram uma prioridade para nós, preferíamos ser só nós dois do que estarmos presos o tempo inteiro às necessidades de uma criança. 

—E por que não? – Edward me perguntou. 

—Nós adoramos crianças, mas não queremos uma para cuidar. É ótimo quando a criança em questão não está sob nossa responsabilidade – Eu ri. 

—Não vou mentir, é realmente trabalhoso cuidar de um filho. Principalmente o primeiro, quando você não sabe muito bem o que fazer, mas qualquer sacrifício vale a pena quando a gente pensa que aquela pessoinha só está viva por nossa causa e que ela vai te amar independente de qualquer coisa nessa vida – A mulher tinha um brilho no olhar ao narrar aquilo. 

—A ideia realmente parece encantadora – Concordei – Mas não combina conosco. Nós temos espíritos livres e estamos planejando viajar o mundo para conhecer novos países. Um bebê requer estabilidade, rotina e hábitos regrados. Com certeza não estamos prontos para isso. 

—Vocês pensam em ter mais filhos? – Alistair questionou o casal. 

—Com certeza – Ela respondeu. 

—Não é um plano para agora – Edward explicou – Bella acabou de começar um emprego novo e Renesmee ainda é muito pequena, precisa da nossa atenção em tempo integral, mas já conversamos sobre isso e pensamos sim em ter outros filhos no futuro. 

—Nós gostamos da ideia de que a nossa filha tenha irmãos – A mulher complementou a fala do marido. 

—Apesar de toda a implicância entre nós, não imagino como a minha vida seria sem a Alice, ela é uma das pessoas mais importantes para mim. 

—Já eu me lembro quando éramos só eu e meu pai. Depois, quando ele casou com a Sue, Seth e Leah passaram a morar conosco. A Leah se faz de durona, mas com certeza tudo ficou mais divertido quando eu passei a ter eles como meus meios-irmãos. 

—Concordo com vocês, por mais que a gente brigue com nossos irmãos é sempre mais legal quando temos eles por perto – Alistair comentou olhando para seus parentes espalhados pela sala e no deque da casa. 

Eu não tinha irmãos, nunca tive. Nem mesmo postiços como os da Bella. Por isso decidi mudar de assunto para que eu pudesse voltar a me encaixar no tema. 

—Bella, eu ouvi o Edward dizer que você mudou de emprego, é isso mesmo? 

—Sim, e aproveitei o período da licença maternidade para fazer alguns cursos online e, quando esse tempo acabou, eu decidi não voltar mais a lecionar para o ensino médio. Terminei conseguindo no ano passado assumir uma disciplina optativa em uma faculdade comunitária. 

—E você está feliz com essa mudança? – Questionei. 

—Muito! Esse sempre foi o meu sonho, dar aulas na faculdade. 

—Que bom que você conseguiu realizá-lo, então. 

—E você, Tan, está feliz com o seu novo trabalho? 

—Eu também estou muito satisfeita com meu emprego. Trabalhar na revista tem sido um sonho, era tudo o que eu queria para a minha vida. 

—E como está a vida num país novo? Conseguiu se adaptar? – Bella quis saber. 

—No começo foi difícil, principalmente por causa do fuso-horário. Mas agora estou bem mais acostumada – Respondi. 

—E não estranhou a cidade nova? – Edward perguntou. 

—Ela teve um ótimo guia – Alistair se gabou nos fazendo rir. 

—E como vai no hospital, Edward? – Eu questionei. 

—Vai bem também. Eu terminei a residência e fui efetivado no quadro de médicos, o que foi ótimo porque é o mesmo hospital em que meu pai trabalha. Também fica perto de casa, assim eu consigo chegar mais cedo e passar mais tempo com a minha família. 

Ele não teve tempo para falar mais nada porque nossa conversa foi interrompida por um grito agudo que atraiu nossa atenção. Na direção de onde tinha vindo som estava Renesmee, sentada no chão e chorando. 

—Meu trabalho em tempo integral me chama – Bella gracejou e foi pegar a filha. 

Ela retornou para junto de nós trazendo nos braços a menina que ainda chorava. A mãe conversava com a filha num tom de voz baixo, porém a criança não respondia nada. Assim que viu o pai, ela se esticou para que ele a pegasse no colo. 

—Oi, princesa, o que aconteceu? – Edward perguntou. 

—Ele me mordeu – Ela respondeu entre soluços, apontando na direção dos meninos. 

Eu não duvidava nada que isso tivesse mesmo acontecido, os sobrinhos do meu namorado eram pequenos demônios quando queriam. 

—Onde foi? – Ele perguntou e Renesmee mostrou o braço – Se o papai der um beijinho melhora? – Ela assentiu e ele a encheu de beijos. 

Fiquei em silêncio observando a interação dos dois. Edward era extremamente paternal enquanto a pequena se aconchegava manhosa no colo dele. 

Dois anos atrás eu achava que ele seria a minha alma gêmea e sonhava em ficarmos juntos para sempre. Agora eu podia ver com clareza. Nós dois nunca teríamos dado certo, ele era exatamente o tipo de pessoa que eu estava vendo naquele momento: um pai de família dedicado e um marido amoroso. Aquela vida nunca foi a que eu desejei para mim. 

Virei meu olhar para que eu passasse a encarar meu namorado. Alistair era exatamente o homem que eu precisava na minha vida. Ele me entendia, tinha os mesmos sonhos e ambições que eu e não estaria abrindo mão de nada para ficar comigo. Ele não pensava em casar nem em constituir família. Em janeiro, eu poderia tirar minhas primeiras férias da revista e nós dois já estávamos planejando fazer nossa primeira viagem juntos. Iríamos conhecer cada canto do mundo, começando pelos países da Europa que eu ainda não tinha visitado. 

Nós estávamos felizes sendo os tios que enchem os sobrinhos com presentes de viagens. Já Edward estava mais do que bem ao lado de Bella, ela dividia os sonhos com ele e os dois se completavam perfeitamente. 

—O que foi? – Alistair perguntou ao me notar o encarando. 

—Eu te amo – Declarei com toda a sinceridade que sentia no meu coração. 

—Eu também te amo, linda – Ele sorriu e me beijou apaixonadamente. 

Eu não podia dizer que lamentava ter confundido as coisas e ter sofrido por Edward por mais de dois anos inteiros. De certa forma, como ele me disse uma vez, as coisas aconteceram da maneira que deveriam. Cada um de nossos atos nos levaram até ali. 

Foi a minha paixão que me fez ir atrás de Edward e, se eu não tivesse ido procurá-lo, eu nunca teria conhecido Alistair, meu verdadeiro amor. Também não teria me mudado para outro país e provavelmente não estaria trabalhando no meu emprego dos sonhos. No fim das contas, eu não mudaria nada do que aconteceu. Cada um dos nossos atos nos trouxeram aqui hoje e foram eles que me colocaram diante da minha felicidade. 


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Notas finais do capítulo

Bom, se alguém embarcou comigo nessa história e chegou até aqui, meu muito obrigada! Eu sei que fugi do comum e me arrisquei com essa fanfic, mas todas as inspirações que tive a partir da música do combo estavam me levando para plots sem finais felizes, por isso preferi tirar beward do foco principal do que separar nosso casal preferido no final. Espero que tenham gostado da one, me digam o que acharam nos comentários.



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