Sob suas asas escrita por annaoneannatwo, Kacchako Project


Capítulo 4
Colocando nos trilhos




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Comer junto do pássaro metido enquanto uma atrevida os interrogava foi uma merda, mas não é nem perto do que tá sendo a volta para a escola no trem. Katsuki jurou pra si mesmo que ia ficar na maciota nessa porra de estágio, que não deixaria a Uraraka com a atitude de candidata a Miss Universo afetá-lo, mas não tem como, é irritante pra caralho, ainda mais sabendo que ela não é daquele jeito de verdade. Eles podem nem ter conversado muito ao longo desses três anos, mas das vezes que lembra de interagir com ela, a Cara de Lua consegue falar umas verdades na cara dos outros sem ficar de sorrisinho falso e respostas calculadas. 

O pássaro só a elogiou porque age do mesmo jeito, Katsuki não acredita em nada que sai da boca dele, por mais que se finja de sincerão e gente boa. A jornalista doida que ele trouxe junto pode até ser uma enxerida metida a esperta, mas no momento em que apontou a falta de naturalidade da Uraraka, ele foi obrigado a concordar e expor o quanto tá de saco cheio disso, aí a máscara de menina boazinha rachou um pouco e ela revidou, e agora tão os dois com cara de merda num trem que, pra melhorar ainda mais, tinha que estar lotado, o que os forçou a se espremerem um contra o outro, de modo que não dá pra olhar pra outra coisa que não seja essas bochechas enormes.

O trem dá uma chacoalhada, o que acaba fazendo com que eles se encostem ainda mais, e sabe-se lá porquê, ele fica incomodado quando ela o empurra um pouco depois que seu peitoral esbarra na cabeça dela.

—  Tsk, não é culpa minha que essa merda tá lotada, Cara de Lua.

—  Ninguém falou que era. —  ela resmunga baixinho, virando o rosto e se recusando a olhá-lo —  Não tem ninguém te atacando ou dizendo qualquer coisa sobre você, então pode se acalmar.

—  Se isso é sobre o que rolou no restaurante, eu não vou pedir desculpa, falou? Não tô errado.

—  Claro que não está. —  ela revira os olhos —  Só posso pedir que, caso você tenha algo pra me dizer, me diz diretamente ao invés de fazer isso na frente do nosso mentor?

—  Não fui eu que falei, foi a namorada descabelada dele. —  o olhar incisivo dela o deixa com a estranha necessidade de se explicar —  Tenho certeza que você também acha um pé no saco o jeito que eu ajo e não fala nada pra ficar fazendo média.

—  Eu só entendo que esse é seu jeito, Bakugou-kun, se a gente vai ser parceiro nesse estágio, eu vou tentar ter paciência com seu jeito, mesmo sendo diferente do meu, e não te criticar na primeira oportunidade que aparecer. —  agora ela nem parece puta, só parece meio… magoada.

—  Não sei se seu jeito é tão diferente assim do meu. —  ele murmura —  Por isso que irrita você se fazendo de boazinha.

—  Mas eu- —  ela não tem chance de terminar de falar, o trem chacoalha novamente, só que dessa vez de maneira muito mais violenta. 

De repente tudo fica escuro, e Katsuki é jogado junto com as outras pessoas no trem, que faz um barulho de ferro arranhando. Ele nunca ouviu algo parecido, mas sabe o que é isso: o veículo está descarrilando.

—  Pessoal, fiquem calmos! —  ele ouve a voz da Uraraka vindo de algum lugar de cima, ela deve ter ativado sua individualidade em si mesma pra se afastar da muvuca —  É só apertar o botão de emergência e o trem vai parar!

Os botões de emergência são os únicos pontos de luz visíveis, e Katsuki aciona o que está mais próximo prontamente. Nada acontece. Ele aperta com mais força, e o veículo continua se movimentando de maneira turbulenta. Que porra é essa?

—  Uraraka, vai pra fora! —  ele grita, estendendo as mãos e criando uma explosão controlada contra o teto de emergência para facilitar a saída dela, não dá pra ver direito, mas ele consegue inferir a movimentação dela, notando uma silhueta passar pelo teto —  Aí, fica todo mundo calmo! A gente tem licença provisória de herói e tâmo resolvendo isso, sem gritaria ou pânico!

—  Eu tirei o peso, tenta abrir a porta! —  ela grita lá de fora e, olhando pela janela, dá pra ver que o trem está andando mais devagar, provavelmente porque ela tirou a pressão da parte que estava saindo dos trilhos e ganhou um tempo pra tirar as pessoas de dentro do vagão.

Em meio aos lamúrios de pânico e nervosismo,  ele pula para se segurar na borda do teto recém-explodido, Katsuki se afasta do tumulto e se prepara para balançar o corpo e impulsioná-lo em direção à porta. Quando consegue força o suficiente, ele se joga contra a porta com tudo, forçando sua abertura, que acontece com dificuldade, mas acontece.

—  Vai, vai vai! O trem não vai cair, podem sair em fila! —  ele gesticula para as pessoas, que começam a sair, ninguém causa grande tumulto, todos se retirando com certo receio, mas sem desespero —  Andem pela passarela, a estação fica a 2 quilômetros, mais ou menos.

Ou seja, ele e Uraraka têm uma distância curtíssima pra fazer esse negócio desgovernado parar antes que bata nas instalações da estação. Pelo menos com os civis fora de perigo, vai ficar mais fácil.

Katsuki sai pela porta também, usando as explosões para se manter no ar, ele ganha altura e consegue ver a Cara de Lua prostrada sobre o veículo, mantendo sua individualidade ativada para que o veículo não saia ainda mais do lugar.

—  Tirou todo mundo?

—  Tirei! Agora a gente precisa botar de volta nos trilhos! 

—  Ok, vai pro outro lado e fica na ponta! Me dá um daqueles seus AP shots de sinal!

Ele sorri, notando que eles tiveram a mesma ideia. Katsuki detona mais algumas explosões para passar por cima do trem e terminar no lado oposto, avançando para se aproximar de onde fica a cabine de controle.

Garantindo certa altura, ele manda uma linha fina de fogo para ela saber que pode devolver a gravidade. Assim que Uraraka o faz, o veículo bate contra os trilhos novamente, mas é bem rápido. Com uma explosão na direção do chão, ele afasta o trem, que derrapa pelo chão pedregoso e vai perdendo velocidade por conta do atrito, até que para. A estação está a pouco mais de 500 metros.

Uraraka se aproxima flutuando, desativando a individualidade em si mesma e dando um mortal por sobre a superfície do trem para se aproximar da ponta fora dos trilhos. Ela acena para ele e ativa a Gravidade Zero de novo, fazendo com que seja muito fácil empurrar o veículo —  com o peso de um balão de gás hélio — de volta no lugar.

Caralho, mas por que raios o botão de emergência não funcionou? Ele quer dar uma checada na cabine de controle, mas nem tem como, logo os funcionários da estação começam a se aproximar e perguntar o que houve, ele relata a situação e mostra a carteirinha de licença provisória só pra ninguém falar merda nenhuma.

—  E o botão não funcionou? Isso é estranho… —  um dos funcionários comenta —  Ainda bem que vocês agiram rápido.

—  Nós danificamos o teto de emergência e a porta, mas não teve outro jeito, não queria abrir. —  ela surge ao seu lado no chão —  Lamentamos muito, faremos o possível para reparar os danos e… —  o corpo dela pende pro lado, e Katsuki a segura pelos ombros antes que ela dê de cara no chão. Tirar o peso da porra de um trem deve ser demais até pra ela, que já tá acostumada.

—  Vocês fizeram o necessário. —  uma das funcionárias olha com alívio, e até doçura, para a doida ameaçando gorfar do seu lado —  Obrigada, heróis. —  e então olha pra ele.

Já faz um puta tempo que ele não recebe esse tipo de gratidão de um civil.

***

—  Ochakoooo! —  uma mancha cor de rosa invade sua visão assim que eles entram na área de convivência dos dormitórios, a Rosinha agarra a Cara de Lua com tudo e a chacoalha —  Você tá bem? A gente viu as notícias! Foi incrível!

—  Se você viu as notícias, então para de sacudir ela assim, caralho, ela vai vomitar de novo! —  ele resmunga.

—  Desculpa, desculpa! Eu só fiquei preocupada! Que loucura, esses estágios mal começaram e vocês já tiveram um problemão desse!

—  T-tá tudo bem, Mina-chan! O importante é que ninguém se machucou, e eu e o Bakugou-kun conseguimos fazer tudo direitinho.

—  Foi um plano um tanto arriscado, mas compreendo que agiram conforme a emergência da situação. —  o Quatro-Olhos surge pra, lógico, cagar regra.

—  Caaaara, que sorte! O estágio nem é pra isso e vocês já tiveram uma puta ação! —  e o Pikachu aparece pra, claro, falar merda.

—  Ah, não sei se é sorte estar num trem desgovernado, Kaminari-kun. —  a Cara de Lua responde meio sem jeito. Viu? É esse tipo de coisa que ela falaria normalmente, nada daquelas gracinhas pra agradar jornalista fofoqueiro.

—  Tsk, a gente fez o que tinha ser feito, dá pra sair do nosso pé?

—  Tem razão, Bakugou-kun, vocês devem estar exaustos e-

—  O caralho! Não tem nada pra ficar exausto, só não quero mais ninguém enchendo o saco por causa dessa merda hoje.

—  Sinto decepcioná-lo, então. —  uma voz bem mais grossa e modorrenta toma conta do ambiente, e todos se viram para a porta ao verem o Aizawa —  Bakugou, Uraraka, era pra eu checá-los amanhã, mas já aproveitei que estava fazendo a ronda e vim conferir. Vocês estão nas notícias.

—  Oh, sim. —  ela confirma prontamente —  A gente teve que esperar pela polícia para explicar o que houve, e nesse tempo, alguns jornalistas apareceram.

—  Sim, eu vi. Bom trabalho na evacuação dos civis, explodir partes do trem talvez não fosse a melhor solução, mas considerando que vocês estavam sozinhos e tentando controlar o tumulto, foi uma boa saída. A polícia continuará investigando o caso e é provável que vocês precisem depor novamente.

—  Tsk, a gente já falou o que sabe. —  ou melhor, o que não sabem: porque o trem perdeu o controle, no final das contas.

—  É um procedimento padrão. Não atire no mensageiro, estou apenas repassando o que me foi informado. —  ele diz em seu tom mais seco —  No geral, bom trabalho. —  e então suspira, retirando-se. 

E Katsuki quer perguntar se é só isso que ele tem pra falar, pois duvida que seja. Mas o professor não ia dizer nada na frente do resto da turma já que não é mais o responsável por eles. O Ectoplasm não é ruim, mas é bem diferente do professor que os acompanhava no primeiro ano. O Eraserhead tem aquela cara de merda e parece não se importar muito, mas de todos os professores, é o que mais os tratava com… é difícil pra caralho de entender, mas ele é quem mais os vê como iguais, e já era assim mesmo no primeiro ano, onde todo mundo era pirralho. Depois de toda aquela merda em que ele perdeu uma perna e… uma colega de profissão, isso parece ter ficado ainda mais forte. Mas aí veio o segundo ano, eles ficaram na mão do/da...e o contato com ele diminuiu bastante.

E seria mentira dizer que Katsuki não sente lá uma certa falta do professor preguiçoso que sempre o viu como mais ninguém. Ele queria que o Eraserhead falasse mais alguma coisa, descesse o pau nesse estágio de merda, perguntasse se a Uraraka não cansa de ficar fazendo esses sorrisinhos sonsos pra imprensa, qualquer coisa que o permitisse puxar assunto e dizer que, apesar do dia ter sido uma merda de maneira geral, o loiro não discorda totalmente do Pikachu: foi bom entrar em ação e fazer algo que um herói legitimamente faria.

***

—  Ora, se não são minhas estrelas! —  o pássaro abre as asas enquanto os saúda assim que eles chegam à agência pra mais um dia dessa palhaçada —  Quem imaginaria que vocês virariam notícia depois que o expediente comigo terminou, hein?

—  Prova de que esse estágio nem ajuda em muita coisa. —  Katsuki resmunga, meio querendo ser ouvido, meio não querendo.

—  Hum, mas se vocês não estivessem fazendo esse estágio, não estariam no trem àquela hora, e não poderiam ter ajudado, não é mesmo? —  mas ele ouviu, claro —  Enfim, bom trabalho! Tanto no salvamento quanto em lidar com a imprensa depois, tudo bem que vocês foram melhor no salvamento mesmo, mas… é o que importa, no fim das contas.

—  Passar mal na frente da imprensa não pegou bem… —  a Cara de Lua lamenta.

—  Bom… como dizer isso, Uravity-chan? Hum… digamos que qualquer coisa que você fizesse ainda seria questionado, mesmo se fosse perfeito. Eu não entendo bem disso, mas… são coisas que você vai ter que aprender a lidar por ser mulher, entende? E de toda forma, não é algo que você controla, é o efeito colateral da sua individualidade, então… não se sinta culpada, tá bom? —  ele sorri —  E Dynamight-kun, nada mal dando apoio pra sua colega.

—  Tsk, só fiz o que tinha que ser feito.

—  Ótimo! Vocês… —  ele dá uma olhada estranha na direção dos dois —  Vocês formam uma boa dupla, hein? —  ele não responde, e ela só dá um sorrisinho nervoso —  Muito, muito boa… bom, hora de trabalhar! Vamos lá no meu escritório?

Os dois o acompanham pelos corredores, e o pássaro vai cumprimentando funcionários que passam por ele e os observam com certa curiosidade. Tsk, já tá um pé no saco isso de ficar sendo encarado como uma atração de circo, e ele fecha ainda mais a cara pra não dar papo pra ninguém. O escritório do herói número 2 é gigante, com uma puta janela que dá vista pra uma boa parte da cidade, e mobília avermelhada que combina com a temática e estética dele. Daria pra saber a quem o escritório pertence mesmo se ele nem estivesse aqui. 

Os dois se sentam em frente ao herói na escrivaninha, que pergunta se querem beber algo e, diante da negativa, começa a explicar que devido ao que aconteceu anteriormente, eles farão mais ensaios e darão mais entrevistas, Katsuki já imaginava, mas isso não diminui sua irritação. O pássaro parece perceber que isso não anima nenhum dos dois e sorri, dizendo que talvez eles possam fazer algo mais interessante depois desses compromissos.

—  E… e o que seria? —  ela pergunta nervosamente.

—  Bom, vocês lidaram com a situação da melhor maneira possível na hora, mas devem estar se perguntando o que causou esse incidente, não? Um trem descarrilar do nada e o botão de emergência não funcionar é bem estranho, então… nós vamos investigar. —  ele sorri.

—  Oh, mas isso… isso não é…

—  Isso não é parte do estágio, realmente. Mas vocês querem saber o que aconteceu, não?

—  Lógico que sim. —  ele responde.

—  Imaginei. Bom, como sou o supervisor de vocês, a polícia me liberou algumas informações e permitiu que eu passasse pra vocês, que estavam envolvidos diretamente com a situação. Além do mais, também consegui algumas informações por fora.

—  Por fora…?

—  Lição importante que tem a ver com o estágio, mas também tem a ver com ser herói em geral: não sejam inimigos da imprensa, jornalistas conseguem chegar em lugares que heróis e a polícia não entram, então possuem muitas informações que podem não ser úteis pras reportagens deles, mas são úteis pra nós. —  ele puxa um envelope —  Por isso, mantenham uma boa relação com profissionais da imprensa, entenderam? Uma repórter levantou algumas informações sobre o incidente, já havia acontecido algo parecido em Saitama há alguns meses, mas não foi em hora do rush, então não tinham muitas pessoas, a situação foi rapidamente controlada, só que os relatos são parecidos: descarrilamento, botão de emergência sem funcionar.

—  Essa repórter investigou isso tão rápido?

—  Ah, ela trabalha bem rápido quando tá de bom humor! Eu tive que dar um empurrãozinho, mas tá aí!

—  O acidente em Saitama e esse tão ligados? —  Katsuki pergunta, não gostando do tom engraçadinho do herói.

—  É o que a gente vai descobrir, então se preparem! A gente vai fazer uma viagenzinha! Mas só depois das sessões de fotos e entrevistas, beleza? Aí vou contratar um motorista pra levar vocês pra U.A. e pegarem umas roupas pra gente poder ir pra Saitama.

—  E a U.A. liberou isso tudo? —  Katsuki pergunta, ressabiado.

—  Ora, mas claro! Eu tive que explicar tudo num relatório bem chato de fazer, mas não se preocupe, Dynamight-kun, ninguém vai pensar que eu sequestrei vocês. Hum… e tinha mais uma coisa pra eu falar, o que era? Ah, lembrei! —  ele vasculha os bolsos de sua jaqueta e joga dois aparelhos na direção deles.

—  Gravadores?

—  Cortesia da Hana-chan! —  eles ficam olhando em confusão, até notarem que tem um pequeno bilhete anexado nos gravadores, o dele diz “responda honestamente” —  Calma, não são os gravadores do corpo dela, acho que… acho que nem tem como os dela se soltarem, eu saberia se tivesse como. São gravadores comuns que muitos jornalistas carregam, ela sugeriu que vocês fingissem ser repórteres investigando a vida um do outro, pensem nas perguntas que querem fazer e que respostas esperam ouvir, talvez por vocês já se conhecerem, vão ficar mais à vontade e as respostas vão sair mais naturalmente. 

Tsk, só falta a jornalista doida também achar que eles formam uma “boa dupla” ou qualquer merda assim.

—  Isso é tipo… um dever de casa?

—  Ah, pode ser, sei lá. Me entreguem no fim do estágio. —  ele dá de ombros —  Bom, então bora trabalhar? A gente tem muito o que fazer! 

Katsuki está… ele ainda acha uma merda tudo isso, mas saber que vai se envolver numa investigação de herói o deixa animado pra enfrentar essa merda que vai ser o dia. Uma merda muito maior que ele pensou que seria quando chegam ao estúdio, notando que há um cenário pra esse ensaio, uma parede em preto, laranja e rosa, e outra com decoração meio espacial, uma breguice só.

—  Ah, se não é a dupla do momento! —  a fotógrafa sorri quando os vê —  Já decidiram como serão chamados?

—  É o quê?

—  Eu fiquei pensando se dava pra fazer alguma referência a foguetes ou algo assim, já que as individualidades deles combinam com isso, mas por ora, que tal só juntar os nomes de heróis? —  o pássaro sorri ardilosamente —  “Dynavity”.

Puta que pariu, então era isso que ele queria quando sugeriu que os dois formam uma boa dupla! A ideia é essa mesmo, vendê-los como uma dupla de heróis! Vai se foder!

—  Ohh, que adorável! Com certeza viraria uma hashtag!

—  A ideia é essa. Certo, heróis? Vamos começar!

—  M-mas, Hawks-san, isso é… por que nós…? Por que isso? —  nem a Uraraka consegue disfarçar que não gostou da ideia.

—  Ora, não é óbvio? Porque vocês têm química! E as pessoas adoram isso! Foi o que todo mundo percebeu no incidente do trem, vocês agiram super rápido com o mínimo de comunicação e com muita sincronia, pura química!

—  Mas isso é… é que nós… nós só treinamos… e nem é juntos, a gente só… —  ela o olha, como se quisesse que ele a apoiasse.

—  A gente nem vai com a cara um do outro.

—  Sério? Dessa eu não sabia! —  o pássaro parece surpreso de verdade —  Não é o que parece, sabia? Bom… de qualquer jeito, vocês não precisam ir com a cara um do outro pra fazer isso funcionar, aliás, já funcionou bem. E às vezes a gente tem mesmo que trabalhar com quem não curte, não é verdade? —  ele se vira pra fotógrafa.

—  É quase sempre esse o caso. Vocês não querem ficar com uma boa impressão pra mídia? Mostrarem que são uma dupla vai fazer todo mundo adorar vocês, de verdade. —  ela sugere, segurando a câmera.

Que merda! Katsuki não quer saber de ficar fazendo duplinha com ela… nem com ela, nem com ninguém! Ele não quer nem precisa disso pra se destacar! Seu talento e vontade de ser heróis devem brilhar por si só, não tem nada que ter a Uraraka pra ficar dividindo a atenção com ele, vai se foder! 

Mas então ele se lembra das reportagens sobre o incidente do trem, como foi elogiado pelo pensamento rápido e por ainda ajudar a Uraraka quando ela não tava passando bem. Irrita admitir isso, mas o pássaro tá certo, nada disso teria acontecido se eles não estivessem fazendo esse estágio.

E ele não estaria recebendo elogios não fosse pela Cara de Lua fazendo o mesmo trabalho que ele.

Cacete…

—  Só pra deixar bem claro: isso não muda entre nós. —  ela diz quando se vira pra ele —  Eu ainda acho que você deveria se desculpar pelo que me disse.

—  Vai sonhando. —  ele desafia.

—  Bom… já é alguma coisa… —  o pássaro soa meio sem graça —  Vamos lá, então!

E lá vai ele se fazer de palhaço em nome de uma aprovação que definitivamente não quer, mas meio que precisa.


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Notas finais do capítulo

Oi oi! Continuando com essa fic aqui que me põe doida toda vez que tenho que atualizá-la dhjdjkskk
Eu esqueci de comentar no capítulo passado, mas ainda tô usando frases, objetos e palavras de uma listinha do Kacchako Project, pra esse capítulo, usei "bilhete" e a frase "Só pra ficar bem claro, isso não muda nada entre nós".
Espero que estejam curtindo, esse capítulo foi particlarmente difícil pois tinha cena de ação, e eu sofro muito pra escrever cena de ação, ao invés de facilitar minha vida e não colocar nenhuma, eu gosto de me enrolar, então aí está sjkjsdkjsjk
Obrigada por continuarem acompanhando, o próximo capítulo deve sair mais cedo do que se espera!



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