Aegon ajudava a arrumar tudo e pensava no quanto a vida podia ser uma armadilha cruel.

Depois de tudo que passaram ainda tinha um exército morto vivo vindo em direção ao povo de Westeros.

Não é irônico que seu suposto "pai" estava certo?

Aegon refletiu sobre a Idade Dos Heróis e pensou nas pessoas que viveram nessa época.

Eram pessoas normais, assim como ele, e viveram o maior dos horrores.

Será que sentiam o medo que ele estava sentindo agora? Por que ele estava praticamente entrando em pânico.

—Aegon! -ouviu sua irmã gritando.

—Oi Dyanna, onde é o incêndio.

A caçula revirou os olhos para ele.

—Eu recebi uma carta. Mamãe e papai estão vindo. Eles receberam nosso alerta e estão trazendo soldados de Moraq para lutar contra a ameaça.

—Isso é bom.

—E pensar que mamãe não vem aqui a anos!

—E quando vem é pra uma guerra que pode matar todo mundo. Parece até uma piada!
Ele ficou em silêncio por um tempo, olhando o horizonte.

—Aegon?

Ele olhou para a irmã e resolveu desabafar.

—Eu estou com medo Dyanna.

Dyanna encostou-se na parede ao lado dele com a mesma expressão preocupada.

—E eu estou quase cagando nas calças de tanto pânico. Tem milhares daquelas coisas querendo nos matar e poucas coisas podem parar essas criaturas.

—Pensar que as lendas são reais... É loucura.

—Nós temos a tendência de tratar os povos mais antigos como supersticiosos e ignorantes. Talvez seja ignorância nossa não respeitar a sabedoria antiga.

—Daqui a oito mil anos nossa história também será lenda?

—Talvez, se houver um "daqui a oito mil anos".

Ouviram seu tio Doran os chamando, para repartir a cada um os deveres para o preparo de Dorne para a guerra.

Um soldado acabou perguntando em voz alta se era mesmo necessário, afinal Dorne era extremamente quente e com um sol muito forte.

—É uma boa pergunta. -disse Rhaenys para o homem -Mas da última vez que essas criaturas atacaram a humanidade causaram um inverno e escuridão que se espalhou pelo mundo inteiro. Antes parecia lenda mas depois de tudo o que vimos? Tenho que acreditar, sou obrigada a acreditar. Se quisermos sobreviver para mais um dia vamos ter que lutar. Eu vou estar lá, eu vou lutar pela minha família e pela humanidade. Essa é minha única certeza.

Suas palavras inspiraram os dorneses, que admiraram a disposição dos filhos de Elia em ficar e lutar em vez de ir embora para Moraq, onde era mais seguro.

Se eles lutariam, Dorne também lutaria.

Quando os navios moraqi chegaram, Elia saiu correndo para abraçar os filhos e Kerim também, cumprimentando a família Martell.

—Príncipe Doran, é bom ver ao senhor e a sua família de novo, apesar das circunstâncias preocupantes.

—Digo-lhe o mesmo, Kerim, e dou a você o agradecimento em nome de toda Dorne por vir em nosso auxílio nesse momento de perigo.

—Que tipo de governante, marido ou homem eu seria se não fizesse nada? Não, eu vim aqui por honra, dever e família.

Quando começou a grande movimentação para a luta contra os Caminhantes Brancos e a marcha começou, Elia sentiu um grande medo do que o futuro reservava.

Tudo estava em risco. Todos podiam morrer.

A humanidade podia acabar.

O mundo está em perigo, todo mundo pode morrer. O jogo dos tronos acabou.

De nada vale um trono para um cadáver.