Minha Âncora escrita por CM Winchester


Capítulo 12
Capitulo 11




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Depois do jantar Mel subiu para o quarto para ligar para seus pais. Aproveitei que estava sozinha com meus pais para conversar.
— Isaac queria marcar um jantar para formalizar as coisas.
— Então isso é serio? - Meu pai perguntou.
Cocei a sobrancelha enquanto pensava.
Era algo que eu queria. Não era só sobre perder a virgindade com ele ou sobre ele querer algo serio. Era sobre mim. Sobre dividir o segredo com ele, saber seu segredo. Era sobre confiança. Pensei em daqui uma ano como eu queria estar e tudo que eu mais tinha certeza é que queria ele ao meu lado.
— Sim. - Respondi encarando eles decidida.
— Você esta gostando dele? - Minha mãe perguntou.
— Não sei... Talvez. Tudo é novo.
— Como se sente quando esta junto dele?
— Me sinto bem, leve.
Eu me sentia muito mais que isso, mas achei que talvez dizer que me sentia livre ou que sentia que podia ser eu mesma perto dele, não deixaria meus pais felizes.
— Sente saudade, ou ciúme?
— Nós nos vemos todos os dias na escola e estamos trocando mensagens sempre não tem como ter saudade. E ciúme? Ele não chega perto das meninas da escola então não tem como sentir isso. Não me sinto ameaçada. Ele é um cara diferente. Gosta de deixar as coisas bem claras. E querer namorar comigo sempre foi isso que ele quis desde o nosso primeiro encontro.
— Acha que quer dividir seu futuro com ele? - Meu pai perguntou.
— O futuro é incerto pai. Tudo que sei é que ele pretende ficar na França, mesmo se Chris retornar aos Estados Unidos. Quer ficar na França por que quer ficar perto de mim.
— Ele parece mais apaixonado que você. - Mamãe comentou.
— E isso é ruim?
— Não. Mas... Vamos conhece-lo. Pode ser para essa semana o jantar. Na sexta?
— Vou falar com ele. - Levantei. - Boa noite.
Subi as escadas e segui para o meu quarto.
Tinha que resolver isso com Isaac e ainda ligar para Nate.
— Tudo bem? - Mel perguntou quando entrei no quarto.
Ela estava deitada na cama mexendo no celular.
— Sim. Meus pais aceitaram o jantar com Isaac. Marcaram para sexta a noite. Tenho que confirmar com ele agora.
— Então vocês vão namorar serio?
— Er... Acho que sim.
— Vou olhar a previsão do tempo deve estar em alerta vermelho.
— Você é muito palhaça, devia trabalhar no circo. - Sorriu.
Subi para o sótão e liguei para Isaac.
— Oi.
— Tudo bem?
— Tava correndo um pouco. Esta perto da lua cheia.
— Ah sim. Er... Meus pais marcaram o jantar para sexta pode ser?
— Claro. Estou livre. O que eles falaram?
— Fizeram algumas perguntas sobre sentimentos e tal. Agora vamos ver como você se sai.
— Vou me sair bem. Eu espero. Só talvez eu não saiba comer comida de rico e usar todos os talheres e taças da mesa.
— Eu te ensino.
— Eu estava debochando. Tem toda essa frescura?
— Sim. E espero que você não diga isso perto deles.
— Vou anotar para lembrar depois.
— Que vida. Dois palhaços.
— Qual é o outro? - Perguntou interessado e eu ri.
— A Mel. Esta debochando de mim, ou melhor, de nós dois.
— Loira, eu vou voltar a correr. Posso te ligar depois?
— Pode ser. Vou tomar um banho. - Ele desligou.
Sentei na escrivaninha e liguei o notebook. Não sabia que horas seriam nos Estados Unidos, mas eu tinha que tentar falar com Nate. Foram duas tentativas falhas ate ele atender a chamada de vídeo.
— Fala maninha. - Sorriu animado.
— Quanto tempo.
— Por que esta com um brilho nos olhos?
— Que brilho nos olhos?
— Você esta diferente. Aconteceu algo?
— Não. Queria falar do meu aniversario. - Pressionou os lábios.
— Sei que falta só um mês, mas não sei se vou estar ai. E nem sei se sou bem-vindo.
— Deixa de maluquice.
— Maluco é nosso pai.
— Eles perguntaram se você virá. Nate, não importa eles, importa eu. Não faça isso por eles, faça isso por mim. É minha festa de 18 anos. Pode por favor vir dançar comigo uma musica?
— Vou ver como esta minha agenda, se consigo encaixar a festa nos horários. Te ligo depois. - E a tela ficou preta.
Fechei o notebook e suspirei. Éramos uma família unida e animada, com jantares exuberantes, almoços em família no domingo e viagens pelo mundo nas férias. Tudo perfeito.
Ate Nate resolver que estava sufocado com a vida que levava. E ai foi uma avalanche. Meu irmão deu no pé e todo o peso caiu sobre mim. Devia culpa-lo por ser covarde e fugir. Mas o sangue é mais denso que a agua.
No fundo ele tinha mais coragem que eu. Enfrentou nossos pais e saiu de casa.
— Tudo bem? - Mel perguntou da escadas.
Só a cabeça para dentro do alçapão.
— Sim. Acho que Nate não vem para o meu aniversario.
— Deixa ele. Esquece isso e aproveita. Vai ser o seu aniversario. Faz dois anos que ele não da as caras. Você superou os dois anos, pode superar mais um ate cair na real e deixar de correr atrás daquele cretino.
— Nossa! Obrigada pelo conselho.
— De nada. E é de graça. - Piscou sorrindo e eu revirei os olhos. - Já vou ir dormir. Ate amanhã.
— Boa noite. - Murmurei antes de vê-la descer.
No outro dia acordei mais animada. Levantei e fui para o banho. Vesti uma calça jeans preta, camisa xadrez de vermelho, branco e marrom e calcei meu tênis all star preto.
Encontrei com todos tomando café.
— Confirmou para sexta? - Mamãe perguntou quando terminei de comer.
— Sim.
— Alguma comida que você saiba que ele gosta?
— Hum... Não sei. Ele é americano. Acho que ele gosta de qualquer coisa que servirem. Desde que seja simples por favor, vamos evitar constrangimento. - Mamãe assentiu. - E eu falei com Nate. - Meu pai tirou os olhos do jornal para nos encarar. - Acho que ele não vem.
— Previsível. - Resmungou fechando o jornal com força e levantando. - Vou trabalhar. Nos vemos a noite. Se cuidem meninas.
— Ele disse que não viria? - Mamãe perguntou quando papai já tinha saído de carro.
— Disse que ia olhar a agenda e tentar encaixar o horário da festa. - Revirei os olhos. - Tudo bem. Já faz dois aniversários que ele não aparece.
Ficou um silencio incomodo. Levantei e Mel me acompanhou ate a escola.
As pessoas seguem rumos diferentes na vida. Nada nunca fica igual. A gente cresce e começamos a gostar de coisas novas, enjoar as velhas. Se achar grande demais para brincar. É uma constante evolução. Claro que a humanidade precisa evoluir muito mais.
E é assim Nate foi embora e talvez um dia eu não terei tempo para Mel. Quando somos adolescentes não pensamos em aproveitar o tempo e ele vai passando. Os dias de loucuras vai ficando para trás. Vamos amadurecer e começar a trabalhar. E se transforma em uma bola de neve. Responsabilidade. Pagar contas. Ter uma família.
Acontece com todo mundo e com nós não vai ser diferente. Só o que me resta saber é se Isaac e eu sobreviveremos a isso. Se minha amizade com Mel sobrevivera a isso.
Por que é obvio que minha irmandade com meu irmão não sobreviveu a isso. O tempo, a distancia, a vida. Tudo é massacrante as vezes.
— Você esta bem? - Foi a primeira coisa que Isaac perguntou quando me viu.
Encarei seus olhos azuis preocupados.
— Não importa o que aconteça ficamos juntos?
— Você esta me assustando. Aconteceu algo?
— Não. Mas quero tirar isso a limpo. Não importa o que aconteça ficamos juntos?
— Sim. Ficamos juntos.
— Ótimo. - Me estiquei ficando na ponta dos pés e o beijei.
Isso tinha que ser o bastante.


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