Todos os Erros escrita por Lizzy Di Angelo


Capítulo 30
Compreensão necessária




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A frustração acertou Ilíria no exato momento em que viu Harry Potter com o pomo de ouro nas mãos. Sentiu os ombros tremerem, tinha jogado até o último minuto, a Sonserina conseguira cinquenta pontos, e no fim não adiantara nada. Seu corpo doía, estava exausta, mas a sensação de perder em seu primeiro jogo como capitã era aterradora, segurou as lágrimas enquanto descia lentamente, ouvindo as comemorações vindas das arquibancadas. Quando conseguiu encostar os pés no chão murmurou em dor, mas ainda assim desceu da vassoura e ficou de pé, preferia sentir dor por todo o caminho do que ter que esperar alguém ajudá-la. 

Oliver estava feliz. Claro que estava, ainda participaria do campeonato, tinham chance de vitória, o que por si só era um alívio. Sentiu os jogadores o abraçarem muito mais do que viu, porque embora aquele fosse um momento muito importante para o time, não conseguia tirar os olhos da Saint-Sallow. Viu Ilíria alcançar o chão, a expressão de dor ao ficar de pé, e se soltou rapidamente, querendo dizer alguma coisa para ela. Qualquer coisa serviria. Correu para ela, querendo apertá-la em um abraço ao ver o jeito como segurava o choro, porém mais uma vez chegou tarde demais.

Adrian Pucey já estava lá, pronto para passar a mão em torno dela e ajudá-la no caminho para fora do campo, e Wood sentiu uma frustração que não conhecia ao pensar que aquele garoto a entendia muito mais. Oliver teria a levantado no colo, mas Adrian entendia como naquele momento isso seria apenas um golpe no orgulho dela, então apenas oferecera apoio para continuar o caminho. Queria que ela tivesse saído do jogo, porque nem deveria estar nele para começar, e era óbvia a forma como o sonserino também ficara furioso ao ver que ela desprezara completamente a própria segurança, mas ele não dissera em nenhum momento que não deveria permanecer no jogo, porque Ilíria o teria ignorado. Oliver Wood não deixaria a partida mesmo com a perna ferida, e era estupidez esperar que Ilíria fizesse isso. Se sentiu estranhamente desconfortável.

—Parabéns, Oliver. —ela o vira, já próximo demais, então o cumprimentou. Era a segunda vez que ela o chamava pelo nome, a primeira em que não era culpa de sedativos, e lamentou que a voz dela fosse tão quebrada. 

—Eu… —tentou dizer algo, mas não sabia o que. —Obrigada.

Ilíria seguiu seu caminho, tentando apoiar seu peso o mínimo possível na perna machucada. Era possível estar feliz por Oliver e completamente decepcionada consigo mesma? Porque estava, e quase riu fraco ao pensar que realmente conseguia se sentir feliz pelo grifinório, não era dada a comemorar por seus oponentes, mas Wood se tornara um caso a parte sem que notasse. Suspirou cansada ao pensar que teria que caminhar até os vestiários ou ao castelo, mas Adrian a surpreendeu, puxando para trás das arquibancadas, onde não seriam vistos. O encarou com desconfiança, se afastando dois passos e pondo a mão no bolso em busca de sua varinha, mas tudo que ele fez foi abrir os braços para ela. Ilíria ficou ali, tentando entender enquanto ele pacientemente esperava, demorou alguns minutos para finalmente decidir se aproximar um pouco sem jeito, mas tudo ficou mais fácil quando a enlaçou em um abraço e deixou a garota cair no choro.

—Isso vai passar, querida. —sussurrou baixinho, levou uma das mãos até a cabeça dela, passando os dedos gentilmente pelos fios presos. 

Ficaram ali durante algum tempo, o campo já devia estar vazio quando as lágrimas acabaram, soluçou contra o peito dele antes de se desencostar. Soltou os óculos do rosto, as lágrimas escorriam por ele e embaçavam as lentes, limpou os olhos com as mãos antes de encará-lo, deveria parecer patética vermelha como estava. Seu corpo tremeu levemente, não sabia se era cansaço ou o contato para o qual não estava preparada, o recente carinho dele a atraia e repelia em mesma proporção, não estava acostumada com isso.

—Melhor? —perguntou calmamente, e embora Ilíria não soubesse o que responder, sua boca já se mexia.

—Bem, minha perna dói, eu perdi e acaba de se esvair a pouca dignidade que me restava, se ficar melhor do que isso eu devo explodir. —era sempre impressionante.

—Não posso fazer nada quanto a derrota, mas eu não vi ninguém aqui, então sua dignidade segue sendo preservada. —brincou, a morena abriu um sorriso leve, começava a se sentir um pouco aliviada. Pucey voltou a se aproximar, o olhou confusa, mas ele a levantou no colo mais uma vez. —E sua perna nós resolveremos agora.

—Estou começando a acreditar que você gosta de me carregar por aí. —bufou, mas se ajeitou contra ele mesmo assim, encostando a bochecha em seu ombro.

—Eu vou fingir que você ficou quieta, como deveria. —devolveu a implicância.

—Me leve para o vestiário. —ele a olhou confuso. —Devo ter direito a pelo menos um banho antes de voltar para aquela cama.

—Só se você espera que eu te dê um banho. —o rosto dela ficou ainda mais vermelho, franziu o rosto em indignação, fazendo com que ele arqueasse uma sobrancelha.

—Você é muito abusado, Pucey. —se irritou, e ficou ainda mais irritada ao ouví-lo gargalhar.

—Definitivamente não foi isso que eu quis dizer. —explicou. —Eu só duvido que você consiga tomar um banho sozinha com essa perna, isso é tudo. —ele estava sendo sincero, o que a acalmou um pouco.

—Talvez não em um chuveiro. —concordou. —Ouvi dizer que o banheiro dos monitores tem uma banheira. —comentou como quem não queria nada, mas ambos entenderam o que ela estava insinuando: Adrian era monitor, dessa forma, tinha a chave para o banheiro.

—E eu sou o abusado. —desdenhou, fazia calmamente seu caminho até o castelo, quase como se não sentisse o peso dela. Observou pelo canto dos olhos a cabeça deitada em seu ombro, o rosto avermelhado, os olhos um pouco inchados pelas lágrimas recentes, mas ela parecia pacífica, as pálpebras se fecharam lentamente, suspirou. —Melhore primeiro, depois podemos negociar a chave.


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