Sinais escrita por Sirena


Capítulo 4
Quadros e Covinhas


Notas iniciais do capítulo

Muito obrigada a Natália, heywtl, Isah Doll, Minnie e Joshua de Vine pelos comentários ♥
Obrigada também a Minnie e Joshua de Vine por favoritarem ♥
Podemos já começar a comemorar? Com apenas três capítulos postados, Sinais já passou das 300 visualizações u.u



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Ícaro

Encostei a cabeça na parede e mexi no meu cabelo, nervoso enquanto olhava para o celular, a espera de uma resposta. Eu devia estar fazendo dever de casa ou vendo alguma série, ou... Ou... Mas, não! Estava aqui, mexendo no celular e agoniado por estar no vácuo. Respirei fundo voltando na conversa para me acalmar.

 

[Mathias]
Eu gosto muito dessas coisas ligadas ao universo e tal
Aí com a sua companhia foi melhor ainda kkkk

 

[Ícaro]
Mas a gente não prestou muita atenção no universo, né?

 

[Mathias]
Por isso mesmo foi melhor ué kkkk

 

[Ícaro]
Ah, tá
Bom a gente pode ir pra algum lugar assim na próxima vez então já que você gosta tanto de universo
Mas eu preferia cinema

[Mathias]
Próxima?

 

[Ícaro]
Sim
Tipo, a menos que você não queira sair comigo de novo :/

 

Suspirei, me deitando e roendo o esmalte da unha. Já tinha alguns minutos que ele tinha visualizado a mensagem. Sinceramente... Custa tanto responder? Por que a demora? Tipo... Tinha sido um dia legal, né? O começo foi bem irritante, ficar esperando ele chegar e tal, mas tinha sido um dia legal. Eu tinha achado pelo menos. Valia um segundo encontro, né? Respirei fundo.

Ok, chega.

O nervosismo dele claramente era contagioso e quer saber? Isso era tortura.

Me levantei e fui correndo pro quarto ao lado. Não me importei em bater. Alexia me olhou de cara feia sentada na cama de frente para o laptop, estava com cabelo solto e usava um pijama cor de rosa dos Ursinhos Carinhosos.

"É bom ser importante. Eu to jogando!"

"Me ajuda!" — pedi indo pro lado dela e fazendo bico. - "Por favor."

"O que foi?"

Entreguei meu celular desbloqueado para ela enquanto me sentava ao seu lado balançando as pernas igual criança e ainda roendo as unhas. Alexia leu as últimas mensagens que troquei com o Mathias com a testa franzida, os lábios formando um beicinho pensativo.

Mexi no meu cabelo de novo, tentando me acalmar.

Eu não costumava ficar assim, mas, não sei... Talvez eu tivesse sido desagradável de alguma forma em algum momento? Eu tinha o hábito de zombar demais quando não devia, talvez... Ou simplesmente ele podia ter achado muito cansativo ficar o tempo todo usando Libras ou digitando no celular e decidido que não valia a pena passar por isso de novo... Ou então...

Balancei a cabeça, tentando me manter equilibrado. Eu não costumo ser nervoso assim, me recusava a ficar desse jeito paranoico só porque um cara qualquer não tinha me respondido uma mensagem. Um cara qualquer muito bonito, com um sorriso perfeito, extremamente divertido e simpático... Onde estava minha dignidade?

Alexia suspirou me devolvendo o celular.

"Você gostou de sair com ele?"

Assenti com a cabeça.

"Ele tá demorando pra responder. Isso não é bom, é? E se ele não tiver gostado tanto quanto eu?"

"Ícaro, por favor, para de falar como se fosse seu primeiro encontro na vida! Ele parece ser um tanto nervoso, talvez só esteja pensando no que dizer."

"Por cinco minutos?"

"Ele pode ter passado uns minutos comemorando antes." — ela deu de ombro. - "Ou a internet pode ter caído, ou podem ter chamado ele pra fazer alguma coisa em casa. Relaxa."

Antes que eu pudesse levantar as mãos e falar, o celular vibrou no meu colo, me dando um susto e fazendo minhas mãos suarem. Roí as unhas e Alexia revirou os olhos do meu lado, pegando meu celular e desbloqueando ela mesma. Sinceramente, não devíamos ter a mesma senha.

Tirei o aparelho da mão dela para ver o que era.

 

[Mathias]
Desculpa
Eu tava no onibus e tive que guardar o celular pra descer
Acabei de chegar em casa

 

[Ícaro]
Entendi
Problema não

 

[Mathias]
Eu gostei de sair com você
Fiquei feliz de que você queira sair denovo
Achei que você não ia nem querer me ver outra vez kkkk

 

[Ícaro]
Por que?

 

[Mathias]
Ah, eu fui pessimo no começo
Tava fazendo tudo errado e tal
Fora aquela hr q eu perguntei de camisinha do nada aaa

 

[Ícaro]
Você tava um pouco atrapalhado, mas normal acho
E eu gostei de sair com você mesmo
E ficar com você no planetário foi muito bom...

 

[Mathias]
AAAAAA
Obrigado por me deixar com vergonha a essa hr kkkk

 

Estava para digitar quando senti um aperto no meu ombro. Olhei confuso para Alexia que me observava sorrindo.

"Resolvido? Pode sair do meu quarto? Quero voltar pro meu jogo!"

"Tá bom, desculpa, Alexia. Obrigado." — dei um beijo na bochecha da minha irmã antes de sair do quarto animado, focado no celular.

 

[Ícaro]
Depois a gente combina algo então?

[Mathias]
Eu vou adorar ♥

***

“Ouvinte? Você tá louco?” — Sabrina revirou os olhos quando eu contei sobre o Mathias. - “Não aprendeu a lição?”

“Ele já sabia que eu era surdo quando me chamou para sair, não é igual aos caras da internet que descobrem e somem. E ele tá aprendendo Libras pra falar comigo, não fala isso.”

“Ele pode tá aprendendo, mas não é isso. E os amigos dele? Vão te incluir na conversa? E os pais dele? Vão gostar do filho namorando um surdo? A cultura surda é diferente, ele vai conseguir se incluir quando tiver com você e com seus amigos?”

Suspirei.

Sabrina era minha melhor amiga e tinha essa doce mania de ficar jogando minhas preocupações na minha cara como se eu já não estivesse preocupado o bastante. Ela tinha cabelos pretos curtos e bochechas que davam vontade de apertar. Os avós dela eram vietnamitas e dava para perceber fácil seus traços do sudeste asiático. Mesmo que ela explicasse isso, ainda insistiam em chamá-la de "japonesinha" e acho que isso a irritava mesmo que ela não demonstrasse muito.

“Sabrina, pode, por favor, só ficar feliz por mim?”

Sabrina se segurou enquanto o trem parava e esperou um pouco antes de voltar a fazer sinais.

“Eu tô feliz. Só preocupada. Não se engana.”

“Nem um pouco?” — arquei a sobrancelha, contendo um sorriso.

“Um pouco pode.” — ela declarou após alguns momentos, dando risada.

"Bom meu último namorado era surdo e deu muito errado. Vamos ser se com esse as coisas saem melhor."

"Já tá falando em namoro? Deixa de ser emocionado!"

Fiz careta para não dar risada, um pouco constrangido e fiquei em silêncio observando a paisagem pela janela por uns momentos.

"Vai saber."

"Ícaro... Vocês só se encontraram uma vez. Não vá com tanta pressa. Ainda tem muita coisa para saber."

"Eu sei, eu sei." - suspirei. - “É minha estação. Até amanhã, Sabrina.”

“Até.”— Sabrina me deu um beijinho na bochecha antes de eu descer do trem.

***

Mordi os lábios sem conseguir me concentrar na lição de casa e peguei meu celular para olhar as horas. Mas, enquanto fazia isso, abri a conversa com o Mathias.

[Ícaro]
Oi. Como foi o dia? Bem?

 

Estalei os dedos da mão, esperando a resposta enquanto a mensagem constava como entregue. Coloquei o celular no colo tentando voltar a me focar na lição enquanto minha mão suava, mas logo o aparelho vibrou e eu larguei o lápis.

Concentração? Nunca ouvi falar disso.

 

[Ian]
Como tá?

 

Franzi a testa para a foto que o Ian me mandou. Ele era um ano mais novo do que eu, estava no primeiro ano do ensino médio ainda. Éramos bons amigos e sempre passávamos o intervalo juntos conversando com a Sabrina, o Rodrigo e os outros amigos que eu tinha na escola.

Na foto que ele tinha mandado, dava para ver metade de seu rosto. O cabelo preto liso parecia bagunçado e os olhos azuis brilhavam, uma mancha roxa abaixo deles e o que parecia ser um corte ensanguentado na sua bochecha.

Analisei a foto um longo instante enquanto pensava no que responder.

[Ícaro]
Depende

Se for maquiagem lindo
Se n for, vai pra policia

 

[Ian]
Maquiagem, rlx kkkk
Tava testando

[Ícaro]
Me deu susto >:(

[Ian]
Desculpa
Vou tentar fazer uma zumbi

 

[Ícaro]
Vai fazer lição
Delinquente

 

Ian mandou vários emojis rindo.

[Ian]
Amirah me passa a lição pronta antes da aula

 

[Ícaro]
Para de aproveitar da Amirah
Amg n e pra isso

 

[Ian]
Disse o garoto q pede pro Rodrigo provas do ano passado pra estudar
Sabendo q são sempre as msm provas

 Decidi que era melhor não responder isso.

Tentei voltar pra minha lição, mas logo o celular vibrou de novo. Revirei os olhos pegando o aparelho acreditando ser outra mensagem do Ian tentando me incriminar injustamente, mas, me surpreendi ao ver que não era.

 

[Mathias]
Oi anjo ♥
Já tive melhores
E seu dia, como foi?

 

[Ícaro]
Foi bem

 

Hesitei antes de mandar a próxima mensagem. Não queria parecer desesperado, mas, sei lá. Mathias e eu nos falávamos todos os dias, quase o dia todo. Trocávamos mensagens o tempo todo, ele me mandava figurinhas de todo tipo quase a tarde inteira e eu gostava de falar com ele. As conversas fluíam fácil de brincadeiras e amenidades para assuntos sérios e até mesmo para uma conversa ou outra mais indecente e insinuativa. Fizemos vídeo-chamada duas vezes nessa semana para podermos conversar em sinais e eu só consegui reparar em como ele ficava bem de rabo de cavalo e como tinha um sorriso bonito.

Durante as vídeo-chamadas sempre tinha um momento em que ele se exibia, mostrando os novos sinais e frases em Libras que tinha aprendido nas aulas online, parecia um cachorrinho louco por atenção. Eu achava adorável e corrigia quando fazia algum sinal errado, além de ensinar um ou outro novo também. Conversar com ele era tão fácil que eu até esquecia que não falávamos a mesma língua.

[Ícaro]
Quando a gente vai ver de novo?

 

[Mathias]
Que tal a gente sair no final de semana?
Vc escolhe pra onde :)
Não quero pagar outro mico e.e

 

Pensei um instante.

[Ícaro]
Já sei pra onde

***

Eu gostava do museu do MASP. Os quadros não ficavam nas paredes e sim em cavaletes espalhados pelo enorme andar. Dava para andar entre as pinturas e admirá-las bem de perto.

“Bonita.”— Mathias sinalizou apontando para um quadro onde se via uma moça de vermelho e branco com flores nas mãos caindo de joelhos, várias figuras observavam em choque e uma tentava ajudar.

“Qual o nome?” — perguntei e tirei o celular do bolso para tirar uma foto do grande quadro.

Mathias foi para trás do cavalete, onde ficava a placa com as informações do quadro e eu fiquei tirando fotos em diferentes ângulos e contrastes do quadro porque era realmente muito bonito. Consegui fotografar o Mathias no exato momento que ele saiu dali de trás.

“Como é P-R-I-M-A-V...” — interrompi antes que ele terminasse de soletrar, já percebendo a palavra que ele queria saber.

Coloquei a mão na configuração de F e enfatizei a parte do polegar porque ele ainda se confundia, então fiz o sinal em frente a boca.

Ele concordou com a cabeça.

“Se chama Primavera. É sobre uma história G-R-E-G-A de uma mulher que foi picada por uma cobra.” — Mathias explicou. Franzi a testa tentando lembrar qual era o sinal para Grécia. Tinha certeza de ter aprendido nas aulas de histórias mas... Bom, não era um sinal que eu usasse com frequência, às vezes me fugia.

“Aquelas outras são continuação da história dela?”

“Não. São de outras histórias G-R-E-G-A-S.”

“Entendi." - bati a mão na testa assim que terminei de dizer isso, finalmente me lembrando qual era o sinal e mostrando pra ele, antes de continuar. - "Vamos ver as outras?”

Ele concordou com a cabeça passando um braço em volta dos meus ombros e andando do meu lado. Andamos entre os quadros, parando vez ou outra para ler as informações que traziam.

“Vamos tirar uma foto?” — ele pediu, parando.

Concordei e peguei meu celular porque a minha câmera era melhor. Fotos tiradas, seguimos o passeio confortavelmente, parando para conversar vez ou outra. O Mathias ficava vermelho toda vez que me perguntava algum sinal que ainda não conhecia, como se estivesse com vergonha, o que eu achava bem fofo, mesmo que desnecessário.

“Você não precisa ter vergonha de me perguntar algum sinal, sabe? Eu gosto que você esteja tentando aprender.” — enquanto eu falava, Mathias uniu as sobrancelhas e levantou as mãos, pedindo pra eu parar e fazendo sinal para dizer que não havia entendido.

Suspirei alto, pegando o celular para escrever o que tinha dito. Mostrei para ele e o observei ficar ainda mais vermelho enquanto um sorrisinho sem graça começava a tomar conta do seu rosto.

Ele pegou o celular dele para digitar. Acho que assim fica mais fácil invés de ficarmos os dois dividindo o mesmo aparelho para digitar, cada um fica no seu. Acaba sendo mais rápido pra responder acho.

“Ok, desculpa. É que eu fico sem graça de ficar sempre perguntando. Sei lá, não devia ser tão difícil. Me sinto mal por não saber.”

Franzi a testa escolhendo bem as minhas palavras antes de escrever.

“Maioria dos caras, some quando descobriam que sou surdo. Você tá tentando aprender Libra pra falar comigo. Não tem o que sentir culpado. Difícil ouvinte esforçar tanto.”

Mathias franziu a testa e revirou os olhos escrevendo.

“Não devia ser difícil. É o tipo de coisa que todo mundo devia saber.”

Não pude evitar fazer bico enquanto digitava.

“Sim. Mas, não posso obrigar todo mundo a querer aprender uma língua diferente. Aí fico feliz com quem tenta.”

Foi à vez dele de fazer bico, enquanto concordava com a cabeça e me devolvia meu celular.

***

Sentamos num banco enquanto esperávamos o metrô chegar. Mordi os lábios, pensando um pouco e esperei o Mathias terminar de retocar o lápis de olho roxo que estava usando  antes de apertar seu ombro.

“Posso criar um sinal pra você?” — perguntei.

Ele franziu os lábios e me entregou o celular com o bloco de notas aberto, parecendo envergonhado. Contive um suspiro enquanto escrevia minha pergunta. Ele franziu a testa e digitou:

“Como assim?”

“Na sua língua as coisas tem nome. Na minha elas tem sinais. Se eu criar um sinal para você, eu vou escolher um traço que eu considero marcante da sua personalidade ou físico, e mesmo se eu conhecer sei lá, vinte outros Mathias, esse sinal vai ser só seu porquê é sobre você e não sobre seu nome.”

“Gostei. Você tem um?”

Assenti com a cabeça, devolvendo o celular para poder mostrar meu sinal. Era uma mistura do sinal do I com o de cachos e eu achava bem fofo. Receber um sinal era basicamente ser batizado.

Claro, havia regras para criar um sinal para um ouvinte. O primeiro era que apenas um surdo podia criar um sinal para ele, um ouvinte nunca poderia inventar seu próprio sinal e também nunca poderia pedir que lhe criassem um. O segundo é que a gente só dava sinais para pessoas que gostássemos. A maioria dos meus amigos não gostavam de criar sinais para outras pessoas, "eu pareço uma máquina de inventar sinal?" era o que o Davi sempre dizia quando alguém tinha a audácia de lhe pedir pra fazer isso. Mas, eu gostava de criar sinais.

Para pessoas que eu gostava só, claro. Mas gostava de criar.

“Ok, cria um sinal pra mim.”

Franzi os lábios, pensando bem enquanto analisava o rosto dele. Fechei a mão e levantei o dedo polegar. Abri um sorriso e passei o polegar por um lado do rosto.

“Por que esse?”— ele perguntou em sinais, mas tive que pegar seu celular para responder.

“Sua covinha. Acho bonita. Pode ser esse sinal?” - perguntei porque, apesar de que só um surdo pode criar um sinal para um ouvinte, ele tinha o direito de dizer se havia gostado ou não, caso não, eu teria que pensar em outro.

Mathias riu enquanto apoiava o queixo na mão me olhando e assentindo de leve, sem graça. Estendeu a mão para fazer carinho no meu cabelo e eu fechei os olhos aproveitando a sensação suave dos seus dedos se enrolando nas mechas coloridas. Eu teria que pintar outra vez em breve, já estava começando a desbotar.

"Você é tão fofo." — ele sinalizou rindo de lado.

Arquei a sobrancelha e tentei não rir por apenas isso já ter sido o bastante para deixá-lo vermelho. Mathias ficava engraçado quando ficava sem graça. Ele ergueu as mãos e por um instante tive a impressão de que ele iria reformular a frase, como se achasse que tinha escolhido a palavra errada.

"Você fica fofo quando fica vermelho." — falei antes que ele tivesse a oportunidade. Mathias arregalou os olhos, ficando ainda mais vermelho.

Ele desviou o olhar e ergueu as mãos. Bufei quando ele começou a fazer sinais com o rosto virado, me impedindo de ver direito sua expressão facial. Puxei seu queixo com o indicador lhe olhando severamente.

"Eu preciso ver seu rosto. É como eu vou saber se você está falando feliz ou com ironia, ou se está me perguntando algo. Tem que me olhar enquanto fala."

"Desculpa, eu esqueço disso." — pediu, encolhendo os ombros, o rosto virado pra mim, mas olhos pra baixo, como se estivesse envergonhado demais. Revirei os olhos, puxando o queixo dele outra vez para que me olhasse.

"Você não precisa ficar tão nervoso comigo. Relaxa."

"Desculpa, eu só..."

"Mathias." — fiz o sinal dele, mas com uma expressão mais séria, para entender que eu estava chamando sua atenção.

Eu juro, se aquele garoto ficasse mais vermelho, ele seria confundido com um tomate. Revirei os olhos quando ele levantou a mão de novo, já percebendo que outra vez tentaria pedir desculpa por sei lá o que. Me curvei rapidinho para lhe dar um beijo na bochecha antes que ele fizesse isso e sorri ao me afastar, observando sua expressão sem graça e o sorriso bobo.

"Tudo bem esquecer de olhar para mim quando fala Libras, acontece. Tudo bem não saber algum sinal ou fazer algum errado. Eu dou risada, mas não é com maldade, ok? Gosto de sair e de ficar com você. Não precisa me pedir desculpas toda vez que fala alguma coisa."

Mathias deu um sorrisinho de canto e assentiu timidamente.

O vento soprou forte e olhei sobre o ombro, vendo o trem chegar. Suspirei me levantando e estendendo a mão para o Mathias. Ele riu, entrelaçando os dedos com os meus enquanto guardava o celular para entrarmos no trem.

Bocejei enquanto entrava. Não tinha lugar para sentar, mas também não estava muito cheio, o que foi bom. Mathias se encostou contra a porta fechada e me puxou para que eu me encostasse nele. Sorri deitando a cabeça no seu ombro, bocejei de novo fechando os olhos.

Senti o Mathias passar uma mão em volta do meu quadril, me segurando pro caso do trem dar algum tranco, em seguida senti um beijinho no alto da minha cabeça e ri, beliscando seu ombro.

Confortável.

Ficar perto do Mathias era confortável como se o resto do mundo deixasse de importar e só tivesse a gente.


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Notas finais do capítulo

Ícaro nervoso no começo kkkk ele é todo desconfiado com o Mathias mas por dentro é tanto inseguro também ♥



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