Heaven & Hell escrita por Nightmare


Capítulo 9
Chapter 8. Defense




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As três jovens agora fitavam, surpresas, a milhares de lâmpadas que forneciam iluminação mais do que suficiente para o grande espaço. Observaram o pokémon inseto à sua frente, semelhante à uma tarântula, revestido por pelos amarelos. A criatura possuía quatro olhos, dois maiores e um segundo par menor logo acima destes. Ele deveria ser Eddison, o responsável por gerar eletricidade para a enorme rede de túneis.

Atrás da aranha, estava um garoto peculiar, o qual aparentava ser seu treinador. O rapaz aparentava ter cerca de dezenove anos e sua pele era extremamente pálida, como se nunca houvesse visto o sol. Possuía cabelos bagunçados de um tom cinza escuro e usava óculos por cima de seus olhos amarelos desbotados. Utilizava roupas peculiares, longe do que estaria na moda atualmente: uma jaqueta de couro marrom sobre um suéter cinza, gravata borboleta roxa e calças de mesma cor em padrão xadrez. Seu semblante era sério e uma das sobrancelhas estava arqueada, como se estranhasse a situação.

— Lydia, o que essas garotas fazem aqui? — indagou o rapaz por fim, fitando as recém chegadas.

— São desafiantes, senhor. — a mulher informou, sorrindo e assentindo.

— … Desafiantes? — o garoto ficou em silêncio por um breve momento, antes de soltar uma leve risada. — Esse mundo não está perigoso demais para vocês, meninas? Não deveriam estar em casa ajudando suas mães a lavar louça? — perguntou. Seu tom era arrogante e provocador, deixando evidente que não estava brincando.

O comentário do líder atingiu as três jovens como uma pedrada no rosto. Permaneceram caladas e inexpressivas por um momento, piscando para assimilar o que lhes havia sido dito. Era difícil digerir um pensamento machista como aquele após tudo pelo que haviam passado. Mesmo estando fora de casa por menos de um mês, já haviam superado traumas, lutado por sua sobrevivência e protegido aqueles que amavam com suas vidas. Como era possível que o homem parado à sua frente, conhecido por sua capacidade e sabedoria, pudesse ter pensamentos como aquele? Que garotas eram fracas demais para superar os obstáculos à sua frente? Caroline abriu um sorriso torto, contendo um grito de raiva.

— Como é?! — Sam se exaltou por fim, dando um passo à frente.

A garota de cabelos brancos certamente teria atingido o rosto pálido do rapaz com sua mão forte, caso não houvesse sido impedida por Caroline, que se colocou à sua frente.

— Podemos ir logo para a batalha? — pediu a menina de cabelos negros, tensa. Temia que o líder pudesse ser assassinado pela amiga antes mesmo de seu confronto.

— Como quiser. — o garoto respondeu, surpreso pela ansiedade da garota. Jamais havia enfrentado desafiantes do gênero oposto, ainda mais uma tão apressada. Nem ao menos percebera a reação interna que sua frase anterior havia desencadeado nas jovens.

Acompanhados por Lydia, as três garotas e o líder fizeram seu caminho até o campo de batalha. Este era de um material arenoso, delimitado por linhas brancas de tinta, muito mais bem feitas do que as faixas de giz improvisadas do Mercado Negro. Havia duas plataformas baixas, uma em cada extremidade do grande retângulo, marcando o lugar exato onde os treinadores deveriam se posicionar.

— Qual das três terá a honra de ver a mim e meus companheiros em ação primeiro? — indagou o rapaz, colocando-se sobre uma das plataformas e ajeitando o nó de sua gravata.

— Eu. — respondeu firmemente a garota de cabelos negros, subindo também sobre a plataforma oposta ao líder. — Caroline Kavanagh, de Rainbow Valley. — poderia ter dito a verdade, afirmado ser de Kalos, mas preferiu evitar perguntas quanto a como e porque teria viajado de uma região a outra, algo muito incomum naqueles tempos.

— Pois bem. Eu sou Benjamin, líder de ginásio da cidade de Striaton e CEO mais jovem do continente. Sou dono da Tunnel Resorts, rede de hotéis internacionalmente famosa. — com uma pequena pausa e um sorriso orgulhoso, ele continuou: — Um gênio magnata, se as senhoras preferirem.

Era inegável que o comportamento do rapaz irritava todas as três, embora não demonstrassem. Isso é, além de Sam, que estava vermelha de raiva e trincava os dentes, quase soltando fumaça como uma locomotiva antiga. Todas elas teriam de enfrentar o homem mais machista e egocêntrico que haviam conhecido em suas vidas e, a menos que quisessem criar confusão em sua primeira batalha de ginásio, não podiam reclamar. Portanto, apenas preferiram respirar fundo e guardar todos os xingamentos em sua mente para outra hora.

Após o silêncio e falta de interesse das três novatas à sua frente, o rapaz bufou, surpreso por não ouvir os mesmos elogios que sempre lhe dirigiam. Revirando os olhos, chamou por sua fiel assistente, acenando com um gesto de mão.

— Lydia, explique as regras. — pediu, em um tom desanimado.

— Pois bem. — a mulher assentiu, prontamente. — Durante a batalha, será permitido o uso de apenas dois pokémons, sendo proibida a utilização de medicamentos como poções. O vencedor de cada round será anunciado quando o representante de um dos lados estiver cansado ou ferido demais para continuar. O desafiante será julgado pelo líder após o combate, podendo receber os prêmios mesmo que não saia vitorioso, caso prove ser astucioso e habilidoso. — informou Lydia quase roboticamente, como se já houvesse decorado o discurso após repeti-lo tantas vezes.

Nas semanas anteriores, Caroline havia feito pesquisas sobre as batalhas oficiais, com um pouco de ajuda de Juniper e outros. Assim, descobriu que o objetivo dos Ginásios que ainda existiam era preparar o desafiante para possíveis desafios que enfrentaria ao longo de sua perigosa jornada. Diferenciava-se dos antigos Ginásios, pelo que havia ouvido, no quesito de especialização de seus líderes. Atualmente, estes trabalhavam táticas e estratégias, possuindo pokémons que os auxiliassem a atingi-las. Não mais eram como no passado, em que os líderes se organizavam pelo Tipo característico dos monstrinhos que utilizavam, como Fogo, Água e Planta.

Tal fato era realmente interessante aos olhos da menina pois, ao enfrentar Benjamin, não o faria apenas para receber os prêmios, mas sim para estar apta a se desvencilhar de dificuldades que encontraria em seu caminho. A batalha de ginásio era, portanto, mais uma forma de treinar seus pokémons e aprender a agir rapidamente diante de qualquer situação.

— Os primeiros pokémons de cada treinador já podem ser libertos. — anunciou a assistente, obrigando Caroline a abandonar seus devaneios e se concentrar no combate que estava por vir.

— Vamos começar, Eddison. — exclamou o garoto ao fitar o Joltik em seu ombro, que assentiu e desceu do corpo do treinador, posicionando-se à frente do mesmo no campo. — Vamos guardar nossa arma secreta para o final. — ele sorriu, referindo-se a seu outro pokémon.

Benjamin, na verdade, sentia-se mais vantajoso não revelando à sua oponente os dois pokémons ao lado dos quais batalharia de uma só vez. Isso daria-lhe a chance de pensar. Por isso, preferia jogar com aquele que já estava à mostra.

A criaturinha era completamente desconhecida pela menina. A julgar por sua aparência, imaginava ser um tipo de inseto. Sua hipótese foi confirmada quando sacou a PokéDex e apontou-a para o monstrinho, descobrindo que se tratava de um Joltik. O dispositivo revelou também algumas das principais informações sobre a espécie, as quais a treinadora leu rapidamente antes de revirar sua mochila atrás de uma pokébola.

— Vamos lá, Fire! — exclamou Caroline ao lançar a esfera para o alto.

Quando a luz liberada pelo dispositivo cessou, pôde-se ver o robusto cavalo de crinas azuis flamejantes. Este parecia completamente ciente de onde estava e mantinha uma expressão séria e determinada. Estava nervoso, mas tentava não transparecer, para não preocupar sua treinadora. Caroline havia se esforçado tanto para aquele momento; não queria desapontá-la.

Pelo que havia estudado, Caroline sabia que um pokémon Tipo Água como Leroy teria desvantagem contra um Tipo Elétrico, como Joltik. Os golpes Tipo Fogo do cavalo, no entanto, lhe causariam mais dano por seu Tipo Inseto; por isso, Firestarter era sua melhor opção no momento. Por experiência própria, aprendera que uma simples superioridade de Tipo estaria longe de ser o suficiente para definir uma luta, mas não queria desafiar de forma imprudente um pokémon com tanta experiência e treinamento. Além disso, não queria colocar seus companheiros em risco desnecessariamente. Ela estava sendo testada e pretendia obter sucesso, embora soubesse que não seria uma tarefa fácil. Com certeza seria uma batalha complicada: precisaria ser inteligente, pensar rápido, criar estratégia e, principalmente, esperar o inesperado. Mas, certamente, não estava disposta a desistir. Soube que seu Ponyta sentia o mesmo quando este se virou para trás e assentiu, confirmando estar pronto.

— Comecem! — gritou Lydia, levantando duas bandeiras - uma verde e uma vermelha - para iniciar oficialmente a batalha.

Ember! — comandou prontamente Caroline. Queria ser a primeira a atacar e optou por um movimento à distância que garantiria a segurança do Ponyta. Por desconhecer os métodos do líder, preferia não atacar diretamente.

Estufando o peito e concentrando ao máximo seu poder, o cavalo branco disparou diversas brasas azuladas em direção ao pequeno inseto. Com todos os treinamentos, seu fogo parecia ter ficado ligeiramente mais poderoso, tornando-se maior e mais intenso, o que certamente ajudaria naquela batalha.

Surpreendentemente, o Joltik permaneceu imóvel por alguns segundos até ouvir a voz de seu treinador, comandando-o a se proteger. Sem hesitar, a tarântula amarela apoiou-se sobre suas patas traseiras, ficando de pé, enquanto suas garras azuis dianteiras cresciam e adquiriam um brilho avermelhado. Estas foram cruzadas à frente de seu corpo, formando uma espécie de escudo em “X” que serviu de proteção para o pokémon. Quando as poderosas brasas o atingiram, o Joltik foi arrastado alguns centímetros para trás, mas seu escudo absorveu boa parte do dano.

A garota arregalou os olhos; o combate seria mais difícil do que ela esperava.

— Meu ginásio é especializado em técnicas de defesa, meu bem. — informou o líder em um tom arrogante, como se o simples ataque da menina houvesse atingido-o como um insulto. — Vocês vão precisar de mais do que fogo para nos atingir. — embora ele parecesse querer sorrir, continuava inexpressivo, calculista. Isso apenas deixou Caroline mais apreensiva.

Então, ataques indiretos certamente não seriam uma boa opção. O melhor a se fazer talvez fosse tentar uma ofensiva direta. A curta distância certamente colocaria Fire em desvantagem, mas até conhecer melhor as estratégias do líder, aquela seria sua melhor chance de causar dano.

— Fire, avance com o Double Kick! — pediu a jovem, esperando conseguir atingir o oponente dessa vez.

— De encontro com X-Scissor. — retrucou o rapaz em um tom calmo.

Graças à agilidade superior de Fire, este foi capaz de desferir um primeiro coice contra a tarântula amarela antes que esta pudesse executar seu segundo golpe, lançando-a para trás. O pequeno gemeu com a dor do forte chute, mas não hesitou ao cruzar novamente suas curtas patas. Dessa vez, avançou contra as patas traseiras do cavalo, que planejava lhe acertar um segundo chute. Esse, porém, foi interceptado pelo X-Scissor do Joltik, que fez com que Ponyta se desequilibrasse e caísse ao chocar-se com o escudo criado pelo pequenino. Firestarter bufou com o susto, mas logo se levantou.

Caroline desesperou-se ao perceber que nenhum tipo de golpe parecia funcionar contra a tarântula, que possuía diversas formas de se defender. Ela teria de pensar rápido, ou a batalha estaria acabada. Infelizmente, ela não dispunha de muito tempo.

— Vamos sair da defensiva, Eddison. Pin Missile! — exclamou o garoto apontando para a frente ao lançar seu comando.

A aranha elétrica prontamente arqueou seu corpo, logo jogando-se para a frente e lançando diversos espinhos esverdeados, que seguiram em direção à Firestarter. O Ponyta permaneceu imoveu e aflito, antecipando a dor que sentiria quando as agulhas criadas pelo Joltik perfurassem sua pele.

Os espinhos eram muitos, seria impossível pedir que Fire desviasse de todos eles. Ser incapaz de pensar em algo para ajudar seu companheiro deixava Caroline realmente irritada e também aflita, como se pudesse sentir o medo de seu pokémon. Porém, como uma chama acesa, uma ideia surgiu na cabeça da menina: o líder podia ter suas técnicas de defesa, mas ela também tinha as suas. Havia passado horas sob o sol quente treinando as mesmas, aquele seria o momento de realmente testá-las.

— Fire, use o Flame Shield! — gritou a garota de cabelos negros sorridente, proferindo o nome que havia concedido à estratégia.

Um sorriso de canto se abriu no rosto do robusto cavalo, que não perdeu tempo. Começou a rodopiar no mesmo lugar e, ao adquirir uma velocidade alta, começou a disparar brasas. Com a tendência do movimento executado pelo Ponyta, as chamas começaram a rodeá-lo, unindo-se para formar uma grande barreira circular de fogo azul. Quando os espinhos disparados pelo Joltik foram de encontro com seu escudo, acabaram sendo consumidos pelas chamas antes mesmo de provocar qualquer dano ao pokémon Shiny.

— Hm. — o líder fitou, intrigado, o escudo de fogo do adversário já se dissipando. Era raro encontrar treinadores que já possuíam suas próprias táticas de defesa, o que realmente o surpreendeu. — Devo admitir que essa foi uma estratégia de defesa muito bem planejada. Porém, como especialista em defensiva, devo dizer que isso não será o suficiente para vencer uma batalha. — e, após uma breve pausa, continuou: — Eddison, Pursuit!

— Contra-ataque com Flame Wheel! — comandou a garota. Seria a primeira vez que Firestarter utilizaria o novo golpe em uma batalha, já que o aprendera pouco tempo atrás. Contudo, Caroline confiava no pokémon e em seus treinos; sabia que Fire estaria pronto para executá-lo.

Ambos os pokémons avançaram em direção ao outro, sem esboçar medo ou nervosismo pela colisão que estava por vir, como se estivessem confiantes em si mesmos e no que fariam. Conforme ganhava velocidade, o corpo da tarântula era envolto por uma aura negra. De forma similar, o cavalo possuía uma grande camada de fogo azul ao seu redor. Ao se chocarem, uma pequena explosão ocorreu, e os gritos de dor de ambos puderam ser ouvidos enquanto eram lançados para trás.

Fire arfava, com as pernas trêmulas devido ao cansaço e à dor física, mas certamente o mais prejudicado pela colisão foi o Joltik. O pequeno gemia, fitando algumas marcas de queimado que agora possuía, embora ainda se mostrasse apto a continuar.

— Morning Sun! — exclamou Caroline, preocupada com as condições de seu pokémon.

O cavalo respirou fundo, fechando seus olhos ao expirar. Partículas de energia o rodearam, enquanto seu corpo emitia uma luz esbranquiçada. Quando o Ponyta reabriu os olhos e o brilho cessou, fora possível notar que seus poucos ferimentos haviam desaparecido e ele estava mais disposto. Com parte das suas energias restauradas, ele certamente tinha uma vantagem contra o Joltik já cansado.

— Eddison, use Pin Missile para desestabilizá-lo. Em seguida, acerte-o com um Leech Life! — comandou o rapaz de cabelos acinzentados, tentando igualar as condições de ambos os pokémons.

A tarântula amarela juntou suas forças e respirou fundo, eriçando os pelos e disparando novamente diversos projéteis em direção à Firestarter. Devido à proximidade, o cavalo não teve tempo para se proteger, conseguindo apenas saltar para o lado em uma tentativa de reduzir o dano. Ainda assim, foi atingido por alguns espinhos e caiu, relinchando ao sentir a dor dos mesmos perfurando sua pele.

Aproveitando o descuido do outro, Eddison saltou em sua direção com suas presas à mostra, preparado-se para mordê-lo e drenar suas energias.

— Fire, impeça-o com Ember! — gritou a menina, sabendo que o seu Ponyta não teria tempo para se colocar de pé.

Ao ouvir a voz da treinadora, o cavalo deparou-se com o inseto a poucos centímetros de distância. Sem perder tempo, Firestarter abriu sua boca, disparando algumas chamas azuis contra o inseto. Devido ao curto tempo de preparação, o ataque não foi tão poderoso quanto anteriormente, mas atingiu o Joltik à queima-roupa. Lançado para trás pelas labaredas, Eddison guinchou, sentindo a ardência percorrer seu corpo. Ele caiu de costas e as queimaduras em suas patas e rosto o impediram de se colocar de pé novamente.

— Joltik não está mais em condições de lutar. — anunciou Lydia por fim, levantando a bandeira vermelha em direção ao inseto.

Com o gesto da mulher, dois homens usando vestes brancas se aproximaram, apanhando o pokémon caído com cuidado e levando-o a uma das poucas salas esculpidas nas paredes, sobre a qual havia uma placa onde podia-se ler “Enfermaria”.

Ao ouvir a voz da mulher, um sorriso brilhante se acendeu no rosto de Caroline. Ela mal podia acreditar que havia conquistado a vitória contra um treinador tão habilidoso quanto um Líder de Ginásio. Sua emoção era tanta que suas pernas tremiam, ameaçando deixá-la cair da plataforma de metal. A menina queria gritar, comemorar, abraçar Firestarter. A julgar pela postura orgulhosa do cavalo, ele com certeza compartilhava da mesma alegria que a treinadora.

Firestarter, por sua vez, deixava sua animação transparecer através de um sorriso brilhante. Com a saída de seu oponente do campo, empinou bravamente, levantando as patas dianteiras e relinchando - aquela era sua comemoração sempre que conseguia vencer um obstáculo. Ainda sentia certa dor em seu corpo depois da exaustiva batalha, porém, a mistura de sentimentos que corriam por suas veias o ajudavam a ignorar o sofrimento. Era aquela emoção que faltava quando morava na fazenda e, desde que começara a treinar e enfrentar novos oponentes, sentia-se mais vivo.

— Não se animem ainda. — proferiu o rapaz de cabelos acinzentados. — Eddison é meu companheiro, mas o real desafio do meu ginásio é meu Sandshrew. — mexeu cautelosamente no bolso direito de sua calça de malha roxa, retirando de lá uma pokébola em tamanho reduzido. Ao apertar seu botão central, o dispositivo se ajustou ao tamanho da palma de sua mão. — Vamos, Newton!

Um raio de luz branca foi emitido do dispositivo esférico, libertando uma criatura pequena, embora um pouco maior que o Joltik. Assemelhava-se a um tatu, possuindo quatro patas e uma cauda curta. A região inferior de seu pequeno focinho, bem como seu peito e barriga, apresentava uma cor levemente mais clara do que o resto de seu corpo. Suas orelhas eram triangulares e pontudas e, ao fim de cada um de seus membros, possuía longas garras: três em suas patas dianteiras e duas nas traseiras. Pareciam ser usadas para cavar, o que fez a menina crer que se tratava de um pokémon Tipo Terra. Caroline não hesitou ao apanhar novamente sua PokéDex para conferir.

— Sandshrew, o Pokémon Rato. Sandshrew vive em buracos que cava em áreas desérticas, enrolando-se em torno de seu próprio corpo para se proteger. — recitou a voz robótica do aparelho.

A garota mordeu seu lábio inferior, preocupada. Golpes do tipo Ground seriam super efetivos contra seu Ponyta, que já estava cansado e estaria em grande desvantagem. Por outro lado, Leroy teria uma vantagem natural contra o oponente, além de resistência contra seu Tipo. Após fazer sua decisão, Caroline estava prestes a chamar o cavalo de volta para substituí-lo pela lontra, quando foi surpreendida por Benjamin.

— Newton, Rollout! — comandou o rapaz, sem hesitar.

— Proteja-se! — gritou a menina, impulsivamente. Não poderia recolher Firestarter agora, portanto, sua melhor chance seria ajudá-lo a se defender.

Com o comando de seu treinador, o Sandshrew enrolou-se em torno de seu próprio corpo como uma bola, percorrendo o campo com grande velocidade. Ao mesmo tempo, pego de surpresa pelo comando do líder, Fire repetiu a estratégia anterior. Rodopiou ao lançar chamas azuladas contra o chão, formando uma barreira flamejante à sua volta. Ao deparar-se com o grande escudo de fogo, Newton cessou seu movimento, aguardando um comando seguinte de seu treinador.

— Apague o fogo. — pediu Benjamin.

A menina ficou confusa de imediato, mas o pequeno Sandshrew não teve a mesma reação. Na verdade, ele sabia exatamente o que fazer. Ele tornou a rolar, dessa vez circulando a barreira de fogo de Firestarter, cada vez mais veloz. O movimento rápido do pokémon acabou por levantar a areia ao seu redor, a qual caiu sobre as chamas, apagando-as por fim.

Ao ver sua estratégia de defesa facilmente desfeita, o cavalo arregalou os olhos, deparando-se mais uma vez com o oponente. Sua primeira reação foi a de tentar correr para esquivar-se do tatuzinho, mas não conseguiu disputar com a velocidade do mesmo por muito tempo. Logo Newton o alcançou, lançando-o ao chão com a força de seu corpo. O golpe atingiu a lateral do Ponyta, que soltou um gemido com a dor do impacto. A região atingida ficou rapidamente vermelha, enquanto Firestarter tentava recuperar o ar, com dificuldade. Após alguns segundos no chão, o cavalo se esforçou para erguer seu corpo mais uma vez, indisposto a desistir tão facilmente, e fitou o oponente com fúria.

Caroline estava atônita com o modo como o Sandshrew foi capaz de apagar o fogo. O movimento foi muito bem elaborado, o que fez suas esperanças esvaírem-se parcialmente, ao lembrar-se que enfrentava um treinador experiente e de conhecimentos muito mais vastos que os seus. Ela fitou seu pokémon preocupada, e o mesmo assentiu, ofegante, afirmando que estava pronto para continuar. 

— Tudo bem, Fire. — a garota murmurou, admirada pela resistência e ambição do cavalo. — Use Ember!

A menina de cabelos negros sabia que um golpe de Tipo Fogo não seria muito eficaz contra o tatu. No entanto, utilizar golpes de contato físico era extremamente arriscado, pois removeria a distância segura que o Ponyta shiny mantinha de seu adversário.

Assentindo, Firestarter preparou novamente o golpe, sentindo o calor subir por sua garganta ao estufar o peito. Não hesitou ao disparar diversas chamas azuis em direção ao pequeno Sandshrew, que permaneceu imóvel até receber o comando do seu treinador.

— Apague-as também e avance. — ordenou o garoto, ajeitando seus óculos.

Prontamente, o tatuzinho colocou suas enormes garras no chão, levantando uma grande quantidade de areia que, ao cair sobre a primeira brasa, fez o fogo desfalecer. A facilidade com a qual Newton conseguia aniquilar as poderosas chamas intimidou o Ponyta, que recuou alguns passos com a aproximação do inimigo. O Sandshrew repetiu o processo diversas vezes, avançando à medida que se livrava das brasas, até que estivesse bem próximo do cavalo.

Tackle! — gritou Caroline impulsivamente ao perceber que ataques diretos agora seriam a melhor opção, já que o espaço entre os dois pokémons era quase inexistente. Aquela seria a melhor chance que Firestarter teria de se proteger e atacar.

— Proteja-se com Fury Cutter. Depois, Rapid Spin! — comandou, calculista, o líder.

Firestarter foi o primeiro a movimentar-se, mas sua agilidade não foi suficiente para atingir o oponente. O Sandshrew repetiu a técnica antes utilizada por Joltik, cruzando à frente de seu corpo as garras, que haviam se tornado maiores e adquirido um brilho vermelho. Dessa forma, conseguiu resistir ao golpe de corpo do cavalo sem receber muito dano, sendo apenas empurrado ligeiramente para trás. Em seguida, começou a rodopiar em alta velocidade, enrolando-se ao redor de seu corpo e chocando-se contra as firmes patas do cavalo, lançando-o ao chão novamente. O Ponyta gemeu ao tentar se levantar, sentindo dor em suas pernas. Exaurido e dolorido, Firestarter permaneceu no chão por alguns segundos, tentando juntar suas últimas forças. Lutou para colocar-se de pé novamente, apenas para tentar e cair mais duas vezes antes de se entregar à dor, caindo com um baque sobre o chão.

— Fire! — a menina o chamou, preocupada. Ela também respirava com dificuldade, como se pudesse sentir o sofrimento de seu companheiro. A aflição ao vê-lo exausto sobre o chão fez a menina correr impulsivamente em sua direção apenas para certificar-se de que ele estava bem.

— Ponyta está ferido demais para continuar. A vitória é de Sandshrew! — anunciou Lydia, agitando a bandeira verde em direção ao tatuzinho.

Ao observar a equipe de enfermagem surgir novamente, colocando o cavalo sobre uma maca e levando-o para o local onde poderiam tratá-lo, Caroline sentiu uma certa culpa invadi-la. Ela não foi capaz de ajudar Firestarter a se defender e, por causa disso, ele havia se ferido. Naquele momento, ficou receosa, questionando se as batalhas realmente eram benéficas aos pokémons como estes diziam ser. No entanto, ao ver um último sorriso do Ponyta, encheu-se de confiança novamente.

Ela iria vencer aquela batalha por Firestarter.

— Vamos lá, Leroy! — sem mais hesitar, a garota de cabelos negros lançou sua segunda pokébola para o alto, libertando a lontra caramelo.

O Buizel abriu um sorriso determinado ao entrar em campo, fitando seu adversário. Estiloso, ajeitou sua gravata borboleta preta antes de acenar para sua treinadora, que retribuiu o gesto.

— Por favor não pense que, só por ter escolhido um pokémon Tipo Água, será fácil nos vencer. — exclamou o líder de ginásio, revirando os olhos. Caroline adoraria socá-lo.

— Leroy, Water Gun! — comandou a menina, ignorando a raiva para se concentrar na batalha. Precisaria prestar atenção e pensar com clareza caso quisesse sair vitoriosa e, após todo o esforço de Fire, ela não estava disposta a perder.

— Você ainda não aprendeu que ataques simples assim não vão nos parar? — Benjamin bufou, incrédulo. — Newton, desvie e avance com Rapid Spin.

A lontra caramelo respirou fundo, concentrando ao máximo seu poder para disparar um potente jato de água, que seguiu em direção ao Sandshrew. Este, com sua grande agilidade, não teve dificuldades ao saltar para o lado e começar a girar em direção ao Buizel. De início, Leroy ficou assustado diante de tanta velocidade, mas não precisou de um segundo comando para entender o que sua treinadora queria. Rapidamente, começou a girar, ainda executando o golpe, como fazia para criar seu escudo. Usando um pouco mais de força, porém, conseguiu que a corrente de água fosse mais longe, acertando o Sandshrew em seu movimento rápido e lançando-o para trás, sem que este tivesse chance de desviar.

— Isso mesmo, Leroy. — sussurrou a menina, feliz por seu companheiro ter entendido o que ela queria. Em resposta, recebeu um olhar orgulhoso do Buizel.

— Uma estratégia interessante, devo admitir. — o rapaz ajeitou seus óculos novamente. Parecia fazê-lo ao ficar nervoso. — Mas, agora que a conhecemos, não conseguirá nos surpreender de novo. Newton, Defense Curl e Poison Sting! — comandou.

Obedecendo a seu treinador, o tatu enrolou-se em volta de seu próprio corpo, adquirindo momentaneamente uma coloração esbranquiçada que indicava o aumento de sua defesa. Ao reerguer-se, direcionou sua curta cauda para o oponente, disparando uma grande quantidade de espinhos envenenados contra o Buizel.

Leroy pensou em se defender com seu escudo de água, mas os projéteis provavelmente seriam capazes de perfurá-lo sem dificuldade. Começou a desesperar-se ao perceber que não dispunha de muitas opções para salvar-se das agulhas de seu oponente. Instintivamente, correu sem rumo, em uma tentativa de distanciar-se do ataque momentaneamente, criando esperanças de que sua treinadora talvez pudesse ajudá-lo.

A menina, porém, estava estática: não sabia o que fazer diante dos inúmeros espinhos. Temeu que aquele pudesse ser o fim, pois um envenenamento acabaria com a batalha quase imediatamente. Estava pronta para aceitar a derrota, quando recebeu um olhar preocupado de Leroy, que temia ser atingido pelos espinhos. Aquele olhar a motivou a tentar algo.

Caroline não abandonaria seu pokémon agora, não podia simplesmente assumir que tudo acabaria ali. Enchendo-se de determinação novamente, uma ideia nasceu na cabeça da garota. Ela não conseguiria criar uma defesa efetiva contra o golpe, ou mesmo desviar dele.

Mas podia pará-lo.

— Leroy, Sonic Boom! De encontro com o Poison Sting! — gritou a menina, a tensão perceptível em sua voz. Aquela era sua única chance de ajudar seu pokémon a se proteger.

O mais rápido que conseguiu, a lontrinha saltou. Rodopiou no ar, cortando-o com suas duas caudas, que agora brilhavam intensamente. Assim, criou uma lâmina de energia branca que seguiu em direção aos espinhos. Com o choque dos golpes, uma pequena explosão ocorreu, lançando ambos os pokémons ao chão. Os dois soltaram grunhidos de dor, mas se colocaram de pé. Leroy fora claramente o mais prejudicado, uma vez que estava mais próximo quando os golpes colidiram.

— Aqua Ring! — exclamou Caroline, sem dar ao líder a chance de proferir algo antes.

O Buizel abriu um sorriso fraco, grunhindo uma última vez com o cansaço que sentia. Respirando fundo, concentrou o restante de sua energia para criar anéis de água em volta de seu corpo. Estes o rodearam por um momento, curando ferimentos visíveis e restaurando parte de seu vigor. Logo após dissiparam-se, e o sorriso casual de Leroy voltou a iluminar seu rosto. Ele estava preparado para continuar aquele combate.

— Newton, vamos finalizar logo isso. — o líder encarou seu pokémon e o mesmo sorriu. — Dig!

Com suas fortes garras, o Sandshrew começou a cavar em uma velocidade impressionante. Dentro de segundos, estava fora do campo de visão de Caroline e, em seu lugar, havia uma fina cortina de poeira. Apreensivo por não saber a localização de seu oponente, Leroy movimentava sua cabeça de um lado para o outro, procurando-o para que pudesse escapar de seu ataque.

Isso, porém, não foi possível.

Após alguns segundos de tensão, o tatuzinho emergiu, atingindo o Buizel com um golpe de corpo que o impulsionou para cima e arrancou-lhe um gemido de dor. Leroy sentia como se houvesse levado um soco na boca do estômago, ficando sem ar por um breve momento.

— Droga. — Caroline murmurou, aflita e preocupada com seu pokémon.

— Acompanhe-o e lance-o ao chão. — exclamou o líder, inexpressivo.

— Leroy, preciso que você se concentre! — pediu a menina, tentando ganhar a atenção de seu pokémon. — Use o Aqua Boom!

Benjamin arqueou uma das sobrancelhas ao ouvir o golpe proferido por sua oponente: aquele não era um ataque de verdade. Estava confuso, mas preferiu ignorar aquilo. Acreditava que a batalha já estava ganha e a garota não poderia fazer nada para reverter a situação.

Leroy esboçou um sorriso fraco, abrindo seus olhos. Encarou o Sandshrew, que se encontrava logo abaixo, também no ar. Lutou para ignorar a dor que sentia, determinado a executar o golpe e orgulhar sua treinadora. Começou a girar como um míssil, ainda subindo, deixando Newton confuso com o movimento. Em seguida, ambas as suas caudas adquiriram um brilho fraco e foram posteriormente envoltas por anéis de água. Com um movimento brusco, atingiu em cheio a cabeça de seu oponente, arrancando do mesmo um alto grito de dor. A potência do golpe lançou brutalmente o tatu contra o chão arenoso, criando uma pequena cratera ao seu redor com o impacto e levantando poeira. O Buizel controlou sua descida, caindo com o apoio de três patas. Ele cambaleou um pouco, mas permaneceu de pé, ofegante.

— Newton! — o rapaz exaltou-se pela primeira vez, visivelmente preocupado com seu pokémon.

Então ele tem sentimentos afinal, pensou Caroline.

A poeira começou a dissipar-se, tornando possível enxergar a silhueta do pequeno tatu, que se esforçava para colocar-se de pé. Porém, acabou falhando todas as vezes, finalmente desistindo e deixando seu corpo descansar sobre o chão, gemendo devido ao cansaço físico e ferimentos.

— Sandshrew está fraco demais para continuar! — anunciou Lydia, por fim. — A vitória vai para Caroline, de Rainbow Valley! — agitou a bandeira verde em sua direção.

Caroline esboçava um sorriso alegre, seus olhos brilhavam em emoção. Por dentro, os sentimentos eram tantos que a consumiam por inteiro: orgulho, agitação, adrenalina. Uma grande mistura que causava até certa tontura na jovem, fazendo suas pernas tremerem. Voltou sua atenção para o Buizel que vinha em sua direção, abraçando-o com força.

— Nós conseguimos, Leroy! — ela exclamou, lágrimas de felicidade ameaçando rolar por sua face.

A menina apenas afastou a lontrinha de seus braços quando este gemeu, ainda dolorido devido ao combate. Havia alguns cortes superficiais em seus braços e uma pequena quantidade de hematomas por seu corpo. Caroline estava prestes a se desculpar por obrigá-lo a lutar e suportar tanta dor, quando este sorriu fraco. Embora estivesse ofegante, era visível em seus olhos negros a felicidade por ter batalhado e vencido. Mesmo com todo o sofrimento pelo qual passara, era perceptível que não se arrependia do que fizera. Pelo contrário: orgulhava-se de trazer a vitória à sua treinadora, vingando seu parceiro ferido. Além disso, estava animado pelo combate em si e toda a emoção e diversão gerada pelo mesmo. A sede dos pokémons por lutas era algo que a garota de cabelos negros respeitava, mas jamais realmente entenderia.

Já se levantando da arquibancada, Amy e Sam aplaudiram, comemorando a vitória da amiga. Caroline nunca percebera o quão importante e animador era ter o suporte de outras pessoas, que queriam vê-la suceder em cada um de seus objetivos. Estava acostumada a viver apenas com a mãe e ter amigos era uma situação, até algumas semanas atrás, há muito tempo esquecida pela garota.

— Hm, você não é tão fraca quanto aparenta. — murmurou o líder para a garota de cabelos negros, que nem ao menos havia notado sua aproximação. Em sua mão direita, estava um envelope com o prêmio em dinheiro e uma espécie de cápsula. — Esses são os quatrocentos dólares por sua vitória e o TM X-Scissor. Se usado com sabedoria, como eu demonstrei, ele pode desempenhar tanto função de defesa quanto de ataque.

— Obrigada. — exclamou a jovem, esforçando-se para sorrir. Mesmo após vencer, ainda demonstrava certo desgosto pelo líder egocêntrico. — Eu posso ficar com o Fire? — indagou. Havia tentado minimizar sua preocupação com o companheiro durante a batalha para conseguir se focar. Mas, agora que vencera, mal podia esperar para falar com seu Ponyta sobre o quão orgulhosa estava.

— Claro. — ele assentiu, distanciando-se. — Lydia! — chamou e, rapidamente, a secretária se colocou ao seu lado. — Leve-a à Enfermaria.

A mulher sorriu para Caroline, colocando a mão sobre seu ombro e conduzindo-a ao local onde poderia rever Firestarter. A sala, esculpida na parede dos subsolos, tinha uma aparência rudimentar, embora dispusesse de todos os medicamentos necessários para tratar os pokémons feridos. Ao observar sua treinadora se aproximar, o cavalo sorriu; já não apresentava mais arranhões ou hematomas por seu corpo e sua expressão parecia muito mais saudável.

— Vencemos, Fire. — a jovem informou, sorrindo incondicionalmente ao abraçar o Ponyta de crinas flamejantes. Estava tão feliz por vê-lo em boas condições novamente.

— Com licença, senhorita. — um dos enfermeiros, vestido em roupas completamente brancas, aproximou-se. — Gostaria que tratássemos seu Buizel também? — indagou, direcionando o olhar para a lontra caramelo ao lado da menina.

— Sim, por favor. — ela assentiu e, após uma troca de olhares, deixou que Leroy fosse levado à uma espécie de cama, onde se sentou.

Quando ambos os pokémons estavam devidamente recuperados, as três garotas se reuniram novamente. Foram acompanhadas até a saída do hotel por Lydia, logo retornando ao hotel onde estavam hospedadas para descansarem um pouco.

Caroline não desmanchou seu sorriso durante o resto do dia. A sensação incrível que preencheu seu corpo desde que derrotara Benjamin era algo maravilhoso. Nunca antes se sentira tão confiante e orgulhosa, tanto de si mesma quanto de seus pokémons. Era quase como se fosse invencível e nada agora poderia convencê-la do contrário. O perigo que sempre a rodeou por suas escolhas de vida, extremamente criticadas na atualidade, parecia não mais acompanhá-la.

O mesmo podia ser dito de seus monstrinhos. Fire sentia-se imponente; mesmo tendo sido derrotado pelo Sandshrew, vencera Joltik. Sabia que havia lutado bravamente e, mais importante, dado tudo de si. E aquela era a melhor sensação de todas.

Leroy finalmente participara de uma batalha oficial e estava extremamente feliz por ter deixado sua nova treinadora orgulhosa. Além disso, aquela luta fora, de longe, a mais difícil de sua vida até então. Mas sair dela vitorioso servia para lhe mostrar que seus treinos, apesar de tediosos por vezes, realmente o deixaram mais forte. Esperava que Benjamin não fosse o último líder contra o qual batalharia.

Até mesmo Augustus, que não passara muito tempo com a menina ainda, começou a depositar mais sua confiança nela. Não havia assistido à batalha, mas os relatos dos pokémons que participaram dela foram o suficiente para convencê-lo de que, junto a garota, estaria ainda mais seguro do que já estivera um dia.

 

***

 

Nos dias seguintes, ocorreram as batalhas das outras duas jovens. Por já conhecerem parte das estratégias do líder, tiveram um tempo a mais para treinar, o que as beneficiou. Porém, ainda encontraram certas dificuldades em seus combates, principalmente quando Benjamin fez uso de técnicas não utilizadas antes.

Na batalha de Amy, Kairi ficou presa em uma teia criada por Joltik, o que a atrasou, mas felizmente não fora o suficiente para pará-la. A Riolu deu conta da tarântula e de boa parte do confronto com o Sandshrew, deixando que Iki, menos experiente, apenas finalizasse a batalha.

Sam, por outro lado, quase não conseguiu a insígnia. Não por falhar em seus planos ou ser pega de surpresa por algo que não fora capaz de resolver, mas sim por sua falta de paciência e submissão. Diferente de Caroline, a menina de cabelos brancos não aceitou de bom grado as críticas e pensamentos machistas do líder, principalmente quando esse afirmou que não seria “derrotado por mais uma garota fraca incapaz”. Não hesitou em, durante o combate, ordenar que Kahira atingisse o garoto com um golpe de seu bastão, o que a reptiliana fez sem pestanejar. Benjamin ameaçou expulsá-la de seu ginásio e até mesmo reportá-la, para que não pudesse participar de outras batalhas oficiais. No entanto, Lydia conseguiu acalmá-lo para que a batalha continuasse e, por fim, o Líder acabou por conceder a vitória à Sam.

E, agora, finalmente chegara a hora do último evento importante em Striaton, depois do qual poderiam partir:

O Contest.


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