Heaven & Hell escrita por Nightmare


Capítulo 2
Chapter 1. Riddle


Notas iniciais do capítulo

Como prometido, aqui está o capítulo 1.
Agora, só semana que vem - tapa
Srsly tho, espero que vocês gostem!



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O vento soprava forte naquele fim de tarde de agosto, assobiando ao passar por entre as poucas árvores presentes na cidade. Diferente do dia anterior, que havia sido agradável e ensolarado, o tempo havia mudado por completo, anunciando a tempestade que estava por vir. Nuvens escuras, acinzentadas e pesadas cobriam totalmente o céu azul.

Evidentemente incomodada pelo frio, a menina questionava o porquê de não ter escolhido roupas mais adequadas à temperatura do dia: vestia uma blusa de botões branca de manga curta, sutilmente ajeitada por baixo de uma saia de cetim azul marinho. Em volta de seu pescoço, utilizava sua inseparável gravata vinho de nó estilo Four-In-Hand. O único agasalho que possuía era uma jaqueta de couro preta, que protegia bem suas costas, mas suas pernas ainda eram vítimas do vento gélido.

— Pelo menos já chegamos. — murmurou, fitando a pequena pokébola que guardava cuidadosamente em sua mochila, a qual fecha e coloca pendurada em seu ombro direito logo em seguida.

Parou por alguns minutos no topo da colina verde onde estava, observando claramente a panorâmica da pequena cidade já quase abandonada de Nuvema. Poucas casas de estrutura simples e aparência triste estavam salpicadas em um grande círculo, protegido por árvores e pequenas elevações no terreno. O local havia sofrido com a emigração de residentes originais, uma vez que, com o fechamento dos mais importantes centros comerciais da área - especialmente o Laboratório Pokémon - grande parte da população havia se mudado, em busca de melhores ofertas de trabalho e lazer.

Com certo desânimo e pouca atenção - seria o cansaço, ou estaria a menina sendo contagiada pela melancolia da cidade? - Caroline caminhou pelas amplas ruas em busca de um lugar para ficar, onde pudesse passar a noite. Afinal, não poderia ir embora antes de descobrir o que aquilo significava: o enigma que a fizera sair do conforto e segurança de sua casa para desbravar o continente de Unova.

De repente, sentiu seu corpo chocar-se contra algo duro e finalmente deixou seus devaneios para olhar no que havia batido - ou melhor, em quem.

— Ei! Olhe por onde anda! — gritou ferozmente outra garota, cruzando os braços como uma criança emburrada.

— E quem é você pra falar? Você também não estava olhando. — Caroline imitou a pose da outra, revirando os olhos. Sabia que Firestarter não aprovaria seu comportamento e, em horas como aquela, agradecia por ele estar dentro de sua pokébola.

A jovem à sua frente parecia ser o único ser vivo na cidade - ou, ao menos, o único que vagava pelas ruas. Ela era tão pálida que poderia ser facilmente confundida por uma albina, sendo tal julgamento sustentado pelos cabelos ondulados tingidos de um branco reluzente. Seus olhos de um tom castanho amarelado vívido ganhavam destaque devido a um delineado preto de “gatinho”. A menina era claramente mais alta que Caroline - provavelmente, teria uns 1,65m de altura - e sua estrutura era bem magra. Diferentemente da garota de cabelos negros, esta havia optado por roupas mais adequadas ao tempo frio: uma blusa de manga comprida preta estampada, calças rasgadas de mesma cor e tênis de cano alto roxo. 

— Que seja. — a estranha resmungou, balançou a cabeça e virou-se, deixando a outra para trás.

Talvez não fosse bom criar inimizades em uma cidade com tão poucos residentes mas, no momento, Caroline só conseguia pensar em encontrar uma cama macia onde pudesse dormir.

Felizmente, não foi preciso andar muito até deparar-se com uma placa um tanto quanto capenga, onde estava pintado o nome “Pousada de Nuvema”. Nada muito criativo e muito menos convidativo, mas serviria para passar a noite. Além disso, não parecia haver qualquer outro tipo de hotel por perto, então a garota não tinha muita escolha.

Sem muito pensar, Caroline passou pela porta da grande casa de madeira, seguindo por um tapete esverdeado que levava até a recepção. O interior era, certamente, mais aconchegante do que o interior, para o alívio da menina. Quadros retratando natureza morta decoravam as paredes vinho do local e um sofá de tom escuro encostava-se na parede. Ao lado deste, havia uma mesinha de cabeceira de mármore, sobre a qual descansava um vaso de flores vermelhas. Do lado oposto, havia uma televisão antiga e alguns banquinhos de madeira.
Após analisar o ambiente, Caroline seguiu até a recepção, onde outra menina parecia estar fazendo check-in. Nuvema por acaso virou uma cidade feminista?, a garota de cabelos negros pensou, surpresa com as pessoas que até então encontrara - lhe haviam dito que a pacata cidade era habitada principalmente por idosos, uma vez que jovens preferiam as cidades grandes.

A garota na mesa da recepção era alta - talvez até demais - e tinha longos cabelos cor-de-mel ondulados, que chegavam até o final de suas costas. Ela usava um vestido rodado amarelo e meia-calça branca, tendo um fino casaco marrom para proteger-se do frio. A julgar pelo modo como se vestia, parecia ter uns 14 anos, mas provavelmente era mais velha.

Assim que a desconhecida terminou de assinar a papelada e seguiu em direção às escadas, Caroline conseguiu ver, do outro lado do balcão da recepção, uma senhora baixinha de cabelos grisalhos. Embora esta tivesse uma aparência quase tão cansada quanto a da menina, exibia um sorriso reconfortante.

— Bem vinda, menina. É tão bom ver jovens por aqui, vocês revitalizam essa velha cidade. — a idosa sorriu, já separando alguns papéis. — Ainda temos alguns quartos vagos.

— Ótimo. — Caroline forçou um sorriso, assinando a papelada de forma mecânica. Ela não era do tipo que lia os termos de um contrato e, com certeza, hoje não seria o dia em que isso mudaria.

Ao acabar - algo que, felizmente, não demorou mais do que alguns minutos - a garota começou a subir as escadas em direção ao quarto que lhe fora entregue: número 405. A porta do mesmo acabara de ser pintada, ao que parecia, de um forte vermelho vívido. Ela girou a maçaneta sem muitas delongas, rapidamente entrando e trancando a fechadura, deixando a chave ali mesmo. O cômodo possuía um banheiro simples, uma cama forrada com lençóis brancos com uma colcha vinho por cima e um pequeno armário com alguns cabides. Não havia televisão, rádio ou qualquer outro tipo de aparelho, mas isso não era um problema. A jovem apenas passaria a noite ali, não queria perder tempo.

Apenas ao sentar-se na cama, Caroline lembrou-se do pequeno dispositivo vermelho e branco. Esticou o braço, puxando sua mochila do chão e agarrando de dentro dela a pokébola de Firestarter. Olhou para a porta uma última vez, assegurando-se de que estava devidamente trancada. Fechou as cortinas da única janela do quarto em seguida, certificando-se de que não seria vista. Por fim, lançou o dispositivo esférico ao ar, libertando o Ponyta de crinas azuis flamejantes.

— Foi rápido. — exclamou o pokémon, referindo-se ao tempo que ficara preso. Dobrou as quatro patas, uma por vez, e sacudiu a cabeça, alongando-se.

— Que bom que achou. — sorriu a jovem. — Porque, para mim, demorou bastante. E foi muito cansativo. — ela se jogou na cama dramaticamente, já fechando os olhos.

Firestarter riu com o gesto da menina, mas a compreendia. Deitou-se no chão, sobre o tapete ao lado da cama da treinadora, e estava prestes a cair no sono quando foi por ela abordado.

— Onde você acha que aquele enigma vai nos levar? — indagou, sua curiosidade claramente a impedindo de descansar.

— Não sei. Não estava escrito na carta? — respondeu o cavalo, levantando a cabeça para fitar a menina, com uma das sobrancelhas arqueadas.

— Não. — ela balançou a cabeça, frustrada, apanhando sua mochila de viagem novamente.

A garota abriu um dos compartimentos internos, tirando de lá um pedaço de papel, levemente amassado e com alguns pequenos rasgos. Desdobrou-o, encarando a escrita à mão relativamente difícil de ser compreendida e correu seus olhos uma vez mais pela carta, examinando-a. No entanto, não conseguiu encontrar nada além do que já havia tantas vezes lido:

“Caroline Kavanagh,

Queria saber como fazer este pedido de forma delicada, mas não sei.

Por favor, me encontre em Nuvema. Você é uma das únicas com quem posso contar.

Desculpe pela falta de informações. Não posso dizer muito, não por aqui. Sei que você irá me encontrar. Ou, pelo menos, assim espero.”

Apenas aquilo. Não havia remetente ou qualquer outra pista de quem havia enviado a carta, nem ao menos uma inicial ou algo do gênero. Essa era uma das razões pela qual a menina não tinha grandes expectativas de encontrar quem a havia escrito. Na verdade, não teria saído em viagem, não fosse pelo incentivo de sua mãe e pelos insistentes pedidos de Firestarter, que dizia querer conhecer outros lugares, sair do único local onde havia posto os pés. O motivo principal para ter viajado de Rainbow Valley até Nuvema fora, na verdade, o desejo de sair em uma jornada, como nas história que ela ouvia sobre os jovens de antigamente, antes do mundo ficar tão… caótico. A misteriosa carta fora apenas uma desculpa para levá-la a, finalmente, começar a se mexer.

Virando a carta, a garota fitou a frase peculiar que estava escrita no canto inferior, em uma letra ainda menor. Estava prestes a lê-la mais uma vez, procurar por mais detalhes, quando o Ponyta bruscamente a tirou de suas mãos, agarrando o papel com a boca e puxando-o para longe.

— Ei! — a jovem protestou, cruzando os braços e encarando o pokémon.

— Você está cansada. Não vai conseguir descobrir nada agora. — explicou, colocando o pedaço de papel dentro da mochila novamente. — Nada novo foi escrito aí desde a última vez em que você leu. Então, durma. Pela manhã, descansada, você vai saber o que fazer.

Caroline hesitou mas, finalmente, deu-se por vencida, soltando um longo suspiro e aconchegando sua cabeça sobre o travesseiro. Não queria admitir, porém, no fundo, sabia que o companheiro estava certo. Enfiou-se debaixo da coberta, tentando fugir do frio, e acariciou o focinho de Firestarter mais uma vez, fechando os olhos em seguida. Foi apenas naquele momento que percebeu o quanto realmente precisava daquele descanso.

 

***

 

Os primeiros raios de sol da manhã atravessaram os pequenos furos que haviam na cortina verde do quarto de hotel, iluminando o rosto da menina e incomodando-a. Em poucos segundos, foi obrigada pela claridade a abrir os olhos.

Levantando-se preguiçosamente e esticando seus braços, a jovem sentou-se na cama. Soltou um longo bocejo e logo virou sua cabeça para o lado, deparando-se com um ainda adormecido Firestarter. Sorriu ao fitá-lo, recordando de quando era apenas um pequeno e frágil filhote, que dormia o dia inteiro. Tanto havia mudado para que ele se transformasse no robusto cavalo, tão teimoso quanto ela própria. Não demorou muito para que este também abrisse serenamente seus olhos, retribuísse o sorriso da treinadora e se colocasse de pé, indo a seu encontro.

— Bom dia. — a jovem sussurrou, tocando o focinho do pokémon e acariciando-o. — Pronto para desvendar aquele enigma? — completou, determinada.

— Pronto. — o cavalo assentiu, imitando o olhar da menina.

Prontamente, a garota levantou-se, pegando sua mochila e dirigindo-se primeiramente ao banheiro. Prendeu os longos cabelos lisos em um coque mal feito e escovou os dentes. Lavou seu rosto com água, para “acordar” definitivamente. Em seguida, trocou a blusa com a qual havia dormido por uma outra, também branca e de botões, mas de manga comprida. Deu um nó em sua gravata vinho e bateu as mãos em sua saia azul marinho, tentando desamassá-la um pouco. Por fim, soltou o coque que acabara de fazer e penteou os cabelos, sua franja quase cobrindo seus olhos. Fez um lembrete mental para cortá-la em breve.

— Aqui, Fire. — ela exclamou, já saindo do banheiro e tirando da mochila uma maçã verde, as favoritas de seu pokémon. Este esboçou um sorriso alegre e rapidamente abocanhou a fruta.

Em seguida, a menina pegou uma segunda fruta para si mesma e deu uma mordida, mais por obrigação do que por fome de verdade - sabia que, se não o fizesse, a voz de sua mãe ecoaria por sua cabeça, lembrando-a “do quão importante é manter-se alimentada”. Sentou-se novamente na cama com a carta misteriosa em mãos e leu em voz alta a frase enigmática que estava no verso.

— “No mundo do saber deverá procurar pela aventura que nele irá começar”. — encarava o papel com uma das sobrancelhas arqueadas, buscando por uma resposta, mas não conseguia pensar em nada. Sua mente estava branca, o que era extremamente frustrante.

— No mundo do saber? — o cavalo indagou, evidentemente pensando em algo. — Há alguma biblioteca por aqui? Poderia ser uma referência a livros.

— Livros? É claro! — a menina riu. Parecia tão óbvio agora, não entendia como não havia pensado naquilo antes. — Há a livraria de Nuvema. Não é uma biblioteca e também não é muito grande, mas é um bom lugar para começar.

Rapidamente, Caroline guardou todos os pertences que estavam espalhados pelo quarto e se virou para Firestarter. Prometeu libertá-lo novamente em breve, para lhe contar quando descobrisse quem a havia chamado para aquela pacata cidade. Guardou, por fim, a pokébola em tamanho reduzido dentro da mochila e saiu pela porta sem nem ao menos checar se havia esquecido algo.

Desceu até a recepção e apressadamente fez o check-out, perguntando à gentil idosa por informações de onde poderia encontrar a livraria de Nuvema. Estava tão ansiosa que se esquecera do cansaço do dia anterior: ela descobriria quem o remetente da carta era, não importava quanto tempo isso levaria.

Assim que conseguiu a informação, pôs-se a caminhar. Não ficava muito longe, de acordo com a recepcionista. Depois de andar suas quadras e virar à direita, deparou-se com a fachada da livraria. Estava prestes a entrar quando hesitou, sua mente lhe avisando sobre o quanto tudo aquilo podia ser perigoso. E se houvessem descoberto sobre ela e sua mãe estarem abrigando pokémons? Não, aquilo era besteira. Se quisessem ameaçá-la, teriam ido até a casa dela. Sacudiu a cabeça, tentando livrar-se dos pensamentos ruins. Talvez fosse algum conhecido? Não havia feito amigos nos últimos dez anos, mas podia ser alguém de Kalos, da época de quando morava lá. Podia até mesmo ser… Não, com certeza não era ele. Seu pai já havia desaparecido sem deixar sinal, nem ao menos ligava ou mandava mensagens. Desde aquele dia, parecia ter se esquecido de que tinha uma família. Mas não era hora de pensar naquilo.

Sacudindo a cabeça para limpar sua mente, a menina observou o edifício a sua frente e finalmente voltou a caminhar em sua direção, observando com calma o colorido e alegre letreiro que dizia “Livraria de Nuvema”. Foi quando a menina lembrou-se do “nome” da pousada na qual ficara e questionou se haveria alguém minimamente criativo naquela cidadezinha.
Ao entrar no estabelecimento, deparou-se com o recepcionista, um jovem homem de cabelos verde-água espetados, com óculos quadrados rosa, sorrindo incondicionalmente.

— Olá! — ele gritou de longe, exaltado. — Procurando por livros? Veio ao lugar certo!

O rapaz simplesmente não parecia combinar com a cidade. Era como um palhaço num cemitério; não fazia muito sentido. Mas, sendo quase obrigada a mostrar um pouco mais de simpaticidade, a menina abriu um meio sorriso e seguiu em direção ao outro.

— Sim, eu… queria comprar livros. — repreendeu-se mentalmente após continuar sua frase, notando o quão ridícula soava. Era óbvio que queria comprar livros! O que mais faria em uma livraria?

— Bem, temos livros para todos os gostos. Procurando algo específico? — Caroline abriu a boca para responder, mas logo foi cortada pelo recepcionista entusiasmado. — Essa semana recebemos um livro novo, de aventura. Caso esteja interessada, ele está na última estante, na seção de “Livros Doados”.

A menina assentiu e agradeceu, logo tudo se encaixava em sua mente. Lembrou-se do enigma: ele mencionava algo sobre aventura. Talvez aquele livro houvesse sido deixado lá especialmente para ser encontrado por ela… Ou a menina já estava delirando.

Rapidamente, chegou até o local citado, vasculhando pelo livro específico. Quando o encontrou, abriu um sorriso e tentou puxá-lo da estante, mas sentiu o mesmo ser puxado de volta, como se alguém do outro lado da estante o segurasse. E foi aí que, olhando por um espaço vazio na prateleira de cima, deparou-se com um rosto familiar.

Era a mesma garota em quem havia esbarrado no dia anterior, de peculiares cabelos brancos. Quando ela não largou o livro, Caroline resolveu se pronunciar.

— Espero que isso de você e atrapalhar o tempo todo não vire um hábito. — ela abriu um sorriso falso, torto.

— Estava prestes a dizer o mesmo. — a desconhecida pálida retrucou, puxando o livro novamente.

— De jeito nenhum! — a menina de cabelos negros quase rosnou, puxando também. Qualquer um que estivesse vendo a situação poderia dizer que não acabaria bem, mas não havia ninguém mais dentro da loja para separá-las. E continuaram a puxar o livro, cada vez usando mais força, até que o inevitável aconteceu: em uma tentativa de conseguir o livro de vez, ambas jogaram-se para trás e acabaram caindo. O livro, por sua vez, foi lançado ao ar, caindo aberto a alguns metros das meninas.

A peculiar garota de cabelos brancos surgiu imediatamente de trás da estante, lançando um olhar furioso para a outra caída no chão. Quando ambas tornaram sua atenção para o livro, depararam-se com uma terceira jovem, que agora segurava o livro cuidadosamente em suas mãos. Foi então que Caroline percebeu que já havia visto aquela jovem antes - sua altura de mais de 1,70m a distinguia facilmente de outras meninas. Ela estava no hotel no dia anterior. Pela primeira vez, pôde ver seu rosto salpicado por sardinhas, enquanto seus olhos verde esmeralda fitavam as duas raivosas a sua frente.

— Acho que cheguei em má hora. — a terceira sorriu timidamente, fechando o livro e segurando-o contra o peito.

— Não me diga que você também quer o livro. — Caroline revirou os olhos, incrédula, enquanto colocava-se de pé, batendo de leve as mãos contra a saia e a blusa para tirar a poeira.

— Espera um pouco! — a garota de cabelos brancos exclamou, parecendo ser a única a perceber o quão estranha era a situação. Era muita coincidência três pessoas estarem atrás de um mesmo livro, o qual só tinha um exemplar. — Por que vocês querem esse livro? E não me digam que têm a intenção de lê-lo.

— Bem… Eu… — a terceira jovem parecia hesitante. Olhava para o chão, como se procurando por desculpas, mas pareceu não encontrar nenhuma. Suspirando, tornou a fitar as outras presentes. — Eu recebi uma carta. Não sei bem quem enviou, não há remetente. E essa carta… — mas, antes que pudesse explicar, foi interrompida.

— Uma carta? — Caroline arregalou seus olhos azul-marinho. Parecia não acreditar no que ouvia. Teriam as outras duas recebido uma carta igual à dela?

— Como essa? — prontamente, a mais pálida puxou um papel do bolso, desdobrando-o e estendendo-o na frente da garota que tinha o livro em mãos.

— Sim, igual a essa! — ela exclamou, sorrindo.

— Isso não pode ser coincidência. — Caroline murmurou, balançando a cabeça.

À princípio, estava incerta sobre revelar que também havia recebido uma carta exatamente igual às das outras meninas, mas percebeu que isso já havia se tornado óbvio naquele momento. Além disso, era possível que as outras duas soubessem mais do que ela e, assim, poderiam lhe dar mais informações para solucionar aquele mistério.

— Enfim, todas nós precisamos desse livro. O que quer que seja, nossa próxima pista para descobrir quem escreveu essas cartas está nele. — a de cabelos negros resolveu continuar, após uma longa pausa.

As outras duas pareceram concordar. A mais alta colocou o livro sobre a mesa, para que todas pudessem examiná-lo. Reviraram as páginas, uma a uma - o que não demorou, já que, felizmente, o livro não era muito grosso. Chegaram até mesmo a balançar o objeto, procurando por qualquer coisa que pudesse acabar caindo dele, uma vez que não parecia ter nada incomum escrito em suas páginas. As três estavam começando a pensar que talvez tivessem interpretado o enigma de maneira errada e iam começar a discutir sobre o que fazer, quando o alegre recepcionista as surpreendeu.

— Eu ouvi uns barulhos por aqui, está tudo bem? — ele ainda mostrava seu sorriso brilhante. — Oh, o que é isso? — exclamou, intrigado, tornando seu olhar para um pequeno pedaço de papel que repousava sobre o chão. Apanhando-o, passou seus olhos pelo que estava escrito nele e, então, fitou as três jovens sentadas na mesinha. — Isso deve pertencer a vocês. Parece importante.

Após deixar o papel sobre a mesa onde o grupo se encontrava, o recepcionista desculpou-se por qualquer inconveniência e retornou ao balcão na entrada da loja. Foi então que Caroline se deu conta de que o papel poderia ter caído do livro no momento em que o mesmo foi aos ares. Por um segundo, até arrependeu-se de julgar mentalmente a extrema felicidade do jovem homem, afinal, sem ele, provavelmente teria perdido sua próxima pista.

— Isso é um...— começou a menina de incomuns cabelos brancos, mas foi cortada por Caroline.

— Um endereço? — indagou.


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Notas finais do capítulo

Como prometido, aqui está o capítulo 1.
Agora, só semana que vem - tapa
Srsly tho, espero que vocês gostem! :3
Semana que vem trago também uns desenhozinhos pra vocês conseguirem visualizar melhor os personagens~



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