Geisterfahrer - a Menina do Tempo escrita por seethehalo


Capítulo 8
Sweet Dreams


Notas iniciais do capítulo

VOLTEI PRA SAAAAMPA!

Escrevi esse capítulo num momento absolutamente viciado nessa música da Beyoncé. Adoro ela *---*
Adorei escrevê-lo, especialmente o POV do Bill do meio pro final :B
Espero que gostem.

PS: amiguinhos transparentes, eu não mordo. Como vou saber se a fic está boa ou se está uma merda se vossas senhorias não comentam? oô



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Meu prazer culpado, eu não vou a lugar nenhum

Baby, enquanto você estiver aqui

Eu flutuarei no ar

Você pode ser um doce sonho

Ou um lindo pesadelo

De qualquer maneira eu

Não quero acordar de você

Sweet Dreams - Beyoncé

*-*-*-*-*

     O que tá acontecendo comigo?

     Essa pergunta pairava na minha mente me deixando num transe, que foi quebrado por uns meninos que entraram no banheiro. E, que novidade, começaram a me encher o saco.

     - Tu pegou a Sabine! – disse um.

     - Mas que gosto o dela, hein? – disse outro.

     - Fala aê, você dopou ela, né? Porque ela nunca pegaria um idiota como você. – falou um terceiro.

     - Só pode! Vam’bora, vamos ver se ela ainda tá sob o efeito do sedativo que esse... esse... ah, sei lá o que é você. – disse o quarto e todos começaram a rir.

     Ergui o dedo médio e saí dali. Merda, não aguento mais esses idiotas. Por mim eu iria embora, mas sei lá do Tom. Depois do que ele viu deve ter ficado a pura cólera comigo.

     Vaguei um pouco sem rumo pelo espaço do salão até chegar no mesmo canto isolado onde estive conversando com Tom e Maria quando chegamos. Isso me fez lembrar do que ouvi dela e do que eu disse. Será que tinha sido muito duro? Aquele ambiente estava me irritando e comecei a implorar aos meus pensamentos para que eu pudesse ir embora. Estava nisso quando Tom apareceu, seguido pela Maria, perguntando:

     - Bill, vamos embora?

     - Demorou - respondi.

     Saímos os três de lá. Nenhuma palavra dita durante todo o caminho. Eu ia seguir reto pra ir logo pra casa, mas os dois viraram na rua onde fica o prédio em que a Maria mora. Suspirei e fui junto. No portão do condomínio, ela me disse um tchau. Beijou Tom no rosto, disse até amanhã e entrou. Aquela cena me deu um calafrio.

No dia seguinte, mais ou menos umas 14h30, Tom saiu sem dizer pra onde ia e vinte minutos depois estava de volta com alguém junto. Estava concentrado vendo tevê, por isso ignorei.

     Dali a meia hora comecei a ouvir risos e conversas vindas do quarto do meu irmão. Curiei e fui lá. Bati na porta, ele disse “entra, Bill” e eu entrei. Estavam ele e a Maria jogando videogame, na maior diversão.

     - Oi, Bill – ela disse.

     - Oi – resmunguei. – Tão fazendo o quê?

     - Jogando Sonic – Tom respondeu.

     - Tom achou alguém melhor que ele – ela completou.

     - Tenho que admitir. No tempo que eu levo pra concluir duas fases ela termina cinco. Cinco!!!

     - Nossa. – eu disse, frio. – Tá bom. Vou voltar a ver tevê.

     BILL OFF

     - O que deu nele? – perguntei quando Bill fechou a porta.

     - Sei lá. Vamos jogar de novo! Como é que você sabia que aquele anel te daria mais uma vida?

     - Uéh. Cem anéis rendem uma vida. E só faltava aquele pra completar.

     - E aqueles caminhos ocultos? Por trás da cachoeira?

     - Meu primo que me ensinou.

     - E como você conseguiu aquele anel gigante no fim das fases?

     - Eu peguei um monte de anéis! Por isso eu dei a louca quando você passou tudo ignorando os anéis que tavam na sua cara!

     - Eu nunca ia saber disso...

     - Tom do céu, tem anos que eu não jogo isso, nem sou tão boa assim e eu CONSEGUI pegar a fase bônus do anel gigante. COMO VOCÊ ME DIZ QUE NÃO SABIA?!?!

     - Eu não sabia. – ele disse com a voz esganiçada.

     - Tom... Se interna. Não tem a menor graça jogar isso com você.

     - Com o Bill tem menos ainda. Peraí, vou chamar ele – Tom saiu na porta e gritou: - Bill, chega aqui!!

     - Que foi? – Bill disse quando chegou.

     - Joga aqui com a gente. Ela tá dizendo que não tem graça jogar comigo!

     - E não tem mesmo. Você não pega quase nenhum anel e morre toda vez que dá de encontro com os bichinhos. Tem que pular em cima deles pra matar.

     - Cala a boca, Bill. Você também nunca conseguiu o anel gigante da fase bônus da bolinha colorida.

     - Como é? Claro que eu já consegui! Eu só nunca peguei por não saber o que ele fazia.

     - É uma fase bônus, que te rende pontos pelos anéis que você pega e tem uma “bolinha colorida”, mas eu não sei pra que ela serve. – esclareci.

     - Aaah. Dá aí o controle.

     Entreguei-lhe o controle do videogame e ele passou uma fase sem dificuldade e sem dizer uma palavra. No fim, viu o anel gigante e perguntou:

     - É só pular que eu pego?

     - É – respondi.

     Bill ficou jogando um pouco e depois se foi. Tom e eu continuamos nessa atividade a tarde toda.

     POV BILL

     Nós fomos no cinema. Depois no parque andar de carrossel. E antes de vir pra casa dividimos um algodão-doce. À noite dormimos juntos na minha cama, não aconteceu nada de mais (mas eu sonhei com isso, não posso esconder) e fui acordado de manhã com café na cama e um convite pra alimentar as aves no parque. Minha felicidade com ela era completa, meu amor, minha alma gêmea, com quem eu quero passar o tempo inteiro: Maria Eurídice Garcia Albuquerque Duarte (quem sabe um dia com um Kaulitz no final)...

     Tá bom, acho que eu fiquei tempo demais vendo novela com a minha mãe. Deve ter afetado o meu cérebro. Isso lá é coisa que se sonhe? É tão bizarro que eu cheguei a cair da cama. Que tenso, cada sonho que a gente tem...

     Levantei, me lavei e fui tomar café despreocupadamente – e de pijama. Senti meu rosto arder quando vi a dita-cuja na mesa conversando com a minha mãe e o Tom. Tinha me esquecido completamente de que a Maria vai passar essas duas semanas aqui em casa.

     - Bom dia, dorminhoco! – minha mãe disse me fazendo esquentar ainda mais.

     Montei uma imagem de mim mesmo na cabeça: cara de sono espantado, de pijama (leia-se: “uma camiseta velha e uma boxer”) e descabelado. Uma linda cena de se ver, se for pra rir. Opções: ignorar o fato de que eu dividiria margarina com minha ex-amiga (vale ressaltar que ela estava me vendo numa situação, digamos, íntima) e me sentar à mesa; sair correndo e me arrumar decentemente para uma “aparição pública” e por último, mas não menos importante; fingir que estou sofrendo de sonambulismo.

     O fiasco já estava sendo passado, então escolhi a primeira opção. Me sentei à mesa e disse:

     - Bom dia, mãe. Tom. Maria.

     - Bom dia, Bill – Maria respondeu sem parar de mexer com a colher.

     QUE MICO, QUE GORILA, QUE KING KONG! Nem a minha mãe já tinha me visto “vestido” desse jeito, preciso de um buraco pra enfiar a cara (aliás, pra entrar inteiro) e ficar uma semana dentro. Tentei passar o café sem demonstrar nervosismo. Quando todos terminamos de comer, pedi licença e voltei correndo pro quarto.

     Me olhei no espelho quando passei em frente. É, eu não estava tão mal quanto imaginei. Cara de sono, um pouco; descabelado, nem tanto. O que me fez parar mesmo foi o “pijama”. Puta que pariu, pensei, AINDA BEM que essa noite fez frio e eu dormi de camiseta. Me imagina andando pela casa só de boxer?

     Passando o momento brisa, me vesti, me penteei, me maquiei, avisei que ia sair e me mandei. Só não tinha um destino pra seguir. Andei sem rumo tentando tirar o sonho da cabeça – ou o sonho do meu sonho (hã?). Mas por que eu tava pensando naquilo? Comprei um milk-shake no Mc e fui andando até o parque. Chegando lá, procurei o coreto em que gosto de ficar e me sentei, bem no meio. Gosto desse lugar quando preciso pensar ou esquecer alguma coisa. Dessa vez era pra esquecer, mas acabei foi pensando ainda mais naquele maldito sonho. Acho que eu devo ter dado um cochilo quando deitei no chão de concreto, porque a próxima lembrança que eu tenho é do sol do primeiro dia de inverno batendo na minha face. Levantei me sentindo dois quilos mais leve e voltei pra casa. Acho que eu dormi mesmo, pois quando cheguei em casa mamis já tava fazendo almoço.

     Ao contrário do que eu pensei, os dias seguintes passaram rápido (as noites nem tanto, já que aquele sonho se repetia e sempre acontecia alguma coisa a mais), e logo o dia 24 chegou: a véspera de Natal. A noite em que todas as famílias se reúnem pra comer peru. Eu andava quieto, essa época me deixa meio sentimental. Eu pensava nisso quando Maria apareceu no meu campo de visão balançando uma bandeira branca confeccionada com um guardanapo e um palito de churrasco. Eu ri e levantei a cabeça.

     - O que é isso? – perguntei.

     - Peço arrego. Eu me rendo. Queria parar de uma vez com essa infantilidade boba, mas já que você não tá nem aí pra mim mesmo... Trégua?

     Olhei pra ela com ironia na expressão e mostrei o dedo obsceno.

     - Trégua. – pulei a janela e apertei sua mão.

     - Tua mãe pediu pra te chamar pra comer.

     - Tá... Então vamos.

     Fomos pra cozinha, Tom já estava lá.

     - Fizeram as pazes, é? – ele perguntou indiferente.

     - Sim e não. É só uma trégua – respondi.

     Comemos o lanche, depois saímos da mesa e fomos os três pro quintal. Ficamos uns cinco minutos arrastando folhas com pontas de gravetos, e Tom disse que ia ao banheiro.

     - A gente vai ficar aqui jogando tempo fora até o peru assar? – perguntei, tentando quebrar o silêncio.

     - Você tem alguma sugestão de entretenimento?

     - Não bem pra entretenimento propriamente dito.

     - Pra quê então?

     - Ah... a gente pode ficar conversando...

     - Sobre?

     - Sei lá... Por que você não conta alguma coisa sobre o Brasil?

     - Quer mesmo? Bom, vamos lá. O Brasil é o maior país da América Latina. É o quinto maior em extensão do mundo todo e com a quinta maior população. Feliz?

     - Engraçadinha. Disso eu já sabia.

     - Tem 26 estados mais o Distrito Federal e faz fronteira com quase todos os países da América do Sul.

     - Que informação inútil!

     - Inútil! Isso caía em prova!

     - Eu quero saber algo diferente... Fala do lugar, das pessoas, da cultura...

     - Tudo bem. Bom, enquanto em alguns lugares falta chuva, em outros chove demais e muitas cidades ficam literalmente debaixo d’água. Tem uma enorme diversidade de pessoas; brancas, negras, orientais, indígenas, nativos e de todas as partes do mundo. E a cultura, é carnaval e folclore. Carnaval: frevo, maracatu, trios elétricos no nordeste e os desfiles de escola de samba do sudeste, atiçariam a imaginação do Tom, se é que me entende. Folclore: lendas amazônicas e do sul, bois caprichoso e garantido no norte do país; saci, mula-sem-cabeça, lobisomem, Iara e uma prole de personagens místicos e histórias indígenas que explicam a natureza local fazem parte do extenso folclore brasileiro.

     - Uau. Sabe alguma lenda de cor?

     - Sei algumas. Você não quer que eu conte, né?

     - Er... Umazinha só?

     - Aiai. Tá bom. Vou contar a lenda do maior rio do mundo, o rio Amazonas.

     - O rio tem lenda?

     - O rio tem, os peixes têm, pássaros têm, até a lua tem.

     - Ôh louco.

     - Mas essa do rio é uma das que eu mais gosto. É meio que uma história de amor que não pôde ser vivida...


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Notas finais do capítulo

Quem jogava Sonic no MegaDrive? Caran, MegaDrive foi a melhor parte da minha infância! Saudade dos tempos em que eu e meus primos jogávamos isso a tarde inteira!
Gente, façam um favor? Se tiver alguma coisa errada, me avisem, geralmente eu não presto atenção no que eu escrevo no Word. No capítulo passado, quando eu postei, notei uma porrada de erros no texto e se eu não tivesse parado pra reler o capítulo, teria postdo tudo errado.
Bgs ;*