Geisterfahrer - a Menina do Tempo escrita por seethehalo


Capítulo 41
Phantomrider


Notas iniciais do capítulo

TODO MUNDO INDO OUVIR HURRICANES AND SUNS JÁÁÁÁ! http://teambillkaulitz.blogspot.com/Lá tem o vídeo, link pra download e letra + tradução :*Esqueçam Hey Du, virou essa a minha música preferida, tô escutando desde as três da tarde.É, é o último agora. Eu tinha dito que postaria quando chegasse, mas eu não dormi nada e o meu dia tá uma paia, então só veio agora e não reclamem.



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Eu não sei o seu nome

Mas ainda acredito

Agora é o momento

Para eu e você

Momento para eu e você

Agora eu estou aqui

Sem mais medos

Anjo, não chore

Eu te encontrarei

Do outro lado

Phantomrider - Tokio Hotel  

*-*-*-*-*

 

     - Alguém precisa jogar a toalha – ela disse levantando do sofá e caminhando em direção à porta segurando os braços na frente do corpo. – Então eu já fui embora.

     - Não! Mari, não faz isso! – disse ao vê-la abrindo a porta e saindo – Volta aqui, por favor, Maria!! – olhei rapidamente a sala e achei as chaves do meu carro em cima de uma mesinha. Peguei-as e gritei pra dentro da casa: - Tom, tô saindo! Não me espera, acho que vou demorar!

     Quando alcancei-a, a porta do elevador já estava praticamente fechada. Resolvi esperar o próximo, que estava dois andares abaixo. Este logo chegou, e tive a sorte de descer direto ao subsolo, sem paradas. Peguei o carro, saí do estacionamento do hotel e fiquei parado do outro lado da rua. Não passou nem um minuto e ela saiu pela portaria, atravessou a rua e entrou num carro. Saiu devagar e eu fui atrás. Segui-a por algumas quadras resolvi buzinar. Assim que viu que eu estava no seu encalço, Maria disparou a correr. Mas eu não desistiria tão fácil. Dirigi atrás dela pela cidade por vários minutos. Ignoro qual seja o código de trânsito daqui, mas se eu estiver infringindo alguma coisa e for preso, ela vai junto.

     Comecei a buzinar mais colericamente. Pus a cabeça para fora do carro e berrei:

     - MARIA, PARA COM ISSO! ME ESCUTA!

     Em vão.

     Mais uns dez minutos atrás dela e já não estávamos na cidade, mas sim numa rodovia. Até onde ela vai fugir de mim?

     Recomecei a buzinar. Alguns motoristas gritaram quando eu ultrapassei buzinando e em alta velocidade, acho que me xingaram. Mas eu não tava nem aí. Uma hora o cenário começou a mudar – apareceram árvores, montanhas e pontes ao redor. Me perguntei se Mari sabia aonde estava indo, e foi numa dessas que de repente ela parou o carro no acostamento em plena ponte. Estacionei o meu alguns metros adiante e desci. Andei até onde ela tinha parado e a vi com a testa encostada no volante. O carro desligado. Bati no vidro fechado. Ela me olhou por alguns segundos e resolveu sair do carro.

     - Eu arrego, Bill. Pode fazer o que você quiser.

     Inclinei-me para beijá-la, mas ela virou o rosto.

     - Menos isso. Eu não quero te carregar comigo se isso aqui é adeus.

     Ela falava com frieza.

     - O que deu em você, Maria?

     - Eu tô cansada. Eu não aguento mais ser a garotinha do psicológico fraco que se desespera e faz uma besteira toda vez que acontece alguma coisa diferente do plano. Eu não quero mais ser a impulsiva que toda vez que recebe uma sugestão cisma em ser do contra só pra afirmar que pensou numa opção melhor e acaba se ferrando. Eu tô esgotada. Esgotada.

     - E você precisa ser tão fria?

     - Preciso. Preciso se eu quiser deixar de ser desse jeito.

     - Nem tá parecendo você...

     - Bill, nós crescemos. Não somos mais dois adolescentes sonhadores apaixonados. Agora nós temos as nossas vidas, as nossas responsabilidades; não podíamos continuar com a mesma cabeça depois de todos esses anos. Apesar de admitir que eu mesma não mudei nada... eu continuo a mesma fraca imatura.

     - Não, isso não é possível. Você nem parece a mesma pessoa, como assim você diz que não mudou nada?! – segurei-a pelos braços – O que há contigo, nem parece a Mari que eu conheci!

     - Para, Bill, você não ajuda! Você quer que eu comece a chorar de novo, que eu me jogue nos seus braços, que eu deixe você me embalar até que eu me acalme; parabéns, você conseguiu!

     Mari baixou a cabeça e abafou o choro no meu peito.

     - O que eu faço com você, Bill? Você vive dando voltas e virando a minha vida, a minha cabeça...

     - O que eu faço com você? Você virou a minha vida desde a primeira vez em que te vi. Estamos quites.

     - Você não tem culpa da minha existência... Mas você nunca me escutou!

     - Você queria o quê?! Maria, olha nos meus olhos e aceita uma coisa: não é porque você teve o controle da máquina do tempo que você é a dona da razão. Os donos da verdade são é sócios da mentira. Se o que você tá tentando fazer é se mostrar perfeitinha pra dizer pra si mesma que eu tive pelo que me apaixonar em você, desista. Eu me apaixonei por você por aquilo que você é. Ou era, né. Mesmo que você estivesse fora do seu tempo, eu acabei por aceitar isso. Então para de tentar se convencer de que é uma inútil estúpida e mal amada! Olha eu aqui fazendo isso por você! E o que você me dá em troca? Você se distancia! Você foge de mim como o diabo foge da cruz! Você acha que eu gosto disso? Tá na hora de VOCÊ se importar com os meus sentimentos; eu não tô prendendo a risada, não!

     Ela escutou tudo em silêncio, com o rosto emoldurado nas minhas mãos. Parecia tão pequena. Em vez de responder, Mari enterrou a cabeça no meu peito novamente.

     - Por que... as coisas têm que ser assim entre a gente? – ela disse após um minuto. – Eu te odeio, Bill Kaulitz. – falou me dando socos de leve – Eu te odeio. Mas eu não quero perder você. – envolveu-me com ambos os braços.

     - Dê uma chance a si mesma, Mari. É só isso o que você  precisa fazer agora. Nós não temos mais nenhum impedimento pra esconder.

     - Você não tá entendendo.

     - Vai ser difícil se você não explicar o que diabos eu não tô entendendo.

     - Bill, você... Você foi a primeira pessoa que me amou de verdade. E eu saí de lá da Alemanha, em 2005, pensando que se uma pessoa fizesse por mim o que você fez, essa pessoa me amaria. Acontece que essa, eu percebi, é uma idéia distorcida. Eu descobri isso da pior forma, há alguns anos... E o modo como você demonstrou é que me corroeu por dentro...

     - Me conta.

     - Eu conheci o Allan tem pouco menos de cinco anos... Allan é o pai do meu filho. Ele era tão lindo comigo, me ajudava em tudo o que eu precisava... Mais ou menos como você. Depois de um tempo que a gente tava junto... eu engravidei do Lucas... Claro que foi surpresa pros dois, ninguém tava esperando um filho... Mas o jeito que ele reagiu... Então, como eu te disse, ele sugeriu que eu abortasse, que ele não queria saber de filho. E eu briguei com ele até não aguentar mais. No fim das contas, Allan concordou em assumir e pagar pensão, mas não que eu precisasse ou fizesse alguma questão. Não coloquei o nome dele no meu filho. O Lucas é só meu. Allan me odeia até hoje e não me liga nem pra saber se estamos vivos. Então, depois desse episódio... eu concluí que, por mais que haja o tal do amor... sempre vai haver alguma coisa que vai estragar tudo... e que cada vez que eu amar alguém o fim vai ser pior. Aí... eu não quero te amar de novo porque eu tenho medo... eu tenho muito medo do que possa acontecer...

     - Isso sim é uma idéia distorcida. Mari... você precisa... que alguém te mostre que isso não é verdade. Da primeira vez que as coisas acabaram entra nós, foi por causa de uma fatalidade. O que aconteceu com você foi no mínimo porque o pai do seu filho é um crápula que tava te usando só pra massagear o ego. Eu posso te mostrar, Mari, me dê uma chance... ou duas.  Eu posso te mostrar que eu te amo de verdade, e que o que você pensa não tem nada a ver. É só você deixar.

     - Mas eu não quero, Bill. De qualquer forma, o meu medo é maior do que a vontade de afrontar isso que parece um meu karma. É lindo da sua parte querer dar um grito de independência ou morte por minha causa, mas eu não posso permitir isso se eu tenho medo de mim mesma.

     - ESSE é o seu problema. Você tem medo de si mesma. E você deixa que ele te domine toda vez que você não sabe como se mexer numa situação.

     - É, eu sou muito fraca.

     - E você se deixa ser.

     BILL OFF

     Silêncio. Decerto Bill esperava que eu dissesse alguma coisa, mas não o fiz. Após dois longos minutos, perguntou:

     - Por que você se deixa dominar pelo desespero toda vez que alguma coisa sai do que você tinha planejado?

     - Eu não sei. É automático. Eu só sei que sou desse jeito desde que me entendo por gente. E a essa altura do campeonato não dá pra mudar... Definitivamente, não dá.

     - Você definitivamente não se deixa tentar.

     - Mas para, Bill, para de fazer isso; você não vai ganhar nada, não vai conseguir nada; então por que perde o seu tempo?!

     - PORQUE EU NÃO TÔ AGUENTANDO VER O QUE VOCÊ SE TORNOU! Dói em mim te ver e saber que você passou a vida sofrendo tanto quanto eu, e por um motivo muito mais fútil do que o meu! Eu superei a perda do seu amor aos poucos, mas você está estacionada no mesmíssimo lugar de onde saiu na Alemanha por medo de si mesma!... E o pior é que você consegue viver assim; o que é isso?!

     - É o que eu tenho que fazer. Ir embora, sumir da sua vida e te deixar em paz. – abri a porta do carro – Eu tenho que fazer isso.

     Entrei no carro, travei a porta e liguei o motor, sem mais olhar pra ele, que foi andando e fez a mesma coisa. Dirigiu até onde eu ainda estava parada e me disse:

     - A sua cabeça tá uma bagunça. Há pouco você me disse que não queria mais ser impulsiva e fraca, e agora diz que não quer mudar porque não tem como. Você se contradiz e nem se dá conta.

     Não respondi. Mordi o lábio para segurar o choro. Eu sabia que ele estava certo.

     - Dá licença, Bill. Não torne as coisas mais difíceis.

     - Não.

     Pisei no acelerador e saí dali. Ele me passou e parou com o carro atravessado na minha frente, o que fez com que eu desse uma batida violenta na lateral do carro dele. Meu airbag inflou, e quando me livrei dele, gritei buzinando:

     - Sai daí, Bill! Tá querendo se matar?!

     Ele não reagiu. Aliás, nem se mexeu. Cinco segundos depois, tombou o corpo no volante. Saltei do carro na hora, aquilo não podia ser brincadeira.

     Abri a porta dele, encostei-o no banco e comecei a chamá-lo, dando leves tapas em seu rosto.

     - Bill! Bill, acorda! O que aconteceu?! – encostei a cabeça em seu peito para ouvir o coração. Batia normalmente. Suspirei de alívio. – Está desmaiado. O airbag não deve ter funcionado.

     Dei um passo para trás. Dois segundos depois ele começou a ofegar e despertou do nada, murmurando:

     - N-não... não, não pode ser... – começou a balançar a cabeça para os lados e gritar: - NÃO! ISSO NÃO PODE SER VERDADE! – socou o volante e arrancou com o carro com a porta aberta. Minha reação foi ficar paralisada vendo-o ir em direção à curva no fim da ponte, onde o acostamento da estrada era um barranco enorme à frente, sem o controle do volante, a cem por hora.

     Logo após eu me vi gritando:

     - BILL, NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃO!!! – enquanto via o automóvel se chocar com o barranco e ser completamente estraçalhado da frente para trás.

     Tudo se apagou.

     A próxima cena que eu vi, foi eu caída no chão, observando três enfermeiros retirarem Bill do carro e colocarem-no numa maca.

     Um outro veio até mim e perguntou:

     - Foi a senhorita que chamou a ambulância?

     - F-foi... – respondi meio sem pensar. Estava completamente em choque.

     - Sabe que... o cara que tava no carro que bateu é o Bill Kaulitz, não é? O vocal do Tokio Hotel.

     Balancei a cabeça para cima e para baixo, olhando para o nada.

     - Tem algum palpite de como ele veio parar aqui? Até ontem ele e a banda estavam no hotel.

     - N-não, não faço a menor ideia. Eu... tava passando quando ouvi o estrondo do carro batendo... Estacionei e... e vim averiguar.

     - Obrigado por ligar. Deve estar chocada.

     - É, eu... é. Era fã dele há uma década e meia... Desde que era pirralha... E agora, eu...

     Um branco total.

     Saí do ambulatório caminhando. Pus os óculos escuros tentando esconder a expressão. Vi Tom agonizando na sala de espera do hospital, com três seguranças em volta. Fiz sinal para que não se alardeasse com a minha presença. Ele me seguiu disfarçando até o bebedouro e perguntou o que houve. Não consegui responder.

     - Ele...? É isso mesmo que eu tô pensando?...

     - É. – falei sem conseguir mais segurar o choro.

     Nos abraçamos rapidamente no corredor.

     - Me dá um contato seu, Maria. E-mail, telefone, sei lá...

     Abri a bolsa, tirei um cartão e lhe entreguei.

     - Não sei pra que você quer isso, mas está tudo aí.

     - Podemos manter contato.

     - Não sei como tem estômago pra falar comigo depois disso. Vá viver a sua vida e esqueça que eu existo. Eu não quero acabar com você também.

     Virei-me e saí andando.

     Noventa por cento da minha vida acabou. A partir de agora, vivo com os dez por cento que sobraram por causa do meu filho. Tenho que educá-lo e torná-lo um homem. Assim como o gêmeo mais novo foi.

     Ele não sobreviveu à batida. Bill morreu, e foi por minha causa. Ele estava mesmo dando um grito de independência ou morte por mim. E eu nunca vou me perdoar por ter acabado na segunda opção. Nunca vou me perdoar por ter queimado a corda que nos ligava através do tempo e pela própria existência... por tê-lo matado pela segunda vez na mesma vida.

     - CONTINUA.


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Notas finais do capítulo

Eu devia estar com uma P*** paciência pra postar isso. Mas não estou.
Próximo, agradecimentos. Leiam, por favor.