30 anos escrita por Ávida Leitora


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal.
Peço que comecem esta leitura com a mente aberta para novos caminhos de um enredo que já conhecemos através dos livros e filmes da saga, pois a história a seguir tem foco na possibilidade que no livro Lua Nova Edward e Bella não se reencontram, onde não ocorreu a visão de um suicídio em potencial, ou a descoberta de acontecimentos com potencial de mesmo resultado.




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Edward 

 

30 anos.

Hoje ela está completando 30 anos de vida. 

A última vez que a vi foi a 12 anos atrás, e nem por um dia, nem por um segundo sequer pude esquecer a imagem de seu rosto, jamais pude bani-lo da minha mente onde se alojou como uma obstrução entre meus olhos e o mundo real, usurpando a beleza do meu entorno ou de qualquer coisa além da dor que me perseguia, uma dor tão forte que um ser humano teria que estar a beira da morte para sentir algo próximo dessa dor, um humano não sobreviveria, uma dor tão constante que passei a reconhecê-la como uma companheira nesta existência que já não valia nada, onde não existia nada desde o momento em que Bella deixou de fazer parte dela, desde o momento em que virei minhas costas para ela resignado em garantir que ela tivesse uma vida, uma vida com todos os privilégios que ela poderia ter, que merecia ter.

Foi necessária toda a minha força para me forçar a sair de sua vida, para forçar meu egoísmo e meu amor a se alinharem ao que era melhor para ela, para o amor de toda a minha existência, para me deter de continuar impedindo que ela seguisse o curso do tempo e da vida; mas eu nunca teria forças o suficiente para arrancá-la da minha mente ou do meu coração. Esta era uma batalha perdida. Mesmo que o céu e a terra trocassem de lugar, está constante em nenhum momento retrocederia, pois ela me mudou de forma inimaginável e que persistiria para toda a eternidade. 

Em muitos momentos divaguei sobre como ela estaria agora, teria o tempo tido poder suficiente para influenciar em sua beleza, e rapidamente obtive as mesmas conclusões como tantas outras vezes, ela sempre seria a mais bela, tanto seu exterior quanto seu interior para todo o sempre. Ela sempre seria a minha Bella.

E sua carreira? Teria cursado faculdade? Meu palpite constantemente pendia para Literatura Inglesa mesmo que a própria não tenha chegado a considerar suas opções neste quesito na época em que estávamos juntos, devido a sua capacidade de apreciar todas as formas de expressão da escrita e leitura, um talento que me ensinou sobre a empatia para com os sentimentos alheios e me forçou a reler todas as obras, principalmente as clássicas que considerei fracas e superficiais. Um aprendizado que não considerei necessário antes dela, por concluir, em minha absoluta ignorância, que todas as pessoas eram previsíveis devido a minha capacidade de saber a todo momento o que todos ao meu redor pensam.

Teria constituído família? Um marido amoroso e filhos para amar e cuidar? E como tantas outras vezes me obriguei a me afastar desses pensamentos, pensamentos que permitiam a dor em sua mais forte presença, onde meu ciúme rugia contra qualquer um que ela tenha escolhido para ocupar um lugar ao seu lado como companheiro de vida que eu pagaria o valor que fosse preciso, daria tudo o que tenho para ser humano e assim digno de ocupar este lugar.

Os barulhos da cidade onde me encontrava me distraíram de minha linha de raciocínio cada vez mais amargurada e deprimente, cidade que foi escolhida por minha família pra nossa nova residência, nossa nova farsa para podermos nos estabelecer em algum lugar pelo tempo que pudéssemos estender nossa estadia sem levantar suspeitas dos habitantes locais sobre nossa aparência que não mudava junto com o avanço de nossas idades falsas.

Será a primeira vez que voltarei a conviver com minha família desde que precisei me afastar para que pudesse me afogar em minha tristeza e miséria por não ter mais Bella ao meu lado, afastamento que durou aproximadamente 12 anos, mas fui obrigado a por um fim em minha solidão devido a minha promessa de permanecer longe enfraquecer a cada ano, a cada mês, e o pensamento de procurá-la mesmo que só para checar como ela estaria, se estaria feliz, ganhava cada vez mais força e forma em meu inconsciente, e por esta razão decidi voltar para minha família, onde teria que me forçar a aparentar que tenho mais força e convicção, mesmo que jamais sejam uma realidade em meu interior.

Quando comuniquei minha decisão para meus irmãos, que aliviados, me informaram que iríamos para uma nova cidade a fim de recomeçarmos juntos. Minha decisão não foi recebida com surpresa, já que foram previamente avisados por Alice, que desde o início previu minha fraqueza e necessidade de findar meu isolamento.

Cidade que cheguei a exatamente um dia, mas o fato de ser aniversário de Bella me deixou introspectivo e profundamente magoado, e me obriguei a vagar pelos arredores de Pittsburgh a fim de me recompor para me juntar a minha família que já havia se estabelecido a cerca de 4 dias, o suficiente para garantir o alojamento de Carlisle no quadro de funcionários do maior hospital da cidade, Esme de criar a imagem de uma esposa que aprecia a vida de cidade pequena, razão pela qual um médico renomado como seu marido aceitaria perder seu tempo exercendo profissão em um lugar que não poderia oferecer as mesmas oportunidades profissionais comparado a uma cidade grande, isso de acordo com a resolução da maioria das pessoas das cidades nubladas e chuvosas em que já moramos, e eu e meus irmãos de sermos aceitos na Universidade de Pittsburgh, optamos pela Universidade devido ao tédio que suportamos no ensino médio em estadias anteriores. Rosalie e Emmett cursariam juntos Engenharia Mecânica, Jasper optou por Filosofia, Alice escolheu Moda e eu me decidi por Literatura Inglesa, creio que minha nostalgia atingiu níveis alarmantes antes que pudesse me dar conta disso.

Amanhã seria o primeiro dia de aula, mas ainda não me sentia pronto para estar em minha nova “casa” junto de minha família, mesmo que estivesse ciente sobre o quão preocupados estavam e até mesmo saudosos pelo o que pude captar durante minha corrida pela cidade ao identificar suas vozes mentais a quilômetros de distância. Eu precisa emergir da inércia que permiti que me dominasse neste período longe, tão potente que estava deduzindo emoções dos meus pais e irmãos, pessoas que eram meu núcleo familiar e eu os amava muito, e apesar da forma que os tratei em minha infelicidade, ainda me apoiavam e se importavam comigo. Eu sabia em meu âmago que era hora de me redimir.

Neste momento meu celular vibrou em meu bolso, considerei ignorar como me adaptei a fazer nos últimos anos, mas ao me dar conta que tinha um papel a exercer a partir de agora decidi atender após um profundo suspiro sem olhar quem era.

— Alô.

— Estamos a sua espera, mas vi que não consegue decidir se permite que o resto do dia de hoje continue sendo honrado a Bella - Alice respondeu dispensando as eventuais saudações.

— Se consegue acompanhar minha luta interna Alice porque não me deixa em paz? - respondi bruscamente.

— Tudo bem, se é assim que prefere irei informar aos outros que irá nos encontrar no fim das aulas de amanhã. - respondeu conciliadora.

— Obrigada Alice - agradeci.

— Se quiser pode vir aqui se trocar antes das aulas, organizei um quarto pra você junto com as coisas que deixou para trás - desligou sem esperar uma resposta. 

O que foi melhor, estava cansado de nossa conversa, não tinha energia suficiente para fazer nada além de direcionar minha mente para Bella e me consolar com a ideia de felicidade que ela poderia estar usufruindo, coisa tão valiosa que estaria sempre acima de minha própria infelicidade e solidão.

E assim segui durante o resto do dia e durante a noite inteira antes de me dirigir para minha nova casa a fim de tomar banho e trocar de roupa, envergonhado por tê-los negligenciado de forma tão egoísta e mesquinha, mas pretendia contornar isso ao assumir meu papel como espião, por falta de palavra melhor, garantindo que qualquer insinuação das pessoas ao nosso redor próxima do que realmente somos não passasse disso, uma hipótese, e assim nos retirarmos facilmente para iniciarmos todo o processo novamente em outro lugar.

Com este pensamento me dirigi para a Universidade, sem conseguir admirar a arquitetura da cidade em meu trajeto e do prédio universitário devido ao efeito anestésico que toda a dor e angústia na qual me afoguei no dia anterior deixaram para trás.

De forma mecânica, sai a procura de meu mapa de salas e turma na diretoria e me dirigi a minha primeira aula, me acomodando na cadeira mais discreta ao fundo da sala e fora do maior campo de visão de meus colegas. E assim esperei que o docente da matéria chegasse e desse continuidade ao seu trabalho, que ao me dignar a ler rapidamente meu roteiro de estudos vi que seria Introdução à Literatura, raciocínio que era efetuado por apenas uma pequena parte de minha mente, o resto estava focado em  inspirar e expirar lentamente, me acostumando com a queimação em minha garganta resultante dos humanos ao meu redor, e como previsto, a maioria de meus colegas que chegaram depois de mim evitavam ocupar os assentos ao meu redor, sendo influenciados por seus instintos sobre o perigo próximo. Poderia ter rido caso tivesse restado qualquer traço de humor entre meus sentimentos negativos.

Enquanto esperava e respirava pude ouvir meus irmãos em outras salas próximas a minha com um humor próximo ao meu, se preparando psicologicamente para o tédio que nos aguardava pelos próximos anos até este teatro acabar, mas durante esta reflexão notei um aroma no ar, um aroma tão impregnado em minha memória sensorial que cheguei a considerar se finalmente estava louco, devido a vida de devastação que me obriguei a viver, mas a cada segundo o aroma se intensificava junto com clics de salto alto ao longo do corredor que acompanhava as paredes ao meu lado esquerdo direcionando-se a entrada da sala.

E pela porta passou a última pessoa que eu jamais poderia imaginar rever desta forma, completamente ao acaso. Bella Swan, Bella, Bella, Bella…


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Notas finais do capítulo

O que acharam?
Adoro a história com o fim que conhecemos, mas sempre crio vários universos possíveis para enredos que já conheço, e esta é uma chance de estou dando a mim mesma de transformar em palavras o que costumo manter só na imaginação.
Se você chegou até aqui, agradeço pelo tempo e atenção.