As Tais Borboletas - 1,5 escrita por Leonardo Alexandre


Capítulo 2
Capítulo 5 - A Magia do Diálogo


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores...
Agora sim chegamos ao fim. Um final digno com uma explosão de fofura. Espero que gostem de ler como eu gostei de escrever...
Enfim, boa leitura...



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Stela achava difícil essas coisas de interação social, mas se queria ser amiga de Emma era melhor começar a agir como um ser sociável.

— Tudo bem, Sparkes? Você tá calada demais. — murmurou tentando soar gentil, o que não deu muito certo em sua voz.

— Tudo. Eu... Só to um pouco nervosa. — Emma respondeu com um sorriso ansioso. — Isso é tão mais real agora que eu a beijei... Mas eu quero resolver isso. Você tem razão, preciso colocar tudo em pratos limpos. Eu só queria que meu estômago entendesse e parasse de revirar.

— Olha... Como alguém que já passou por essa etapa antes, o que eu posso te dizer é que vai ficar tudo bem — Stela tranquilizou-a. — Eu não vou mentir, pode não ser agora. Mas vai. Acredite.

— Obrigada, Green. Você me ajudar tanto nesse momento tenso me faz sentir uma idiota por não perceber antes que nós éramos amigas. — Em admitiu, corando de leve.

— Relaxa. Eu não demonstro o meu afeto bem o bastante pra te culpar por isso. — Stela respondeu com um sorrisinho... Debochado? Na verdade, aquele poderia ser só o sorriso normal dela. — Eu não quero te deixar mais nervosa, Sparkes, mas a Diana tá na frente da sua casa.

Em virou a cabeça mais rápido que uma piscada e arregalou os olhos por trás dos óculos ao ver de longe os cabelos roxos e tão bem cuidados da estilista, ela estava sentada no balanço de madeira na varanda da residência Sparkes.

As borboletas em seu estômago entraram em frenesi e, mesmo o carro estando numa velocidade bem baixa, parecia que estavam se aproximando rápido demais.

— Meu Deus, eu ainda não to pronta pra isso! — exclamou sentindo a respiração ficar irregular e difícil. — Eu pensei que ia ligar pra ela e marcar de conversarmos à noite ou sei lá, não que ela ia estar na minha casa agora!

— Ei, ei! Respira. Quer que eu fique? — Stela tentou soar solidária, mas sua expressão denunciava que ela estava mais empolgada em ver o “fim dessa novela”.

— Green. — Emma repreendeu ainda tentando se acalmar.

— Tá bom, tá bom. Mas lembra de passar o relatório completo depois.

— Green!

— Não precisa ser completo, só a parte da colação de velcro já tá bom.

— GREEN! — Emma corou ao extremo.

— Calma, eu to brincando. É só pra descontrair um pouco. — Stela riu e parou o carro sem desliga-lo. — Boa sorte, Sparkes. E mantenha em mente que não importa o que aconteça lá, vai ficar tudo bem.

— Obrigada. Você tem um jeito muito estranho de apoiar, mas é muito bom mesmo assim. — Emma sorriu, respirou fundo e finalmente desceu do carro.

Diana praticamente saltou fora do balanço, quase caindo no processo, ao ver sua amiga ali. Não era tão tarde da manhã e ela já estava esperando há horas.

A adrenalina de tudo que houve na tarde anterior a manteve acordada por boa parte da noite, mesmo que sua maquiagem perfeita como sempre não deixasse isso muito claro.

Emma não sabia se interpretava aquele movimento como sendo bom por ser notável que ela também estava nervosa com aquela conversa ou ruim por talvez ela estar daquele jeito por querer lhe dar um fora ou até pedir um tempo na amizade porque agora que a havia beijado as coisas tinham ficado estranhas.

As borboletas em seu estômago não paravam de se revirar assim como suas mãos não paravam de tremer.

Ambas começaram a caminhar em direção uma a outra, seus passos eram lentos e hesitantes, qualquer um que olhasse, mesmo de longe, poderia sentir a ansiedade entre elas. E era um nervosismo tão intenso que chegava a ser quase palpável.

— Oi. — disseram ao mesmo tempo, parando a dois ou três passos de distância.

— Você... Tá bem? — Diana perguntou sem olhar diretamente para os olhos de Em. — Quer dizer, você estava meio bêbada ontem. Como... tá se sentindo?

— Eu acordei sentindo como se o meu cérebro fosse muito maior que meu crânio e agora eu entendo menos ainda porque tem pessoas bebem tanto com frequência, mas depois de tomar agua e comer um pouco, eu estou me sentindo melhor. — Emma respondeu com um sorriso miúdo. — Você quer entrar? Nós precisamos conversar e eu acho que faríamos isso de forma mais confortável lá dentro.

— Quero. Mas é melhor você já saber, a sua mãe acha que você passou a noite com o seu namorado. — Diana informou enquanto se encaminhavam para a porta — Eu não sabia se era pra desmentir e achei melhor não, porque não queria que ela ficasse preocupada com você, como eu estava. Onde você dormiu?

— Na casa daquela garota que sempre faz os trabalhos comigo, Stela Green. Não lembro como pensei em ir lá, mas o mais é provável que eu só... Não queria que meus pais me vissem bêbada e a Green é a única amiga que eu tenho. Além de você...

— Eu achei que vocês estavam mais pra colegas.

— É, eu também pensava isso, mas quando você vomita na camisa de uma garota e ela não te chuta da casa dela é uma enorme prova de amizade. — Emma tentou soar divertida, porém ficou explícito em sua expressão que ela estava com vergonha.

— Em, o que aconteceu ontem? — Diana perguntou sem conseguir se segurar mais.

— Já vamos falar sobre isso.

Mal Emma passou pela porta de casa e sua mãe já foi para cima dela como se estivesse observando-a pelas persianas, só esperando-a entrar.

— Bom dia, querida. Como foi a sua noite? — questionou em um tom sugestivo, sorrindo empolgada.

— Horrível. Mas a tarde até que foi divertida. Depois conversamos. — Em respondeu de forma seca e puxou Diana para o andar de cima.

No quarto com a porta fechada, o silêncio tomou conta por dois ou três minutos longos e desconfortáveis, até que Emma criou coragem para voltar a falar, fazendo uma pergunta.

— Eu... Preciso pedir desculpas pelo que fiz? — murmurou de cabeça baixa.

— Depende, Emma. — Diana respondeu, quase sussurrando. — Só se não tiver significado nada pra você. Por que... Foi de repente e você estava bêbada, mas ainda assim... Significou. Pra mim.

— Significou? — Emma sorriu enquanto erguia o olhar lentamente.

Diana estava com as bochechas coradas e de coração disparado, mas fez questão de encará-la para mostrar através de suas íris azul escuras o que estava sentindo — Significou. Por que você me beijou?

— A sensação pode ser horrível no dia seguinte, mas não dá pra negar que álcool mesmo é coragem líquida. — Emma respondeu rindo enquanto colocava uma mexa de cabelo atrás da orelha. — Olha só...  Quando você me disse ontem que eu não devia deixar o nervosismo atrapalhar uma coisa que eu queria, eu tentei mesmo, tentei com tudo de mim sentir ou me deixar sentir algo mais que amizade pelo Fred, mas isso foi só outro jeito de eu continuar sendo covarde. No fundo eu sabia que por mais que eu quisesse gostar dele como ele gosta de mim, meu coração queria outra pessoa, eu só estava com medo que as coisas ficassem estranhas entre nós quando você soubesse o que eu sinto por você. Mas ontem foi uma tarde quase perfeita. Quase. Tudo tava maravilhoso até que o Fred me beijou e eu não senti... Nada. Então foi aí que eu decidi desistir de tentar e dizer pra ele que, apesar dele ser um cara muito legal, eu só o vejo como amigo, mas antes que eu pudesse terminar de falar ele mesmo me disse que não devia ter se iludido comigo porque sabia que a única pra mim era você. Ter a verdade jogada na minha cara daquele jeito me deixou em pânico, foi disso eu bebi. E o coração de uma bêbada apaixonada não resiste a procurar seu amor, essa é a razão de eu ter ido parar na sua casa. Você dizer que não eu preciso te pedir desculpa é um alívio enorme por que, apesar da circunstância, aquele foi um beijo muito, muito sincero.

— Seria estanho se eu dissesse que eu queria um beijo seu desde o dia em que a gente se conheceu? — Diana sorriu largo, aquela era a primeira vez que Em via traços de timidez naquele rosto tão lindo.

— Seria! Totalmente. — Emma riu, seu coração estava bem mais leve. — Eu não tirei seu rosto da mente por semanas, mas o que é que uma garota fabulosa como você, Diana Diamond, veria em alguém como eu?

— Você, Emma Sparkes. — ela respondeu como se fosse a coisa mais óbvia, porque era mesmo. — Com um jeito fofo de falar, um ar de inteligente e os seus olhos... Ah, esses olhos... Eu mergulhei fundo neles e não saí mais desde então. Se naquele dia você não tivesse entrado na loja pra escolher o look pra um encontro, com certeza eu teria pedido o seu telefone e depois te chamado pra sair.

— Meu cérebro tá divido entre “to em choque” e “to me achando”. — replicou sorrindo largo. — Mas... Se você já gosta de mim desde a primeira vez que nos vimos, porque você tava sempre me incentivando a investir no Fred? Não tava rolando nada de mais entre mim e ele, e você parecia querer que eu, sei lá... Parasse de frescura.

— Não era isso. — Diana riu e começou a corar. — Desde que você me salvou do entojado do Kian Foster e nossas brincadeiras de namorada de mentirinha começaram, meu coração bobo foi se iludindo aos poucos, sabe? Primeiro eu incentivei porque gostava de conversar com você e o Fred fazia parte da sua vida. Eu não queria ser a amiga tóxica que te coloca pra baixo e vive dando chiliques por ciúme, então eu tentava ao máximo te por pra cima já que você sempre disse que ele é um cara super legal e ao mesmo tempo parecia ficar super insegura quando a gente tocava nesse assunto. Depois eu só queria que o namoro desenrolasse logo pra eu parar de ficar alimentando esperança sem querer. Nessas últimas duas semanas eu cheguei ao ápice da minha sanidade. Eu ficava arrumando mil e uma desculpas pra tocar em você nem que fosse só um arrastar de dedos bem de leve na sua pele, tirando suas medidas de novo e de novo mesmo já tendo anotado, gostando de fingir que você não é frienta da verdade e estava se arrepiando por causa do meu toque.

Emma riu de vergonha e sentiu as bochechas esquentarem enquanto admitia quase sussurrando. — Eu não sou tão frienta assim. Eu só disse isso pra você não pensar besteira. Era por você. Sempre foi por você, Diana. As vezes só sentir seu cheiro já desperta... Sensações.

— Em, você tem noção do que isso significa?

— O que?

Diana riu e balançou a cabeça em negativa. — Somos duas otárias. Se alguma de nós duas tivesse parado de medinho besta e simplesmente dito pra outra o que sente, a essas alturas a gente já estaria namorando há tempos. Quer dizer, namorando de verdade.

— Nunca é tarde pra concertar um erro. — Emma sorriu, toda boba e apaixonada, então se ajoelhou no chão e ergueu a mão como se segurasse um anel. — Com essa aliança invisível eu gostaria de pedir a você a honra de ser sua namorada. Diana Diamond, aceita namorar comigo?

— É claro que sim. — a estilista respondeu sorrindo e estendeu a mão, emocionada. — Mas, só pra constar, eu ainda vou querer um pedido maior e muito mais público depois.

— É, eu sei disso. Me apaixonei por Diana Diamond, não é?

Emma pôs o anel imaginário no dedo da namorada, então se levantou.

Então estava ali, de frente para a garota que amava, agora sóbria, com total consciência do que estava prestes a fazer e auto aceitação. Era estranho como a ansiedade que estava sentindo não lhe travava mais, esse nervosismo era novo, um do tipo gostoso de sentir e muito empolgante.

Diana acariciou com suavidade os cabelos de Em, olhando nos olhos de forma profunda. Então seus rostos foram se aproximando devagar, como se o universo inteiro tivesse ficado em câmera lenta apenas para que aquele momento pudesse durar para sempre.

Quando as bocas finalmente se tocaram, com um encaixe tão perfeito que pareciam ter sido feitas uma para outra, Emma sentiu o coração acelerar e uma onda de satisfação se espalhou por seu corpo de tal maneira que foi inevitável suspirar enquanto levava as mãos à cintura de Diana e a para mais perto de si. Logo sentiu a língua macia deslizar sobre a sua.

Era uma sensação que não dava explicar, aquele simples beijo a estava deixando entorpecida e tão leve, como se flutuasse em uma nuvem fofa.

O momento pareceu eterno para elas pelo tempo que durou, mas claro que uma hora tiveram que se separar para respirar.

— Eu não acredito que saímos de uma melhor amiga incentivando a outra a ficar com o crush, que nem era crush, pra um casal fofo de namoradas em menos de vinte e quatro horas. — Emma comentou sorrindo, ainda um pouco ofegante.

— Eu já não tava acreditando desde que você apareceu do nada, me beijou e foi embora. — Diana replicou rindo. — Caramba, ontem foi mesmo um dia louco. Eu entrei pra equipe de figurinistas do primeiro filme baseado nos livros da minha escritora favorita e logo em seguida ainda descobri que a garota por quem eu sou apaixonada sente o mesmo por mim. Se explodir de alegria fosse realmente possível, eu teria comprovado isso agora.

— É mesmo, seu teste também foi ontem! Então é oficial agora? — o sorriso que já era grande acabou de se espalhar pelas bochechas de Emma.

— Bom, sim e não. Ainda falta prepararem o meu contrato, mas é só uma questão burocrática. — a estilista explicou com toda a empolgação. — Não só adoraram minhas peças, como disseram que alguns compartimentos internos que eu consegui costurar com base nos livros eles estavam pensando em como introduzir com CGI na pós-produção. A Sky me chamou de gênio da moda e disse que faz questão de me ter na equipe. Você não tem noção do quanto eu precisei me esforçar pra me comportar como uma mulher adulta e super profissional sendo que eu queria gritar e surtar como a adolescente que virou inúmeras noites lendo livros da Shadow. O que eu ainda faço, só que com vinte e quatro anos na cara agora.

— Eu já sabia que você passaria no teste, mas agora que é oficial eu to com tanto orgulho de você, amor.

Dito isso, Emma voltou a beijar a namorada com vontade e ao mesmo tempo delicadeza.

Um beijo foi levando a outro e mais outro e assim se passou um bom tempo sem que elas sequer notassem, pois estavam imersas num mundinho próprio e só perceberam que a manhã estava acabando quando, por volta das onze da manhã, o dia começou a ficar mais quente.

Então Emma foi diminuindo o ritmo aos poucos até finalizar o beijo com alguns selinhos carinhosos.

— Ok, chega. Ou eu vou querer ficar assim o dia inteiro. — constatou, mordendo o lábio brevemente.

— Me desculpa, mas eu não sei como isso pode ser um problema. — Diana brincou acariciando a bochecha de Emma levemente.

— Precisamos descer. Eu tenho que conversar com a minha mãe.

— O que? — Diana deixou as íris azul escuras bem evidentes em um arregalar de olhos. — Você vai contar pra sua mãe sobre a gente agora? Tipo agora agora mesmo?

— Bom... — Emma murmurou encolhendo os ombros e se afastando um passo para trás. — Eu quero falar pra ela sobre mim. Já você não precisa ficar se não quiser. É um lance meu.

— Não! E-eu só fiquei surpresa de ser tão rápido. — Diana respondeu segurando ambas as mãos de Emma com firmeza. — É claro que eu quero ficar. Esse lance é nosso, amor, somos namoradas agora. Vamos enfrentar as barras juntas daqui pra frente.

— Eu te amo tanto! — replicou sorrindo largo e se jogando nos braços da namorada, que voltou a unir seus lábios. — Para de me beijaaar! Assim fica difícil.

Mesmo com aquelas palavras, a própria Emma retomou o beijo e se deixou envolver pela macies daquela boca tão bonita, demorando mais uns bons minutos para descer.

Quando se sentaram no sofá da sala para conversar, Emma contou o que havia acontecido detalhadamente e fez questão de expor tudo que estava sentindo.

E diferente do que ela esperava, sua mãe não pareceu nada surpresa, na verdade sua expressão era bem neutra, talvez no máximo conformada.

“Que pena, aquele menino Fred é tão bonito. Mas se é assim que assim seja então” foi tudo que ela disse.


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Notas finais do capítulo

Uma pena que não tenha havido espaço pra um pouco mais de Stela Green, mas de resto fiquei feliz com o resultado final. E vcs? O que acharam?
xoxo
Atenciosamente, Leonardo A. Guedes.



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