The Death's Journey to Answers escrita por Haruyuki


Capítulo 2
Ato 2




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Levante a cabeça, abra seus olhos

Sei que sente falta daqueles que já se foram

Mas não é hora de chorar por eles

Você precisa seguir em frente, viver por eles.

Sei que é difícil, sei que é duro

Mas não desista de aproveitar o tempo

Apenas siga em frente com as memórias

Que guarda dentro de seu coração.

Tente aproveitar a vida sorrindo

Pois aqueles que se perderam nas memórias

Estarão respondendo ao seu sorriso

Eu acredito.

Não seja tão idiota, não se feche do mundo

Eu estou aqui pronta para enxugar suas lágrimas

Mesmo que eu sofra, pra te entender

Não se preocupe. Está tudo bem.

Sei que é difícil, sei que é duro

Mas não desista de aproveitar o tempo

Apenas siga em frente com as memórias

Que guarda dentro de seu coração.

Se você não sorrir ninguém mais vai.

Por isso, pode chorar, com um sorriso junto.

Nunca desista.

Eu acredito em você.

Nunca desista.

~x~

Chego ao Porto de Hakata ao anoitecer. Eu passo a tocar e a cantar no interior de um restaurante, onde eu sou aplaudido sempre que acabo uma música. Horas e horas entretendo pessoas diferentes naquele local. 

Como agradecimento pela apresentação, o dono do restaurante me oferece saquê e comida. Eu observo as pessoas passando a conversar sobre diversos assuntos e em um quarto de uma pousada, passo a me sentar perto da janela e a observar o mar. 

Eu não consigo descansar, pois consigo sentir o forte cheiro de sangue e morte vindo daquela direção. Algo que Cerberus certamente sente, pois ele começa a rosnar enquanto está na janela quando ambos os cheiros lentamente começam a ficar mais forte.

"Vamos checar?" Eu pergunto a ele, já vestindo minhas roupas e arrumando minhas coisas.

Cerberus late em resposta, e nós dois pulamos pela janela, seguindo rapidamente em direção ao porto. Eu me pergunto se Ares está envolvido, pois o cheiro de sangue e de morte sempre o cercava quando ele ficava provocando guerras no reino dos mortais. 

Minha atenção se volta para um pequeno bote, onde três rapazes navegam com dificuldade em direção ao porto. 

"Socorro!" Eu escuto um deles gritar quando o bote finalmente chega na areia. "As ilhas de Tsushima e de Iki estão sendo invadidas!"

Normalmente, essas palavras poderiam ser consideradas como uma brincadeira cruel, mas o fato de um deles está machucado no ombro e carregando uma lança que não foi forjada em Nippon. Isso faz as outras pessoas ali presentes, que estavam se preparando para ir pescar, ficar apavoradas.

Eu decido observar mais, não achando certo interferir no destino deste local e das pessoas que ali vivem. Eu sou um deus, e minha presença pode acabar não sendo bem recebida pelos nipônicos.

"Qual é o problema, cachorrinho?" Eu escuto, e olho com surpresa Cerberus circulando os três rapazes animadamente.

Isso… é estranho.

"Cerberus." Eu sussurro, fazendo o cachorro agora correr na minha direção e eu volto a olhar para os rapazes. "Me desculpem…"

Eu me interrompi ao ver que eles me olham com surpresa, algo que me faz franzir minha testa.

"Cerberus?" Eu escuto um deles, e me surpreendo por ele dizer o nome normalmente. "Por acaso… Lorde Hades?"

Eu congelo, não esperando ouvir meu nome original vir deles.

"Identifiquem-se." Eu ordeno, levando a minha mão direita até o punhal da Katana que carrego na cintura.

"Somos nós, Lorde Hades. Seus juízes." O rapaz machucado diz, se aproximando de mim com os outros dois. "Aeacus, Minos e Radamanthys." 

Eu olho para eles com surpresa. Quem diria que eu iria encontrar pessoas que são encarnações de entidades da Era dos Deuses logo aqui, no início da minha jornada.

"Lorde Hades, por que…" Minos começa a perguntar, mas eu ergo a minha mão para o interromper.

"Agora não é hora para isso. Vocês tem que se preparar para a invasão e você, Eacos, procure tratar desse ferimento o quanto antes." Eu ordeno, observando atentamente minúsculas figuras surgirem no horizonte. "Eles estão vindo."

Logo, vários barcos enormes surgem e eu, percebendo que as coisas poderiam se complicar para mim se minha presença ser notada pelos invasores, decido usar meu elmo em meio ao caos das pessoas correndo de um lado para o outro. Os rapazes imediatamente desaparecem da minha vista, indo obedecer às minhas ordens.

"Cerberus, transforme-se." Eu digo, me sentindo ser envolto por ele em sua forma original.

E por dias fico a observar os guerreiros nipônicos, chamados de samurais, enfrentar com orgulho os soldados que parecem estar lutando em nome de um soberano chamado Kublai Khan. Fico a me perguntar se esse mortal é Ares, mas antes que eu pudesse pensar mais sobre o assunto, escuto Cerberus começar a rosnar alto.

"Qual é o problema, Cerberus?" Eu pergunto, começando a correr atrás dele em direção aos navios recém ancorados no porto.

Eu subo nas costas dele, o agarrando com a mão direita enquanto a esquerda segura o meu elmo na minha cabeça no exato momento em que o imenso cachorro de três cabeças se prepara para dar um grande salto e pousar na proa de um dos navios. 

E é nesse exato momento que eu entendo o comportamento dele, afinal estou sentindo o cheiro do Tartarus vindos de um dos homens ali presente. E não, não estou me referindo de entidades que eram meus aliados. 

Estou me referindo de uma alma que foi torturada no Tartarus. 

Ele.

O homem que ousou tentar tirar de mim a minha amada.

"Então você está vivo." Eu sussurro no ouvido daquele general. "Pirítoo."

Eu me afasto imediatamente, impedindo que os movimentos bruscos dele me acertem. Ele começa a gritar coisas que eu não entendo, e se cala quando outros homens passam a gritar com ele, o chamando de Liu Fuxiang.

Me aproximo de Cerberus e subo nele novamente, dando risadas ao ouvir ele rosnar na direção do general.

"Vamos retornar para o porto, Cerberus. Ainda não é o momento para acabar com a vida dele." Eu digo, me segurando quando ele salta para fora do navio.

Se Pirítoo está ali como inimigo dos nipônicos, eu não me importo em me juntar para combater os invasores. Agora se tornou algo pessoal.

E pela lâmina de minha Katana, passo a enfrentar diversos homens do exército invasor, os ferindo e deixando para outros samurais o dever de os matar. E então, me vejo frente a frente com o general Liu Fuxiang, que me olha com o rosto pálido e em choque.

"Há quanto tempo, Pirítoo." Eu digo para ele em grego, me aproximando dele lentamente.

"Por que você está vivo?" Eu escuto, e inclino meu rosto para ele em dúvida. "Você deveria ter morrido também, Hades!"

"É Lorde Hades para você, desgraçado!" Eu exclamo, o observando andar para trás à medida que eu me aproximo.

Eu abro um sorriso ao ver que ele finalmente percebe a presença de Cerberus atrás dele. Além disso, vejo atrás dele Aeacus com uma arma em mãos, apontando para ele. Com um único movimento, eu uso a minha katana para virar o rosto dele na posição correta, sorrindo ao ver ele ser atingido no olho esquerdo por uma bala.

"Ordene a retirada de seus soldados, Pirítoo." Eu ordeno a ele friamente, observando a minha katana fazer um corte no pescoço dele, por onde sangue começa a escorrer.

Ele se afasta, ordenando para os soldados sobreviventes retornarem para os navios.

...

Pela manhã, a maioria dos navios Yuan tinha desaparecido. Uma grande tempestade se levantou e muitos navios de guerra foram lançados nas rochas e destruídos, e cerca de 50 soldados e marinheiros Yuan foram capturados e executados.

~x~

A comemoração pela vitória é triste devido a quantidade de pessoas mortas, mas eu decido não participar ainda. Tenho assuntos para tratar com Aeacus, Minos e Radamanthys, e por causa disso, nós quatro e Cerberus estamos na casa de um deles.

"Lorde Hades." Minha começa, me olhando seriamente. "Por que o senhor declarou guerra ao Olimpo?"

Aeacus e Radamanthys, que estavam discutindo sobre a invasão, param de falar e passam a olhar na minha direção. Eu, que ia beber um pouco de sake, congelo e o olho com a testa franzida.

"Como?" Eu pergunto voltando a colocar o copo com sake no tatami.

Os três se entreolham, claramente confusos.

"Eu não comecei guerra nenhuma." Eu os vejo arregalar os olhos e eu me pergunto o que está havendo aqui.

"Mas o senhor declarou guerra para o Olimpo, Lorde Hades. Mesmo depois de ter matado Lady Perséfone…" Isso me faz o interromper ao bater fortemente no tatami com o meu punho direito.

"Eu não matei Perséfone." Eu digo, sentindo o meu corpo começar a se tremer. "Eu a libertei de mim no exato momento em que a vi declarando seu amor para outro homem."

"Mas…" Os três se entreolham novamente, assustados.

"Mas o que?" Eu pergunto, me sentindo cada vez mais frustrado com aquela confusão.

"Mas nós lembramos de seguir o senhor até o Olimpo e de obedecer a sua ordem para destruir tudo." Radamanthys me responde, e os outros dois afirmam com a cabeça.

Isso… isso não é impossível!" Eu começo a ficar enjoado com o que escuto.

Não. Isso não é possível. Mas justifica o ataque de meus irmãos ao submundo. Além disso, agora que eu me lembro de não ter visto ninguém além dos torturados no momento do ataque. Mas isso não faz nenhum sentido. Como eles podem ter 'me seguido' se eu nunca deixei o meu reino? A não ser que…

"Quem estava presente, além de vocês?" Eu pergunto para eles.

"Nós, Hypnos, Pasithea, Morfeu, Nêmesis, Macaria, Melinoe, Erebus, Nix, Tartarus, Chaos..." 

Meu enjôo retorna com força total ao ouvir os nomes de minhas filhas. Eu vou até uma janela e vomito o sake e a comida que eu havia ingerido, tossindo secamente quando termino. Ofegante, eu limpo a minha boca com a mão e volto a encarar os três juízes encarnados, que estão nervosos com a minha reação.

Pasithea, consorte de Hypnos, personificação do relaxamento, meditação, alucinações e todos os outros estados alterados de consciência.

Talvez ela tenha as respostas que eu procuro.

"Eu realmente preciso encontrar respostas." Eu digo, ficando estranhamente cansado. "Eu preciso encontrar os outros deuses." 

"Nós iremos com o senhor para lhe proteger!" Aeacus exclama, mas eu nego com a cabeça.

"Vocês são mortais agora. Eu não posso permitir que se envolvam com isso." Eu balanço a cabeça firmemente, os fazendo franzir a testa. "Eu não fiz que todos vocês reencarnassem como mortais para que se sacrifiquem assim desse jeito.

Eu os observo me olhar com surpresa, mas antes que pudessem me dizer algo a mais, eu me refiro daquela casa, com minhas coisas e Cerberus. Eu fico a esperar até tarde da noite para retornar ao interior da casa e arrancar os Fios de Magia dos três, os fazendo assim deixar de se lembrar sobre suas vidas passadas, às comendo logo em seguida.

"Me perdoem. Mas eu preciso continuar sozinho." E com isso, eu deixo novamente a casa e sigo até Cerberus, que está em sua forma original.

Eu… eu acho que devo sair de Nippon por enquanto. Se Pirítoo encarnou como um estrangeiro, então devo viajar pelo mundo em busca dos outros deuses. Felizmente, eu tenho tempo de sobra para isso. 

E com isso, eu subo em cima de Cerberus e partimos em direção ao mar, onde ele dá grandes saltos em direção às ilhas de Iki e Tsushima. Ao longe, consigo observar alguns navios que sobreviveram ao 'kamikase'. Para a minha felicidade, um deles é o de Pirítoo e, ainda usando o meu elmo, eu entro no quarto dele, aproveitando que ele está dormindo, eu arranco o fio de magia dele e 'pego emprestado' algumas roupas, moedas, jóias e uma espada para usar depois que eu sair de Nippon. 

Satisfeito, eu dou risadas quando vejo Cerberus se divertindo ao brincar com os homens que estavam ali, os assustando em sua forma original, invisível para eles. Eu subo neles, carregando nos ombros as coisas que peguei, e após fazer carinho, eu anuncio onde quero ir.

"Vamos voltar para Hizen, Cerberus."

Ele obedece, me levando de volta pelas ilhas de Tsushima e Iki primeiro e de lá diretamente para o litoral de Hizen. Eu sigo até a onsen dos Katsukis e bato na porta duas vezes. Para minha surpresa, Yuki-chan, que já não é mais uma pequena menina de 5 anos, abre a porta e franze ao não ver alguém.

"Sou eu, Yuki-chan." Eu digo e ela arregala os olhos, abrindo um sorriso.

No interior do onsen, ela me abraça quando eu retiro o meu elmo, e eu a abraço de volta. Eu converso com ela, revelando que só estou ali brevemente para deixar certas coisas, antes de retornar a minha viagem pelo Japão e pelo mundo. Ela chora quando percebe que eu não irei retornar para Hizen e eu a deixo com Hiroto-san e Toshiko-san.

Eu guardo as coisas, e deixo com os Katsukis a missão de dar aos seus descendentes instruções sobre mim. Eu viajo por entre Kyushu, retornando para Hakata no meses depois que um novo ataque se sucedeu ao local, onde descubro que novamente uma tempestade salvou os Nipônicos. 

Será que…


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