O que a vida pode tirar de você escrita por Lady Loki


Capítulo 5
Você só precisa abraçá-la




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Narradora

1998, Londres, Inglaterra, Casa de Emily Prentiss.

A funcionária da Interpol chegou em sua casa depois de um longo caso na Alemanha, havia ficado quase uma semana fora, por conta disso, estava morrendo de saudades da sua filha, Ally, que em breve faria 6 anos de idade e com certeza estava organizando uma surpresa de aniversário para ela. Contudo, quando entrou na sua casa notou algo de diferente, Allison não a estava esperando dormindo no sofá. Emily falou diversas vezes para a pequena não fazer isso, que deveria dormir na sua cama na qual seria muito mais confortável, porém entrava por um ouvido  dela e saia pelo outro. Com o tempo, Prentiss se acostumou com a atitude carinhosa da criança e não “brigou” (lê-se, pequenas broncas) mais com ela. A babá de confiança de Emily, Senhora Rosalinda, lhe disse que sua filha chegou da escola hoje e foi direto para o quarto, não falou nada e somente saía para comer. A agente agradeceu e liberou a babá, dessa forma, deixou as malas no seu quarto e foi direto ao de Ally.

A mais nova mãe, encostada no batente da porta, observava seu “bebê” que constantemente provava ser muito mais forte do que qualquer outra pessoa conhecida por ela. Apesar de ter passado por coisas horríveis durante seus 5 anos de vida,  era uma criança doce, gentil e educada, conhecendo seu pai, não fazia a mínima ideia onde sua garotinha aprendeu a ser assim. Claro, no início foi difícil, ela não confiava em Emily, muito menos na Sra. Rosalinda, não conversava com ninguém e evitava ao máximo contatos físicos. Contudo, o pior eram os pesadelos  que acordavam Prentiss na madrugada, quando a mãe ouviu o grito da filha, não pensou duas vezes, pegou a arma e derrubou a porta do quarto dela apontando a arma para todos os lados... A menininha que já estava assustada e chorando, ficou aos prantos quando viu a sua mãe com a arma. Óbvio que a agente não fazia a mínima ideia de como confortar ou acabar com o choro de sua pequena, não sabia como agir, o que falar... Então, tomou a única atitude que a embaixadora Elizabeth Prentiss nunca havia tido com a própria filha, a mulher não disse nada, nem perguntou com o que ela tinha sonhado, apenas  abraçou o seu bebê. No início, achou que a pequena iria afasta-lá ou negar ela de alguma forma, ao contrário, ela sentiu-se confortável nos braços da agente. O objetivo era que ambas ficassem assim até a mais nova se acalmar, porém acabaram por adormecer abraçadas. Após aquele dia, Emily nunca mais agiu por impulso e Ally passou a dormir junto com ela.

Com o tempo a menina se abriu aos poucos para a mãe e permitiu-se confiar na agente da Interpol, além de começar a sentir coisas até então desconhecidas por ela como felicidade, amor e segurança. Apesar das longas viagens de Emily, de alguma forma ela tentava se manter presente por meio de ligações de vídeo e quando voltava para casa, organizava programas de mãe e filha como brincadeiras em casa, idas ao parque, atividades físicas (adequadas para crianças, Prentiss achava isso muito importante, apesar de Allison não gostar muito) e viagens de carro de última hora. Ally amava as viagens de carro, principalmente pelo fato de ser algo inesperado, poder conhecer novos lugares e a emoção de poder ver alguns carros e motos na estrada muito acima do limite de velocidade, Emily certamente era veloz dirigindo, mas nem tanto quanto sua filha pedia. Com certeza, Allison era especial e faria grandes coisas no futuro.

— Eu sei que você não está dormindo... -acende a luz do quarto, mas a pequena permanece em silêncio e virada de costas para ela -Sra. Rosalinda me disse que você não conversou muito com ela, quer me contar alguma coisa? -ela senta-se na beira da cama da filha e faz cafuné na cabeça dela.

— Pelo menos não agora... -a menina vira-se para Emily com os olhinhos vermelhos e com uma carinha triste- Você pegou o bandido?  

— Sim, mas não precisa se preocupar com isso. Ok? -a mais velha faz carinho no rosto da mais nova que responde com um afirmo de cabeça.

— Você pode ler para mim? Não consigo dormir...

— Claro! Qual você vai querer? -sorri mexendo no cabelo dela, a mais nova estica o braço para pegar o seu livro favorito.

— Harry Potter? De novo? -pergunta rindo da escolha dela que irá repetir aquela leitura pela décima vez.

Enquanto Prentiss lia o livro para a sua filha, a menina começa a chorar e automaticamente Emily a envolve em seus braços. Permanecem assim por alguns minutos até a garotinha começar a falar.

— Em, eu sou feia?

— O que? Claro que não! Quem te disse isso?! – nesse momento, o seu instinto materno estava gritando para pegar o desgraçado que havia falado isso para o seu bebê.

— Um menino da escola... Henry White... Ele viu meu ombro e disse que eu parecia o Frankenstein... – “Emily você não pode mandar para prisão um menino de 6 anos por fazer bullying...”, realmente ela estava se controlando para não explodir naquele momento- Você tá brava comigo? -Ally pergunta receosa.

— Não, meu bem – ajeita-se para ficar de frente à ela- Me escute, você é linda do seu próprio jeito, entendeu? E sua cicatriz só diz uma coisa, que você é uma menina forte e se tornará uma mulher mais forte ainda. Igual a mim... – a mãe agente desabotoa a blusa e mostra a sua cicatriz no seu buço.

A criança sorri ao perceber que sua mãe era igual à ela... O simples fato de ter pensando em Em como sua mãe, fez com que esquecesse de sua mágoa em relação a Henry e tomar a decisão de resolver essa situação chamando-o para brincar com ela durante o recreio.

No outro dia, Emily acordou antes do que Ally e resolveu os últimos detalhes da adoção permanente dela. A agente estava extremamente feliz, na verdade, podia dizer que era o melhor dia da sua vida. Entretanto, ainda tinha suas dúvidas, sabia que Allison gostava dela e ficará contente com isso, mas mesmo assim, havia um medo enorme na mulher de que tudo desse errado... Mas decidiu ser esperançosa e repetir o pensamento: “Será uma ótima surpresa de aniversário”.


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