O que a vida pode tirar de você escrita por Lady Loki


Capítulo 2
Promessas & Agradecimentos


Notas iniciais do capítulo

Um pouco sobre o passado de Allison... Espero que gostem



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Allison

3 meses após a morte de Emily Prentiss

— Oi mãe, não trouxe flores, porque você acharia totalmente desnecessário – dou uma risada fraca- Queria dizer que está tudo bem, não precisa ficar preocupada comigo – dou uma pausa- Seus amigos são muito legais. David sempre me liga para perguntar como eu estou e me chama para jantar com a equipe em sua casa algumas vezes. E claro, nas primeiras vezes recusei, sabe que tenho dificuldade para me interagir com novas pessoas depois que... Bom, não preciso dizer o motivo... – escorre uma lágrima pela minha bochecha quando as memórias daquele dia retornam a minha mente- Penélope, depois de descobrir onde eu morava e claro que não foi perguntando diretamente a mim – dou uma risada fraca-  Me enviou várias cestas, achei a atitude dela muito bonita. E não fique brava, mas eu dei o Sergio para ela, você sabe que o Loki não gosta dele, os dois reforçam a ideia de que gato e cachorro se odeiam! – digo muito rápido, como quando uma criança apronta- Não me aproximei muito do Derek, ele é muito divertido, não tenho nada contra a ele, só não faz o tipo de pessoa com quem eu faria amizade. Não tive a oportunidade de conversar muito com a JJ, somente nas primeiras vezes que a vi, acho que o trabalho dela no Pentágono não a deixa com muito tempo livre, mas pelo jeito ela era uma ótima amiga para você.  Sobre o Aaron... -rio quando lembro da minha teoria sobre ele- Vocês tinham alguma coisa, certo? – me animo com a conversa- Porque é muito evidente o quanto ele te admira... Admirava... -dou uma pausa antes de continuar tentando não chorar novamente- Um dia, quando eu encontrei ele por acaso, paramos para conversar e ele contou histórias de alguns casos que você participou. Do jeito que ele disse, você parecia ser a mulher mais incrível do mundo... E você era mesmo. Gostaria de ter visto vocês dois juntos... Enquanto ao Spencer... -olho para a hora- Estou quase atrasada! -me desencosto da lápide da minha mãe e levanto batendo na minha roupa para tirar alguma sujeira de terra que possa ter ficado- Desculpe mãe, tenho que ir, se não vou me atrasar para o trabalho! Na próxima semana eu volto para falar sobre o Spencer, acho que você irá gostar de saber o que eu tenho para dizer! – sorrio minimamente- Eu sinto sua falta... – digo melancólica olhando para aquele pedaço vazio de concreto e sigo meu caminho em direção ao meu carro.

Depois de um dia muito agitado no hospital, com muitas cirurgias e a correria estava bem pior. Não perdemos ninguém hoje, o que não o torna um dos piores. O melhor foi ver a face de alívio, os sorrisos de familiares e amigos quando recebiam a notícia de que a cirurgia ocorreu perfeitamente bem e a pessoa amada, não importa qual o tipo de amor, poderá voltar para casa em breve. De fato, estava muito cansada e me encontrei imaginando com uma taça de vinho, alimentando Loki e deitada no sofá vendo um filme ou lendo.

Enquanto arrumo minha mochila para sair do meu local de trabalho, vejo a foto colocada na parte de dentro do meu armário. Ela era antiga, eu tinha uns 5 anos de idade quando foi tirada. Eu e Emily estávamos sentada nas poltronas do jato particular da Interpol, estava agarrada nela dormindo e ,ao mesmo tempo, ela me abraçava de forma protetora. Nunca irei esquecer a sensação daquele abraço, me senti protegida e amada por alguém que faria de tudo por mim, mas o mais importante, em hipótese alguma, Emily Prentiss nunca me abandonaria.

 

NARRADORA

1997, Las Vegas, Nevada, EUA.

A Interpol havia sido chamada pela Delegacia de Polícia de Las Vegas para ajudar na investigação de uma série de assassinatos e estupros que afetavam mulheres brancas de 18 anos, loiras e solteiras. Tais crimes possuíam muita semelhança com outros da Inglaterra a 5 anos, dessa forma o departamento de polícia recorreu imediatamente à agência internacional. Depois de semanas investigando, a equipe de agentes, incluindo Emily Prentiss, identificou o criminoso por meio de uma ligação anônima, porém ele conseguiu escapar. Entretanto, o mais curioso foi o fato de que encontraram na casa do suspeito, uma menina de 5 anos de idade, escondida em baixo da cama e agarrada ao seu coelhinho de pelúcia. A agente especial Prentiss a havia encontrado, a mulher pode notar que o rosto da garotinha expressa um medo intenso, seus olhos vermelhos, assim como as pequenas mãozinhas devido ao quão forte apertava a pelúcia e as bochechas brilhavam por conta das lágrimas.

A mais velha, com o coração partido, colocou no rosto um sorriso singelo, na tentativa de tranquilizar a menina.

— Oi -fala simpática- Qual é o seu nome? -a criança fica em silêncio- Meu nome é Emily, eu sou da polícia, não vou te machucar -o silêncio permanece, assim  como o olhar da garotinha sobre Prentiss- Adam Smith é seu pai?

— Ele não é meu pai! – Emily se surpreende com a fúria com que a menina solta aquelas palavras e desvia o olhar.

— Ok. Ok. Só quero que você saiba que está segura agora...  Foi você que ligou para nós certo? – a menininha afirma com a cabeça- Você foi muito corajosa, por sua causa conseguimos salvar uma mulher hoje – ela volta a olhar para a mais velha e começa a abaixar a sua guarda- Por que você não vem para cá comigo? Podemos conversar melhor - a mulher tenta acalma- lá.

— Não! Ele vai me pegar de novo e eu não quero voltar para aquele lugar... -a menininha diz com a voz embargada e tentando segurar as lágrimas.

Quando aquele pequeno serzinho falou aquelas palavras, a vontade da agente especial era descarregar todas as balas de seu revólver em Smith. Prentiss tinha conhecimento da grande probabilidade daquele desgraçado ter feito a pequena assistir o que fazia com suas vítimas, era o esperado. Ela não sabia dizer o porquê, mas começou a desenvolver uma necessidade de proteger aquela menina, não a via como somente mais uma vítima. Mal sabia a agente que depois desse dia, descobriria sentimentos dentro dela, até então imagináveis, os quais nunca iria cogitar a existência.

— Eu prometo que irei fazer de tudo ao meu alcance para te proteger dele.

Após proferir tais palavras, como se fosse um verdadeira juramento, muito mais sério do que aqueles que normalmente se faz antes de depor no tribunal, teve a certeza que não existiria a menor possibilidade de quebrar a promessa. Suas palavras foram tão sinceras que a menina pode sentir isso. Pela primeira vez, a tão jovem criança que carregava diversos traumas pode cogitar a possibilidade de confiar em alguém e realmente fazer isso. Além disso, a pequenina conseguiu sentir esperança de que no mundo não existia somente pessoas más como seu pai, mas também pessoas boas como Emily. Assim, a jovenzinha sai de baixo da sua cama e fica de frente para a adulta.

 

 

Allison

A lembrança do dia em que nos conhecemos veio como um raio em minha mente, não pude conter as lágrimas que rolaram sobre o meu rosto. Sou dispersa dos meus pensamentos quando escuto o meu celular avisando que tinha uma nova mensagem. Era Spence. Escrevi para ele mais cedo, pois precisava conversar com o “Doutor” . Então, decido ligar de uma vez.

— Spence?

— Ally! Desculpa te responder tão tarde, hoje tivemos um caso complicado e não consegui nenhum tempo disponível para te retornar... -fala mais rápido que o normal, parecia nervoso, o que eu achava fofo- Está tudo bem?

— Claro! -respondo um pouco exagerada e claramente ele notou que era uma mentira – Sabe, foi um dia cansativo e corrido... São 02:00 da manhã, então na verdade está bem cedo – invento uma desculpa que provavelmente não iria funcionar e escuto uma risada fraca dele.

— Ok... Bom... Você sabe que pode falar sobre qualquer coisa para mim... -fala sério.

— Acho que nunca te agradeci por... Você ter se tornado meu amigo depois da morte da minha mãe. Conversar com você, me ajudou muito... Obrigada -falo docemente.

— Allison...

— Ally! – o repreendo e novamente ele ri.

— Ally... Não precisa fazer isso -fala sério.

— Eu sei, mas eu quero... E por conta disso, amanhã Dr. Reid, vou te levar para assistir a versão original de “O encouraçado de Potemkin”, no teatro de Altria em Richmond -falo animada e não ouço nenhuma resposta dele- Spencer?

— Você sabe que esses ingressos são caros e muito limitados, certo? -respondo uma “Aham” para ele- Como...

— Minha mãe ganhou os ingressos, nós iríamos juntas... Como não queria ir sozinha, então gostaria de saber se você...

— Eu totalmente aceito ir! Eu literalmente nem sei como agradecer, fiquei sem palavras, com certeza é a melhor coisa que aconteceu no meu dia! – ele fala rápido demais e depois faz uma longa pausa- Quero dizer... Não quero parecer interesseiro e nem alguma coisa do tipo, mas uma sessão igual a essa é uma coisa muito rara de acontecer e pelo fato de ter sido proibido em alguns países durante um tempo, só o favorece para essa característica -com certeza ele estava tentando quebrar o seu próprio recorde em falar rápido.

— Spencer, respira -falo rindo.

— Ok, desculpe -solta uma risada fraca.

— De forma alguma você está “aparentando” ser interesseiro. Então... acho melhor você se preparar para a nossa pequena viagem! -falo animada- E não esqueça de levar seu melhor terno!


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