O que a vida pode tirar de você escrita por Lady Loki


Capítulo 1
Família reunida


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem...



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Allison

22:00, Hospital de Virgínia, Quantico, Virginia, EUA.

Ninguém sabe o que é perder alguém importante na sua vida até que isso realmente aconteça, não importa se é um primo distante por quem você nutri um carinho imenso, um namorado (ou namorada), um amigo (ou amiga) que se iguala a um irmão (ou irmã) ou até mesmo... Um de seus pais. Primeiro, parece um sonho muito ruim do qual você irá acordar e descobrir que não passava de uma mentira, possuía a sensação de tudo estar em câmera lenta, a minha visão estava assim, a dor que eu sentia, no instante que pude perceber quem adentrava no hospital com um pedaço de madeira atravessado no abdômen em cima de uma maca, aparentava ser eterna.

 Fiquei estática. Derrubei a prancheta e o copo de café que segurava. Aquilo não podia ser verdade. A mulher mais forte, aquela que me ensinou como ser independente, determinada, a hora certa de insistir e de esquecer, a como perdoar e dar um belo soco em alguém, não pode estar entre a vida e a morte.

— Dra. Prentiss! -escuto uma das enfermeiras me chamando quando vejo alguns médicos entrarem com a maca para a ala de emergência do hospital e corro em direção a eles.

— Qual é a situação da paciente? -pergunto de forma autoritária para o Dr. Anthony Rogers.

Era evidente a dificuldade de respirar que minha mãe possuía, ela não aguentaria mais por muito tempo se não entrasse em cirurgia o quanto antes. Olhei para ela e sussurrei um “Aguente firme, vai ficar tudo bem, você é forte. Não desista agora”, para ela, enquanto segurava a sua mão que já possuía um tom mais pálido que o normal.

— Perdeu muito sangue, sinais vitais fracos, hemorragia interna, vários órgãos perfurados... -no momento que percebeu quem era falando, ele para imediatamente, da algumas instruções para a equipe e me impede de continuar seguindo eles- Você sabe que não poderia estar aqui, precisa ficar na sala de espera, farei o meu melhor por sua mãe! Eu prometo! – ele fala muito rápido e corre para a sala de cirurgia.

Me encontro mais uma vez petrificada, sem esboçar nenhuma reação, devido ao medo tão grande de perder ela e não poder fazer absolutamente nada, a não ser esperar. Outra enfermeira começa a me conduzir para a sala de espera segurando gentilmente no meu braço. Me sento em uma das cadeiras e abraço minhas pernas, parecia uma garotinha com medo do escuro, mas o pavor e desespero é bem pior quando você está num lugar onde a felicidade e a tristeza convivem juntos. Sabia que estava chorando, porém não sentia mais as lágrimas molhando a minha bochecha e ao menos percebo os colegas de trabalho de Emily presente no ambiente junto comigo.

— Ei... – levanto a cabeça quando uma loira de cabelo longos coloca a mão sobre a minha perna – Eu sem querer ouvi te chamarem de Prentiss... Você é parente da Emily? – pergunta com uma voz calma e pela sua feição era notável como estava abalada também. Seco minhas lágrimas e sento normalmente para respondê-la.

— Sou filha dela, você deve ser a Jennifer Jareau. Me chamo Allison – forço um sorriso e olho para ela, mas quando o restante da equipe ouve a palavra “filha”, todos me olham com olhares curiosos.

— Emily nunca contou sobre você para nós... – Penélope se dirige a mim enxugando algumas lágrimas do seu rosto.

— Ela é muito privada – respondo somente isso, não estava muito confortável com aquele tópico e não foi uma completa mentira, mas todos concordaram com minha resposta.

Permanecemos em silêncio por um bom tempo, ninguém tinha muita vontade de conversar num momento como aquele. De fato, eu sabia o nome de todos eles: JJ, Dr. Spencer Reid, Derek Morgan, Penélope Garcia e David Rossi. Eles parecem compreender o porque Emily não havia contado sobre a minha existência ou não querem me questionar agora. As horas passaram e nenhuma notícia, já tinha me acalmado um pouco, porém o clima naquela sala não era o dos melhores. Nesse meio tempo, Aaron Hotchner havia chegado e posso dizer que, depois de mim, era o que estava mais preocupado.

Depois de quase 14 horas, finalmente Rogers entra na sala de espera. Eu já sabia o que a sua feição significava, mas não conseguia acreditar, meu mundo havia caído ... Não sabia mais o que estava acontecendo ao meu redor e só consegui chorar de joelhos no chão frio daquele lugar.

 

Um mês após a morte de Emily Prentiss.

Havia planejado 1 milhão de coisas para fazer nesse mês, como uma viagem para as minhas próximas férias, tentar ser mais social, terminar de assistir Snowpiercer, ir ao cinema, jantar com minha mãe nas sexta-feiras... Mas nunca incluí ir numa homenagem do FBI à ela, eu estava odiando tudo aquilo... Ainda penso que receberei uma ligação dela dizendo que está tudo bem, que o caso no qual eles estavam trabalhando foi mais complicado do que pensava e amanhã ela estará aqui para terminarmos de ver “Full House” juntas... Minha mãe me mataria se eu ousasse assistir um episódio sem ela. Sorrio um pouco quando lembro da Ally de 18 anos sendo acordada as 5h da manhã por aquela mulher para treinar, fazíamos muito isso antes de eu começar a trabalhar no hospital... Meus Deus, não importava o quão boa fosse a minha guarda, ela sempre arranjava um jeito de entrar e me derrubar no chão...

Essa é a hipocrisia do luto, as pequenas coisas do dia a dia e até aquelas que você não gostava tanto, são as que mais fazem falta. Não vejo quando a homenagem acaba, fico parada encarando sua foto, até que ouço algumas pessoas se aproximarem de mim.

— Allison? – escuto a voz de JJ me chamar e me viro para ela, vejo o resto da equipe também – Como você está? – pergunta de forma serena.

Se ela visse meu olho vermelho e inchado e as minhas olheiras profundas escondidas com a ajuda do óculos de sol, não faria essa pergunta.

— Melhor do que ontem.

— Pode ligar para nós, caso precise de qualquer coisa – David diz fraternalmente e Penélope começa a falar num tom de voz suave.

— Sua mãe fazia parte dessa família, então você está incluída nela também.


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