— Qual é a poção de amor mais poderosa conhecida pela nossa comunidade? - Leroy Foster, o professor de Poções, perguntou enquanto andava pelas fileiras de alunos dispostos em duplas.

— Amortentia. - Louis conteve a vontade de girar os olhos. Qualquer aluno do quinto ano que tivesse pelo menos conseguido um "ACEITÁVEL" nos N.O.Ms acertaria aquela pergunta. - Apesar de amor não ser o termo correto, uma vez que o que ela faz é causar uma paixão avassaladora ou uma grande obsessão. Não amor.

— Como se você soubesse a diferença. - Ethan Morrison, o melhor aluno da Corvinal, zombou enquanto cruzava os braços e ria junto com as pessoas de sua turma. - O garoto solitário.

Louis se limitou a bufar para si mesmo e ignorar o escárnio descarado de Ethan. Tinham sido amigos em algum momento do passado entre o primeiro e o terceiro ano, até Ethan se tornar popular, insuportável e fazer de tudo para tirar Louis do sério. Weasley passara todo o quarto ano tentando descobrir o que fizera de errado até decidir ignorá-lo e trata-lo como o inimigo que o outro queria ser.

— 10 pontos para Grifinória. - O professor Foster sorriu e também ignorou o comentário de Ethan. - Diga, Sr. Weasley, qual o aspecto de uma amortentia?

— Perolado, senhor... Algo na vertente madrepérola. - Louis falou, acertando os cabelos dourados com os dedos. - Com uma fumaça em espiral e um cheiro variável dependendo do que a pessoa gosta.

— Mais dez pontos. Parabéns garoto. – O professor Foster abriu a caixa que continha um pequeno frasco da poção e andou em direção aos alunos de Corvinal que enchiam metade da sala. - Existem diversas poções, mas nenhuma é tão eficaz como essa. Seu efeito, porém, só permanece se administrada com frequência. Diga, rapaz, que aroma te vem à cabeça?

— Suco de abóbora, shampoo de coco e madeira. - Ethan respondeu, de certa forma encantado com o cheiro. Louis teve a impressão de que ele o olhara de esguelha.

Tratou-se de esquecer esse pequeno delírio, uma vez que podia até achar Ethan atraente, mas eles se odiavam mutuamente. Ele usava shampoo de coco, mas era moda de alguns anos atrás. Tinha certeza de que se tratava apenas de uma coincidência.

— Você acha que ele estava falando de você? - Ouviu o sussurro de uma voz familiar na saída da sala.

— Dawson, só você acha que existe uma tensão mal resolvida entre nós dois. - Louis virou-se para Isobel no corredor enquanto os alunos se dispersavam para suas próximas aulas.

— Eu não acho, querido Lou, eu tenho certeza. - Izzie apertou como podia os enormes olhos castanhos e suspirou. - Ele só tem uma maneira completamente otária de demonstrar.

— Isobel. - Louis começou a andar com a amiga em suas costas. - Nós nos detestamos e ponto final.

— Veremos. - Izzie sorriu e olhou para o relógio. - Bem, tenho trato das criaturas mágicas agora.

Ela desapareceu pelo corredor, apressada com suas pernas compridas e passos largos. Louis pensou em como ela não poderia estar mais errada, não achava que existia alguém por quem nutrisse mais que desgosto do que Ethan.

Mas isso não o impediu de pensar nas palavras dela durante todo o restante do dia.

—

— Rose, você acha que pode me emprestar suas anotações de runas antigas? - Roxy perguntou quando a viu entrar ruborizada alisando a saia na sala comunal. - Você está bem?

— Que? - Ela perguntou ajeitando os cabelos avermelhados com os dedos. - Sim, sim, ótima. O que você perguntou?

— Notas. Runas Antigas. - Roxy repetiu de olhos semicerrados. - Eu hein.

— Ah, sim. - Rose falou, sentando-se no sofá. - Espere um instante, sim?

— Claro. - Roxanne a examinou recobrar o fôlego enquanto mirava seus olhos amendoados. - O que você estava fazendo?

— Que? - Seus pensamentos estavam em outro lugar... ou outra pessoa, para ser mais correta. - Muitas escadas.

— Claro. - Roxy repetiu desconfiada e sorriu. - Não vou te perguntar o que ou quem você estava fazendo nas escadas.

— Não sei do que você está falando. - Rose suspirou e sorriu. - Estava apenas estudando.

— Anatomia. - Roxy girou os olhos. - Resta saber se sobre as roupas ou sob.

— Um pouco dos dois. - Admitiu. - Estou tão ferrada.

— Não entendo porque vocês não se assumem logo. - Roxanne falou mais baixo, cruzando os braços. - Achei que isso tivesse acabado no ano passado.

— Não existe porquê assumir, Roxy. - Rose estava pronta para discursar sobre seus motivos novamente. - Nossas famílias, sobretudo a dele, se odeiam, eu não gosto dessa ideia de monogamia...

— Como se você saísse com outras pessoas.

— Mas eu tenho a possibilidade em aberto. - Ela encolheu os ombros. - Sem contar que a gente só faz isso de vez em quando.

— Há um ano e meio, Rose. - Roxanne, descruzou os braços e abriu o livro de astronomia.

— Mas foi a última vez. - Rose falou, olhando para as próprias unhas para não ter que encarar a amiga e prima. - Agora ele meio que arranjou uma namorada. Disse que está cansado de se esgueirar por aí.

— Vamos ver quanto tempo vai durar. - Roxy falou encerrando o assunto e lendo o primeiro parágrafo da sessão sobre alinhamento interplanetário.

Rose estava decidida que aquele era o fim. O que tinha acontecido naquela noite sob as escadas no andar proibido tinha sido a despedida. Scorpius agora poderia ter tudo o que ela não queria ou podia dar nos braços de Scarlet Linmeyer. Scorpius e Scarlet, que combinação de nomes péssima.

Lily se aproximou das duas e bufou. Como nenhuma fez menção de se mover ou olhar para ela, bufou novamente acrescentando um gemido antes de se jogar teatralmente no sofá.

— Fala logo, Lily. - Rose girou os olhos.

— Eu ando precisando de um milagre. - Lily disse de maneira dramática, olhando para o teto.

— Todas nós. - Rose apertou os lábios e fechou os olhos. - Todas nós.

— Eu estou bem. - Roxanne disse sem desviar os olhos do livro. - Vou ficar ainda melhor quando esse ano acabar.

Rose concordou com um aceno de cabeça e Lily continuou mirando o teto, como se ele tivesse algum tipo de resposta para o seu dilema. Precisava de um plano e precisava urgente.