Não esbocei reação.

Eu senti que minha respiração ficou ofegante, na verdade havia ficado dificil de respirar, eu esfreguei as mãos uma nas outras tentando aquece-las do frio que de repente dominou meu corpo – Nessie! Charlie murmurou e meus olhos encontraram seu olhar aflito – Por favor diga alguma coisa – disse ele em um tom de voz suplicante.

— Querida...

— Eu não sabia disso não é? Perguntei engasgando em minha própria voz enquanto encarava o desconhecido, Reneé caminhou parando a minha frente e meus olhos se fixaram nos dela – Quer dizer, eu não esqueci disso – Balancei a cabeça confusa e perdida – Eu...

— Não – respondeu Reneé – meu amor, você precisa nos ouvir...

Meus olhos novamente percorreram pelos rostos de Charlie, Reneé, Bella e Joshua, era assim que eu havia ouvido mamãe chama-lo, tudo começou a girar ao meu redor e as vozes de todos começou a se tornar confusa – Eu preciso respirar! Foi a unica coisa que conseguir falar antes de sair correndo.

— Nessie! Eu ignorei os gritos pegando a chave da minha caminhonete e passando pela porta correndo, entrei no veiculo batendo a porta e ignorei o fato de Charlie ter se colocado na janela tentando evitar que eu partisse.

Apenas acelerei e sai cantando pneus.

Eu não tinha certeza de para onde eu poderia ir, a velocidade da caminhonete fez com que meu incosciente me perguntasse se  eu estava tentando me jogar de volta para o leito do hospital,mas eu continuei a dirigir rapidamente pela rua coberta de vegetação, virando entre as árvores que se contorciam por cima de mim como um túnel verde, vivo. Minhas mãos estavam tremendo, então eu apertei elas no volante.

Foi quando eu percebi que eu estava chorando.

Eu queria que tudo que estava acontecendo fosse um pesadelo, não lembrar do que eu havia feito no ultimo ano e saber que havia uma parte da minha historia que era desconhecida para mim não era tão fácil de se encarar, mas infelizmente eu estava realmente acordada.

Uma estranha sensação de repetição, a mesma que eu havia sentindo no meu dia de retorno a  escola havia voltado, e as palavras corriam na minha cabeça, sem som, como se eu estivesse lendo elas ao invés de ouví-las, eu me sentia como se eu nunca tivesse existido.

A grossa quase floresta crescia e passava pelas minhas janelas, enquanto minha viagem sem rumo continuava, novamente comecei a ir mais rápido, guiada por meu nervosismo, não fazia a menor ideia do tempo que eu estava  dirigindo, a rua estava tão coberta de vegetação que quase não me parecia familiar.

Percebi que havia dirigido para o sul da cidade. A estrada de terra passava por dentro e por fora da floresta  então eu pue ver o oceano pacífico, alcançando o horizonte, cinza escuro por baixo da nuvens, percebi que estava acima da costa, no topo dos penhascos que cercavam a praia, e a vista parecia durar pra sempre.

Quando a caminhonete finalmente parou meu rosto caiu sobre o volante, por que por mais que eu odiasse me sentir daquela forma eu precisava chorar.

Sai do carro e olhei para a extensão da praia e o penhasco chamou minha atenção, não sei como explicar mas eu sabia o caminho para a rua que passava mais próxima dos penhascos, talvez essa lembrança estivesse presa em uma caixinha em minha mente, após fazer um  pequenolá estava eu á beira deles.

O vento havia começado a me tocar e senti que as nuvens estavam mais próximas do chão, eu me sentei a beira do precipício de pedra, as primeiras gotas começaram a cair e bater no meu rosto.

Mesmo o oceano parecendo distante o som da água batendo nas rochas parecia aliviar a minha dor, eu fechei os olhos controlando minhas lagrimas mas em seguida os abri quando ouvir aquela voz.

— Carlie – A voz de Jacob era um pouco distante, eu virei meu rosto na sua direção e o observei se aproximar– Você está bem? Charlie está louco atrás de você.

Eu suspirei, já esperava que meus pais estivessem loucos atrás de mim mas, por mais egoista que aquilo pudesse parecer eu não queria ser encontrada por eles – Eu precisava pensar – Respondi voltando a olhar para o mar – E quando percebi eu estava nesse lugar, não faço a menor ideia de como eu vir parar aqui.

— Deve ser porque esse é seu lugar favorito em La Push – Disse Jacob se sentando ao meu lado.

Novamente virei meu rosto para olhar para ele– E eu esqueci disso não é?

— Você ainda vai se lembrar de todos os duplos carpados que deu pulando e me deixando desesperado – Disse ele dando um leve sorriso.

Suspirei e voltei a olhar para o mas porém não consegui conter um pequeno riso que se desfez – Minha ultima lembrança é do meu quarto no Arizona, eu havia dito para Reneé que viria morar com Charlie naquela noite, e eu estava muito triste com a decisão que eu tinha tomado, mas eu precisava deixar minha mãe ser feliz com o Phil –Encolhi minhas pernas e abracei meus joelhos apoiando meu queixo sobre eles – E hoje eu ouvi um estranho dizer que é meu pai e não Charlie.

— Charlie é seu pai Ness.

Fechei os olhos ao ouvir a afirmação de Jacob tentando conter minhas lagrimas – Me diz o que fazer Jake, eu me sinto perdida – eu sussurrei olhando novamente para ele.

A mão de Jacob se ergueu e parou em uma mecha de meus cabelos enquanto seus olhos se fixavam nos meus – Lembra do que falei sobre não precisar ser sempre forte?

Eu concordei com a cabeça o observando se levantar, sua mão se estendeu para mim e eu sorri timidamente a segurando, Jacob me puxou para seu peito.- Eu não sei o que fazer.

— Está tudo bem! Disse ele enquanto eu sentia seus labios em meus cabelos – Eu estou aqui pequena, eu sempre estarei aqui.

Afastei meu rosto de seu peito e ergui meus olhos na direção dos dele, apesar da tristeza e de todas as duvidas eu ainda me perguntava o que havia afinal entre Jacob e mim – porque? Eu perguntei o encarando.

Jacob me olhou em silêncio e eu pude ver o mover em sua garganta– Porque eu sempre estive, Ness – a mão dele parou no meu queixo e o segurou carinhosamente – Você me perguntou o que erámos, Ness, eu te amo, eu ficarei do seu lado mesmo que não tenham mais lembranças de nós dois, eu não me importo de criar novas lembranças com você.

A surpresa me dominou, embora eu desconfiasse que havia algo muito maior do que amizade entre nós dois, algo que estava oculto dentro da minha memoria vazia mas que sempre era despertado por meu coração quando eu estava perto dele, minha mão subiu até seu rosto quente  – Então era isso que estava escondendo de mim?

— Eu não queria que você...

Eu toquei seus labios e ele se calou, naquele momento inexplicavelmente toda a minha dor passou, os lábios de Jacob se aproximaram dos meus em um beijo doce e acolhedor.

No meio de tantas duvidas, Jacob Black era minha única certeza.