New Moon - A outra Swan escrita por Liz Black, Alina Black


Capítulo 17
Penhasco




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As coisas tornaram-se um pouco estranhas na semana seguinte, Jacob parecia cumprir sua parte no trato que havíamos feito, mas eu sabia que parte disso se devia ao fato de que Bella e eu tínhamos lobos como guarda-costas enquanto eles não capturassem Victoria.

Eu pensei que passar dias juntos os deixariam mais unidos, tinha que admitir que minha irmã tinha um gosto peculiar para garotos, de um lado havia um vampiro, o Cullen e do outro um lobisomem, o Black, mas o que parecia ter aumentado era a minha amizade com ele, no inicio eu senti que Bella estava incomodada, mas depois de uma conversa entre eles ela parecia me jogar para cima dele. O desespero por ser caçada por Victoria estava começando a afetar demais Bella.

Extávamos sentadas na sala de Billy, Jacob tinha uma tarefa horrível e perigosa que se sentia compelido a realizar e por isso algumas vezes ficavamos sozinhas presas em La Push para nossa segurança, sem nada a fazer, e eu tentava  manter minha mente livre de qualquer preocupação.

Eu me sentia estranha, sempre ocupando espaço na casa de Billy. Fiquei estudando para outra prova de cálculo marcada para a semana seguinte, mas só consegui me dedicar à matemática por algum tempo, eu andava preocupada com a escola, fazia algumas semanas que eu apenas assistia as aulas e o acumulo de dever de casa era grande, eu tinha tido sorte na última aula de biologia quando o professor Thomas pediu a tarefa que havia dado e somente nessa hora eu lembrei da bendita tarefa,  para minha surpresa quando abri meu caderno estava tudo feito, foi quando descobri que Jacob andava fazendo minhas tarefas escondido.

  Quando parecia óbvio que eu não estava fazendo nada, gostava de conversar com Billy — a pressão das regras normais da sociedade. Mas Billy assim como Charlie não era de preencher os longos silêncios, então voltava a não fazer nada.

Tentamos ficar na casa de Emily na tarde de quarta-feira, só para variar. No início foi um pouco legal. Emily era uma pessoa alegre que nunca parava sentada. Eu vagava atrás dela enquanto ela se movimentava pela casinha e pelo jardim, esfregando um chão sem sujeira alguma, arrancando um matinho minúsculo, consertando uma dobradiça quebrada, puxando um fio de lã de uma tapeçaria antiga e, ainda, sempre cozinhando. Ela reclamava um pouco do aumento do apetite dos rapazes devido a toda a correria extra, mas era fácil ver que não se importava de cuidar deles. Não era difícil ficar com ela — afinal, éramos agora três garotas de lobos.

Mas quando Sam chegou, Bella e eu viramos Vela e castiçal, inventamos uma desculpa para deixá-los a sós.

— Então o que faremos agora? Bella perguntou em um tom de voz de tédio enquanto caminhávamos pela praia na direção da casa de Billy.

— Não sei, talvez Jacob demore, podíamos fazer algo divertido. Sugeri.

— Divertido? Bella murmurou olhando para mim.

— Diversão é exatamente do que você precisa. Hmmm...

Bella olhou as ondas cinzentas e oscilantes, refletindo. Enquanto seus olhos examinavam o horizonte, ele teve um lampejo de inspiração. — Já sei! — ela disse, exultante. — Uma promessa não foi cumprida.

— De que você está falando? Ela soltou minha mão e apontou para a extremidade sul da praia, onde a meia-lua rochosa e plana terminava de encontro aos penhascos acima do mar. Eu olhei, sem compreender.

— Alguém nos prometeu que ia nos levar para mergulhar do penhasco.

Eu Sorri. — É, hoje não está tão frio.

A água escura não era nada convidativa e, daquele ângulo, o penhasco parecia ainda mais alto do que antes.

— Claro, preparada. Diversão? Bella sorriu.

Apesar da adrenalina inicial algo me deixou tensa, a pressão da atmosfera, pesada e quente, era perceptível até para meus fracos sentidos humanos e sugeria alguma coisa maior no departamento “tempestade”. Um olhar para o céu reforçou essa teoria; as nuvens avançavam indolentes, apesar de não haver vento no nível do solo. As nuvens mais próximas eram de um cinza esfumaçado, mas por entre elas eu podia ver outra camada, que era de um roxo horrível. O céu tinha um plano feroz para aquele dia. Os animais deviam estar se protegendo. As ondas ficaram maiores enquanto nós andávamos começando a quebrar nas rochas, mas ainda não havia vento.

Mais ao longe, as ondas estavam mais furiosas do que junto à praia. Eu podia vê-las quebrando na linha dos penhascos, espalhando pelo céu grandes nuvens brancas de espuma. Ainda não havia movimento no ar, embora as nuvens agora se agitassem com mais rapidez. Era uma visão sinistra como se as nuvens se mexessem por vontade própria. Tremi, apesar de saber que era só um truque da pressão.

Os penhascos eram uma lâmina preta contra o céu claro. Olhando-os, lembrei-me do dia em que Jacob contou sobre Sam e a “gangue” dele. Pensei nos meninos os lobisomens atirando-se no ar vazio. A imagem das figuras espiralando em queda ainda era nítida em minha mente. Imaginei a total liberdade da queda.

— Jacob nos prometeu um mergulho do penhasco, não foi? Não é porque ele não está disponível que vamos perder a diversão! Bela falou quebrando o silencio entre nós, apesar da tensão climática eu me senti encorajada.

— Só estou chateada por ele não presenciar meu duplo carpado.

Bela riu.

Bella conhecia  a rua que passava mais perto dos penhascos, mas tivemos de procurar o pequeno caminho que nos levaria à pedra, tentamos  encontrar desvios ou bifurcações, sabendo que Jake tinha planejado nos levar na pedra mais baixa ao invés do topo, mas o caminho seguia numa linha reta e estreita até a beira, sem nos deixar opções. Não tivemos tempo para encontrar um jeito de descer, tínhamos pressa pois a tempestade se aproximava rapidamente

Assim que chegamos ao local onde a estrada de terra se abria num precipício de pedra, as primeiras gotas irromperam e se esparramaram em meu rosto, não foi difícil convencer a mim mesma de que não tinha tempo para procurar outro caminho, eu Nessie eu queria pular do topo. Essa era a imagem que se fixará em minha mente. Eu queria a longa queda que me daria a sensação de voar.

Sabia que aquela era a atitude mais idiota e mais imprudente que já havíamos tomado, mas pensar nisso me fez sorrir.

— Então está pronta ou vai amarelar, senhora do duplo carpado! Bela me instigou.

— Pergunte isso a você, garota dos vampiros! Respondi sorrindo.

Bella e eu demos alguns passos para a beirada, sem tirar os olhos do espaço vazio à frente. Os dedos de meus pés já tateavam às cegas, acariciando a beira da pedra quando a encontraram. Respirei fundo e prendi o ar... Esperando.

— Bella. Eu sorri e soltei a respiração.

 — Sim? Ela respondeu em voz alta.

De repente Bella parecia em transe, eu a observei em silêncio, talvez ela estivesse com medo de pular — Podemos desistir ainda.

— Te encontro lá embaixo! Ela sorriu soltou minha mão e ergueu os braços pulando em seguida.

Eu sorri largamente — Maluca! Murmurei me preparando para segui-la.

Levantei os braços, como se fosse mergulhar, erguendo o rosto para a chuva, lembrando dos torneios de saltos ornamentais da escola em Phoenix, Inclinei-me para a frente, agachando-me para tomar mais impulso.

E me atirei do penhasco. Gritei ao cair pelo espaço aberto como um meteoro, mas foi um grito de alegria, não de medo. O vento impunha resistência, tentando em vão lutar com a gravidade indomável, empurrando-me e me fazendo girar em espiral como um foguete atingindo a terra.

Weeeeeeeeeeeeeeee! A palavra ecoou em minha cabeça enquanto eu cortava a superfície da água. Era gelada, mais fria do que eu temia, e, no entanto, o frio só aumentou meu prazer. Estava orgulhosa de mim à medida que mergulhava mais fundo na água escura e congelante. Não senti nem um

segundo de pavor só pura adrenalina. Na verdade, a queda não fora nada assustadora. Onde estava o desafio?

Quando finalmente emergi eu nadei para o lado de Bella que também sorria — Perdeu meu carpado! Eu gritei.

— Você é muito exibida! Ela respondeu em meio ao tremor de seus lábios.

— Temos que sair da água, está ficando agitada demais.

— Tudo bem! Ela respondeu — Mas para que lado.

Girei meu pescoço olhando para os lados, estávamos tão empolgadas que eu havia esquecido de verificar para que lado deveríamos nadar quando terminássemos — Para lá! Apontei para esquerda e ela concordou.

Foi então que uma onda maior bateu contra suas costas e ela afundo.

— Bella! Eu gritei mergulhando atrás dela.

A puxei para cima e ela tossiu – Temos que sair daqui! Fiquei tão preocupada com a altura dos penhascos, com o perigo evidente de suas faces elevadas e escarpadas, que nem pensei na água escura que nos aguardava. Nunca imaginei que a verdadeira ameaça estivesse espreitando muito abaixo de nós, sob as ondas que se erguiam.

Parecia que as ondas lutavam conosco, nos lançando de um lado para outro como se estivessem decididas a nos dividir, nos cortando pelo meio. Eu sabia a maneira certa de evitar uma corrente marinha: nadar paralelamente à praia em vez de lutar para chegar à margem. Mas o conhecimento de pouco me valeu, já que não sabia para que lado estava a praia.

— Se alcançarmos o penhasco podemos subir nas rochas até as ondas diminuírem! Eu sugeri.

Bella acenou com a mão com um positivo.

A água furiosa era negra em todas as direções; não havia qualquer claridade que me orientasse para cima. A gravidade era onipotente quando competia com o ar, mas não significava nada nas ondas — eu não sentia um empuxo para baixo, não afundava em nenhuma direção. Enquanto nadávamos na direção das pedras percebi que a corrente arremessava Bella em círculos, feito uma boneca de trapos.

— Bella! Gritei novamente lutando contra a corrente tentando ajudá-la, lutei para manter presa a respiração, para manter meus lábios fechados em torno de minha última reserva de oxigênio.

Mas Bella gritou, e senti que algo bateu forte contra minha cabeça.

O frio da água entorpeceu meus braços e minhas pernas. Eu não sentia o açoite tanto quanto antes. Agora era mais uma vertigem, um giro desamparado na água. Obriguei meus braços a continuarem estendidos, minhas pernas a baterem com mais força, me senti desorientada eu tinha certeza de que estava afundando.

A correnteza não diminuía, apenas me jogava de encontro a outras pedras; elas batiam no meio de minhas costas bruscamente, de um jeito cadenciado, arrancando a água de meus pulmões.

Eu esguichava um volume inacreditável, torrentes eram despejadas de minha boca e do nariz. O sal ardia, meus pulmões queimavam, minha garganta estava cheia demais de água para que eu pudesse tomar fôlego e as pedras machucavam minhas costas. De algum modo fiquei num lugar só, embora as ondas ainda oscilassem em volta de mim. Só o que eu conseguia ver em toda parte era água, chegando a meu rosto.

— Respire! — ordenou uma voz, louca de ansiedade, e senti uma pontada cruel de dor quando a reconheci.

Eu não consegui obedecer, um aguaceiro saía de minha boca e não deixava que eu tomasse fôlego. A água escura e gelada encheu meu peito, queimando. A pedra bateu nas minhas costas de novo, e outra torrente de água abriu caminho para fora de meus pulmões.

— Respire, pequena! Vamos! — pediu Jacob.

Será que eu estava morrendo?

— Ness? — perguntou Jacob, a voz ainda tensa, mas não nervosa como antes. — Ness, anjo, está me ouvindo?

— Quanto tempo ela ficou inconsciente? — perguntou alguém.

— Não sei — disse Jacob, ainda frenético. Sua voz estava muito perto. Mãos, tão quentes que tinham de ser as dele, tiraram o cabelo molhado de meu rosto. — Alguns minutos? Respondeu Bella – Não demorou muito tempo para que o Jake nos encontrasse.

— Ela está respirando. Vai voltar a si. Mas precisamos tirá-la do frio. Não estou gostando da cor dela... — Desta vez, reconheci a voz de Sam.

— Acha que tem algum problema movê-la?

— Ela não machucou as costas nem nada quando caiu?

— Algo atingiu a cabeça dela! Bella respondeu.

Tentei abrir os olhos. Precisei de um minuto, mas pude ver as nuvens escuras e roxas atirando a chuva gelada em mim. — Jake? — murmurei.

— Ah! — falou ele ofegante, o alívio tomando suas feições. Os olhos estavam molhados de chuva. — Ah, Anjo! Você está bem? Pode me ouvir? Algum lugar dói?

— A minha cabeça! Eu reclamei com os lábios tremendo de frio.

 — Então vamos tirar você daqui — disse Jacob.

Ele passou os braços sob meu corpo e me ergueu sem esforço algum, como se pegasse uma caixa vazia. Seu peito estava nu e quente; ele curvou os ombros para me proteger da chuva. Minha cabeça tombou em seu braço. Olhei inexpressivamente a água furiosa, batendo na areia atrás dele.

— Você a pegou? — ouvi Sam perguntar.

— Peguei, deixe comigo. Volte para o hospital. Encontro você lá mais tarde. Obrigado, Sam.

— Como nos encontrou? — Perguntou Bella

 — Estava procurando vocês — Ele respondeu, estava quase correndo, na chuva, subindo a praia na direção da estrada.

Depois ouvi você gritar... — Ele estremeceu. — Por que você pulou, Bella? Não percebeu que estava vindo um furacão? Não podia ter esperado por mim? — A raiva enchia sua voz à medida que o alívio desaparecia.

— Foi ideia minha! Eu respondi assumindo a culpa e tentando aliviar para ela. — Desculpe — murmurei.

— Fui uma idiota! Bela falou.

— É, você foi realmente idiota — concordou ele, gotas de chuva se desprendendo de seu cabelo quando ele assentiu. — Olhe, importa-se de poupar essas idiotices para quando eu estiver por perto? Não vou poder me concentrar se achar que está pulando de penhascos pelas minhas costas e quase matando a sua irmã.

Eu ergui a cabeça em seu colo e olhei para ele com uma expressão de irritação — Quantos anos acha que eu tenho? Dois?

Bella deu um pigarro e ele suspirou.

— Você já pode me por no chão, eu quis pular do penhasco, ela não me obrigou, eu tenho vontade própria não sei se reparou nisso.

— Okay senhora estrela dos saltos ornamentais — Ele falou coma voz mais mansa e sorriu com o canto dos lábios — Da próxima vez em que a senhorita pensar em mostrar seu talento com saltos me espere.

Eu me calei, ao senti o tom de ironia em sua voz, seu semblante era de preocupação, eu tinha que admitir que havia deixado meu ego falar mais alto e vacilado com ele.

— O que aconteceu hoje? Vocês... encontraram? — Bela perguntou enquanto caminhava ao lado dele.

Jacob sacudiu a cabeça. Ainda corria ao seguir pela estrada até sua casa.  Não. Ela fugiu para a água... Nela os sanguessugas têm vantagem. Foi por isso que corri para casa... Tive medo de que ela voltasse a nado. Vocês passam muito tempo na praia... — Ele se interrompeu com um nó na garganta.

— Você disse... hospital. Antes, ao Sam. Alguém se machucou? Ela lutou contra vocês? — Perguntou Bela em um tom de nervosismo.

— Não, não. Quando voltamos, Em estava esperando com a notícia. É Harry Clearwater. Ele teve um ataque cardíaco hoje de manhã.

— Harry? — sacudi a cabeça, tentando absorver o que ele dizia.

— Ah, não! Charlie já sabe?

— Sabe. Ele também está lá, com meu pai.

— Harry vai ficar bem?

Os olhos de Jacob ficaram tensos de novo. — Agora não parece muito bem.

Naquele momento, a chuva parou. Só percebi que já estávamos na casa dos Black quando ele passou pela porta. A tempestade martelava o telhado. —Fiquem aqui — disse Jacob ao me colocar no sofá pequeno. — Estou falando sério... Bem aqui. Vou pegar umas roupas secas.

Bella se sentou ao meu lado e segurei sua mão, seu semblante era de culpa, Jacob voltou segundos depois. Deixou sobre  mim uma pilha de roupas cinza, de algodão. — Vão ficar enormes em vocês, mas é o melhor que tenho. Vou, hã, lá fora para você trocar de roupa.

Bella e eu concordamos e após alguns minutos Jacob entrou novamente, seus olhos se voltaram para mim a sua expressão ainda era de preocupação, naquele momento fui eu quem me senti culpada, Jacob só estava preocupado comigo, e eu o havia tratado mal por conta do meu ego ferido.

— Me desculpe.

Ele sorriu e acariciou meu rosto com uma das mãos — Não estou bravo com você! Em seguida se sentou no chão perto de mim, as costas encostadas no sofá. Perguntei-me quando ele tinha dormido pela última vez.

Bela se sentou no chão ao lado dele, ela também parecia exausta, o sofá de Billy ficava bem ao lado do aquecedor e eu agora estava quente, meus pulmões doíam de um jeito que me empurrava para a inconsciência ao invés de me manter acordada, impulsivamente eu levei uma das mãos aos seus cabelos fazendo um carinho ignorando o fato de Bella estar ao seu lado, Jacob começou a ressonar suave e o som era tranquilizador como uma cantiga de ninar. Aquilo foi o suficiente para eu me entregasse ao sono.


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