Interativa - Enquanto As Estrelas Brilharem escrita por Allyssa aka Nard


Capítulo 50
Sunset


Notas iniciais do capítulo

CAPÍTULO 50!!! E 3000 visualizações??!! Com 102 comentários?! Insanidade
Espero que gostem!



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P.O.V Flower

 

Era desnecessário dizer que eu havia jogado 3 dracmas fora naquela aposta. Não que Hanna tivesse ganhado, já que Sophie levava mais golpes do que causava, mesmo que defendesse alguns. Quem realmente havia ganhado era a desgraçada da Raven, que apostou que nenhum dos dois iam ganhar, e que eventualmente ambos se cansariam e desistiriam. E foi bem isso o que aconteceu: Nard e Sophie ficaram rodando as espadas para cima e para baixo até que nenhum mais aguentasse o outro atacando, e ambos se sentaram. Bom, pelo menos Sophie tentou se sentar, ela caiu de lado ao tentar sentar em um banco e se abaixou muito cedo. Era por esse sobe e desce de espadas que eu preferia usar o arco: era bom na distância, cansava bem menos e era fácil de esconder, já que virava um violino. Eu provavelmente era uma das poucas pessoas no mundo que andava por aí com um violino na mão, mas eu nem me importava.

Rav segurava sua gata em uma das mãos, enquanto esticava a outra para pegar os dracmas de mim e Hanna. Julgando pelo fato que o olho esquerdo de Hanna estava piscando como se fosse uma luz ofuscante, dava para ver que ela estava com raiva, mas uma raiva “amigável”, diferente de quando ela estava interrogando Raven alguns dias atrás. A Hanna brava de agora era engraçada e amigável, enquanto a Hanna do interrogatório é simplesmente assustadora. Rav guardou as moedas em um saco preso em sua cintura, e passou a acariciar os pelos escuros de Lilith, que ronronava em seus braços. Na distância, Nard e Sophie andavam em um meio abraço, com um braço no ombro do outro, e riam juntos de alguma coisa que ainda não era audível. 

Um vento forte começou a soprar, dobrando as lâminas de grama no chão e espalhando folhas secas pelo ar. O barulho de troncos e galhos se arrastando podia ser irritante para algumas pessoas, mas eu achava aquilo uma das coisas mais calmantes do mundo. Eu amo dias de vento, principalmente quando é uma brisa leve batendo no meu rosto, acalmando meu espírito. O sol começava a baixar nas árvores no horizonte, e eu procurei a Árvore de Thalia no horizonte: o sol encostava nas folhas do topo, o que significava que era hora de eu tomar meus comprimidos. Toda vez que eu olhava ao sol, eu lembrava do meu pai, e do dia em que ele me entregou meu violino, junto com o vestido roxo que eu usei pra tocar naquele palco. Sorri e coloquei minha mão no bolso, e tomei os comprimidos rapidamente.

Com o sol se abaixando atrás do enorme pinheiro, uma sombra muito bonita começava a invadir o Acampamento, dando um contraste com o vermelho dos campos de morango. Os tons alaranjados do fim de tarde combinavam muito bem com as plantações, e dava uma visão muito interessante à Casa Grande. Em pouco tempo o refeitório ficaria cheio e seria um inferno achar um lugar bom na mesa de Apolo, e eu tinha quase certeza que o mesmo se aplicaria com as mesas dos outros chalés. 

Hanna parecia preocupada, julgando pelo fato de ela ficar trocando o peso de uma perna a outra, enquanto roía o que sobrava de suas unhas. Ela parecia prestes a puxar o cabelo castanho de listras verdes para fora de sua cabeça, e ela tinha os olhos focados na floresta ao longe. “O que foi?”, perguntei, colocando minha mão em seu ombro, tentando consolá-la. “Os moleques de Ártemis que eu mandei pra procurar os outros ainda não voltaram, e tá quase de noite… Eu tô com medo de ter acontecido alguma coisa com eles”, ela respondeu, preocupada. “Eu sei que meus meio-irmãos são incompetentes na metade do tempo, mas relaxa, que quando eles querem fazer algo a sério, eles conseguem”, disse Sophie, que provavelmente devia ter ouvido o início da conversa. “De qualquer forma, ficar encarando a floresta e roendo suas unhas não vai ajudar em nada. Vamos esperar o jantar, e aí tirar esse peso da tua cabeça”, complementei, sorrindo pra ela.

“Bora jogar um truco enquanto espera?”, perguntou Nard, puxando um baralho do bolso e o chacoalhando com a mão. “Desde que você não vá com a Hanna”, respondi, brincando. “Todo mundo sabe que vocês roubam quando vão juntos”, completei. “Ó, pobre de mim, acusado de um crime no tal qual eu não cometi. Como vós podeis dormir à noite, com tanta malícia em seu coração?”, ele perguntou exageradamente, fazendo uma voz fina, o que causou todos nós, inclusive Raven, a rir.

“Relaxa, o que os olhos não vêem, o coração não sente”, disse Sophie, nos fazendo rir de novo. “Não se preocupem, eu aprendi a reconhecer o tom de voz de vocês depois das vinte mil vezes que a gente jogou, então eu sei perfeitamente quando vocês tão roubando”, completou, enquanto andávamos para o refeitório. “Se for assim, então não vamos deixar tu participar, qual a graça do truco sem roubar um pouco?”, respondeu Hanna, sorrindo. “Tá bom, tá bom, vou colar junto só pra ver vocês berrarem um na cara do outro então”, Sophie replicou, e sentamos na Mesa 5, que sabíamos que seria a última a ser ocupada. Nard colocou as cartas na mesa, e ficamos jogando por um bom tempo. Trocávamos gritos e berros, sempre seguidos por uma onda de risos. Até mesmo Sophie, que não estava jogando, ria com a gente, e só paramos de jogar quando vimos os filhos de Ares vindo em nossa direção, já que não queríamos outra guerra territorial depois do que havia acontecido alguns meses atrás.

Me levantei e fui direto para me servir, sabendo que o quanto antes eu me servisse, mais fácil seria de achar lugar na Mesa 7. Havia peixe, ovos e macarrão, o que eu achei uma combinação muito estranha, além de algumas opções de salada. Peguei bem mais do que eu comeria, sabendo que eu teria que jogar um pedaço no fogo como oferenda aos Deuses. Me sentei na ponta da mesa, onde sempre era o melhor lugar para se sentar, já que era um inferno sair do banco quando se está no meio, e comecei a atacar os ovos mexidos. Suspirei quando vi que na Mesa 6, Hanna ainda encarava o horizonte como se aquilo fosse magicamente fazer os filhos de Ártemis se materializarem. Na Mesa 5, Nard trocava socos e risadas com os outros filhos de Ares, enquanto Sophie tinha dificuldade em comer na Mesa 8. Por ser filha de uma Deusa menor, Raven tinha que dividir a mesa 11 com os filhos de Hermes, e comia taciturna o seu pedaço de peixe. Do jeito que ela estava, não dava para saber se ela que estava ignorando os outros ou se era o contrário. Provavelmente a primeira opção.

O sol já havia se ṕosto, então agora o Acampamento estava apenas uma massa escura, com o brilho amarelado das luzes e lanternas acesas dando um contraste forte com o breu do exterior. Terminei de comer e me levantei, vendo que Sophie quase terminava seu prato. A julgar pelo fato que havia um grande número de ovos e macarrão no chão perto dela, percebi que ela provavelmente comeu bem menos do que planejava. Ela terminou de comer quando eu entreguei meu prato para ser lavado, e ofereci para ajudá-la a voltar para a enfermaria.

Ela relutou um pouco, dizendo que queria ir para sua Cabana, mas eventualmente eu consegui convencê-la a voltar. Troquei rapidamente os lençóis sujos da cama dela, enquanto ela tentava andar pela enfermaria com a bengala. Ela se deitou quando eu terminei, e pra ajudá-la, cobri ela com o cobertor, para ela não precisar fazer aquilo sozinha. “Você pode também contar uma história e me dar um beijinho de boa noit?”, ela perguntou, brincando. “Boa noite”, respondi, em um tom brincalhão e seco ao mesmo tempo, apagando a luz. Voltei para a minha cabana, e fui para a minha beliche, que eu havia deixado arrumada antes de sair. Coloquei o violino debaixo da beliche, e me deitei. Passadas algumas horas, finalmente fechei os olhos e dormi, aproveitando o silêncio. Não soube quanto tempo se passou, mas sabia que eu havia ouvido algo preocupante: ouvi alguém gritar na distância.


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Notas finais do capítulo

Espero de coração que tenham gostado, deixem seus comentários! (e por favor avisem se tiver algum erro)
Vejo vocês no próximo cap!



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